ISSN 1514-3465
Efeitos da atividade física sobre a doença pulmonar
obstrutiva crônica: uma revisão de literatura
Effects of the Physical Activity on Chronic Obstructive Pulmonary Disease: A Literature Review
Efectos de la actividad física en la enfermedad pulmonar obstructiva crónica: una revisión de la literatura
Anna Patricia Fernandes Gonçalves*
annapatriciafg@hotmail.com
Victor Fernando Couto**
victorfcouto@gmail.com
*Fisioterapeuta graduada pela UniCerrado
Especialista em Pilates, especializações em coluna aplicado ao Pilates
pela Voll. Mulligan, LPF nível 1 (low pressure fitness) pelo Cefisa
Pós graduanda em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela Faveni
**Fisioterapeuta graduado pela Unicep. Especialista em ventilação mecânica pelo HNSL
Pós graduado em osteopatia pela EBRAFIM. Mestre em fisioterapia respiratória
pela UFSCar. Doutorando em gerontologia pela UCB
Atualmente e docente e diretor do curso de Fisioterapia do UniCerrado
(Brasil)
Recepção: 30/06/2019 - Aceitação: 05/12/2020
1ª Revisão: 12/08/2020 - 2ª Revisão: 10/11/2020
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Citação sugerida
: Gonçalves, A.P.F.G., e Couto, V.F. (2021). Efeitos da atividade física sobre a doença pulmonar obstrutiva crônica: uma revisão de literatura. Lecturas: Educación Física y Deportes, 25(274), 196-208. https://doi.org/10.46642/efd.v25i274.1446
Resumo
Introdução: Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) apresentam aumento da secreção de muco nas vias aéreas e hipertrofia das células produtoras de muco, levando à obstrução das vias aéreas, aumento da resistência das vias aéreas, limitação ao fluxo aéreo, aprisionamento aéreo e aumento do volume residual, diminuindo a eficiência do diafragma e reduzindo a capacidade para o exercício. Objetivo: O presente estudo tem por objetivo apresentar os benefícios de diferentes tipos de treinamento físico para pacientes com DPOC, através de uma revisão bibliográfica. Métodos e resultados: Para atingir este objetivo, este estudo utilizou trinta de nove artigos e dois livros. As pesquisas foram realizadas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) com as bases de dados SciELO, PUBMED, e LILACS. As palavras-chaves utilizadas para estas pesquisas, foram: DPOC, Manifestações Sistêmicas, Exacerbações, Fisioterapia, Treinamento Físico Aeróbico e Resistido. Os critérios de inclusão foram artigos publicados a partir do ano de 2006 e com o tema pesquisado, os de exclusão foram artigos publicados com período igual e/ou superior a quinze anos. Os artigos escolhidos foram na língua portuguesa e inglesa. Conclusão: Dessa forma respeitando os princípios do treinamento é possível realizar um condicionamento físico e cardiorrespiratório para os pacientes com DPOC através do treinamento físico resistido e aeróbico.
Unitermos
: DPOC. Fisioterapia. Exercício físico. Treino aeróbico.
Abstract
Introduction: The Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD) is characterized by obstruction of the airways. Patients with COPD have increased mucus secretion in the airways and hypertrophy of the mucus-producing cells, leading to airway obstruction, increased airway resistance, airflow limitation, Air trapping and increased residual volume, decreasing the aperture efficiency and reducing the capacity for exercise. Objective: Thus, the present study aims to show the benefits of different type of physical training for patients with COPD, through the literature review. Physical therapy plays an important role in the monitoring of patients with COPD and, therefore, it has several strategies to reduce the ventilation work improve ventilation and decrease the sensation of dyspnea. Physical training has a key role in the rehabilitation of patients with COPD, today form the main conduit for the treatment of this disease. Aerobic training increases the concentration of mitochondrial oxidative enzymes, the capillarity of the trained muscles the anaerobic threshold, maximal oxygen consumption, and reduces recovery time creatine phosphate, resulting in improved exercise capacity. The literature states that the gain of peripheral muscle strength is the most obvious benefit of strength training in patients with COPD, however this gain does not result in further improvement of exercise tolerance, dyspnea or quality of life. Conclusion: Therefore the benefits of exercise training in COPD are reduced dyspnea, improved quality of life, increase exercise tolerance and gain muscle strength.
Keywords:
COPD. Physical therapy. Physical exercice. Endurance training.
Resumen
Introducción: Los pacientes con Enfermedad Pulmonar Obstructiva Crónica (EPOC) presentan aumento de la secreción de mucosidad en las vías respiratorias e hipertrofia de las células productoras de flema, lo que lleva a obstrucción de las vías respiratorias, aumento de la resistencia de las vías respiratorias, limitación del flujo aéreo, aprisionamiento de aire y aumento del volumen residual, disminuyendo la eficiencia el diafragma y reduciendo la capacidad de ejercicio. Objetivo: El presente estudio tiene como objetivo presentar los beneficios de diferentes tipos de entrenamiento físico para pacientes con EPOC, a través de una revisión de la literatura. Métodos y resultados: Para lograr este objetivo, este estudio utilizó treinta y nueve artículos y dos libros. La investigación se realizó en la Biblioteca Virtual en Salud (BVS) con las bases de datos SciELO, PUBMED y LILACS. Las palabras clave utilizadas para estas investigaciones fueron: EPOC, Manifestaciones sistémicas, Exacerbaciones, Fisioterapia, Entrenamiento físico aeróbico y de resistencia. Los criterios de inclusión fueron artículos publicados a partir del año 2006 y con el tema investigado, los criterios de exclusión fueron artículos publicados con un período igual y/o superior a quince años. Los artículos elegidos fueron en portugués e inglés. Conclusión: De esta forma, respetando los principios del entrenamiento, es posible realizar acondicionamiento físico y cardiorrespiratorio en pacientes con EPOC a través del entrenamiento físico de resistencia y aeróbico.
Palabras clave
: EPOC. Fisioterapia. Ejercicio físico. Entrenamiento aeróbico.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 274, Mar. (2021)
Introdução
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada pela obstrução das vias áreas. A Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (GOLD) classifica DPOC como uma doença caracterizada pela limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível. A limitação ao fluxo aéreo é geralmente progressiva e associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões. Entre as doenças pulmonares obstrutivas crônicas, destacam-se a asma, o enfisema pulmonar e a bronquite crônica, caracterizadas por aumento da resistência ao fluxo expiratório a partículas ou gases nocivos. (Rodrigues, 2010; Rabe, 2007; Sbpt, 2016)
A prevalência da DPOC aumentou em todo o mundo e a doença é agora considerada a terceira principal causa de morte (Who, 2018). No Brasil, a taxa global de mortalidade da DPOC tendeu a aumentar entre 1998 e 2004 e a diminuir de 2004 para 2009. De 1998 a 2004, a taxa aumentou em todas as regiões do país e então diminuiu, porém apenas nas regiões Sul e Sudeste (Graudenz, 2014). O comportamento da taxa de mortalidade da DPOC ajustada pela idade foi semelhante ao da taxa global (Corrêa et al., 2017). A morbidade relacionada com a história natural da DPOC, especialmente exacerbações infecciosas e hospitalizações, também é considerada relevante, assim como o são as doenças decorrentes do tabagismo, responsáveis por considerável morbidade e mortalidade, especialmente nas formas mais graves de DPOC. (Burke et al., 2017; Cazzola et al., 2015; Golpe et al., 2017)
A natureza progressiva da doença acarreta alterações pulmonares, envolvendo limitação ao fluxo aéreo, hiperinsuflação pulmonar e os sintomas de dispneia que causam restrições nas atividades de vida diária (AVDs) que irão afetar a qualidade de vida (Fernandes, 2009; Davishi et al., 2015; Lima et al., 2011). Além das alterações pulmonares, a doença se caracteriza também por alterações de caráter sistêmico ou extrapulmonar, como inflamação sistêmica, alterações nutricionais, como perda de peso e caquexia, e disfunção generalizada dos músculos esqueléticos. (Nellessen, et al., 2015, Brusasco, et al., 2015)
Outro fator que leva a essa disfunção, é o sedentarismo, que tem repercussões importantes, sendo hoje considerado como um fator diretamente relacionado ao maior risco de exacerbações agudas e de mortalidade precoce (Dourado et al., 2006; Hernandes et al., 2009; Seixas et al., 2016; Bueno et al., 2017; Nellessen et al., 2015; Sampaio et al., 2016).
É evidente que o sedentarismo seja consequência das exacerbações, o que pode ser justificado por vários fatores, entre os quais, o aumento da dispneia, a hipóxia e a inflamação sistêmica com repercussão no músculo esquelético (elevação dos níveis circulantes de fator de necrose tumoral-α e de interleucina-6), ocasionando piora no prognóstico e na qualidade de vida dos pacientes. (Pitta et al., 2006; Lottermann et al., 2017)
A Fisioterapia tem um papel importante no acompanhamento de pacientes com DPOC e, para isso, conta com várias estratégias para reduzir o trabalho ventilatório, melhorar a ventilação e diminuir a sensação de dispneia (Trevisan, Porto, e Pinheiro, 2010; Machado et al., 2015, Beekman et al., 2014). Dentre estas estratégias, temos o treinamento físico. Este tem função primordial na reabilitação de indivíduos com DPOC, formando hoje a principal conduta para o tratamento dessa doença. (Bueno et al., 2017; Weizenmann et al., 2014)
Devido à falta de completo conhecimento da fisiopatologia da DPOC associado a falta de critérios por parte dos fisioterapeutas em relação a prática do treinamento físico, justifica-se a realização deste estudo.
Desta forma, o presente estudo tem por objetivo apresentar os benefícios do treinamento físico para pacientes com DPOC, através de uma revisão bibliográfica.
Metodologia
O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, onde foi utilizado trinta de nove artigos e dois livros, as pesquisas foram realizadas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) com as bases de dados SciELO, PUBMED, LILACS. As palavras-chaves utilizadas para a pesquisa cientifica foram DPOC, Manifestações Sistêmicas, Exacerbações, Fisioterapia, Treinamento Físico Aeróbico e Resistido. Os critérios de inclusão foram artigos publicados a partir do ano de 2006, exceto as referências da American Thoracic Society, visto que neste ano foi publicado o artigo referente a “manifestação sistêmica” da DPOC, e com o tema pesquisado.
Os de exclusão foram artigos publicados com período igual e/ou superior a quinze anos. Os artigos escolhidos foram na língua portuguesa e inglesa.
Resultados
A doença pulmonar obstrutiva crônica
Pacientes com DPOC ainda podem apresentar aumento da secreção de muco nas vias aéreas e hipertrofia das células produtoras de muco, levando à obstrução das vias aéreas, aumento da resistência das vias aéreas, limitação ao fluxo aéreo, aprisionamento aéreo e aumento do volume residual, diminuindo a eficiência do diafragma e reduzindo a capacidade para o exercício. (Valderrama, 2008)
Tem-se também uma considerável fraqueza dos músculos inspiratórios, que pode contribuir para a dispneia e redução do desempenho ao exercício. A principal causa da fraqueza desses músculos é a hiperinsuflação pulmonar, que deprime a cúpula do diafragma, encurtando suas fibras musculares, além de acarretar mudanças geométricas nos músculos intercostais paraesternais, fazendo com que estes músculos trabalhem em uma porção ineficaz da curva comprimento/tensão. (Fernandes, 2009)
Existem também evidências de desequilíbrio entre a formação de radicais livres de oxigênio e a capacidade antioxidante que resulta em sobrecarga oxidativa nos pulmões. Este desequilíbrio está envolvido na patogênese da doença e pode causar lesão celular, hipersecreção mucosa, inativação de antiproteases e aumentar a inflamação pulmonar por meio da ativação de fatores de transcrição. (Cavalcante, e Bruin, 2009; Rufino, e Costa, 2013)
Estes efeitos sistêmicos da DPOC resultam em perda de peso, indicador de desfecho independente da doença. Perda da massa magra do corpo também resulta em disfunção muscular periférica, redução da capacidade para realizar exercícios e da qualidade de vida, modificações que são importantes determinantes de prognóstico e sobrevida em pacientes com DPOC. (Dourado et al., 2006; Figueiredo, 2009)
Benefícios do treinamento físico em pacientes com DPOC
O treinamento físico tem como benefícios a melhora da capacidade física, redução da dispneia, aumento da força muscular periférica e melhora da qualidade de vida (Longuini et al., 2009). O treinamento físico também parece estar em conjunto com a diminuição das citocinas pró-inflamatórias, que estão relacionadas com humor depressivo e incômodo psiquiátrico geral, além de aumentar o fluxo sanguíneo cerebral, aumentar o transporte e a utilização do oxigênio no cérebro e aumentar a atividade metabólica cerebral (Fernandes, 2009). Para adquirir os efeitos do treinamento físico deve se levar em conta seus princípios, que são sobrecarga, intensidade, especificidade e reversibilidade. A sobrecarga, onde se observa que o sistema ou tecido deve ser treinado a um nível além do acostumado, para que ocorra o efeito do exercício. A intensidade que constitui a frequência e duração que é feita o exercício. Os ganhos adquiridos são perdidos rapidamente quando a sobrecarga é eliminada, pela teoria da reversibilidade. O resultado do treinamento é específico às fibras musculares envolvidas na atividade, formando o princípio da especificidade (Powers, e Scott, 2005). O treinamento físico apresenta alguns tipos, dentre estes, o treinamento de aeróbico, de força e combinado.
Segundo a literatura o treinamento aeróbio proporciona ao paciente com DPOC uma melhor tolerância ao exercício físico. Este treinamento aumenta a concentração de enzimas oxidativas mitocondriais, a capitalização dos músculos treinados, o limiar anaeróbio, o consumo máximo de oxigênio, e reduz o tempo de recuperação da creatina-fosfato, resultando em melhora da capacidade de exercício. (Dourado et al., 2006; Diretrizes ACSM, 2016; Spruit et al., 2016)
O treinamento com exercício aeróbico inclui o treino dos membros inferiores com ciclo ergômetro, tapete, step ou caminhadas e dos membros superiores, sobretudo da cintura escapular. O treino dos membros superiores exige maior trabalho cardiovascular, está mais associado à dispneia e visa incrementar as atividades de vida diária. (Antônio, Gonçalves, Tavares, e 2010; Marino., 2013)
A literatura expressa que o ganho da força muscular periférica é o benefício mais evidente do treinamento de força em pacientes com DPOC, entretanto esse ganho não resulta em melhora adicional da capacidade para realizar exercícios, da dispneia ou da qualidade de vida. (Weizenmam, 2014)
A combinação de treinamento aeróbio com o de força em estruturas musculares localizadas assegura propicia maior ganho de força dos músculos quadríceps, peitoral maior e grande dorsal, pois pacientes com DPOC, além da redução da capacidade oxidativa, podem apresentar redução da força da musculatura periférica. (Lianza, 2012; Costa et al., 2012; Pinto et al., 2014)
Machado, Corrêa, e Rabahi (2011) e Araújo et al. (2014) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar os efeitos de 20 sessões de treinamento físico na capacidade funcional, índice de dispneia e qualidade de vida em pacientes com DPOC. Participaram do estudo 17 pacientes de ambos os sexos, foram incluídos pacientes com diagnóstico de DPOC moderada e grave estabelecido há pelo menos seis meses do início do protocolo, ex- tabagistas, idade acima de 40 anos e estáveis clinicamente, ou seja, sem exacerbação da doença. Trata-se de um estudo do tipo série de casos com amostra de conveniência, os pacientes foram submetidos a um programa de treinamento físico, que consistia em avaliação, tópicos sobre educação e exercício físico regular. Todos foram avaliados antes e após sete semanas de intervenção. Para avaliar a função pulmonar foi realizada a espirometria seguindo as recomendações da American Thoracic Society (1995). Foram calculados os valores relativos previsto para o sexo, idade e a altura, considerando os valores descritos por Pereira (2007). A capacidade funcional foi avaliada pela distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (DTC6), seguindo recomendação da ATS (2002). Os testes incrementais foram utilizados para adequar a carga de treinamento tanto para membros superiores (MMSS) quanto para membros inferiores (MMII) (Rodrigues, 2007; Kunikoshita, 2006). Para determinar a velocidade de treinamento foi realizado o teste de endurance, utilizando uma esteira elétrica da marca Movement Technology LX 160 ou bicicleta estacionária da marca Movement de acordo com a melhor adaptação do paciente, no qual o paciente foi orientado a caminhar ou pedalar na intensidade de 60% a 80% da velocidade determinada pelo teste incremental de membros inferiores, o tempo por ele tolerado ou até que sintomas como dispneia, dores nos membros inferiores, taquicardia e queda de saturação de oxigênio fossem evidenciados (Langer, 2009). O treinamento físico durou sete semanas, com frequência de três sessões semanais e teve a supervisão de um fisioterapeuta. Cada sessão era composta por exercícios de alongamento, aquecimento, fortalecimento de MMSS e MMII, exercício aeróbico, desaquecimento e alongamento final. A escala de dispneia (MRC) apresentou diferença significativa antes e após a reabilitação pulmonar.
Corroborando com este estudo, Zanini et al. (2015) e Calik-Kutukcu et al. (2017), fizeram um estudo com o intuito de avaliar os efeitos de três programas de fisioterapia respiratória constituídos por treinamento físico (TF) em esteira e/ou treinamento muscular respiratório (TMR) em pacientes com DPOC. No presente estudo teve a participação de 25 pacientes com DPOC moderada à grave, de ambos os sexos, foram divididos aleatoriamente em três grupos. O primeiro grupo (G1) foi submetido à TMR com 30% da pressão inspiratória máxima obtida a cada semana; o segundo grupo (G2) submetido a TF com 70% da freqüência cardíaca atingida no teste de exercício cardiorrespiratório (TECR); e o terceiro grupo (G3) associou TMR ao TF com as mesmas intensidades citadas anteriormente. Ambos os programas constituíram-se de três sessões semanais por seis semanas consecutivas. Após o termino do treinamento foram observados aumentos significativos da força muscular respiratória (FMR) no G1; aumentos significativos da distância percorrida no TECR, redução da frequência cardíaca e do volume minuto expirado e melhora do domínio da capacidade funcional determinada através do questionário de qualidade de vida no G2; aumento significativo da FMR, da distância percorrida no TECR, redução da pressão arterial sistólica, concentração sanguínea de lactato e melhoria da qualidade de vida no G3.
Zanini et al. (2015) fizeram um estudo com o intuito de avaliar os efeitos de três programas de fisioterapia respiratória constituídos por treinamento físico (TF) em esteira e/ou treinamento muscular respiratório (TMR) em pacientes com DPOC. No presente estudo teve a participação de 25 pacientes com DPOC moderada à grave, de ambos os sexos, foram divididos aleatoriamente em três grupos. O primeiro grupo (G1) foi submetido à TMR com 30% da pressão inspiratória máxima obtida a cada semana; o segundo grupo (G2) submetido a TF com 70% da freqüência cardíaca atingida no teste de exercício cardiorrespiratório (TECR); e o terceiro grupo (G3) associou TMR ao TF com as mesmas intensidades citadas anteriormente. Ambos os programas constituíram-se de três sessões semanais por seis semanas consecutivas. Após o termino do treinamento foram observados aumentos significativos da força muscular respiratória (FMR) no G1; aumentos significativos da distância percorrida no TECR, redução da frequência cardíaca e do volume minuto expirado e melhora do domínio da capacidade funcional determinada através do questionário de qualidade de vida no G2; aumento significativo da FMR, da distância percorrida no TECR, redução da pressão arterial sistólica, concentração sanguínea de lactato e melhoria da qualidade de vida no G3.
Conclusão
É possível conceituar-se quatro alterações que diminuem a tolerância ao exercício nos doentes com DPOC: a mecânica pulmonar deficiente, as alterações nas trocas gasosas pulmonares, a insuficiência vascular pulmonar e a disfunção muscular esquelética.
Dessa forma respeitando os princípios do treinamento é possível realizar um condicionamento físico e cardiorrespiratório para os pacientes com DPOC através do treinamento físico resistido e aeróbico.
Assim, podemos concluir que quanto maior for o tempo do treinamento físico, respeitando os quatro princípios gerais da fisiologia (sobrecarga, reversibilidade, intensidade e especificidade), maior será o condicionamento físico e cardiorrespiratório, levando a redução da dispneia, melhora da qualidade de vida, aumento da tolerância ao exercício e no ganho de força muscular nestes pacientes.
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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 274, Mar. (2021)