Musculação e HIIT: uma proposta válida no tratamento da obesidade

Bodybuilding and HIIT: a valid proposal in the treatment of obesity

Musculación y HITT: una propuesta válida para el tratamiento de la obesidad

 

Denis Rogério Oliveira*

denis_kid_rogerio@yahoo.com.br

Márcio Levy da Costa Mesquita*

marciolevycmesquita@gmail.com

Natalia Araújo de Azevedo*

natalia_azevedo23@hotmail.com

Agnelo Weber de Oliveira Rocha**

agneloweber18@gmail.com

 

*Graduandos em Educação Física da Universidade Paulista-UNIP

**Professor da Universidade Paulista-UNIP

Laboratório de Diagnóstico Molecular

Universidade do Estado de Amazonas

(Brasil)

 

Recepção: 18/01/2017 - Aceitação: 04/06/2018

1ª Revisão: 10/05/2018 - 2ª Revisão: 12/05/2018

 

Resumo

    O objetivo deste artigo é demonstrar o quanto a obesidade tem se alastrado por todo o mundo e se tornado um problema de saúde pública. Como alternativas no tratamento não farmacológico apresentam-se a musculação que é o treinamento resistido e o treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) como métodos alternativos dentre os demais, pois os mesmos promovem um maior gasto calórico tendo como alvo principal a oxidação do tecido adiposo, o que favorece positivamente o emagrecimento com qualidade. Portanto a musculação tem efetividade de utilizar gordura pós-exercício o HITT vem também auxiliar nessa oxidação de gordura após o treino em função de uma intensidade mais elevada.

    Unitermos: Musculação. Obesidade. HIIT.

 

Abstract

    The purpose of this article is to demonstrate how obesity has raged around the world and become a public health problem. As alternatives in non-pharmacological treatment then introduced to weight training, or resistance training and High intensity interval training (HIIT) as essential methods among others, as they promote greater energy expenditure with the main target oxidation adipose tissue, which positively promotes weight loss in quality. So the weight is effective to use post-exercise fat the HITT is also assist in this oxidation adipocytes after training due to a higher intensity.

    Keywords: Exercise. Obesity. HIIT.

 

Resumen

    El objetivo de este artículo es demostrar hasta qué punto la obesidad se ha extendido por todo el mundo y se ha convertido en un problema de salud pública. Como alternativa en el tratamiento no farmacológico se presenta la musculación que es el entrenamiento resistido y el entrenamiento intervalado de alta intensidad (HIIT) como métodos alternativos entre otros, pues los mismos promueven un mayor gasto calórico teniendo como objetivo principalmente la oxidación del tejido adiposo, lo que favorece positivamente el adelgazamiento con eficacia. Por lo tanto la musculación tiene la ventaja de utilizar grasa post-ejercicio el HITT viene también a ayudar en esa oxidación de grasa después del entrenamiento en función de una intensidad más elevada.

    Palabras clave: Musculación. Obesidad. HIIT.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 23, Núm. 241, Jun. (2018)


 

Introdução

 

    A obesidade tornou-se um problema de saúde pública, que tem acometido milhares de pessoas no Brasil e no mundo trazendo sérias consequências físicas, sociais e psicológicas (WHO, 1999 e IBGE, 2003). Vários são os fatores que podem desencadear este desequilíbrio energético, que vão desde fatores genéticos, estilo de vida, sedentarismo entre outros (Monteiro et al., 1995), como consequências, surgem algumas doenças relacionadas à obesidade tais como diabetes mellitus tipo 2, Hipertensão Arterial, dislipidemias, retinopatias, nefropatias, levando assim a maior suscetibilidade a morbidade e mortalidade (Bouchard e Despres, 1989).

 

    Em meio ao estilo de vida agitado da sociedade atual, faz-se necessário a buscar meios que visem à melhora desse quadro.

 

     Os exercícios físicos e a musculação em especial surgem como alternativas não medicamentosas para a diminuição desse perfil (Fleck e Kraemer, 2006). Estudos relatam entre os benefícios o aumento de (EPOC) e ação enzimática, melhora do sistema cardiorrespiratório, efeito hipotensor, além do ganho de massa livre de gordura e diminuição do tecido adiposo e intramuscular (McArdle et al. 2011). Visando maximizar esses ganhos o treinamento de alta intensidade intervalado da sigla em inglês (HIIT), aparece como um adjuvante junto à musculação visando à modificação junto ao fenótipo das pessoas (Little et al. 2011).

 

    O presente artigo de revisão bibliográfica tem por objetivo correlacionar a musculação e o (HIIT) como fatores aliados no combate à obesidade levando assim a uma melhora na qualidade de vida das pessoas. 

 

Metodologia

 

    Para esta pesquisa foram utilizados dados bibliográficos apresentados em livros e artigos referentes ao tema Musculação e HIIT uma proposta válida no combate a obesidade. Neste sentido buscaram-se trabalhos com as seguintes palavras chave Obesidade, Musculação, HIIT. Foram incluídos artigos e livros publicados a partir do ano 1986.

 

Resultados

 

Etiologia da obesidade

 

    Ao longo do tempo a história da humanidade acreditava-se que a obesidade era resultado de desequilíbrios hormonais que influenciavam no peso corporal. Outros casos que era causado pela glutonaria e não disfunção glandular. Nos mais recentes estudos demonstram que o resultado da obesidade é fruto de um ou mais fatores e que sua etiologia não é tão simples assim (Kenney et al., 2012).

 

    Um dos fatores que podem explicar para o agravo da obesidade é a liberação de certas substancias pelo adipócito como, por exemplo, a leptina, que é um hormônio que tem como função a regulação da ingestão energética, que promove a saciedade (Mota e Zanesco, 2007). Além de ser produzida nos adipócitos a leptina é também sintetizada no estômago, na placenta e glândula mamária.

 

    Várias são as doenças relacionadas com o acúmulo do tecido adiposo, tais como: Hipertensão Arterial, Diabetes tipo 2, Doença coronariana, Acidente Vascular Cerebral – (AVC) e o aparecimento de alguns tipos de câncer, como: endométrio, mama, próstata e Colo (Powers e Howley, 2012). A obesidade também está relacionada em complicações na gestação, irregularidades, incontinência de estresse e transtornos psicológicos.

 

    O sobrepeso e obesidade são questões de ordem Nacional e Mundial. O sobrepeso é definido como índice de massa corpórea (IMC) de 25 – 29%; e a obesidade é definida como (IMC) > 30%. Nos EUA o gasto com tratamento para sobrepeso e obesidade é de 2% a 3,5% em comparação com outros países (Powers e Howley, 2012).

 

    Conforme dados de pesquisas, no Brasil vem crescendo de maneira exorbitante, e esse crescimento é diferenciado entre os sexos. Em meados dos anos 70 essa taxa era mais acentuada nos homens, e nas mulheres foi mais elevada ao final da década de 80. Na prevalência do período até o ano de 2003 houve um equilíbrio na taxa entre ambos os sexos assim como os dados obtidos ao final do ano de 2006 (Gigante et al. 2009).

 

    Outro dado que pode explicar para o crescimento desordenado da obesidade é o que relaciona o fator ambiental, segundo Gotmarker et al. (1996), um estudo revelou que crianças e adolescentes que passam muito tempo em frente à televisão, têm a tendência no ganho de sobrepeso devido à falta de atividades físicas.

 

    Nas sociedades de hábitos ocidentais, o consumo calórico tem derivado predominantemente de alimentos processados de alta densidade energética, com elevados teores de lipídios e carboidratos.

 

Musculação

 

    O músculo esquelético é capaz de produzir diferentes estímulos mediante ações externas, essas ações são denominadas contrações musculares (Chandler e Brown, 2009). De acordo com Fleck e Kraemer (2006), as pessoas que buscam o treino de força, esperam que eles produzam efeitos que saiam da homeostase e produzam benefícios como: melhora da aptidão física, aumento da força, diminuição da gordura corporal e aumento de massa magra. A prática de atividades físicas induz as microlesões nas fibras musculares, e iniciará uma resposta inflamatória da mesma, tais danos estão relacionados principalmente com a contração muscular excêntrica quando comparada aos demais tipos de contrações (Zatsiorsky e Kraemer, 2008).

 

    Tais danos estão envolvidos nas variáveis do treino de força que as compõem, que são volume de treino, intensidade do treinamento, tempo de recuperação. Devido ao maior ganho na área de secção transversa, os músculos produzem maior força do que áreas transversas menores, isso ocasiona um incremento no ganho de força (Kraemer et al., 2002).

O treino de força objetiva-se em exercícios que mobilizam a contração voluntária do músculo esquelético contra uma resistência, podendo ser denominada através do peso do próprio corpo, pesos livres e máquinas.

 

    O treinamento com pesos além de promover o ganho de força, ajuda na melhora de outros fatores para uma melhor qualidade de vida. Esses ganhos são observados na melhora do EPOC, consumo de oxigênio pós-exercício. Esse aumento nos níveis de consumo de oxigênio está relacionado com o aumento da frequência cardíaca e a respiração mesmo após o término de uma sessão de treinos (Powers e Howley, 2012). Outra explicação pode ser os altos níveis de catecolaminas que acarretam o consumo de O2, mesmo não sendo por um tempo prolongado pós-treino. Também é correto afirmar que treinos de alta intensidade promovam aumentos no consumo de oxigênio, devido o maior gasto energético oriundos dos substratos energéticos em especial a fosfocreatina (McArdle et al., 2011).

 

    O ganho de massa muscular influencia diretamente na perda de tecido adiposo. Esse fato se dá porque as células musculares são ricas em mitocôndrias, que são organelas celulares que funcionam como uma casa de força para a produção de energia, pois os triglicerídeos circulantes são mobilizados para geração de ATP reduzindo assim a massa lipídica. Células do tecido adiposo são pobres em mitocôndrias, dificultando a oxidação de gordura e posterior redução da massa adiposa (Little et al., 2010).

 

    O Treino de força pode ser uma alternativa não medicamentosa para redução do índice glicêmico, principalmente em portadores de Diabetes, pois haverá maior sensibilidade à insulina e translocação de receptores de glicose circulante, o Glut4, essa enzima capta a glicose da corrente sanguínea e fornecerá substrato para produção de energia (Hottenrott et al., 2012).

 

    Outro fator importante no treino resistido, diz respeito à regulação de lipoproteínas que são responsáveis por transportar o colesterol e triglicerídeos. A alta concentração de lipoproteínas de baixa intensidade oferece um risco à saúde das pessoas, pois elas são mais suscetíveis a doenças cardiovasculares e aumento da pressão arterial. Sendo assim, há uma regulação na redução dessa lipoproteína e aumento do HDL, que são proteínas de alta intensidade (Powers e Howley, 2012).

 

O treino HIIT

 

    Exercícios com predominância aeróbica são capazes de alterar diversas funções no nosso organismo promover e induzir várias adaptações morfológicas e metabólicas em órgão e tecidos incluindo biogênese mitocondrial que são essenciais para a oxidação dos substratos energéticos em especial os lipídios (Little et al., 2011).

 

    Isso se dá em decorrência da alta exigência de ação metabólica durante o exercício aeróbio, que relacionado a uma intensidade moderada provoca oxidação do tecido adiposo, em contrapartida quando essa intensidade é elevada, logo acontece uma oxidação de lipídios bastante acentuada e positiva, o que tornam benéfico e significativo no que diz respeito ao emagrecimento (Burgomaster et al., 2008).

 

    Visando otimizar os resultados e diminuir o tempo de treino para práticas de exercícios físicos novos estudos estão sendo divulgados no meio científico, dentre eles o Treino de Alta Intensidade Intervalado (HIIT), que tem mostrado eficácia na sua proposta. O Treino de Alta Intensidade Intervalado caracteriza-se por exercícios de explosão de curta duração, intercalados com períodos de recuperação de modo moderado ou até breves períodos de descanso (Stutts et al., 2002).

 

    Estudos revelam que o treino de alta intensidade intervalado, promove adaptações fisiológicas e metabólicas (Gibala et al., 2012). Esses estudos mostram que o consumo de oxigênio é maximizado, e há melhora na capacidade oxidativa dos lipídios ativando enzimas mitocondriais, assim como melhora no sistema cardiorrespiratório sendo assim um ótimo meio para a redução de gordura corporal.

 

    Em uma sociedade cada vez mais agitada pela correria do dia a dia o HIIT surge como uma alternativa para as pessoas que alegam não ter tempo para a pratica de exercícios físicos, e sua grande maioria está insatisfeita com sua própria aparência, sendo assim esse método propõe redução no tempo de execução dos treinos.

 

    De acordo com King (2001) em um estudo desenvolvido na Universidade de East Tennessee, pessoas que utilizaram o método HIIT por oito semanas de treinamento obtiveram perda de 2% a mais de gordura corporal em relação a outras pessoas que realizaram exercícios contínuos e constantes em esteira ergométrica. O que é excelente para indivíduos que apresentam grande concentração lipídica.

 

Conclusões

 

    Os estudos apresentados neste artigo demonstram que a influência do treinamento com peso pode ser muito importante na redução de gordura corporal, proporcionando um aumento significativo na demanda energética pós-exercícios, mantendo acima dos valores de repouso, aumentando o consumo de oxigênio pós-exercício (EPOC) e massa livre de gordura (MLG), que é um dos objetivos principais do treinamento de força.

 

    Outro método que traz benefícios bastante positivos no que diz respeito à redução de gordura corporal é o HIIT, por ser um treino que alterna picos de intensidade com breves intervalos de descanso, mais com uma intensidade alta, então a oxidação de tecido adiposo ocorre pós-exercício, em função de enzimas especificas em carregar gordura para dentro da mitocôndria através de seus mecanismos, pois o metabolismo utiliza a mesma como fonte de energia. Além disso, o HIIT promove a melhora da resistência aeróbica e anaeróbica, pressão arterial, sistema cardiovascular e ventilatório entre outros.

 

    Com isso, podemos afirmar que a musculação e o HIIT realizados de forma sistemática e bem supervisionados podem ter uma influência positiva na composição corporal com isso cabendo aos profissionais da área de educação física o conhecimento e entendimento para uma melhor aplicação de um programa de treinamento.

 

Referências

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 23, Núm. 241, Jun. (2018)