Voleibol, treinamento e qualidade de vida de jovens atletas: reflexões teóricas Voleibol: entrenamiento y calidad de vida de deportistas juveniles: reflexiones teóricas |
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*Doutorando do Programa de Pós Graduação em Ambiente e Desenvolvimento Centro Universitário Univates, Lajeado/RS **Professora Doutora do Programa de Pós Graduação em Ambiente e Desenvolvimento Centro Universitário Univates, Lajeado/RS (Brasil) |
Me. Rodrigo Lara Rother* Dr. Claudete Rempel** |
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Resumo Estudos sobre a Qualidade de Vida (QV) de jovens atletas são raros, embora considere-se que os fatores extra quadra sejam fundamentais e definitivos para o sucesso na formação destes atletas. A atividade física em sua forma sistematizada, como ocorre no treinamento para os esportes de competição, neste caso o voleibol, trazem inúmeros benefícios para a QV, mas este treinamento deve ser observado sob olhar ético de atletas, técnicos e dirigentes e tratado com bom senso e profissionalismo para obterem-se todos os benefícios possíveis ao atleta. Unitermos: Esporte. Talentos. Voleibol. Qualidade de vida.
Resumen Los estudios sobre la Calidad de Vida (CV) de los deportistas jóvenes son raros, aunque se considera que los factores de afuera de la cancha son fundamentales y definitivos para el éxito en el entrenamiento de estos atletas. La actividad física en su forma sistemática, como en la formación de la competición deportiva, en este caso el voleibol, traer numerosos beneficios a la CV, pero esta formación debe ser mirada bajo aspecto ético de los atletas, entrenadores y oficiales y tratados con sentido común y profesionalismo para obtener todos los posibles beneficios para el atleta. Palabras clave: Deporte. Talento. Voleibol. Calidad de vida.
Recepção: 31/01/2016 - Aceitação: 08/04/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O interesse em pesquisar sobre a Qualidade de Vida (QV) de atletas em formação e suas relações com o desempenho esportivo desperta interesse cada vez maior nos estudiosos do esporte, sobretudo no voleibol.
Sabe-se que é necessário mais do que o treinamento realizado dentro das quadras para se obter sucesso no esporte. Fora delas podem ocorrer situações que acabam sendo muito mais determinantes que a quantidade de saques dados, de saltos realizados ou de energia despendida. Vários são os exemplos práticos que exemplificam isso. Alguns são dilemas éticos, como por exemplo, colocar ou não uma atleta importante que está lesionada para disputar uma partida decisiva, o que resultaria em um título, mas também em consequências futuras para a saúde da mesma. Em outras, atletas com muito talento, mas com sérios problemas na sua estrutura familiar, abandonando uma carreira promissora. Em contrapartida, outras com menos talento, mas com um suporte familiar, apoio da escola e muito esforço, vencerem na vida esportiva. Além destes exemplos, o excesso de treinamento precoce limitar a longevidade de atletas no esporte, bem como a falta de resiliência deles em superar adversidades como morar longe da família, estudar em uma escola com grandes exigências ou levar uma vida regrada. Os exemplos são muitos e ressaltam como há vários fatores extra quadra que se relacionam com o desempenho esportivo.
Estudos realizados ao longo dos anos com esporte de base evidenciaram estas preocupações com o contexto que cerca o atleta em formação e como isso está relacionado ao seu desempenho. Sobre a formação do atleta no contexto histórico do treinamento esportivo no Brasil, conclui-se como uma necessidade para os técnicos formadores atentarem para além das questões técnicas da modalidade e adequarem-se às novas exigências de todos os aspectos que podem interferir na performance, inclusive os culturais (Rother e Franzen, 2005). Outro estudo alerta para comportamentos adquiridos por um atleta – consciência individual – influenciados pelo convívio com outros da sua equipe – consciência coletiva (Rother, 2014). Os comportamentos adquiridos nesta etapa da vida, sejam bons ou ruins, são levados para toda a vida. Em outro artigo bastante atual, há uma revisão teórica do processo pelo qual passa um talento esportivo desde sua detecção até a promoção para a categoria adulta, identificando os elementos propulsores do surgimento e desenvolvimento deste futuro atleta (Rother e Mejia, 2015). Este estudo traz a informação que, para atingir o alto desempenho no esporte, são necessárias condições de treinamento adequadas, treinadores capacitados, bem como a situação social favorável, desde os microssistemas família, escola e comunidade onde o jovem talento reside.
A consideração das individualidades e as particularidades de cada um são fundamentais. Percebe-se, por exemplo, que embora os atletas de categorias de base tenham características que os diferenciem dos adultos ou profissionais, muitas vezes são tratados como tal, o que ocasiona prejuízos a sua formação física, técnica, psicológica e social. Esta situação tem levado a comunidade acadêmica a questionar se o esporte é realmente uma ferramenta promotora da saúde, bem estar e QV dos seus praticantes. Desta forma, estudos sobre as relações entre a percepção da QV, da carga de treinamento e do desempenho esportivo no esporte de base são de fundamental importância para obtenção de respostas para estas questões.
Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a QV considera os domínios físico, psicológico, ambiental e das relações sociais como seus elementos, possibilitando uma aproximação e relação com os fatores extra quadra intervenientes no desempenho esportivo e citados anteriormente (The Whoqol Group, 1995).
Considerando os exemplos práticos citados, julga-se relevante investigar e refletir sobre o treinamento do voleibol e a QV dos jovens atletas praticantes. A partir destas reflexões, espera-se contribuir com a literatura existente e trazer subsídios que possam auxiliar na compreensão do fenômeno formação de atletas de voleibol, qualificando ainda mais o trabalho já realizado.
Procedimentos metodológicos
Para atingir o objetivo de refletir sobre as relações entre o esporte, mais precisamente o voleibol, seu treinamento e a QV dos atletas em formação, foi realizada uma pesquisa bibliográfica narrativa, revisando o que a literatura tem publicado nesta área. Foram consultados livros, artigos, trabalhos de conclusão, dissertações e teses, buscados em bibliotecas virtuais, revistas digitais e bases de dados (EBSCO, Google Acadêmico, Portal de Periódicos da CAPES, Banco de Teses e Dissertações da CAPES e Scielo).
Qualidade de Vida (QV)
Os últimos 20 anos foram marcados por muitas discussões sobre conceitos e definições de saúde, no intuito de obter mais clareza e melhores diretrizes para ações na sua promoção. Posicionando-se perante isso, a Organização Mundial da Saúde – OMS – definiu o termo como um estado de bem-estar físico, mental e social, e não meramente ausência de doenças (Fleck et al., 1999a).
A partir desta definição, a saúde ganha um enfoque interdisciplinar e passa a ser objeto de estudo das áreas biológicas, humanas e sociais. Esta interdisciplinaridade faz surgir novos termos que circulam por entre estas áreas, como bem estar, QV, felicidade, estado subjetivo de saúde, entre outros. Em várias situações estes termos não são definidos claramente levando-os a serem tratados equivocadamente como sinônimos.
Em um deles especialmente, a QV, não é tão simples nem consensual fazer-se uma definição. Esta dificuldade é ressaltada por Fleck et al (1999b) pelo fato deste termo ser multidimensional, centrar-se numa percepção subjetiva e estar diretamente ligada ao estado de saúde e a capacidade do indivíduo viver plenamente.
Para demonstrar exemplos de variadas definições de QV, temos Bullinger, Anderson e Cella (1993) que consideram o termo como algo geral e que tem uma variedade potencial de condições que podem afetar a percepção do indivíduo, seus sentimentos e comportamentos relacionados com o seu funcionamento diário, incluindo, mas não se limitando, a sua condição de saúde e as intervenções médicas. Já Rittner (2008) a define como um processo de busca de vivência plena, de desenvolvimento de potencialidades e evidencia o compromisso de otimização da condição humana em busca do que denomina de ecologia interior.
Para o Grupo de Estudos em Qualidade de Vida da OMS, QV é a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nas quais ele vive, considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (The Whoqol Group, 1995). Na mesma linha multidimensional, Minayo, Hartz e Buss (2000) compreendem a QV como um híbrido biológico-social, mediado por condições mentais, ambientais e culturais.
Embora não haja um consenso a respeito do conceito de QV, percebe-se que os mesmos tampouco são contraditórios. Fleck et al. (1999b) concluem, em seu estudo sobre a validação brasileira de um instrumento para avaliar quantitativamente a QV, que três aspectos fundamentais são comuns a esta definição mesmo quando ocorre em diferentes culturas: a subjetividade; a multidimensionalidade; e a presença de dimensões positivas e negativas. Como pode ser vista na definição de QV adotada pela OMS, estas três características estão lá contempladas.
Percepções objetivas e subjetivas da QV
As definições de QV apresentadas até o momento não esgotam o tema. Resumidamente, os autores citados reforçam que o significado que cada pessoa dá aos fatos da sua vida, de acordo com suas crenças, sentimentos e a cultura em que vive, são determinantes na percepção de QV.
Estes significados e auto-percepções, Almeida, Gutierres e Marques (2012) explicam que se configuram como condições subjetivas da QV percebida. Como, por exemplo, as expectativas, objetivos e sistema de valores de duas pessoas podem ser diferentes, mesmo que vivam em um mesmo local e tenham as mesmas condições econômicas, podem também ser diferentes as percepções que tem de sua própria QV.
Já Minayo, Hartz e Buss (2000) apresentam uma outra percepção de QV, ligada à garantia e satisfação das necessidades mais elementares da vida humana, como alimentação, acesso à água potável, habitação, trabalho, saúde e lazer. Essa forma, chamada de percepções objetivas de QV, lida com as possibilidades de consumo e utilização de bens materiais concretos, por isso, independe da interpretação do sujeito perante sua própria vida. Essa perspectiva é mais facilmente compreendida se associada com instrumentos indicadores de desenvolvimento social ou de consumo.
Sobre as percepções objetivas, Almeida, Gutierres e Marques (2012) dizem ser positivas pois facilitam a obtenção de dados e a geração de índices sobre a QV das populações, possibilitam uma comparação direta entre as mesmas e servem para mensurar as melhorias dos serviços proporcionados a população. Porém, os autores criticam a desconsideração que estes tipos de dados fazem da percepção individual dos sujeitos e da sua especificidade cultural. Também afirmam que, normalmente, as referências para estes dados são originados na perspectiva da política e cultura hegemônica, considerando positivo somente o que atende aos seus interesses e generalizando diferentes populações numa mesma condição.
As percepções objetivas e subjetivas não são critérios que servem para classificar diferentes tipos de QV, mas sim, somam-se para identificação e avaliação da QV dos sujeitos, onde os mesmos percebem e dão significados as condições de vida que tem.
Efeitos do esporte sobre a QV
A literatura na área da QV traz poucas investigações com atletas jovens, em formação ou sobre adolescentes que praticam atividades esportivas sistemáticas com treinamento voltado para melhora da performance. A maioria dos estudos publicados são direcionados a populações de sedentários, obesos, idosos, portadores de doenças crônico-degenerativas ou de necessidades especiais, e raros são os estudos com atletas ou pessoas ativas fisicamente.
Além da falta de literatura que relacione a QV com o treinamento de jovens atletas, há também falta de sistematização no que é proposto neste treinamento. Isso abre precedentes não só para treinamentos com cargas e complexidade insuficiente para uma formação qualificada, como também para o supertreinamento nesta aplicação, o que pode causar problemas irreversíveis na carreira esportiva deste atleta em formação (Alves, Costa e Samulski, 2006; Becker Jr., 2002; Guerrero e Lopez, 2003).
Mesmo que a utilização de altas cargas de treinamento promovam um incremento no desempenho motor, melhorem a aptidão física e o funcionamento do organismo de uma maneira geral, nem sempre essa melhora equivale ao que é o melhor para a saúde ou para a qualidade de vida do atleta. Muitas vezes são superados os limites físicos e psicológicos, ocasionando lesões, pressão psicológica, aceleração na recuperação física entre outras (Barbanti, 2000). Como exemplo, Júnior, Pastre e Monteiro (2004) encontraram alterações posturais em atletas que participavam de provas de potência, necessitando de atividades fisioterápicas para reequilíbrio do corpo. Já Almeida e Soares (2003) chamaram a atenção para os problemas causados por atletas que não se alimentam da forma adequada por participarem de modalidades em que o peso é determinante para classificação em uma categoria de disputa, como é o caso do judô. Há riscos ainda mais graves quando os envolvidos são adolescentes e estão no seu período de formação (Bojikian et al., 2007). Costuma-se dizer que, no esporte, nem sempre o melhor resultado está ligado a melhor saúde e qualidade de vida (Weinberg e Gould, 2001).
Ainda assim, estudos como o de Interdonato e Greguol (2010) apresentaram resultados com 85% de prevalência superior de qualidade de vida em pessoas ativas sobre sedentários. Mais especificamente ligados ao esporte, Gáspari e Schwartz (2001) apontaram para resultados onde adolescentes percebem relação da prática esportiva com melhora na qualidade de vida. Em atletas juvenis de diversas modalidades estudados por Cieslak et al (2008), foram encontrados altos escores de qualidade de vida. Correia e Tomazoni (2010) encontraram altos índices de qualidade de vida em atletas de voleibol de alto nível, contrariando os argumentos que a carga de treinamento elevada e o estresse competitivo pudessem atribuir menores índices para estes atletas. Teles e Salve (2004) concluíram em seus estudos sobre o tênis que quando são adotados métodos de treinamento adequados, ocorre promoção da saúde e melhora da qualidade de vida do praticante.
Voleibol e seu treinamento na perspectiva da QV
Como foi demonstrado nos estudos apresentados, a QV tem significativa melhora a partir da prática de AF, ainda mais quando realizada de forma sistemática. Dentre as AF sistematizadas, o esporte aparece como opção mais popular, uma vez que são promovidos eventos por inúmeras entidades públicas e privadas, como prefeituras, clubes, associações e federações, direcionados para equipes formadas por jovens atletas, os quais se preparam para estes eventos treinando, sob a orientação de profissionais da área da Educação Física. Algumas vezes, inclusive, assessorados por outros profissionais pertencentes à área da saúde (fisioterapeutas, médicos, nutricionistas entre outros).
Por ser uma modalidade em evidência no Brasil, o voleibol é uma opção muito procurada pelos jovens como prática esportiva. Os praticantes encontram no voleibol, segundo Gonçalves, Melo e Pereira (2009), uma ocupação positiva do tempo livre, possibilidades de novas relações sociais, adoção de um estilo de vida mais saudável e melhora da sua qualidade de vida. Freitas e Tubino (2003) reforçam os benefícios trazidos para a saúde e para as relações sociais, e acrescentam ainda a melhora da consciência crítica e a preparação do cidadão para o futuro. Os autores acreditam na potencialidade do esporte como ferramenta de inclusão social, de coesão e favorecedor da convivência intergrupos, atuando na diminuição da violência e da desordem social.
Cunha, Pérez Morales e Samulski (2008) orientam que a prática esportiva regular e continuada podem favorecer a obtenção e manutenção da QV uma vez que ela pode proporcionar vários benefícios biológicos (por exemplo, a melhora da qualidade do sono e a redução dos níveis de hipertensão), psicológicos (bem-estar, redução do nível de estresse e dos sintomas de depressão e ansiedade) e sociais (maior socialização) ao atleta.
No caso específico do voleibol, são raros os estudos que investigam o treinamento desta modalidade e suas relações com a QV. Entre os poucos autores que tratam do tema, Simões (2011) investigou a percepção da QV em atletas de voleibol de diferentes categorias e idades e encontrou um alto nível de satisfação geral percebida. Para atletas das categorias de base, os aspectos físicos e psicológicos exerceram maior influência na percepção de QV. Embora a autora não tenha encontrado diferença quando comparados os dados coletados no período preparatório do treinamento com os do período competitivo, ela relata haver uma tendência ao aumento dos níveis de QV das atletas de base no período competitivo pela motivação encontrada nas disputas de torneios e jogos decisivos. Com atletas adultos parece ocorrer o contrário, ocasionado pela pressão pela vitória e o aumento do estresse naquele período.
Cunha, Pérez Morales e Samulski (2008) publicaram um artigo sobre as diferenças da percepção de QV em atletas de voleibol masculino e feminino. Com relação aos fatores favorecedores da QV no ambiente de treinamento, as atletas mulheres incidiram mais na "união de grupo" e "intervalos adequados de descanso/recuperação". Já no ambiente de jogo, é favorecedor o "bom planejamento/periodização das competições". Sobre situações que podem prejudicar a QV no treinamento, foram citadas "lesões", "problemas de relacionamento social" e "problemas de saúde". Quanto ao ambiente de competição, são prejudiciais as "lesões", "falta de preparo físico" e "problemas de saúde". Os autores concluem que, tanto no ambiente de treinamento quanto no de competição, as mulheres preocupam-se mais com fatores ligados à estrutura organizacional esportiva e os homens, mais com aspectos biológicos.
Um estudo realizado por Marchi et al. (2010) avaliou os níveis de QV de atletas pertencentes a uma equipe que disputava a Superliga feminina de voleibol do Brasil. Os resultados indicaram que o domínio Social foi o que recebeu maior pontuação, mas que o domínio Psicológico é considerado o maior influenciador na percepção do estado físico e da saúde das atletas, sendo a mais interveniente na QV. As atletas investigadas apresentaram ótimo estado de saúde, bem como relataram satisfação com sua saúde e com a QV que têm.
Já em atletas de voleibol de equipes universitárias, que treinavam em média 20 horas semanais, Correia e Tomazoni (2010) não encontraram diferença significativa entre os níveis de QV percebidos entre as atletas e a população normal, tampouco relação entre QV e a quantidade de horas de treinamento realizadas. Entre as dimensões da QV avaliadas, a Social destacou-se como sendo a que obteve maiores escores de pontuação. Estes autores argumentam em suas conclusões que os resultados encontrados por eles contrariam a corrente de pensamento que afirma que a carga de treinamento elevada e o estresse competitivo podem atribuir menores índices de QV para os atletas.
Considerações finais
A literatura é controversa quanto até qual nível de prática esportiva pode trazer benefícios ou malefícios aos praticantes. As afirmações da literatura levam a crer muito mais em uma qualificação do que quantificação das cargas de treinamento.
O Brasil, por não adotar uma sistematização na iniciação e treinamento esportivos aqui realizados, ocorre que são poucos os casos no país que seguem o referenciado na literatura, abrindo precedentes para possíveis abusos nas cargas de treinamento utilizadas com atletas jovens. Como exemplo, em um estudo sobre a formação do atleta no voleibol brasileiro, foi encontrado uma assistematização e aleatoriedade no processo de TLP, inclusive com troca na ordem das etapas propostas pela literatura (Rother, 2015).
Além disso, no contexto sócio-cultural, os atletas brasileiros enfrentam problemas como a desorganização e falta de planejamento da estrutura esportiva, o amadorismo dos clubes, a falta de patrocínio, a carência de complexos esportivos com boa qualidade nas suas instalações, calendários mal elaborados, entre outros, que podem interferir na saúde do atleta e causar reflexos negativos em sua QV (Rother, 2015).
Desta forma, percebe-se que uma grande parte dos riscos possíveis a que o atleta está exposto, mesmo sendo inerentes ao esporte de competição, dependem das exigências de cada modalidade, da ética de dirigentes, técnicos e atletas e de fatores culturais (Dantas, 1995). Quando são controlados estes fatores a que se pode ter domínio, seja pela aquisição de conhecimentos de como lidar com eles ou pelo uso de bom senso, podem ser evitadas muitas das consequências negativas que interferem na QV dos jovens atletas em formação.
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