História do voleibol no Brasil e o efeito da evolução científica da educação física brasileira nesse esporte. Um estudo com o conteúdo revisado e ampliado, Parte 2 Historia del voleibol en Brasil y el efecto de la evolución científica de la Educación Física brasileña en este deporte. Un estudio del contenido revisado y ampliado. Parte 2 History of the volleyball in Brazil and the effect of the scientific evolution of the Brazilian Physical Education in this sport. A study with the revised and expanded content. Part 2 |
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Mestre em Ciência da Motricidade Humana (CMH) pela UCB do RJ (Brasil) |
Nelson Kautzner Marques Junior |
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Resumo O voleibol foi criado em 1895, sendo difundido no mundo pelos soldados norte-americanos. No Brasil esse esporte foi difundido pela “Geração de Prata” por causa dos seus excelentes resultados. O objetivo do estudo foi apresentar a história do voleibol no Brasil e o efeito da Educação Física nessa modalidade nos anos 80. Unitermos: Voleibol. Esporte. Educação Física. História.
Abstract The volleyball was created in 1895, but was popularized in the world by American soldiers. In Brazil this sport was popularized by “Silver Generation” because of the excellent results. The objective of the study was to present the history of the volleyball in Brazil and the effect of the physical education in this modality with priority in the 80s. Keywords: Volleyball. Sport. Physical Education. History.
Recepção: 10/02/2016 - Aceitação: 08/04/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 215, Abril de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Estudando o passado permite ao aluno entender o presente.
Auxilia o educando a desenvolver o espírito crítico referente ao esporte.
Melo (1999)
Introdução
O voleibol foi criado em 1895 pelo norte-americano Morgan, diretor da Associação Cristã de Moços (ACM) com o nome de mintonette. Esse esporte foi elaborado baseado no basquetebol e no tênis, sendo menos cansativo do que o basquete, tornando mais fácil a sua prática entre os idosos da ACM (Marques Junior, 2012). Outra vantagem do voleibol, ele era uma atividade mais lúdica do que a ginástica e poderia ser jogado no ginásio durante o rigoroso inverno norte-americano.
Apesar do interesse inicial com a prática do voleibol, sua difusão foi pequena (Bizzocchi, 2004). Porém, na 1ª Guerra Mundial – 1914 a 1918 (American Volleyball Coaches Association, 1997) e na 2ª Guerra Mundial – 1939 a 1945 (Shewman, 1995), foi o momento que aconteceu a difusão do voleibol através dos soldados norte-americanos, principalmente na Europa, nas horas de lazer eles praticavam o esporte e os prisioneiros de guerra tomaram o conhecimento dessa atividade. Aos poucos o voleibol passou a ser jogado em diversos países do mundo. A figura 1 apresenta os soldados norte-americanos jogando voleibol.
Figura 1. Prática do voleibol pelos soldados norte-americanos da 2ª Guerra Mundial (Shewman, 1995)
E no Brasil, como o voleibol foi difundido?
O voleibol chegou ao Brasil em 1915 ou em 1916, mas somente em 1923 ocorreu à primeira iniciativa de difusão desse esporte, o Fluminense do Rio de Janeiro promoveu o primeiro torneio dessa modalidade. Entretanto, mesmo assim o voleibol continuou sendo pouco praticado até os anos 60, principalmente pelo sexo masculino porque eles achavam seus gestos afeminados (Marques Junior, 2012b). Mas para as meninas e mulheres, a prática do voleibol era incentivada, não existia contato físico (era considerado pouco violento) e os seus fundamentos eram elegantes quando as mulheres praticavam (Dalsin e Goellner, 2006).
Os anos 70 o voleibol começou a ser popularizado no Brasil, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) organizou em 1977 o 1º Mundial Juvenil, a equipe masculina terminou em 3º lugar e a feminina em 4º lugar (Silva, 1977). O único problema dessa disputa foi o preço dos ingressos que diminuiu um pouco a quantidade de pessoas assistindo, sendo recomendado estudo sobre esse problema já que a CBV tinha a meta de sediar o Mundial adulto de voleibol que seria em 1982. Mas nos anos 80, em especial em 1982, após a vitória da seleção brasileira masculina de voleibol por 3 sets a 2 sobre a União Soviética no Mundialito que esse esporte realmente se difundiu no Brasil, vindo ser praticado pelos jovens e isso continua até nos dias atuais (Valporto, 2007).
Isso ocorreu graças os excelentes resultados do voleibol brasileiro nos anos 80, por causa de uma geração de jogadores muito talentosos, também, a comissão técnica dispunha de uma equipe muito competente e com conhecimento científico muito atualizado. Outro fator que contribuiu com a difusão do voleibol no Brasil, foi o presidente da CBV, tinha idéias ousadas para época e com a meta de conquistar uma medalha olímpica e ainda, a mídia se interessou pelo voleibol, os jogos passaram a ser transmitidos ao vivo.
Então, o objetivo do estudo foi apresentar a história do voleibol no Brasil e o efeito da Educação Física nessa modalidade nos anos 80.
Evolução do voleibol brasileiro e da Educação Física do Brasil no anos 80
Os anos 80 foi um prosseguimento do trabalho efetuado na década de 70. Os jogadores da seleção brasileira do Mundial Juvenil masculino de 1977 (Granjeiro, Amauri, Renan e Montanaro) que tiveram oportunidade de se juntar aos jogadores que disputaram a Olimpíada de 1976 (Suíço, Bernard – foi cortado do Mundial juvenil de 77, William e Moreno – capitão e atleta de voleibol mais admirado pelo Prof. Dr. Manoel José Gomes Tubino, atacava com os dois braços, isso aconteceu após uma lesão no ombro, para continuar em atividade voleibolística, esse atleta desenvolveu habilidade com o braço esquerdo, Comunicação Pessoal de Tubino com o autor na disciplina Esporte no Brasil do Mestrado da UCB, no 2º quadrimestre de 2008) competiram na Olimpíada de 1980.
Também foi integrado ao grupo dois jogadores cortados do Mundial Juvenil de 1977 (Badalhoca, também conhecido por Badá e Bernardinho, que futuramente se tornaria um técnico recordista de títulos, somando as vitórias na seleção brasileira e nos clubes que dirigiu) e dois jogadores participantes de outras seleções (Xandó e Deraldo). O técnico dessa seleção masculina foi Paulo Russo e seu auxiliar técnico era Paulo Marcio Nunes da Costa. Essa equipe obteve um honroso 5º lugar, naquela ocasião era uma vitória. A figura 2 mostra a equipe que disputou os Jogos Olímpicos de 1980 e a figura 3 mostra como a equipe foi formada através da união de diversas seleções.
Figura 2. Alguns jogadores da seleção brasileira que disputaram os Jogos Olímpicos de 1980. Da esquerda para direita temos Moreno (nº 5, capitão), Levenhagem (não foi para os Jogos Olímpicos de 1980), Amauri (8), Xandó (2), Badá (3), Deraldo (11), Montanaro (4), Bernard (12), Renan (6), Bernardinho (9) e William (7) (Ídolos do Vôlei, Facebook, 2014). Ao lado está a foto de Suíço e Granjeiro, no time do Botafogo campeão estadual de 1978, estes dois jogadores fizeram parte desta seleção (http://datafogo.blogspot.com.br/2010/03/voleibol-masculino-botafoguense.html).
Figura 3. Formação da equipe que competiu na Olimpíada de 1980
Além do 5º lugar nesses Jogos Olímpicos de 1980, o Brasil causou uma boa impressão, venceu a Polônia por 3 sets a 2 (14/16, 15/9, 8/15, 15/10 e 15/8). Antes da Olimpíada de 80, a Polônia foi campeã olímpica, isso ocorreu em 1976 e terminou essa Olimpíada em 4º lugar, atrás da União Soviética (medalha de ouro), Bulgária (medalha de prata) e Romênia (medalha de bronze) (Lancellotti, 1994). Portanto, o voleibol brasileiro masculino estava no caminho certo para obter sua 1ª medalha olímpica. Nos Jogos Olímpicos de 80, a equipe feminina obteve um 7º lugar, algumas jogadoras tiveram destaque, como Isabel, Jaqueline, Vera Mossa e outras atletas.
Após a Olimpíada de 80 o voleibol brasileiro deixou de ser amador e os atletas se tornaram profissionais. Nuzman sugeriu que o voleibol do nosso país deveria adotar o modelo utilizado pela Itália e pelo Japão, clube empresa. O empresário Braguinha foi um dos iniciadores dessa atividade, fundou a Atlântica Boavista no Rio de Janeiro, sendo campeão brasileiro em 1981. A figura 4 apresenta alguns atletas campeões da Atlântica Boavista.
Figura 4. Em pé, da esquerda para direita temos Márcio, Amauri, Léo, Alemão, Aleminho e Bernard. Agachados da esquerda
para direita temos Bernardinho, Xandó, Canhoto, Paulo Roese, Erik e Renan (Ídolos do Vôlei, Facebook, 2014).
Outras empresas (Hygia, Pirelli, Pão de Açucar, Transbrasil, Sadia, Supergasbrás e outras) também aderiram à moda, investiram no voleibol porque ele era um produto rentável (Manta, Trade e Pinto, 1989). No início dos anos 80, os principais clubes empresa no masculino eram Atlântica Boavista do Rio de Janeiro (posteriormente se associou a Bradesco, tornando Bradesco Atlântica) e Pirelli de São Paulo porque essas equipes tinham os principais jogadores da seleção brasileira. Enquanto que no feminino, destacava-se Flamengo, Paulistano e Pirelli. A figura 5 mostra o escrete da Pirelli que derrotou por 3 a 1 a Atlântica Boavista, sagrando-se campeã brasileira em 1982 e na figura 6 ocorre a comemoração e o ponto final da partida (Placar, 1982).
Figura 5. Em pé, da esquerda para direita, temos Brunoro (técnico), Montanaro (ponta da seleção), Vicenzo Roma (dirigente), Ronaldo (central), Maurício Jaú (ponta, atualmente trabalha na ESPN), William (levantador da seleção), Xandó (oposto da seleção) e Amauri (central da seleção). Agachados, da esquerda para direita temos Dênis, Emerson, Décio, Márcio (central), Marcão e Boni (ponta ou oposto, fez parte da comissão técnica da seleção brasileira feminina campeã olímpica em 2008) (Placar, 1982)
Figura 6. (A) Atletas da Pirelli comemorando o título no ginásio do Ibirapuera, (B) Maurício Jaú explora
o bloqueio triplo, (C) Marcão e Amauri erguem a taça e Xandó ao lado comemora (Ídolos do Vôlei, Facebook, 2014)
Além do investimento das empresas, existia um jornalista que ajudou popularizar o voleibol, foi Luciano do Valle, inicialmente na TV Record (82 a 84) e posteriormente na TV Bandeirantes (85 em diante), sob sua direção, acontecia transmissão dos principais jogos no Brasil e no exterior. Também, na equipe de esportes de Luciano, existiam profissionais gabaritados, por exemplo, os comentários sobre o voleibol durante e no fim das partidas, eram do ex-jogador da seleção brasileira de voleibol e do ex-técnico da seleção olímpica masculina 5º lugar em 80, o Professor de Educação Física Paulo Russo. Durante os jogos Paulo Russo explicava os acertos e falhas de uma equipe, também ensinava voleibol, que na época tinha uma regra difícil (a vantagem) e os brasileiros estavam começando a conhecer esse esporte, ele não era difundido no nosso país. A figura 7 apresenta Luciano do Valle transmitindo o jogo Brasil versus União Soviética no Maracanã pela TV Record, no ano de 1983.
Figura 7. Luciano do Valle, um dos responsáveis pela massificação
do voleibol no Brasil (Ídolos do Vôlei, Facebook, 2014)
Outro acontecimento importante que contribuiu direta ou indiretamente para os resultados expressivos do voleibol brasileiro foi o retorno do exterior de alguns Professores de Educação Física (Barbanti com Mestrado em 1980 e Doutorado em 1982 ambos nos Estados Unidos, Amadio com especialização em 1976 na Alemanha, Tubino com Doutorado em 1982 na Bélgica, Go Tani com Mestrado em 1978 e Doutorado em 1982 ambos no Japão) com título de Especialista, Mestre e/ou Doutor. Segundo Barbanti, Tricoli e Ugrinowitsch (2004), os anos 80 foi o momento que a Educação Física do nosso país começou a se desenvolver cientificamente. Nessa mesma época, Russo e Caldas (1980) fizeram análise do jogo do voleibol masculino das principais seleções do final dos anos 70 e início da época de 80, destacando os pontos fortes e fracos dessas equipes. Esse estudo de Russo e Caldas (1980) confirmaram o que Barbanti et al (2004) informaram, a Educação Física do Brasil começou evoluir cientificamente.
Em 1981, Quadra et al escreveram um artigo mostrando que o voleibol brasileiro masculino estava evoluindo significativamente, porém, ainda necessitava de mais treino para chegar ao pódio. A melhor colocação foi um 5º lugar na Olimpíada de 80 e um 3º lugar no Mundial Juvenil de 1977. Contudo, para o Brasil chegar entre os três melhores nos próximos campeonatos, necessitava otimizar o salto vertical, possuir jogadores de maior estatura com o intuito de conseguir maior alcance das mãos no bloqueio e na cortada.
Entretanto, sabendo dos acertos e falhas do voleibol masculino, em 1981 a seleção brasileira juvenil sob o comando do excelente técnico Bebeto de Freitas sagrou-se vice-campeã mundial em Colorado Springs, Estados Unidos, perdendo apenas para a União Soviética por 3 sets a 0 (JB, 1984). A figura 8 apresenta todos os atletas e a comissão técnica da seleção brasileira juvenil 2º lugar no Mundial de 1981.
Figura 8. Em pé da esquerda para direita temos Paulo Rocha (preparador físico), Bebeto (técnico), integrante da comissão técnica, Léo, Marcos Miranda (Futuramente se tornaria integrante da comissão técnica campeã olímpica em 1992), Igor, Domingos Maracanã, Marcus Vinícius, Nuzman (presidente) e Jorjão (auxiliar técnico). Agachados temos o canhoto Cacau, Maurício Jaú, Xandó (melhor jogador do mundial), Henrique Bassi, Paulo Roese, Eric e Manfrin (Jorge Barros, Facebook, 2014)
Essa seleção brasileira juvenil de 1981 tinha uma equipe de excelentes jogadores, um dos voleibolistas com ataque muito forte que atuava mais como oposto, mas também jogava na ponta foi cortado, talvez porque existiam muitos atletas na sua posição, mas ele era muito bom. O artigo está mencionando o voleibolista Paulão Crioulo, nascido em 1961, com estatura entre 1,78 m a 1,87 m, compensava a sua baixa estatura com uma impulsão espetacular que permitia atacar por cima de jogadores próximo de 2 m ou mais. Um jogo memorável de Paulão Crioulo ocorreu em 1986, no ginásio da AABB Lagoa/Rio, entre Tijuca Tênis Clube da zona norte do Rio de Janeiro versus Canto do Rio de Niterói, Rio de Janeiro. Esse jogo foi a final da seletiva para o Campeonato Brasileiro, ou seja, o time que conseguisse a vitória se classificaria para o Campeonato Brasileiro de clubes.
Paulão, jogando com a camisa 10 do Tijuca Tênis Clube, fez maioria dos pontos de ataque cortando de todos os lugares da quadra (entrada da rede, meio de rede, saída de rede e dos 3 m). Enquanto que no Canto do Rio, os principais atletas eram João Paraíba (levantador, nº 1, que foi destaque do Mundial juvenil de 77) e Lino (ponta, nº 11, e irmão do lateral Júnior da seleção de futebol da Copa e 82), tendo ainda como técnico Radamés, integrante da comissão técnica que derrotou o Peru no Sul-Americano feminino de 1981. A partida acabou 3 sets a 2 para o Canto do Rio, os dois últimos pontos foram bloqueios de João Paraíba no ataque da entrada da rede de Paulão Crioulo. Paulão realizou um jogo quase perfeito, fica a homenagem para esse extraordinário atacante. A figura 9 mostra Paulão Crioulo.
Figura 9. Em pé com a camisa número 9 temos Paulão Crioulo, o técnico é Jorjão. Agachados o leitor vê um atleta de número 8 que jogou na Sadia, Chapecó e na Seleção brasileira de 1987 (campão sul-americano e medalha de bronze no pan-americano), o levantador é Chiquita, trabalhou como técnico de uma equipe masculina da Superliga, a UFJF da temporada 2013/2014 e 2014/2015. Essa foto é da seleção carioca dos Jogos Estudantis Brasileiros de 1978 (www.justvolleyball.com.br)
Outro jogador sensacional que foi integrante da seleção brasileira vice-campeã mundial juvenil de 1981, foi Henrique Bassi, de apenas 1,75 m, era bom em todos os fundamentos, se destacou para o público do voleibol durante o tricampeonato do Minas Tênis Clube (84, 85 e 86) – sendo considerado o melhor atacante da fase final do brasileiro de 1986, mas na seleção juvenil de 1981, segundo um ex-jogador do Tijuca Tênis Clube dos anos 80, Henrique impressionava com o seu elevado salto vertical de 1,15 m. A figura 10 mostra Henrique Bassi em ação.
Figura 10. (A) Henrique atacando no meio da rede na final do brasileiro de 84 contra a Bradesco (Ídolos do Vôlei, Facebook, 2014), (B) o capitão
Henrique comemorando o tricampeonato brasileiro (Rios, 1987) e efetuando o ataque contra a Pirelli no brasileiro de 86 (Ídolos do Vôlei, Facebook, 2014)
O voleibol masculino obteve outro resultado expressivo em 1981, aconteceu a 2ª Copa do Mundo do Japão (Obs.: A 1ª versão foi em 1977), onde a seleção conseguiu a medalha de bronze. Os atletas da conquista do bronze da 2ª Copa do Mundo do Japão eram jogadores dos Jogos Olímpicos de 1976, do Mundial Juvenil de 1977, do Mundial Juvenil de 1981 e dos Jogos Olímpicos de 1980, sendo orientados pelo estrategista Bebeto de Freitas (Obs.: Bebeto foi ex-levantador da seleção brasileira e do Botafogo, se formou nos anos 70 em Educação Física pela Escola de Educação Física do Exército), para muitos, o melhor técnico do voleibol brasileiro.
Essa medalha de bronze na Copa do Mundo do Japão é o início das conquistas da 1ª “Geração de Ouro” do Brasil, que posteriormente seria chamada de “Geração de Prata” por causa do título mais expressivo dessa seleção masculina, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1984. A figura 11 mostra como foi formada a “Geração de Prata” que disputou a Copa do Mundo do Japão de 1981.
Figura 11. Formação da equipe que competiu a Copa do Mundo do Japão de 1981
A figura 12 apresenta o grupo de voleibolistas que estiveram na maior parte das conquistas da “Geração de Prata”, esses jogadores eram oriundos predominantemente da Pirelli de Santo André, em São Paulo, e da Atlântica Boavista do Rio de Janeiro, posteriormente se tornaria Bradesco Atlântica.
Figura 12. Em pé da esquerda para direita temos Paulo Rocha (preparador físico), Montanaro, Xandó, Badá, Fernandão, Maracanã, Léo, Rui, Bebeto (técnico), Jorjão (auxiliar técnico), Brunoro (auxiliar técnico), José Mathias (fisioterapeuta). Sentados da esquerda para direita temos Amauri, Renan, Ronaldo, Cacau, Roberto Kattan (médico), Bernardinho, William, Marcus Vinícius e Bernard (Ídolos do Vôlei, Facebook, 2014)
Em 1981 ocorreu outro resultado expressivo, no 14º Sul-Americano de voleibol adulto feminino realizado em Santo André, São Paulo, a seleção do Brasil derrotou o Peru que era quase invencível na América do Sul (Valporto, 2007). A seleção peruana jogava similar a escola asiática, ou seja, com ênfase nas jogadas de ataque de velocidade, tendo um técnico coreano.
A equipe titular do Brasil era composta por Silvia (nº 5 ponta), Fernanda (nº 6, ponta), Regina Uchôa (nº 9, oposta, canhoto), Marta (nº 12, central), Heloísa (nº 8, central, canhota) e Celinha (nº 10, levantador). O técnico era Ênio Figueiredo, os dois auxiliares técnicos eram Radamés e Elcio Figueiredo e o preparador físico era Paulo Rocha. O banco de reservas era formado por Dulce, Denise Mattioli, Helga, Sandra, Jaqueline etc. Caso leitor queira ver o jogo acesse o seguinte video.
Sulamericano 1981 Final Feminina Brasil vs Peru
Com todos esses bons resultados, e a divulgação da TV, Luciano do Valle batizou a seleção masculina de “Geração de Ouro”, enquanto que o feminino era a “Seleção das Musas”, com maior destaque de beleza e no jogar das atletas Jaqueline, Vera Mossa (Posteriormente seria o 1º casamento de Bernardinho) e Isabel. Agora o voleibol começava se tornar “febre” nacional, quase todo adolescente do sexo feminino ou masculino queria jogar essa modalidade (Matthlesen, 1994).
Por exemplo, praias que não tinham essa modalidade, passaram praticar esse esporte. Foi o caso da rede de vôlei do Nelson (foi levantador do América nos anos 60), ele fundou em 1981, na Barra da Tijuca, uma rede de voleibol que tinha organização de um clube (presidente, tesoureiro, sócios e outros). Essa rede foi uma das primeiras da Barra, ainda fica situada entre os condomínios Vivendas e Beton. A foto ilustra o 1º campeonato dessa rede (aconteceu em 1982) e uma das primeiras disputas de dupla na areia da Barra da Tijuca, localizada na zona oeste do Rio de Janeiro.
Figura 13. Torneio Luiz Carlos Cruz de vôlei na areia. Competição que teve mais de 30 duplas. Os três primeiros colocados foram: Nelson (com a bola)
e Luizinho no 3º lugar, Donato (com o troféu, foi o melhor jogador, foi ex-jogador do Botafogo) e Ângelo no 1º lugar e no 2º lugar ficaram Neto e Décio
Conclusão
O voleibol no Brasil após os Jogos Olímpicos de 1980 passou a ser profissional, várias empresas começaram a investir na modalidade e os resultados nas competições internacionais melhoraram muito. Outro fator que pode ter contribuído muito com a evolução do voleibol, foi o retorno dos Professores de Educação Física do exterior com o título de Especialista, Mestre e/ou Doutor. A figura 14 ilustra esse bom desempenho do voleibol brasileiro, tendo destaque para o início até a formação da “Geração de Prata”.
Figura 14. Linha do tempo do desempenho do voleibol brasileiro e a formação da “Geração de Prata”
Agradecimentos
Ao componente de comissão técnica da “Geração de Prata” que permitiu a atualização dessa série de artigos.
Bibliografia
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Dalsin, K. e Goellner, S. (2006). O elegante esporte da rede: o protagonismo feminino no voleibol gaúcho dos anos 50 e 60. Mov, 12(1), 153-71.
JB (1984). Vôlei do Brasil medalha de prata. Jornal do Brasil (pôster).
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Outros artigos em Portugués
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