Bullying no contexto escolar: manifestação de atos agressivos na escola. Uma pesquisa realizada no município de Novo Cabrais, RS Bullying en el contexto escolar: manifestación de actos agresivos en la escuela. Una encuesta realizada en la ciudad de Novo Cabrais, RS |
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Graduanda em Educação Física Licenciatura na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS ** Mestranda em Promoção da Saúde na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS *** Docente do Curso de Educação Física na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS |
Heloisa Elesbão* Letícia Borfe** Sandra Mara Mayer*** (Brasil) |
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Resumo As questões referentes à violência, agressividade e comportamento anti-social são alvos de debates nos dias atuais, ainda mais quando se referem ao ambiente escolar, estando presente principalmente entre os jovens. Este estudo objetiva verificar qual o perfil do bullying em escolares do 6º ao 9º ano do município de Novo Cabrais. A amostra foi composta por 165 alunos, sendo 97 do sexo masculino e 68 do sexo feminino, com idade entre 10 e 17 anos, de toda a rede pública estadual e municipal do município de Novo Cabrais – RS. A avaliação do bullying foi realizada através de um questionário. Os resultados mostram que 36,4% dos alunos do 6º ao 9º ano já sofreram algum tipo de agressão na escola, sendo que as agressões são realizadas principalmente no recreio, sendo a principal forma de agressão relatada “me disseram nomes feios” e “disseram coisas de mim e/ou do meu corpo”. O presente estudo identificou um índice consideravelmente alto de alunos que já sofreram algum tipo de violência na escola. Unitermos: Bullying. Escola. Violência. Vítimas.
Abstract The issues of violence, aggression and anti-social behavior are targets of debates in the present day, especially when they relate to the school environment, and is present mainly among young people. This study aimed to verify what bullying the profile school from 6º to 9º year of the municipality of Novo Cabrais. The sample consists of 165 students, with 97 male and 68 female, aged 10 to 17, from across the state and municipal public schools in the municipality of Novo Cabrais – RS. Bullying evaluation was conducted via a questionnaire. The results show that 36.4% of students from 6th to 9th grades have suffered some type of aggression at school, and the principal form of reported aggression "told me bad names" and "said things to me and/or my body”. The present study identified a significantly high number of students who have already suffered some kind of violence at school. Keywords: Bullying. School. Violence. Victims.
Recepção: 01/12/2015 - Aceitação: 26/02/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
As questões referentes à violência, agressividade e comportamento anti-social são alvos de debates no dias atuais, ainda mais quando se referem ao ambiente escolar, estando presente principalmente entre os jovens. A partir do propósito de que a sociedade a cada dia se torna mais agressiva, pode-se averiguar que o reflexo disso está presente nas escolas. Aonde a violência vem aumentando em níveis preocupantes entre todos os níveis escolares. É necessário compreender, entretanto, que o ato de agressão e violência não se refere somente ao caráter físico, mas também à questão psicológica e a moral do indivíduo agredido (Fante, 2005).
Bullying é um termo derivado de um adjetivo inglês, denominado bully, que significa pessoa valente, cruel, maldosa e desumana (Chalita, 2008). Além disso, é uma forma disseminada de agressão no ambiente escolar. Existem diversos desafios para reduzir a prática do bullying, como assegurar o compromisso de todos os setores da escola, criar grupos de prevenção, atendimento especializado a diversas formas de manifestação do mesmo, além da criação de uma estrutura para lidar com os direitos humanos, visando à prevenção do assédio moral, perturbações mentais, maus tratos e exploração (Greene, 2006).
A palavra bullying se refere a insultos, deboches, intimidações, apelidos que possam constranger as pessoas, acusações injustas, ações em grupo que visem excluir e ridicularizar a vida de outros, como também danos físicos, psíquicos e morais. Além disso, bullying é considerado um termo específico, que não deveria ser confundido com outras formas de violência. Seu conceito se refere a um comportamento que remete a agressividade física, psicológica e verbal, sendo executada de maneira contínua. O bullying é visto como um fenômeno comportamental que atinge o ego das pessoas envolvidas e acaba por tornar as pessoas alvo, vítimas do ato, reféns da ansiedade, fazendo com que se tornem pessoas inseguras e negativas, por conta do medo, angústia e raiva desenvolvidos pela vítima do bullying, que se sente impotente diante dos atos sofridos (Fante, 2005).
Bullying também é definido como um comportamento que é dividido de forma direta e indireta, ambas causando prejuízos a vítima da agressão. A maneira direta seria através de agressões físicas, chutar e bater, ou através de agressões verbais, apelidos, insultos e atitudes que visem constranger a vítima. A indireta seria através de boatos e rumores falsos, fazendo com que haja uma descriminação ou exclusão da vítima, causando prejuízos irreversíveis, comprometendo o convívio social, escolar, causando danos na parte emocional e mental da vítima (Melo, 2010). Pode ocorrer de maneira direta ou indireta. O bullying se configura de diversas formas como o verbal, onde normalmente a vítima é insultada, ofendida, xingada, sofre deboches, ganha apelidos pejorativos e até mesmo ouve piadas ofensivas a seu respeito. O físico e material se caracteriza em atitudes como bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar, furtar e destruir objetos da vítima, como também atirar objetos contra a vítima. Já o psicológico e moral visa irritar, humilhar e ridicularizar a vítima, além de excluir, isolar, ignorar, desprezar, aterrorizar, perseguir e difamar, entre outros. O sexual costuma ocorrer entre meninos e meninas, e meninos e meninos, tem como objetivo abusar, violentar, assediar e insinuar a vítima. Ainda existe o virtual, que é feito através de celulares e da internet, este tipo de prática e conhecida como ciberbullying (Silva, 2010). Atualmente, com o aumento da liberdade sexual e de expressão, o bullying homofóbico tem se tornado um grave problema para a sociedade. Tanto para os próprios gays e lésbicas, que sofrem com o preconceito, como também os filhos destes. Os pais homossexuais sofrem ao ver seus filhos sendo vítimas de deboches e até mesmo agressões, por conta de sua opção sexual. Além disso, os pais sofrem com o assédio moral e são julgados muitas vezes como sendo maus pais, por não darem bons exemplos a seus filhos (Clarke, Kitzinger & Potter, 2004).
Existem três formas diferentes de envolvimento, a do autor, vítima e testemunha da ocorrência. Consequências físicas ou emocionais, que dizem respeito às relações sociais ou até mesmo de aprendizagem. É importante fazer com que as informações sobre este fenômeno bullying sejam esclarecidas a todos, fazendo com que a escola seja vista como local seguro para seus alunos, e não apenas como um local onde todos vão para aprender a ler, escrever e realizar operações matemáticas. A escola deve ser vista como um local de socialização, onde todos aprendem sobre a cidadania, convivendo em harmonia uns com os outros, tendo o respeito para com o outro acima de tudo (Lopes Neto, 2007).
Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo verificar o perfil dos alunos que são alvos do bullying, além de identificar o padrão comportamental dos mesmos, como também verificar os locais onde costumam ocorrer as agressões.
Método
Os sujeitos desta investigação descritiva - exploratória são alunos do 6º ao 9º ano, num total de 165, sendo 97 do sexo masculino e 68 do sexo feminino, de toda a rede pública estadual e municipal, do município de Novo Cabrais – RS, sendo de duas escolas estaduais e uma municipal.
Para detectar o perfil de frequência do bullying, foi realizada uma pesquisa individual através do questionário de Olweus (1993), adaptado por Mayer (2000), pelos quais foram coletados os dados de identificação e de desenvolvimento socioafetivo. Os dados foram analisados através do programa estatístico SPSS 20.0, (IBM, Armonk, NY, USA), sendo apresentados em frequência e percentual.
Resultados e discussão
A tabela 1 apresenta as características descritivas dos escolares, sendo que 58,8% são meninos, 34,5% estão no 6º ano e 25,5% possuem 11 anos.
Tabela 1. Caracterização dos sujeitos
O presente estudo nos mostra que 36,4% dos alunos do 6º ao 9º ano do município de Novo Cabrais – RS já sofreram algum tipo de agressão na escola, índice este que é superior a um estudo realizado por Silva (2013), no município de Encruzilhada do Sul, no qual o índice foi de 27,4%. Além disso, a principal forma de agressão citada foi “me disseram nomes feios” e “disseram coisas de mim e/ou do meu corpo”, com 12,1%; índice este que também é superior ao ser comparado com o estudo realizado no município de Santa Cruz do Sul por Carvalho (2012), em que o percentual foi de 9,80%, porém inferior ao registrado por Silva (2013), que foi de 17,1%. Já no estudo realizado por Matos e Gonçalves (2009) em Lisboa, Portugal, os alunos relataram sofrer principalmente agressões verbais, sendo a principal opção “me disseram nomes feios”.
O local onde mais ocorreram as agressões foi o recreio, com 23,0%, principalmente para o sexo masculino (28,9%), seguido por salas de aula (6,1%). No estudo de Carvalho (2012), o recreio também aparece como principal local onde ocorrem as agressões, com 12,42%; porém, no estudo de Silva (2013), o local mais citado foi nas salas de aula, com 9,4%. A maioria dos alunos disseram nunca ter ficado só (88,5%).
Tabela 2. Indica a quantidade de alunos que foram agredidos, a maneira e o local das agressões
Conclusão
O presente estudo identificou um índice consideravelmente alto de alunos que já sofreram algum tipo de violência na escola.
A principal forma de agressão relatada foi a “me disseram nomes feios” e “disseram coisas de mim e/ou do meu corpo”, foi citada principalmente pelos indivíduos do sexo feminino, onde a adolescência e os problemas na relação menino - menina possam ter desencadeado esta forma de agressão. O local mais citado de ocorrência das agressões foi o recreio, momento no qual os alunos possuem uma maior liberdade de interagir com os demais colegas.
A partir dos resultados obtidos, é necessário que todos repensem e reflitam, a fim de buscarmos um caminho a ser seguido, tentando conscientizar a todos sobre as consequências que o bullying traz a qualquer um de seus envolvidos. Visando a diminuição dos índices de violência escolar, tornando a escola um ambiente harmonioso e receptivo, onde todos tenham seus ideais respeitados, sabendo que o direito de um termina quando começa o direito de outro. Percebe-se assim que o principal mecanismo para a diminuição da violência escolar se dá através da educação, com base nisso pode-se afirmar que todos os setores da escola devem caminhar juntos a fim de juntos buscarmos uma melhor resolução para este problema. Cabe ainda ressaltar que devem ser estimuladas lideranças positivas entre os alunos, fazendo com que as vítimas informem os casos e, além disso, devem ser promovidas atividades que visem à integração dos alunos, como palestras e gincanas, além da prática de atividade física.
Bibliografia
Carvalho, T. C. (2012). A violência escolar e o bullying na realidade de estudantes do 6º ano à 8ª série da Escola José Mânica, 2012. 29f. Monografia (Graduação do Curso de Educação Física) - Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul.
Chalita, G. (2008). Pedagogia da Amizade. Bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores. São Paulo: Gente.
Clarke, V., Kitzinger, C., & Potter, J. (2004). Kids are just cruel anyway: Lesbian and gay parents talk about homophobic bullying. British Journal of Social Psychology, v. 43, n.4, p. 531-550.
Fante, C. (2005). Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. São Paulo: Verus.
Greene, M. B. (2006). Bullying in schools: a plea for measure of human rights. Journal of Social Issues, v. 62, n. 1, p. 63-79.
Lopes Neto, A. (2007). Diga não ao bullying. Revista Adolescência e Saúde, Rio de Janeiro, v. 4, n. 3, p. 51-56.
Matos, M. G. e Gonçalves, S. M. P. (2009). Bullying nas Escolas: Comportamentos e Percepções. Psicologia, Saúde & Doenças. v. 10, n. 1, p. 3-15.
Mayer, S. M. (2000). Comportamento Agressivo em Escolares de 1º a 8° série do Ensino Fundamental de Santa Cruz do Sul: uma abordagem através da Teoria dos Sistemas Ecológicos, 2000. 114f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional - Área Sócio Cultural) Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul.
Melo, J. A. (2010). Bullying na escola: como identificá-lo, como preveni-lo, como combatê-lo. Recife: EDUPE.
Olweus, D. (1993). Bullying at school. Oxford e Cambridge: Blackwell.
Silva, A. B. B. (2010). Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva.
Silva, S. A. (2013). Bullying – uma agressividade escolar: um estudo de 5ª e 8ª série da Escola Estadual de Ensino Fundamental Barão do Quaraí do município de Encruzilhada do Sul – RS, 2013. 30f. Monografia (Graduação do Curso de Educação Física) - Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul.
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