Análise da prevalência de associação da síndrome metabólica com o aparecimento de doenças cardiovasculares Análisis de la prevalencia de la relación del síndrome metabólico con el surgimiento de enfermedades cardiovasculares |
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*Acadêmica do C urso de Fisioterapia do Instituto Superior de Teologia Aplicada – INTA **Mestre em Bases Gerais de Cirurgia Doutoranda em Ciência da Reabilitação-UFMG Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Superior de Teologia Aplicada – INTA. Co-Orientadora ***Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Superior de Teologia Aplicada – INTA.Co-orientador |
Rita Patrícia Machado Oliveira* Me. Thaianne Cavalcante Sérvio** Me. Leandro Gomes Barbieri*** (Brasil) |
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Resumo O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento convive com uma acentuada transição comportamental de seus indivíduos, determinado freqüentemente pelos maus hábitos alimentares. Esta transição comportamental acaba por resultar em modificações no metabolismo corpóreo do individuo apresentando correlação com sua localização demográfica, hábitos sociais, situação econômica e qualidade de vida (TINÔCO; CRUZ, 2006). Pelo aumento crescente da exposição a fatores de risco como de obesidade e sedentarismo, Matsudo (2006) afirma que se pode observar um aumento significativo de doenças cardiovasculares, justificados pela associação de importantes fatores de risco para o desenvolvimento de complicações cardíacas. Objetivos: analisar a prevalência de distúrbios cardiovasculares em portadores de síndrome metabólica bem como identificar os principais fatores de risco causadores de distúrbios ao sistema cardiovascular em portadores de síndrome metabólica e observa a freqüência de aparecimento de complicações cardiovasculares nos portadores da mesma. Resultados e discussão: Segundo um estudo realizado por Coelho et al. (2007) com 111 pacientes a SM foi observada em 77% dos pacientes, dos quais 73 (66%) eram do sexo feminino. A presença de complicações cardiovasculares como a Insuficiência Cardíaca (IC) foi identificada em 102 pacientes, apresentando grande correlação com a presença de SM. Para Santos e Ruiz (2007) em seu estudo realizado com 60 idosos na faixa etária entre 60 a 80 anos, de ambos os sexos, constatou-se uma alta prevalência 68,32% de Síndrome Metabólica nos participantes da pesquisa confirmando os achado da pesquisa anterior e sendo este um fato preocupante devido às conseqüências por ela ocasionada aos sistemas do corpo. Conclusão: a prevalência de sua associação apresenta elevados índices segundo estudos realizados nessa área bem como a delimitação dos principais fatores de risco de maior acometimento populacional como a Hipertensão Arterial e a Obesidade associada ao aumento da Circunferência Abdominal servindo de base para que a sociedade acadêmica em geral possa desenvolver meios de promoção e prevenção dos agravos ocasionados por esses fatores de risco, visto que, em sua maioria caracterizam-se por serem de caráter modificável. Assim, o aprofundamento de estudos nessa área torna-se de extrema necessidade para que cada vez mais possam ser delimitados os fatores etiológicos desta síndrome tão complexa de atuação múltipla em diversos sistemas do corpo, objetivando-se assim a criação de políticas de saúde voltadas principalmente a prevenção do aparecimento destes FR bem como a prevenção e estabilização dos agravos ocasionados pelos mesmos. Unitermos: Síndrome metabólica. Doenças cardiovasculares. Hipertensão arterial. Obesidade.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento convive com uma acentuada transição comportamental de seus indivíduos, determinado freqüentemente pelos maus hábitos alimentares. Esta transição comportamental acaba por resultar em modificações no metabolismo corpóreo do individuo apresentando correlação com sua localização demográfica, hábitos sociais, situação econômica e qualidade de vida (TINÔCO; CRUZ, 2006). No decorrer destas ultimas décadas, pelo aumento crescente do quadro de obesidade e sedentarismo, observa-se um aumento significativo de doenças cardiovasculares, justificados pela associação destes dois importantes fatores de risos para o desenvolvimento de complicações cardíacas. Se a prevalência de exposição da população mundial a esses fatores de risco permanecerem, estima-se que até o ano de 2015 estes fatores levarão a 36 milhões de mortes de forma precoce em especial nos países em desenvolvimento, que em relação aos desenvolvidos, apresenta uma maior tendência a um surgimento dessas doenças nas faixas etárias mais jovens da população levando a freqüente complicação seguida de morte (GOMES, 2010).
Nas ultimas décadas, tem-se observado tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento um aumento do consumo de alimentos ricos em açucares, gorduras e alimentos refinados bem como uma redução do consumo de carboidratos e fibras alimentares essenciais para uma dieta saudável. O predomínio destes hábitos alimentares, conhecida como “dieta ocidental”, associa-se com um maior quadro de sedentarismos destes indivíduos para a realização de atividades físicas que gerem aos mesmos um gasto calórico predispõem a uma maior prevalência de obesidade, conhecida atualmente como um grave problema de saúde publica, bem como o sedentarismo, quadros de Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, dentre outras (MATSUDO, 2006).
Se a prevalência de exposição da população mundial a esses fatores de risco permanecerem, estima-se que até o ano de 2015 estes fatores levarão a 36 milhões de mortes de forma precoce em especial nos países em desenvolvimento, que em relação aos desenvolvidos, apresenta uma maior tendência a um surgimento dessas doenças nas faixas etárias mais jovens da população levando a freqüente complicação seguida de morte (GOMES, 2010).
A síndrome metabólica (SM), um transtorno complexo, representado por um conjunto de fatores de risco como a obesidade especialmente a (obesidade abdominal), níveis pressóricos elevados, distúrbios no metabolismo da glicose e hipertrigliceridemia e/ou baixos níveis de HDL colesterol (HDL-c), apresenta uma estreita relação com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, que representam atualmente no Brasil à primeira causa de morte nos indivíduos a pelo menos quatro décadas (MCLELLAN et al., 2007).
Pode-se afirma que sua prevalência esta relacionada e modulada por fatores hereditários e ambientais que dependem do critério das características populacionais de cada individua e da forma de diagnostico aplicada ao mesmo. De maneira geral, estima-se que a ocorrência de SM varie entre 12,4% a 28,5% dos homens e 10,7% a 40,5% das mulheres, com comportamento crescente nas últimas décadas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDILOGIA, 2010).
Segundo estudos, pacientes com SM apresentam risco aumentado de até quatro vezes para óbito por doença arterial coronária e até três vezes para óbito de qualquer natureza demonstrando também uma pior evolução pós-evento com uma maior área de acometimento. Como etiopatogenia pode-se dizer esta relacionada a alterações da atividade simpática, bem como uma maior ativação do eixo hipotálamo hipófise-adrenal culminando com uma resistência insulina, obesidade central, disfunção endotelial e processos inflamatórios e pró-trombóticos ativadores da inflamação, os quais desempenham um papel importante na síndrome (ZELLER et al., 2005).
Atualmente pode acomete indivíduos de diversas etnias e classes sociais, tendo uma etiologia multifatorial que, no entanto ainda não se encontra completamente esclarecida, mas que, no entanto, apresenta um fator consensual entre os autores que é a interferência de fatores ambientais e dietéticos para o desenvolvimento da síndrome contribuindo para um ganho de peso elevado, em especial na região abdominal, que por sua vez apresenta uma intima relação com o aumento da resistência insulínica (NASCIMENTO et al., 2009).
No entanto, ainda é precária a quantidade de estudos voltados ao diagnostico de incidência e prevalência de SM na população brasileira, entretanto observa-se uma prevalência acentuada obesidade, hipertensão e diabetes nesses pacientes, o que gera preocupação para os profissionais e autoridades em saúde (OLIVEIRA, 2006).
Objetivos
Analisar a prevalência de associação da síndrome metabólica com o aparecimento de doenças cardiovasculares relatada na literatura.
Metodologia
A busca pela literatura ocorreu na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), nos meses de agosto a outubro de 2013.
Os descritores foram selecionados a partir da terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS-BIREME) e são eles: “Síndrome metabólica” e “Doenças cardiovasculares”.
Após a leitura dos resumos, segundo pertinência e consistência do conteúdo, foram observados os seguintes critérios de inclusão: Artigos de publicações originais; Artigos publicados a partir de 2006; Estudos quantitativos, descritivos, observacionais longitudinais ou transversais e intervencionais. Excluíram-se as revisões integrativas, revisões literárias ou pesquisas semelhantes à temática proposta. Foram selecionados inicialmente 15 artigos, destes 5 foram excluídos por se tratarem de revisões sistemáticas e 10 foram selecionados para compor a presente pesquisa.
A partir destes, elaborou-se um quadro para organização e análise dos artigos contendo os seguintes itens: autores, ano, título, tipo de estudo e objetivo.
Resultados e discussão
A partir da análise dos textos selecionados, tem-se, quanto ao tipo de publicação, que os dez estudos, apresentados no Quadro 1, são resultados de pesquisas, sendo todos nomeados por seu editores de caráter originais. Com relação ao ano de publicação, dois artigos foram publicados em 2006, três em 2007, três em 2008 e dois em 2009 demonstrando freqüência de pesquisas sobre a temática durante os anos. Quanto aos tipos de estudos, foram assim classificados: estudo prospectivo corte; estudo prospectivo; estudo transversal; estudo transversal retrospectivo; estudo de Corte transversal; estudo transversal de base populacional e estudo epidemiológico de delineamento transversal. A maioria das pesquisas de abordagem quantitativa.
Quadro 1. Artigos selecionados sobre a prevalência de Síndrome Metabólica e sua associação
com alterações cardiovasculares segundo autores, titulo, ano de publicação, objetivo e o tipo de estudo
Autores |
Titulo |
Ano |
Objetivos |
Tipo de Estudo |
CASTRO S. H, MATOS H. J, GOMES M. B |
Parâmetros Antropométricos e Síndrome Metabólica em Diabetes Tipo 2 |
2006 |
Avaliar o valor do IMC como preditor de circunferência abdominal de risco cardiovascular e de diagnóstico de Síndrome metabólica em 753 pacientes com DM tipo 2. |
Estudo prospectivo corte. |
PIMENTA E, PASSARELLI O. J, BORELLI F, SOUSA M. G, CARLOS G, AMATO V, AMODEO C, PIEGAS L. S. |
Síndrome Metabólica em Pacientes Submetidos à Cirurgia de Revascularização Miocárdica: Prevalência e Marcador de Morbi-mortalidade no Período Intra-Hospitalar e após 30 dias |
2006 |
Comparar a morbi-mortalidade de pacientes com e sem síndrome metabólica (SM) (de acordo com a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM), submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica (RM), na fase hospitalar e após 30 dias. |
Estudo Prospectivo |
COELHO F. A, COLUCCI, A; MOUTINHO M. E, MIRANDA V.A; TAVARES L. R, RACHID M; ROSA M. L. G, MESQUITA E. T. |
Associação da Síndrome Metabólica e seus Componentes na Insuficiência Cardíaca Encaminhada da Atenção Primária. |
2007 |
Determinar, em pacientes encaminhados da Atenção Primária, a prevalência de SM, segundo o sexo e o tipo de IC. |
Estudo Transversal |
ROSINI N; ROSINI A. D; MOUSSE D M; ROSINI G. R. |
Prevalência de síndrome metabólica e estratificação de risco para DAC em pacientes hipertensos-tabagistas. |
2007 |
Verificar a presença de SM e estratificar o risco absoluto de DAC, pelo ERF, em pacientes portadores de três FR para DCV: tabagismo, hipertensão e histórico familiar para DCV. |
Sem definição |
SANTOS, D. A, RUIZ, F. S. |
Prevalência de síndrome metabólica em idosos participantes do disperdia no município de Cascavel – PR. |
2007 |
Identificar a prevalência de síndrome metabólica nos idosos participantes do Hiperdia do município de Cascavel, PR. |
Estudo Transversal |
BOPP, M. E BARBIERO, S. |
Prevalência de Síndrome Metabólica em Pacientes de um ambulatório do Instituto de Cardiologia do Rio grande do Sul (RS). |
2008 |
Avaliar a prevalência de síndrome metabólica (SM) nos pacientes atendidos no ambulatório para a prevenção Secundária de doença arterial coronariana do IC-FUC, bem como verificar o excesso de peso por meio do índice de massa corporal (IMC) e a prevalência de obesidade abdominal na doença cardiovascular (DCV). |
Estudo Transversal Retrospectivo |
FRANCO G. P. P, SCALA L. C. N, ALVES C. J, FRANÇA G V.A, CASSANELLI T, JARDIM P. C. B. V. |
Síndrome Metabólica em Hipertensos de Cuiabá – MT- Prevalência e Fatores Associados. |
2008 |
Estimar a prevalência de SM e fatores associados em uma amostra de hipertensos da área urbana de Cuiabá - MT. |
Estudo de Corte Trasnversal |
RIGO J. C, VIEIRA J. L, DALACORTE R. R, REICHERT C. L. |
Prevalência de Síndrome Metabólica em Idosos de uma Comunidade: Comparação entre Três Métodos Diagnósticos. |
2008 |
Comparar a prevalência da SM com diferentes critérios em idosos de uma comunidade. |
Estudo transversal de base populacional |
LAMÊGO S. R, BALDO M. P, MILL J. G. |
Associação entre a Razão Cintura-Estatura e Hipertensão e Síndrome Metabólica: Estudo de Base Populacional. |
2009 |
Comparar a capacidade desse índice na identificação da hipertensão e síndrome metabólica com outros índices de obesidade (índice de massa corporal - IMC; circunferência da cintura - CC e razão cintura-quadril - RCQ) através da análise de curvas ROC (receiver operator characteristics). |
Estudo transversal de base populacional |
FREITAS E. D, HADDAD J. P.A, MELÉNDEZ G. V. |
Uma exploração multidimensional dos componentes da síndrome metabólica. |
2009 |
Verificar, por meio da análise fatorial, os padrões de agrupamento das variáveis antropométricas e metabólicas relacionadas com a síndrome metabólica, de acordo com o sexo, em uma população rural brasileira. |
Estudo epidemiológico de delineamento transversal |
Com relação as fonte dos artigos, evidenciou-se que a maioria deles foi publicada em periódicos da área da saúde coletiva e editados no Brasil demostrando um grande interesse na área cientifica em pesquisar a prevalência do aparecimento de fatores de risco ao sistema cardiovascular bem como sua associação com outros distúrbios, tendo em vista a prevenção e combate a esses fatores de risco.
Prevalência de síndrome metabólica (SM)
Segundo um estudo realizado por Coelho et al. (2007) com 111 pacientes a SM foi em 77% dos pacientes, dos quais 73 (66%) eram do sexo feminino. A presença de complicações cardiovasculares como a Insuficiência Cardíaca (IC) foi identificada em 102 pacientes, apresentando grande correlação com a presença de SM. Para Santos e Ruiz (2007) em seu estudo realizado com 60 idosos na faixa etária entre 60 a 80 anos, de ambos os sexos, constatou-se uma alta prevalência 68,32% de Síndrome Metabólica nos participantes da pesquisa confirmando os achado da pesquisa anterior e sendo este um fato preocupante devido às conseqüências por ela ocasionada aos sistemas do corpo.
Ainda quando comparamos a associação desta com agravos ao sistema cardiovascular observamos sua grande associação tendo sido demostrado por Franco et al. (2008) em seu estudo realizado com 120 hipertensos (60 mulheres), com média de idade de 58,3 ± 12,6 anos uma prevalência de 70,8% ,com predomínio entre as mulheres (81,7% vs. 60,0%; p=0,009), sem diferenças entre adultos (71,4%) e idosos (70,2%) demostrando ainda uma associação positiva entre a SM e o IMC ≥ 25 kg/m2, a resistência insulínica e algum antecedente familiar de hipertensão. Comprovando assim os achado realizados por Rigor et al. (2008) Quem em seu estudo com 378 idosos acima de 60 anos encontrou uma prevalência maior 63% de SM no sexo feminino.
Com relação aos fatores de risco da SM podemos observar a predominância da Hipertensão arterial como um dos principais causadores de agravos ao sistema cardiovasculares tendo na pesquisa realizada por Rodrigues; Baldo e Mill (2009) apresentado um índice de 42,4% do percentual de 1.655 indivíduos (759 homens e 896mulheres) estudados. Quanto à capacidade de diagnostico destes fatores, ainda segundo esses autores, houve uma superioridade significante da Relação Cintura/Estatura em relação ao Índice de Massa Corpórea e Circunferência da Cintura.
No estudo realizado por Castro; Matos e Gomes (2006) outro fator preditor de importante relevância gerador de complicações cardiovasculares está relacionado à circunferência abdominal sendo que IMC ≥ 25,0 kg/m2 mostrou-se ser o melhor preditor das circunferências abdominais alteradas no sexo feminino e no masculino, o IMC ≥ 25,0 kg/m2 foi melhor preditor apenas da presença de circunferência de risco cardiovascular, enquanto a circunferência de síndrome metabólica ocorreu mais naqueles com IMC ≥ 30,0 kg/m2, demostrando que indivíduos com SM mesmo com o IMC próximo dos parâmetros de normalidade Nosso estudo já apresentam circunferência abdominal de risco para as doenças cardiovasculares.
Pimenta et al. (2006) vem confirmar estas estimativas através dos achados de seu estudo onde dos 107 pacientes submetidos à Revascularização do Miocárdio no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo-SP, destes 74 (69,2%) portadores de SM, 60% destes pacientes apresentaram um aumento da prevalência de diabetes tipo 2 bem como uma maior ocorrência de processos inflamatórios em geral pós cirurgia.
Quanto ao método diagnostico utilizado para denominar um paciente como portador de SM existe diversos conceitos norteadores, entretanto diversos estudos estão sendo realizados para definir qual o mais adequado e fidedigno as características da síndrome como demonstrado no estudo realizado por Rigo et al. (2008) na cidade de Novo Hamburgo – RS, onde o mesmo objetivava comparar a prevalência da SM através de diferentes critérios (National Cholesterol Education Program - Adult Treatment Panel III (NCEP ATPIII, do NCEP ATPIII revisado e da International Diabetes Federation) em 378 idoso acima de 60 anos onde observou-se uma maior prevalência de SM com a utilização dos critérios do NCEP ATP III, NCEPATP III revisado e da IDF, apresentando valores de 50,3%, 53,4% e 56,9%, respectivamente, tendo ainda o critério da IDF demostrado uma maior prevalência de SM em relação à prevalência encontrada com o critério do NCEP ATP III e NCEP ATP III revisado.
Relação síndrome metabólica e distúrbios cardiovasculares
Cabrera et al. (2007) em seu estudo, realizado em Londrina–PR, composto por 516 idosas onde avaliou-se a associação de SM e obesidade abdominal com risco cardiovascular em mulheres idosas, pelo critério do NCEP ATP III, 206 (39,9%) tiveram o diagnóstico de SM. Apresentando também 94 (18,2%) eventos cardiovasculares sendo 48 fatais e 46 não-fatais. Estas porcentagens se relacionam com o estudo realizado por Coelho et al. (2007) onde em seu estudo com 150 pacientes com suspeita clinica de Insuficiência Cardíaca, a mesma esteve presente em 71% da amostra, a SM prevaleceu em 77%, dos quais, 66% eram do sexo feminino.
Outro fator relevante observado por Rossini et al. (2007) no estudo realizado com 146 paciente objetivando verificar a presença de SM e estratificar o risco absoluto de DAC, pelo Escore de Risco de Framingham, em pacientes portadores de três fatores de risco para Doenças Cardiovasculares, foi verificado nos participantes do sexo masculino que os mesmos apresentaram percentual maior de alto risco para desenvolver Doença Arterial Coronariana em relação ao sexo feminino, ou seja, 70,6% e 20,0%, respectivamente, enquanto com médio risco (entre 10 – 20%) havia 21,6% dos homens e 47,4% das mulheres demostrando assim que na escala de Framingham, a SM por si prediz em aproximadamente 25% o risco de DCV em 10 anos sendo no grupo em estudo 59,6% portadores de SM e destes 33,3% apresentado risco acima de 20% de desenvolver DAC em 10 anos.
Conclusão
Na literatura pesquisada observa-se uma crescente associação de fatores de risco cardiovasculares com os encontrados na etiologia da SM, demostrando que ambos encontram-se interligados sendo fatores geradores de complicações aos sistemas do corpo em especial o sistema cardiovascular.
A prevalência de sua associação apresenta elevados índices segundo estudos realizados nessa área bem como a delimitação dos principais fatores de risco de maior acometimento populacional como a Hipertensão Arterial e a Obesidade associada ao aumento da Circunferência Abdominal.
Por apresentar-se com múltiplos FR a SM ainda não apresenta um consenso quanto a sua etiologia e diagnostico sendo utilizado parâmetros de diversas instituições de referência, entretanto, os estudos demostram que sua identificação em um individuo dependerá do contexto em que o mesmo encontra-se inserido, sendo a prevalência de aparecimento e associação de um mesmo FR dependente das características socioeconômicas a qual o individuo encontra-se inserido.
Assim, o aprofundamento de estudos nessa área torna-se de extrema necessidade para que cada vez mais possam ser delimitados os fatores etiológicos desta síndrome tão complexa de atuação múltipla em diversos sistemas do corpo, objetivando-se assim a criação de políticas de saúde voltadas principalmente a prevenção do aparecimento destes FR bem como a prevenção e estabilização dos agravos ocasionados pelos mesmos.
Referencias
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MATSUDO V.K.R. MATSUDO S.M.M. Atividade Física no Tratamento de Obesidade. Einstein. 2006; (Supl 1):S29-S43.
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TINÔCO, A. L. A, CRUZ, M. C. Hipertensão arterial e Obesidade: Luta pela Universalização do conhecimento das doenças crônicas não transmissíveis. Agência brasileira do ISBN, v. 12, 2006.
ZELLER M. S.P.G, RAVISY J, LAURENT Y, JANIN-MANIFICAT L, L’HUILLIER I, et al. Prevalence and impact of metabolic syndrome on hospital outcomes in acute myocardial infarction. Arch Intern Med. 2005.
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