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Baixa procura dos homens ao serviço de saúde: uma revisão de literatura

La baja demanda de los hombres a los servicios de salud: una revisión de la literatura

Low men looking to health care: a review of literature

 

*Enfermeiro especialista em Enfermagem em Cardiologia e Docência do Ensino Superior

pela Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho de Montes Claros

Especialista em Saúde Pública pelas FIP-Moc. Docente da Unimontes

**Enfermeiro, formado pela Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

***Enfermeira, com especialização em Urgência e Emergência

com Ênfase em Terapia Intensiva pelas FIP-Moc

****Enfermeiro graduado pelas Faculdades de Saúde

e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho de Montes Claros

*****Mestre em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes

******Enfermeira, Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade

Federal de São Paulo – UNIFESP. Docente da Unimontes

Ricardo Soares de Oliveira*

André Geraldo de Castro Barbosa**

João Paulo Dias**

Edna Maria de Souza Oliveira***

José Selviano Oliveira****

Máximo Alessandro Mendes Ottoni*****

Simone Guimarães Teixeira Souto******

rickenfermeiromoc@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi conhecer a opinião dos homens acerca dos fatores que dificultam na busca pelos serviços de saúde. Para o desenvolvimento deste estudo optou-se por uma revisão de literatura através da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), no período compreendido entre 2006 e 2012. As fontes de busca desta pesquisa foram constituídas das bases eletrônicas Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Foram encontrados sete artigos que atenderam aos critérios propostos neste trabalho. Utilizaram-se os descritores ‘saúde do homem’, ‘atenção primária’ e ‘prevenção’. Para a elaboração desta pesquisa também foram utilizadas informações do Ministério da Saúde. Foi constatada, nos estudos analisados, a baixa procura, pelo homem, aos serviços de saúde, assim como o modelo hegemônico da masculinidade ainda interfere de forma negativa na realização de qualquer intervenção do serviço de saúde, tanto no que se refere à prevenção, quanto nos cuidados secundários. Os enfermeiros devem personalizar seu atendimento durante as consultas de enfermagem, para que seja estabelecido um vínculo maior com os usuários, facilitando o atendimento e desenvolvendo todo o processo de prevenção e cuidados à saúde.

          Unitermos: Saúde do homem. Atenção primária. Prevenção.

 

Abstract

          The aim of this study was to know the opinion of men about the factors that hinder the search for health services. To develop this study we chose a literature review through the Virtual Health Library (VHL) in the period between 2006 and 2012. The sources of this research were constituted search of electronic databases Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS). Seven articles were found that met the criteria proposed in this paper. We used the descriptors 'human health', 'primary' and 'prevention'. For the preparation of this research were also used information from the Ministry of Health was found in the analyzed studies, low demand, by man, to health services, as well as the hegemonic model of masculinity still interfere negatively in carrying out any intervention health service, both in terms of prevention, the secondary care. Nurses must customize their care during nursing consultations, to be established a greater bond with users, facilitating compliance and developing the whole process of prevention and health care.

          Keywords: Men's health. Primary care. Prevention.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo Gomes e Nascimento (2006), a partir dos anos 90 do século XX, a temática sobre a saúde do homem começou a ser abordada sob uma perspectiva diferenciada. A discussão passou a refletir, dentre outros aspectos, a singularidade do ser saudável e do ser doente entre segmentos masculinos. Essa abordagem, sem perder a perspectiva relacional de gênero, veio focalizando, sobretudo, a ressignificação do masculino para buscar-se uma saúde mais integral do homem. A exemplo disso destacam-se publicações da Organização Mundial da Saúde (OMS) que se voltam para as especificidades da saúde masculina ou o seu comprometimento em diferentes fases da vida.

    Para Fontes et al. (2011), existe uma grande resistência que dificulta a procura do homem aos serviços de saúde. Os condicionantes dessa resistência têm perpassado historicamente por diferentes aspectos, entre os quais se destacam os socioculturais ligados ao gênero e às questões vinculadas aos serviços de saúde. Neste contexto, o Ministério da Saúde afirma que em relação ao primeiro, a resistência deriva do fato de a doença ser considerada um sinal de fragilidade, que os homens não reconhecem como intrínseco à sua condição biológica; por sua vez, os fatores institucionais, remetem aos horários de funcionamento e dinâmica dos serviços que geralmente são incompatíveis com as atividades laborais masculinas.

    Fontes et al. (2011) ainda afirmam que os fenômenos refletem no perfil de morbidade e mortalidade vinculado aos indivíduos do sexo masculino. Com isso, morrem mais homens que mulheres ao longo do ciclo da vida. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas, caso não existisse a resistência masculina frente à procura pelos serviços de saúde.

    De acordo com Figueiredo e Schraiber (2011), atualmente vários estudos vêm discutindo a questão da saúde masculina, buscando compreender as diferentes motivações para os altos perfis de morbimortalidade dos homens em parâmetro mundial. Alguns autores associam essas elevadas taxas ao processo de socialização dos homens, no qual poder, força e sucesso, considerados atributos característicos dos homens, resultam em comportamentos que predispõe a doenças e mortes. Outros autores apontam que, nesse processo, o cuidado com a saúde não é valorizado como uma questão importante na vivência masculina.

    Conforme Fontes et al. (2011), a ocorrência de uma baixa acessibilidade da população masculina aos serviços de atenção primária aponta para uma vulnerabilidade desses indivíduos. Constitui-se em um importante problema de saúde pública, haja vista que a busca pelos serviços de saúde, quando existe, está associada a um quadro clínico de morbidade considerado crônico-degenerativo, com repercussões biopsicossociais para sua qualidade de vida, além de onerar, significativamente, o Sistema Único de Saúde (SUS).

    Os temas mais recorrentes no estudo sobre a saúde do homem podem se estruturar em torno dos eixos: violência, tendência à exposição a riscos com consequência nos indicadores de morbimortalidade, e saúde sexual e reprodutiva. A Política de Atenção Integral à Saúde do Homem visa oferecer subsídios à reflexão dos determinantes da saúde do homem, bem como apresenta diversos elementos condicionantes para a sua saúde, resguardando a consideração da necessidade de ações de promoção e prevenção, além da recuperação (BRASIL, 2008).

    A proposição da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem tem como objetivo qualificar a atenção à saúde da população masculina na perspectiva de linhas de cuidado que resguardem a integralidade da atenção. Reconhecer que a população masculina acesse esse sistema de saúde por meio da atenção especializada requer mecanismos de fortalecimento e qualificação da atenção primária, para que a atenção à saúde não se restrinja à recuperação, garantindo, sobretudo, a promoção da saúde e a prevenção a agravos evitáveis (BRASIL, 2008).

    Desta forma torna-se imprescindível pesquisar sobre este tema uma vez que compreendendo os motivos que levam esta referida população procurar menos os serviços de saúde pode-se estabelecer estratégias de promoção, proteção e recuperação eficazes capaz de atingir esta demanda cada vez mais distante. Assim, o objetivo deste estudo é descrever os fatores que dificultam a procura dos homens pelos serviços de saúde e verificar qual tem sido a contribuição da enfermagem no que diz respeito à saúde do homem.

Metodologia

    Trata-se de uma revisão da literatura, de caráter descritivo exploratório a qual foram feitas buscas a partir da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), no período compreendido entre 2006 e 2012. As fontes de busca desta pesquisa foram constituídas das bases eletrônicas Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).

    Os descritores foram ‘Saúde do Homem’, ‘atenção primária’ e ‘prevenção’. Para a elaboração desta pesquisa também foram utilizadas informações do Ministério da Saúde.

    Os critérios de inclusão estabelecidos foram publicações em Português nos últimos seis anos, abordando o tema em questão e como critérios de exclusão foram considerados artigos em outros idiomas e aqueles que não abordam o tema e nem o objetivo em estudo.

    Na busca inicial foram encontradas 36 publicações na SCIELO e LILACS. Por meio de dados da literatura dos resumos disponíveis foram excluídos oito da SCIELO e oito da LILACS, restando vinte publicações, as quais foram lidas na íntegra. Entretanto, treze não responderam à questão norteadora e foram excluídos, permanecendo sete, que compõem a amostra deste estudo.

    A avaliação dos trabalhos selecionados envolveu a literatura analítica e anotações dos dados referentes ao estudo em um instrumento padronizado, que foi preenchido para cada publicação da amostra final da revisão em seguida. Em seguida, foram organizados por meio do programa Microsoft Word.

Resultados

    Foram selecionados sete artigos científicos a partir do tema e dos objetivos propostos. O Quadro 1, apresenta uma síntese dos trabalhos selecionados, organizados por nome do autor, metodologia proposta, objetivos e principais resultados.

Quadro 1. Síntese dos artigos selecionados

Autor (a) (s) e ano

Metodologia da Pesquisa

Objetivo

Principais Resultados

Wagner dos Santos Figueiredo; Lilia Blima Schraiber, 2011.

Pesquisa Qualitativa

Qual é a relação do exercício das masculinidades com o cuidado em saúde para homens na atenção primária.

a) O trabalho como valor moral para a provisão da família.

 

b) Os significados que a relação entre a estrutura corpórea e a força física dos homens suscita na construção da masculinidade.

 

c) As mudanças nas relações de gênero.

d) Sexualidade: Uma dimensão importante para a constituição da identidade masculina.

Romeu Gomes; Elaine Ferreira do Nascimento; Fábio Carvalho de Araújo, 2007.

Pesquisa qualitativa

Analisar as explicações presentes em discursos masculinos para a pouca procura dos homens por serviços de saúde

a) Ser homem seria associado à invulnerabilidade, força e virilidade.

b) Questões relacionadas ao trabalho.

c) Horário de funcionamento dos serviços de saúde.

d) A vergonha de ficar exposto a outro homem ou a uma mulher também é uma explicação para a não busca de cuidados médicos por parte dos homens.

e) A falta de unidades de saúde específicas para o cuidado com o homem.

f) Os homens somente procuram os serviços de saúde quando sentem alguma coisa, que o impossibilita de trabalhar.

Lilia Blima Schraiber; Wagner dos Santos Figueiredo; Romeu Gomes; Márcia Thereza Couto; Thiago Félix Pinheiro; Rosana Machin; Geórgia Sibele Nogueira da Silva; Otávio Valença, 2010.

Pesquisa Qualitativa

Estudar-se a relações entre masculinidades e cuidado em saúde.

a) Questões relacionadas ao trabalho.

b) Dificuldade de acesso e o funcionamento dos serviços.

c) Questões relacionadas ao gênero.

Michael Ferreira Machado; Maria Auxiliadora Teixeira Ribeiro,

2012.

Pesquisa Qualitativa

Refletir sobre a produção discursiva na relação entre os homens jovens e os serviços de saúde de uma comunidade tradicional pesqueira de artesãos, totalmente coberta pela Estratégia de Saúde da Família, no município de Maceió - AL.

a) Só procuram o saber médico quando avaliam que a situação é mais grave.

b) Questões relacionadas à masculinidade.

c) Horário de atendimento e o funcionamento da Unidade Básica de Saúde da Família.

Romeu Gomes; Martha Cristina Nunes Moreira; Elaine Ferreira do Nascimento; Lucia Emília Figueiredo de Sousa Rebello; Márcia Thereza Couto; Lilia Blima Schraiber, 2011.

Pesquisa Qualitativa

Discutir fatores relacionados sobre a ausência e/ou invisibilidade masculina nos serviços de atenção primária, com consequente ausência da inclusão dos homens nos cuidados preventivos.

a) As dificuldades com o funcionamento dos Centros de Saúde.

b) Só procuram o serviço de saúde com intercorrências graves.

c) Questões relacionadas ao gênero.

d) Sentimentos de vergonha e inibição

Luana Giatti; Sandhi Maria Barreto, 2011.

Pesquisa Qualitativa

Conhecer as barreiras e aumentar a oferta de serviços com perfil de funcionamento adequado para quem trabalha é fundamental para tentar reduzir as iniquidades observadas.

a) Questões relacionadas ao trabalho.

b) Questões relacionadas ao gênero.

 

Maria Juracy Filgueiras Toneli; Marina Gomes Coelho de Souza; Rita de C. Flores Müller, 2010.

Pesquisa Qualitativa

Apresentar parte dos resultados da pesquisa multicêntrica "Masculinidades e Práticas de Saúde". 

a) Questões relacionadas a masculinidade.

b) Deixar de trabalhar para comparecer à consulta (Questão econômica).

c) Falta de tempo.

d) Atribuição do Serviço de Saúde como ambiente para mulheres.

Fonte: Pesquisa bibliográfica

Discussão

Categoria 1 - Questões ligadas ao gênero

    Nesta categoria fica evidente que o homem resiste na busca pelos serviços de saúde a partir de tabus e cultura pregressa enraizada há séculos. Essa visão de pseudo invulnerabilidade pode custar-lhes a vida, como relata os autores.

    A sociedade impõe ao homem uma postura de potência e invulnerabilidade, não lhe permitindo ter o direito de transparecer suas fragilidades. Não é dado ao homem permissão para chorar, se emocionar, evidenciar o medo ou a ansiedade. Dessa forma, procurar por um serviço de saúde para tratamento ou prevenção de riscos é um ato de fragilidade que se choca com as concepções desta sociedade androcêntrica (SILVA, et al. 2012).

    Vários estudos constatam que os homens, em geral, padecem mais de condições severas e crônicas de saúde do que as mulheres e também morrem mais do que elas pelas principais causas de morte. Entretanto, apesar das taxas masculinas assumirem um peso significativo nos perfis de morbimortalidade, observa-se que a presença de homens nos serviços de atenção primária à saúde é menor do que a das mulheres (BRASIL, 2008).

    Os modelos de masculinidade e a maneira como se dá a socialização masculina podem fragilizar ou até mesmo afastar os homens das preocupações com o autocuidado e com a busca pelos serviços de saúde. Dentre as questões mais frequentemente consideradas estão os valores da cultura masculina, que envolvem tendências à exposição a riscos, associação da masculinidade à invulnerabilidade e também a própria educação familiar, a qual orienta o homem para um papel social de provedor e protetor. Esta é uma cultura que tende a gerar modelos masculinos com baixa adesão a práticas de autocuidado e pode estimular o comportamento agressivo, violento e de descuido com ele mesmo (SILVA, et al. 2012).

Categoria 2 - Comparação entre os gêneros masculino e feminino.

    Na comparação de gênero masculino e feminino, os relatos dos autores mostram a ideia que o homem tem de ser responsável pelas questões sociais e prestação de serviços, não sendo coberto por programas de saúde. Ao contrário das mulheres que a ela são atribuídas o papel do cuidar de si própria e também da família. Os serviços de saúde são vistos como um espaço feminilizado.

    Apontam as diferenças de papéis por gênero presentes no imaginário social, entendendo os cuidados gerais como próprios do âmbito feminino. Isso se justificaria pela socialização que as mulheres recebem, desde cedo, para reproduzirem e consolidarem os papéis que as tornam responsáveis, quase que exclusivamente, pela manutenção das relações sociais (de cuidados) e pela prestação de serviços aos outros (FONTES et al. 2011).

    É atribuído também à mulher o papel de cuidar da sua saúde e da sua família, o homem só procura os serviços médicos em último caso quando os problemas se agravam, isso devido a existência de uma cultura difundida em nossa sociedade de que o homem é um ser dominador, invencível e que, portanto não sente “dor”, assim a masculinidade acaba sendo o principal fator do aumento da mortalidade entre homens (PEREIRA, 2010).

    Por outra perspectiva, essa característica também os diferencia das mulheres, pois procuram o serviço quando já apresentam doença manifesta, valorizando mais as práticas de cura, não reconhecendo necessidades de orientações preventivas. (FIGUEIREDO, 2008).

    A prevenção ou promoção da saúde são práticas tidas como obrigatórias "naturalmente" para as mulheres. Esta é a primeira representação usualmente lembrada no uso mais frequente dos serviços pelas mulheres, podendo ser compreendida como parte da concepção tradicional de gênero, em que as mulheres seriam mais frágeis e mais complicadas em sua saúde e também por ser atribuição feminina o cuidar de si próprias e deles (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007).

    Os estudos apontam também para o fato de homens não se reconhecerem como alvo do atendimento de programas de saúde, devido às ações preventivas se dirigir quase que exclusivamente para mulheres. Os serviços públicos costumam ser percebidos como um espaço feminilizado, frequentado principalmente por mulheres e composto por uma equipe de profissionais formada, em sua maioria, também por mulheres (KALCKMANN; BATISTA; SOUZA, 2005).

Categoria 3 - Medo de descobrir alguma doença

    Outra questão que reforça a ausência dos homens ao serviço de saúde seria o medo da descoberta de uma doença grave, desta forma, não saber pode ser considerado um fator de "proteção" para os homens (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007).

    Este sentimento é comum nas pessoas, independente do gênero, porém, é mais frequente no sexo masculino. Assim como diz o ditado popular de “quem procura acha”, alguns homens temem buscar os serviços de saúde para saber se a sua saúde vai bem com medo de deparar com um diagnóstico de uma doença e ter de se tratar. No caso específico da prevenção de câncer, há estudos que apontam que o medo é uma das explicações para o fato de as pessoas não procurarem (ZERBIB, 2003).

Categoria 4 – Questões relacionadas ao trabalho

    Não muito corriqueiro, a ausência do homem em seu local de trabalho, definido como sujeitos sociais com papel chave, também é um fator complicador para que estes procurem participar de atividades de grupo ou procurem os serviços de saúde.

    Um dos primeiros aspectos a ser ressaltado é a relação do trabalho como a identidade masculina, ao apontarem que, para os homens se sentirem honrados e reconhecidos como sujeitos sociais, o trabalho assume um papel-chave. Por meio do trabalho, os homens constroem seus modelos de comportamento masculino, definindo uma linha divisória entre o público e o privado (FIGUEIREDO; SCHRAIBER, 2011).

    É muito mais difícil para o homem aceitar que tem que deixar de trabalhar para comparecer a uma consulta de planejamento familiar do que conseguir esta liberação para a mulher. Este é um argumento muito utilizado, e é algo cultural, então existe uma dificuldade em trazer o homem para uma consulta preventiva ou mesmo uma reunião de planejamento familiar (TONELI, et al. 2010).

Categoria 5 - Contribuição da enfermagem na saúde do homem

    Na Atenção Básica, o enfermeiro tem como papel a reeducação da sociedade em relação aos estigmas socioculturais e institucionais, promovendo assim o acesso dos homens serviços de saúde como eixos necessários e fundamentais de intervenção (PIZZOLATO, et al. 2012).

    A enfermagem deve operar os processos de trabalho em saúde de forma a atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas aos usuários. Implica prestar um atendimento com resolutividade e responsabilização, orientando, quando for o caso, o homem e a família em relação aos serviços de saúde a serem prestados (CASTRO; PEREIRA, 2011).

    Cabe à enfermagem, na perspectiva da saúde da família, redefinir suas práticas assistenciais, gerenciais e de ensino, com base, principalmente no modelo de atenção integral à saúde, sempre dando ênfase na saúde do homem (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007).

    Os enfermeiros devem incrementar e qualificar o atendimento à saúde do homem. Faz-se necessário adotar ações de caráter preventivo, com a utilização da mídia para auxiliar na conscientização da sociedade sobre essa problemática de saúde e, assim, desmitificar a questão da suposta invulnerabilidade do homem (FIGUEIREDO, 2008).

    A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem está associada com a Política Nacional de Atenção Básica. A população masculina brasileira acessa o sistema de saúde por meio da atenção especializada, o que exige ações de fortalecimento e qualificação da atenção primária, voltada para a promoção da saúde e a prevenção a agravos evitáveis, uma vez que, as equipes de ESF, funcionando adequadamente, são capazes de resolver oitenta e cinco por cento dos problemas de saúde em sua comunidade, prestando um bom atendimento, prevenindo doenças, evitando internações desnecessárias e melhorando a qualidade de vida da população (BRASIL, 2008).

Conclusão

    Os estudos pesquisados reforçam a ideia da baixa procura pelos homens aos serviços de saúde. Como também foi verificado, o modelo hegemônico da masculinidade ainda interfere de forma negativa na realização de qualquer intervenção do serviço de saúde, tanto no que se refere a prevenção, quanto aos cuidados secundários.

    A masculinidade, com o pensamento de invulnerabilidade e força, dificulta a adoção de práticas de autocuidado, uma vez que a procura ao serviço de saúde às vezes é associado à fraqueza, medo e insegurança.

    Outro fator que reforça a ausência dos homens ao serviço de saúde é o medo da descoberta de uma doença grave. A questão da vergonha de exposição do corpo perante o profissional de saúde também é apontada como um fator que dificulta a adesão aos procedimentos que visam a prevenção de sua saúde.

    A enfermagem desempenha um papel fundamental, pois além da atenção individualizada durante as consultas e práticas assistenciais participa também das visitas domiciliares, nas quais contribui com informações necessárias para a prevenção da saúde e realiza busca ativa, visando o comparecimento dos homens à unidade de abrangência.

    Os enfermeiros devem personalizar seu atendimento durante as consultas de enfermagem, para que seja estabelecido um vínculo maior com os usuários, facilitando o atendimento e desenvolvendo todo o processo de prevenção e cuidados à saúde.

Referências

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