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Introdução

    O presente estudo teve por objetivo mostrar a influência da relação afetiva entre professor e aluno no processo ensino aprendizagem e nas relações pedagógicas professor-aluno nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º anos).

    Os alunos nesta fase necessitam de maior envolvimento, pois estão no início da sua “formação” e sabemos que o afeto motiva o comportamento e os levará a uma melhor aprendizagem. E que a relação entre professor e aluno necessita ser baseada no afeto, confiança, liberdade para que o aluno se entregue ao prazer de aprender.

    Neste trabalho, será apresentada nas obras educacionais e pedagógicas, fundamentação teórica sobre a afetividade no processo de aprendizagem, para sensibilizar os professores sobre a importância deste tema. E tentar superar as transformações que o mundo vem atravessando e que terminam nos afastando cada vez mais da nossa essência de ser humano que é baseada no amor.

    A afetividade é algo que deve estar sempre presente na sala de aula, mas nem sempre a sua importância é levada em consideração. Fundamentado na idéia que o ser humano deve ser visto como um todo, é de suma importância considerar o papel da afetividade no desenvolvimento psicológico e na formação de conhecimentos cognitivos/afetivos, os mesmos são inseparáveis, as capacidades cognitivas necessitam da presença de aspectos afetivos (CORRÊA, 2008).

    Para alguns professores é angustiante quando sentem dificuldade de identificar o seu papel e a sua influência dentro da nova sociedade, muitos acabam assumindo as funções dos pais e até terapeutas na tentativa de resolver os problemas emocionais e psicológicos dos seus alunos, se esquecendo que são apenas professores, isto não significa que o professor não deve ter uma relação de amor e carinho com os seus alunos ao contrario a escola é lugar ideal para essa troca de afeto. È necessário chamar a atenção que o professor não substitui a família e se o aluno apresenta problemas psicológicos, somente o profissional especializado irá ajudá-lo. Mas, os vínculos afetivos que são estabelecidos entre professor e aluno são de grande importância para o desenvolvimento intelectual e emocional do aluno (LIBÓRIO, 2009).

    Nos últimos anos observa-se nas escolas preocupação com a agressividade e a violência dos alunos em sala de aula, os professores reclamam dos comportamentos agressivos e desobediência por parte dos alunos e sentem dificuldade de lidar com esses problemas, que dificulta o relacionamento entre professor e aluno. È necessário que professor tenha consciência da importância de criar em sala de aula um espaço seguro, onde predomina a união e o afeto. Mesmo em situações de risco o aluno possa encontrar no professor segurança e apoio emocional e afetivo. Estudos apontam a importância e a influência positiva dos professores no desenvolvimento de crianças com risco psicossocial e como este facilita a adaptação destes alunos na escola, criando expectativas otimistas de um bom relacionamento e conseqüentemente uma ótima aprendizagem (PICADO, ROSE, 2009).

    Estudos mostram que as relações entre o professor, o conteúdo escolar e o aluno são profundamente marcadas pela afetividade, podendo gerar impactos de aproximação ou distanciamento entre o aluno e o conteúdo. Todas as atividades planejadas e desenvolvidas pelo professor possuem influencias na afetividade e na aprendizagem dos alunos. A maneira que o professor apresenta o conteúdo em sua sala de aula pode afetar cada aluno de uma maneira particular, repercutindo de diversas formas na sua aprendizagem. Os mesmos esquecem-se da afetividade e muitas vezes se preocupam apenas com o conteúdo e com as metodologias, podendo criar marcas profundas (LEITE, 2012).

    A importância da relação entre professor e aluno deve ser vista como um ponto essencial para o desenvolvimento do aluno. A mesma não pode ser vista como uma simples transmissão de conhecimento, onde o professor ensina e o aluno aprende, mas sim como uma troca de conhecimentos, onde o professor se destaca no papel do mediador. Essa relação é indispensável para o crescimento interno do aluno, esta deve estar alicerçada na confiança, no amor e no respeito. O professor deve repensar a prática em sala de aula, para que as aulas se tornem mais prazerosa e os alunos participem ativamente, o mesmo deve deixar de lado o senso comum que atribui à culpa da não aprendizagem a indisciplina e a falta de interesse dos alunos, devem procurar rever a sua postura pedagógica inovando as suas aulas, preparando projetos e estar sempre se aperfeiçoando profissionalmente (SILVA, NAVARRO, 2012).

    O comportamento do professor serve de modelo para o aluno, certas virtudes do mesmo, como paciência, dedicação, carinho, amizade e companheirismo contribuem para uma boa aprendizagem. O professor autoritário que não se importa com os alunos e não consegue ter um vinculo afetivo com os mesmos, estará contribuindo para que estes tenham comportamentos agressivos e criem na de aula um ambiente de desarmonia. Aqueles que consideram o dono do saber e os seus alunos devem continuar inerte diante das situações problema, que não dá liberdade para o se manifestar, não proporciona momentos de trocas de conhecimentos entre os colegas, não deixa que aprendam por si só, está dificultando a aprendizagem dos seus próprios alunos (FERRARI, 2012).

    Cury em seu livro “Pais Brilhantes, Professores Fascinantes” nos mostra que a utilização da prática pedagógica afetiva pelo o professor pode estimular não só a relação afetiva, como a questão cognitiva, social do aluno (2008, p. 48):

    Os educadores, apesar das suas dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a solidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos altruísta, enfim, todas as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por máquinas, e sim por seres humanos.

    O autor mostra-nos como é importante o papel do professor como um profissional, que independente de suas limitações, se faz necessário, com a sua presença pode modificar de forma especial e agir na vida de seus alunos como exemplo, através de seus atos e sua conduta profissional. Os professores precisam entender que o ato de ensinar requer afeto, quando existem amor e carinho, certamente aprende-se melhor.

    Considerando que a escola é um lugar de vivência e cidadania é preciso que ela possa trazer seu alicerce o ideal de proporcionar os professores momentos prazerosos de aprendizagem, por esse motivo a grande importância de estudos sobre o relacionamento afetivo entre professores e alunos da escola.

    A afetividade exerce grande influência no processo ensino aprendizagem sob à ótica psicopedagógica. A Psicopedagogia se preocupa com a educação significativa, onde o professor sempre utilize de estratégias que são ligadas à afetividade para estimular o desenvolvimento intelectual e a autonomia dos alunos. A pratica pedagógica deve ser baseado no diálogo entre professor e aluno, permitindo que o mesmo desenvolva amplamente seu potencial criador, a socialização, a afetividade, a imaginação e a espontaneidade (PIVA, 2010).

    A Psicopedagogia busca subsídios para compreender o fracasso escolar, levando em consideração não só o cognitivo, mas também a importância do papel do afeto na aprendizagem do aluno, as questões emocionais interferem na aprendizagem, não tem como separar aprendizagem e afetividade, pois as duas caminham juntas. É importante intervenção psicopedagógica, porque muitas vezes a criança apresenta um problema cognitivo, mas de origem emocional (FEDERLE,2012).

    A afetividade vem sendo examinada em debate e defendida por profissionais da saúde e da educação, principalmente por psicopedagogos. Os problemas emocionais estão ligados aos conflitos interiores, dificultando sua interação com o meio, a carência afetiva contribui com vários fatores que prejudicam a aprendizagem. Na escola o aluno poderá apresenta problemas emocionais de acordo com o relacionamento com a mãe, sendo assim o professor não deve deixar passar despercebido a vida pessoal do seu aluno, é necessário que conheça os pais e a vida que mesmo leva fora da escola, só assim, poderá conhecer e entender melhor o seu aluno. O excesso ou a falta de afeto poderá prejudicar à aprendizagem. Os problemas emocionais deverão ser trabalhados em conjunto com a escola, a família e um profissional psicólogo ou psicopedagogo, que será responsável pela avaliação e intervenção terapêutica auxiliando professores e a família do aluno (CUNHA, 2012).

Objetivo geral

    Mostrar a influência da relação afetiva entre professor e aluno no processo ensino aprendizagem de crianças nos anos iniciais do Ensino fundamental.

Objetivos específicos

• Verificar a importância da afetividade no processo ensino aprendizagem na faixa etária de cinco aos nove anos;

• Analisar a Visão da Psicopedagogia sobre a importância da afetividade no processo ensino aprendizagem.

Metodologia

    Foi realizada uma pesquisa com vinte alunos, dez meninos e dez meninas com idade entre sete a oito anos, do 2º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Hortênsia, que fica situada no Município de Itapecerica da Serra- SP. Após, os pais terem lido e assinado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi aplicado um questionário com cinco perguntas, em sala de aula.

    O questionário continha perguntas objetivas, onde o aluno poderia expor a sua opinião sobre situações que acontecem em sala de aula, sobre à convivência e a afetividade entre professor e aluno.As perguntas da Pesquisa foram: 1) Para você o que é ser um “Bom Professor”?; 2) O que você mais gosta no seu professor?; 3) Quando há um problema na sala de aula como você acha que o professor deve resolver?; 4) Para você, qual a melhor forma de relacionamento entre professor e aluno?; 5) Quais os assuntos você gosta de conversar com o seu professor?.

    As perguntas respondidas foram tabuladas e analisadas de acordo com alguns teóricos. Essa interpretação dos dados tem com objetivo verificar importância da afetividade no processo ensino aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Resultados

    Aqui apresentaremos os resultados das perguntas do questionário aplicado.

Figura 1. Para você o que é ser um “Bom Professor”?

 

Figura 2. O que você mais gosta do seu professor?

 

Figura 3. Quando há um problema na sala de aula como você acha que o professor deve resolver?

 

Figura 4. Para você, qual a melhor forma de relacionaqmento entre professor e aluno?

 

Figura 5. Quais os assuntos você gosta de conversar com seu professor?

Discussão

    A pesquisa foi realizada com 20 alunos do 2º Ano do Ensino Fundamental. A maioria dos alunos que participaram da pesquisa deixou bem claro nas suas respostas que a afetividade representa um aspecto importante no processo ensino aprendizagem, que tem como base o respeito mútuo, o dialogo, o carinho e principalmente o amor.

    A primeira pergunta da pesquisa foi: Para você o que é ser “Bom Professor”? A alternativa mais escolhida foi ser carinhoso, esse resultado deixa claro que o carinho do professor é essencial no processo ensino aprendizagem.

    O ato de ensinar e aprender devem ser compreendidos como um gesto de amor. Para que o professor tenha sucesso no seu trabalho, é de grande importância que ele tenha um ótimo controle emocional, bom relacionamento e a certeza que escolheu a profissão certa. É de suma importância que o professor saiba situar-se como mediador, pois ensinar requer amor, carinho e dedicação. O mesmo precisa se comprometer em oferecer para os seus alunos uma educação de qualidade e com mais afetividade (SILVA & NAVARRO, 2012).

    A segunda pergunta da pesquisa foi: O que você mais gosta do seu professor? A alternativa mais escolhida foi da amizade e do carinho. O resultado obtido com essa pergunta nos faz refletir que o ato de ensinar requer amizade e carinho, e quando isso acontece, certamente aprende-se melhor.

    Todo professor pode ser modelo de reconhecimento para o aluno, mas quando se trata de um professor querido pelos alunos a aprendizagem poderá acontecer muito mais do que o professor pretende ensinar. O relacionamento entre professor e aluno deve ser uma relação de amizade, os alunos não devem ser considerados como objetos onde o professor possa manipulá-los, mas como pessoas que pensam, refletem, discutem, tem opiniões e saibam decidir o que e o que não quer. A relação professor aluno deve recíproca e ultrapassar o limites profissionais e escolares (NASCIMENTO, 2012).

    A terceira pergunta foi: Quando há um problema na sala de aula como você acha que o professor deve resolver? As alternativas mais escolhidas foram o diálogo e com conversa entre professor e aluno. O resultado obtido nos mostra que o dialogo entre professor e aluno é muito importante nas resoluções de conflitos.

    A escola é um local educativo, onde a sua função principal é mediar o conhecimento e possibilitar ao aluno o acesso e a construção do saber. Onde, as relações estabelecidas entre professor e aluno devem ser baseadas no afeto e para que essa relação seja bem significativa e tenha sucesso no processo ensino aprendizagem o diálogo é fundamental (SARMENTO, 2010).

    A quarta pergunta foi: Para você qual a melhor forma de relacionamento entre professor e aluno?

    Amor, amizade e respeito, foi a alternativa mais escolhida. O resultado obtido com esta pergunta deixa claro que a relação entre professor e aluno não deverá ser de imposição, mas sim de amor, de amizade e de respeito.

    O professor exerce influência e serve de exemplo para o comportamento dos seus alunos certo virtudes do mesmo como o amor, amizade o respeito, a paciência, e a dedicação contribui para a aprendizagem dos mesmos (FERRARI, 2012).

    A quinta pergunta foi: Quais os assuntos você gosta de conversar com seu professor? As alternativas mais escolhidas foram sobre a minha vida e elogios das atividades. O resultado obtido com esta pergunta mostra que os alunos, gostam de conversar com o professor e serem ouvidos por ele e receber elogios.

    O afeto impulsiona o aluno a construir significados na sua aprendizagem, e para que isto aconteça, é necessário existir um bom relacionamento entre professor e aluno. De acordo com o crescimento do ser humano as necessidades afetivas não ficam apenas no contato físico, precisam estar entrelaçadas com o cognitivo. O aluno precisa ouvir elogios e ter estímulos para superar suas dificuldades na aprendizagem (BORTOLAZZO, 2013).

Considerações finais

    A problemática abordada neste Artigo pretende mostrar a influencia da relação afetiva entre professor e aluno no processo ensino aprendizagem de crianças nos anos iniciais de Ensino Fundamental.

    A afetividade possui grande importância no processo ensino aprendizagem, é com um bom relacionamento entre professor e aluno é que acontece uma aprendizagem satisfatória. O professor não deve esquecer que o seu papel como educador não é apenas de planejar, ensinar e avaliar, mas formar educando, como cidadãos conscientes e inseri-los na sociedade. O aluno necessita ser amado e respeitado no contexto escolar. A função da escola não se limita apenas em transmitir conhecimentos, mas também na formação de pessoas conscientes e equilibradas emocionalmente (FRAGA, 2011).

    Todas as obras citadas neste trabalho deixaram claro que é necessário que os professores entendam que o lugar que ocupam na sala de aula em relação aos seus alunos não é apenas daquele que ensina, mas aquele que deixa marcas e boas recordações no futuro. É necessário que todos reflitam sobre a importância da afetividade dentro da sala de aula. A Psicopedagogia defende a importância da afetividade no desenvolvimento emocional e cognitivo do educando.

Referências bibliográficas

• BORTOLAZZO, J. C. Uma perspectiva afetiva para a educação dentro do processo de aprendizagem. Santa Maria, 2013 9f. (Curso de Especialização em Psicopedagogia). Universidade Federal de Santa Maria.

• CORRÊA, P. R. A dimensão do ser humano: contribuições a partir de Piaget. São Carlos, 2008 48f. TCC (Licenciatura em Pedagogia). Universidade Federal de São Carlos.

• CUNHA, Danusa. Olhar Psicopedagógico: Afetividade e Educação: [S. I.]: 2012. Disponível em: http//danusacunha.blogspot.com.br/2012/02/afetividade-e-educação.html. Acesso em 18 de julho de 2013.

• CURY, Augusto. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro: sextante, 2008.

• FEDERLE, Carmem. O papel do psicopedagogo frente às dificuldades de aprendizagem e dos problemas afetivos e de conduta em sala de aula: [S. I.]: 2012. Disponível em: http//Carmem-ferdele.blogspot.com.br2012/05/o-papel-do-psicopedagogo-frente-as.html. Acesso em 18 de julho de 2013.

• FERRARI, R. F. Considerações Psicopedagógicas da Relação Vincular Professor-Aluno. Capítulo de Dissertação de Mestrado em Psicopedagogia. UNISUL- Santa Catarina. Disponível em: R F FERRARI- Revistas de Ciência Humanas. p. 1-14, 2012.

• FRAGA, Ana. A importância da Afetividade no processo ensino aprendizagem: [S. I.]: webartigos, 2011.

• LEITE, S. A. S. Afetividade nas praticas pedagógicas. Temas em Psicologia. V.20, nº. 2 Ribeirão Preto, 2012.

• LIBÓRIO, A. C. O. As interações professor-aluno e o clima para criatividade em sala de aula: possíveis relações. Brasília, 2009 28f. Dissertação (Mestrado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde). Intitulo de Psicologia Universidade de Brasília.

• NASCIMENTO, J. P. S. Discutindo a afetividade a partir da relação professor-aluno. Guarabira, 2012. 17f. (Licenciatura Plena em Pedagogia). Universidade Estadual da Paraíba.

• PICADO, J. R.; ROSE T. M. S. Acompanhamentos de Pré-escolares Agressivos: adaptação na Escola e Relação Professor-Aluno. Psicologia Ciência e Profissão., 29(1), 132-145,2009.

• PIVA, J. E. M. Psicopedagogia e a influência da afetividade no processo ensino aprendizagem. Rei Revista de Educação do Ideau. v.5, n.10, janeiro-junho 2010.

• SARMENTO, N. R. G. Afetividade e Aprendizagem. Porto Alegre, 2010 32f. TCC (licenciatura em Pedagogia) Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

• SILVA, M. I. A. N. A importância da Afetividade no Processo Ensino Aprendizagem dos Alunos nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. São Paulo, 2012 28f Projeto de Assessoramento Psicopedagógico Institucional. Centro Universidade adventista de São Paulo.

• SILVA, O. G.; NAVARRO E. C. A relação professor-aluno no processo ensino-aprendizagem. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar, nº 8, v.3, p.95-100,2012.

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