A relação entre desenvolvimento
motor, lateralidade La relación entre el desarrollo motor, la lateralidad y la iniciación deportiva |
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*Graduado em Educação Física pelo UNIFOR/MG **Discente de Nutrição pela UFLA *** Professor do UNIFOR/MG, Unis MG e FAGAMMON (Brasil) |
Luís Paulo Teixeira de Souza* Bianca Martins de Figueiredo** Alan Peloso Figueiredo*** |
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Resumo O presente trabalho discorre sobre alguns aspectos relevantes no processo de iniciação esportiva, em geral este processo acontece com crianças da faixa etária dos 08 aos 13 anos. Os profissionais de educação física são os mais indicados para auxiliar os jovens na iniciação esportiva, sem prejudicar o desenvolvimento dos movimentos motores com a especialização precoce nos esportes. O desenvolvimento do domínio corporal é um dos fatores fundamentais no processo de aprendizagem do ser humano, em especial no período em que está na escola. Por essa razão, justamente nesse período em que está na escola, à criança deve-se possibilitar todas as experimentações possíveis, inclusive a do corpo. E isso pode ser feito conduzindo a criança de forma que descubra o movimento como elemento mediador nas construções sobre ela mesma, sobre o outro e sobre o mundo. Este Trabalho de Conclusão de Curso é o resultado de uma revisão bibliográfica que teve como principal objetivo relacionar lateralidade, desenvolvimento motor e iniciação esportiva. Unitermos: Desenvolvimento motor. Lateralidade. Iniciação esportiva.
Resumen
Abstract Keywords: Motor development. Laterality. Sports initiation.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
As habilidades motoras estão relacionadas a experiências vividas pelo indivíduo, sendo melhorada pela prática através dos movimentos motores complexos, que, com os treinamentos diários, melhoram o desempenho esportivo.
O processo de desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações no comportamento motor. É possível perceber diferenças desenvolvimentistas neste comportamento em função de diversos fatores: do próprio indivíduo, do ambiente e da tarefa em si (GALLAHUE e OZMUM, 2001).
A iniciação esportiva é o período em que a criança começa a aprender de forma específica, planejada e sistematizada a prática esportiva de um ou vários esportes.
A iniciação esportiva deve seguir o desenvolvimento motor da criança, além de proporcionar as várias experimentações dos mais variados tipos de movimentos de esportes, sendo os profissionais de educação física os mais indicados para auxiliar os jovens na iniciação esportiva, sem prejudicar o desenvolvimento dos movimentos motores com a especialização precoce nos esportes.
Os educadores físicos devem seguir as atitudes motoras que acompanham a idade cronológica da criança, segundo Gallahue e Ozmun (2005) estas fases apresentam idades aproximadas para ocorrer, sendo denominadas como fase motora reflexiva, fase de movimentos rudimentares, fase de movimentos fundamentais e fase de movimentos especializados (a partir dos 7 anos de idade), é a partir desta idade que é mais indicada a iniciação esportiva.
Para Romero (1988), a lateralidade é o predomínio de um lado do corpo sobre o outro, sendo utilizada com maior regularidade para referir-se a predominância de uma mão sobre a outra, por ser mais frequente.
De acordo com Negrine (1986), o aspecto fundamental no desenvolvimento da lateralidade é que a criança não seja forçada a adotar esta ou aquela postura, mas que se criem situações em que ela possa expressar espontaneidade e, a partir da experiência vivenciada com o próprio corpo, definir seu lado dominante sem pressões de qualquer ordem do meio exterior.
Atualmente, as crianças ingressam em práticas esportivas muito cedo e, muitas vezes, ainda não possuem um desenvolvimento motor adequado para o nível de movimentos que a iniciação esportiva exige. Sendo assim, é fundamental ao educador físico o conhecimento das relações entre desenvolvimento motor e iniciação esportiva. Por isso, nesta pesquisa objetivamos relacionar desenvolvimento motor, lateralidade e iniciação esportiva a fim de observar como esses elementos se inter-relacionam no processo de desenvolvimento infantil.
Este estudo se fundamenta no seguinte questionamento: Existe relação entre desenvolvimento motor, lateralidade e iniciação esportiva?
Como forma de responder a essa questão, utilizamos neste trabalho como procedimento metodológico a revisão bibliográfica. Esse tipo de estudo, que tem como foco a análise crítica das publicações correntes sobre uma temática específica, objetiva reunir conhecimentos de forma a promover um melhor entendimento do tema em análise. Como ressalta Weatherall (1990, p.20) “o trabalho de pesquisa não é de natureza mecânica, mas requer imaginação criadora e iniciativa individual”.
A consulta e leitura das fontes foram feitas através de técnicas de armazenamento, a exemplo, o fichamento. Essa técnica de leitura constitui os arquivos específicos para auxiliar na pesquisa sobre o assunto do projeto. As fichas de palavras-chave são de citação/transcrição, em que se extraem trechos citados ou transcritos na fonte documental, colocando a página. Um outro tipo de fichamento realizado foram as fichas-resumo, nas quais se resumiu o conteúdo da fonte documental pesquisada.
Como pontua Rudio (1986), estas etapas são importantes e características de um ávido pesquisador em busca de conhecimento, para isso o pesquisador deve ser um bom leitor. Por essa qualidade entende-se aquele sabe o que deve ler e primeiro plano (documentos gerais ou trabalhos específicos).
2. Desenvolvimento motor
Miranda (2004) relata que desde o nascimento o ser humano entra em contato com o mundo através do movimento de seu corpo e, portanto, na sua origem este movimento expressa necessidades fisiológicas: o instinto de sobrevivência (respiração, fluxo sanguíneo, batimentos cardíacos, sucção na amamentação), contrariedades e desconforto (choro), alegria (risos), entre tantas outras manifestações que ocorrem através de movimentos.
Estas são ações muito ligadas somente a questões sensoriais motoras. O que se desenvolve na concepção da experiência corporal é a relação do movimento com o mundo, tornando-o um movimento consciente e localizado socioculturalmente.
O ser humano progride através do processo que ocorre a partir da fase motora reflexa para as fases de movimentos rudimentares e fundamentais e, finalmente, para a fase de movimentos especializados, em que este processo é influenciado pelas necessidades da tarefa, da biologia do indivíduo e das condições do ambiente. Como afirma Tani (2005, p. 63), “a visão maturacional enfatizava a necessidade de se conhecer a sequência em que surgiam as mudanças no comportamento e, somente a partir da ocorrência de tais mudanças, poderiam ser ensinadas tarefas específicas”.
Na atualidade, para Bee (2000, p. 147), o desenvolvimento motor inclui:
“As habilidades de movimento, chamadas habilidades motoras amplas, como engatinhar, caminhar, correr, e andar de bicicleta; e as habilidades de manipulação, chamadas habilidades motoras finas, como agarrar ou apanhar objetos, segurar um lápis ou usar uma agulha.”
Ainda de acordo com Bee (2000), essas habilidades motoras amplas e finas vão sempre estar de alguma forma por toda a vida do ser humano.
Gallahue e Ozmun (2005) conceituam o desenvolvimento motor que se refere ao movimento e controle das partes do corpo, isto é, tratam da contínua alteração no comportamento motor ao longo do ciclo da vida, proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente.
Para Campos (2004), os movimentos reflexos são movimentos involuntários, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade de reflexos, o bebê obtém informações sobre o ambiente, sendo que esses movimentos involuntários desempenham importante papel para a sobrevivência da criança.
O estágio de codificação de informações da fase de movimentos reflexivos é caracterizado por atividade motora involuntária e servem de meios primários pelos quais o bebê é capaz de reunir informações, buscar alimento e encontrar proteção ao longo do movimento.
O estágio de decodificação de informações da fase reflexiva começa aproximadamente no quarto mês de vida. Nesse período, há gradual inibição de muitos reflexos, ou seja, o desenvolvimento do controle voluntário dos movimentos.
De acordo com Tani (2005), conhecer bem as "habilidades motoras fundamentais" é de extrema importância para o profissional, à medida que influência diretamente na seleção dos conteúdos que devem ser utilizados pelos profissionais. Esta fase do desenvolvimento motor representa um período no qual as crianças estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das capacidades motoras de seus corpos.
Um dos principais erros sobre o conceito em relação à fase de movimentos fundamentais é a noção de que essas habilidades são determinadas maturacionalmente e são pouco influenciadas pela tarefa e por fatores ambientais. Embora a maturação desempenhe papel básico no desenvolvimento de padrões de movimento fundamentais, não deve ser considerada como a única influência. As condições do ambiente desempenham um papel importante no grau máximo de desenvolvimento que os padrões de movimento atingem. Os padrões de movimentos fundamentais são padrões observáveis básicos de comportamento como, por exemplo: correr, saltar, arremessar, receber, dentre outras. Além disso, para desenvolver os padrões fundamentais de movimento é necessário praticar cada uma das habilidades que desejam ser aprimoradas (TANI, 2005).
Segundo Gallahue e Ozmun (2005), a fase especializada do desenvolvimento motor é resultado da fase de movimentos fundamentais. Na fase especializada, o movimento torna-se uma ferramenta que se aplica a muitas atividades motoras complexas presentes na vida diária, na recreação e nos objetivos esportivos. Esse é um período em que as habilidades fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes.
A lateralidade está em função de um predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da organização do ato motor, que desembocará na aprendizagem e na consolidação das praxias. Esta atitude funcional, suporte da intencionalidade, se desenvolve de forma fundamental no momento da atividade de investigação, ao largo da qual a criança vai enfrentar-se com seu meio. A ação educativa fundamental para colocar a criança nas melhores condições para ascender a uma lateralidade definida, respeitando fatores genéticos e ambientais, é permitir-lhe organizar suas atividades motoras (ROSA NETO, 2002).
3. Lateralidade
O conhecimento do processo de lateralização é muito importante para os profissionais da Educação em geral e, em especial, para os que atuam na área de Educação Física em iniciação esportiva.
De acordo com Negrine (1986), o aspecto fundamental no desenvolvimento da lateralidade, é que a criança não seja forçada a adotar esta ou aquela postura, mas que se criem situações em que ela possa expressar-se com espontaneidade e, a partir da experiência vivenciada com o próprio corpo, definir o seu lado dominante sem pressões de qualquer ordem do meio exterior.
Para Galahue e Ozmun (2005), a lateralidade começa a ser desenvolvida nas crianças entre os 6 e 7 anos, idade esta que coincide com a iniciação esportiva, em que a criança começa a ter experiências e vivências de todos os esportes, para que não haja uma especialização precoce em determinada modalidade, obtendo assim uma vivência maior de movimentos adquiridos.
Magalhães (2001, p. 84) classifica, em relação à lateralidade, os sujeitos da seguinte forma:
a) Destros – são aqueles nos quais não existe um predomínio claro estabelecido do lado direito na utilização dos membros e órgãos,
b) Sinistros ou canhotos – são aqueles nos quais existe um predomínio claro estabelecido do lado esquerdo na utilização dos membros e órgãos e
c) Ambidestros - são aqueles nos quais não existe predomínio claro estabelecido, ocorrendo o uso indiscriminado dos dois lados.
Para Condemarin et al. (1989, p.72), a “lateralidade é definida como o predomínio funcional de um hemicorpo, determinado pela supremacia de um hemisfério cerebral sobre o outro, com relação a determinadas funções”.
A lateralidade na criança se tornar mais evidente pela diferenciação de lado esquerdo e direito, a partir dos 6 a 8 anos de idade. Para Vayer (1982), a lateralidade é o predomínio de um lado do corpo sobre o outro, sendo utilizada com maior regularidade para referir-se a predominância de uma mão sobre a outra, por ser mais frequente.
A importância de conhecer a diferença entre esquerda e direita pode ser ilustrada por atividades do nosso cotidiano, por exemplo, o indivíduo deve saber quando um objeto está à sua esquerda ou direita, precisa da mesma noção ao andar pelas ruas da cidade, para orientar-se, para escrever e outras ações.
Quanto à hipótese de dominância hemisférica, o cérebro humano é dividido em duas metades ou dois hemisférios cerebrais e a dominância hemisférica é um dos fatores que explicam a lateralidade.
Essa dominância não é somente motora, mas engloba outras funções distintas como o processamento de informações e o funcionamento intelectual que vem representado na linguagem, gnosia ou reconhecimento daquilo que já foi ouvido ou falado, organização do espaço ou tempo, elaboração de conceitos e compreensão daquilo que é escrito ou falado. A lateralidade ocorre não somente nas mãos, mas também nos pés, visão e audição (COSTE, 1992). A noção de direita e esquerda tanto vai se definindo naturalmente durante o desenvolvimento da criança como também sofre influência dos hábitos sociais.
Uma má definição da lateralidade pode acarretar algumas perturbações. Para Le Boulch (1983), os problemas aparentes decorrentes da má lateralização são com frequência, fonte de ansiedade nos pais e em muitos professores. Se um determinado número de dificuldades está relacionado a problemas na lateralidade, a atitude mais correta a este respeito está em ajudar a criança a conquistar e consolidar sua lateralidade, utilizando uma prática educativa facilitadora através da educação psicomotora, permitindo-lhe o uso da sua motricidade global.
Dentre os problemas que uma má lateralização pode acarretar Magalhães (2001), apresenta:
[...]
b) dificuldade em aprender os conceitos de esquerda e direita [...];
d) dificuldade de coordenação fina, imprecisão nos movimentos finos [...];
g) perturbação afetiva, baixa autoestima, falta estímulo para atividades motoras [...];
l) aparecimentos de um maior número de sincinésia.
O corpo é o ponto de partida de todas as possibilidades de ação da criança, e é direta a relação dele com a organização das sensações relativas ao seu próprio corpo e à informação do mundo exterior. Essa organização implica a percepção e o controle do próprio corpo, o equilíbrio postural, a lateralidade bem definida, a independência de diferentes segmentos em relação ao tronco e aos outros membros bem como o controle da respiração (VAYER, 1982).
No contexto atual, segundo Nahas (2003), a Educação Física deve proporcionar a aprendizagem das crianças em vários esportes, criar o hábito da atividade física e mental bem como buscar o equilíbrio sócio-afetivo são outras finalidades da Educação Física.
Os profissionais de educação física são os mais indicados para auxiliar os jovens na iniciação esportiva, sem prejudicar o desenvolvimento dos movimentos motores com a especialização precoce em determinados esportes. Entender a relação entre a idade da criança com a fase e característica motora pelas quais passam, é fundamental para um melhor acompanhamento do desenvolvimento motor e coincidentemente da lateralidade e iniciação esportiva.
4. Iniciação esportiva
Iniciação esportiva pode ser conceituada como o período de inicio de uma jornada de aprendizagem e desenvolvimento motor e esportivo de um ou mais esportes, sendo planejada, especifica, sistematizada e repassada de maneira didática para a evolução dos alunos.
Iniciação esportiva é o período em que a criança inicia a prática regular e orientada de uma ou mais modalidades esportivas, sendo que o objetivo imediato é dar continuidade ao seu desenvolvimento de forma integral, não implicando em competições regulares (SANTANA, 1998).
Para Almeida (1996), na iniciação esportiva nas faixas etárias entre 7, 8 e 9 anos de idade, as aulas de Educação Física devem assumir as características de um grande espaço interativo, onde as ações e brincadeiras permitam que as crianças tenham liberdade para criar, inventar, errar e reaprender.
Já para Pinni e Carazzato (1978 apud SANTANA 1998), a iniciação esportiva da criança deve obedecer a duas fases, a Geral e a Especializada, sendo que a geral iniciaria entre os 2 e 12 anos de idade, objetivando a formação do organismo, das qualidades físicas básicas e dos fundamentos dos esportes; já na fase seguinte, que é a especialização que se inicia entre os 12 e 14 anos de idades, os já adolescentes teriam o seu desenvolvimento objetivando a especialização esportiva com atividades mais especificas para cada esporte. Já Bento (1989 apud SANTANA 1998) determinou como estruturação e construção progressiva do rendimento, uma abordagem diferenciada, porém semelhante às que foram pensadas com os estágios de desenvolvimento da criança. São as etapas:
a) Formação motora, geral, de base (7/8 á 9/10 anos), Os conteúdos e o método adotados orientam a criança no sentido de desenvolvimento do seu talento motor geral;
b) Treino das bases (ou fundamentos) do rendimento (9/10 á 11/12 anos) haveria um direcionamento gradual para as particularidades do esporte e;
c) Treino estruturado do rendimento (12/13 anos), como diz o nome, estruturar-se-ia o treinamento objetivando o rendimento esportivo (BENTO, 1989, apud SANTANA, 1998, p. 69-85).
Na iniciação esportiva e na especialização, temos de ter uma atenção toda especial para que estas não ocorram precocemente. Segundo Oliveira (1993), um início precoce pode acarretar vários problemas nas crianças, como estresse causado por pressão em competições, lesões, medo, insegurança e excesso de competitividade, por não estarem com a formação e desenvolvimento físico, psicológico e motor bem desenvolvidos.
A especialização precoce é o termo utilizado para expressar o processo pela qual crianças tornam-se especializadas em um determinado esporte mais cedo do que a idade apropriada para tal (RAMOS e NEVES, 2008).
A especialização precoce vem muitas vezes acompanhada de lesões, estresse, saturação, desinteresse na prática esportiva por parte das crianças, e quase sempre resulta em adultos sedentários ou mesmos pessoas super competitivas ultrapassando assim a linha de diversão e lazer que a prática esportiva nos proporciona.
Segundo Santana (1998), para que não aconteça e especialização e iniciação precoce, os professores devem seguir alguns princípios e métodos, que ajudem na aplicação pedagógica que integre as habilidades, interesses e necessidades da criança.
5. Relação entre desenvolvimento motor, lateralidade e iniciação esportiva
O processo de desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações no comportamento motor. É possível perceber diferenças desenvolvimentistas nesse comportamento em função de diversos fatores: do próprio indivíduo, do ambiente e da tarefa em si (GALLAHUE e OZMUM, 2001).
Segundo Gallahue e Ozmum (2005), as fases do desenvolvimento motor são classificadas da seguinte forma:
a) Fase Motora Reflexiva:
1. Estágio de codificação de informações, 4 meses no útero,
2. Decodificação de informações, de 4 meses a 1 ano, atividades involuntárias;
b) Fase Motora Rudimentar:
1. Estagio de inibição de reflexos: movimentos influenciados pelo córtex, fazendo com que os reflexos sejam inibidos e gradualmente desapareçam até 1 ano do nascimento e;
2. Estágio de pré-controle: precisão e controle maior dos movimentos de 1 a 2 anos do nascimento;
c) Fase Motora Fundamental:
1. Estágio Inicial: primeiras atividades orientadas para desenvolver uma habilidade motora de 2 a 3 anos;
2. Estágio elementar: melhor controle e coordenação rítmica dos movimentos motores fundamentais de 4 a 5 anos;
3. Estágio maduro: desempenho mecanicamente eficientes, controlados e coordenados das habilidades motoras fundamentais de 6 a 7 anos;
d) Fase Motora Especializada:
1. Estágio transitório: inicio da combinação e controle das habilidades motoras fundamentais, ao desempenho das habilidades motoras especializadas de 7 a 10 anos;
2. Estágio de aplicação:sofisticada cognitiva crescente, e experiência ampliada, tomada de decisões e participações baseadas em fatores de tarefas, individuais e ambientais de 11 a 13 anos;
3. Estágio de utilização permanente: ápice do processo de desenvolvimento motor. Uso dos movimentos motores adquiridos pelo individuo por toda a sua vida, seja na prática esportiva, recreativa ou cotidiana 14 anos (GALLAHUE e OZMUM, 2005).
O conhecimento estável da esquerda e da direita só é possível entre 6 e 7 anos de idade e a reversibilidade (possibilidade de reconhecer a mão direita ou a mão esquerda de uma pessoa à sua frente) não é possível antes dos 6 anos de idade (BRÊTAS, 2006).
No início da vida não há discriminação entre direita e esquerda, sendo que a criança usa os dois lados do corpo praticamente da mesma forma pegando objetos com as duas mãos de forma proporcional.
A lateralidade na criança se torna mais evidente pela diferenciação de lado esquerdo e direito, a partir dos 6 a 8 anos de idade.
Para Coste (1992), a definição da lateralidade continua a evoluir até alcançar culminância por volta dos 10 ou 12 anos de idade.
Segundo Le Boulch (2001), as crianças que tem um bom desenvolvimento psicomotor e gestual tornam-se líderes mais facilmente, pois exercem certo domínio no ambiente. Ao contrário, as crianças que têm certa pobreza gestual e apresentam dificuldades psicomotoras, não são aceitas com a mesma facilidade pelas outras crianças; sendo assim as crianças com um bom desenvolvimento da lateralidade, e consequentemente gestuais, podem ter uma maior facilidade em aprender novos movimentos, facilitando assim o seu desenvolvimento e socialização na iniciação esportiva.
A iniciação esportiva por ser considerada como o início de uma jornada de aprendizado e vivência em um ou mais esportes, seguindo uma linha de evolução e desenvolvimento dos mais variados movimentos humanos.
6. Considerações finais
Pode-se observar que a lateralidade torna-se mais evidente na criança entre os 6 a 8 anos de idade, idade esta que coincide com a fase motora especializada, estágio de transição que começa aos 7 e vai até os 10 anos de idade como nos mostra Gallahue e Ozmum (2005) em sua ampulheta com as fases do desenvolvimento motor, e também vão de encontro com a iniciação esportiva em que Almeida (1996) cita a fase motora geral de base que começa aos 7/8 e vai até os 9/10 de idade.
Como se pode observar neste estudo, o desenvolvimento da lateralidade, do desenvolvimento motor e da iniciação esportiva possuem relação quanto a idade entre as fases, que vão dos 6 aos 10 anos no desenvolvimento perceptível da lateralidade até os 10 anos do desenvolvimento motor na fase especializada passando pela fase do início do aprendizado esportivo que vai entre os 7 e 10 anos de idade.
Outra correlação entre lateralidade, desenvolvimento motor e iniciação esportiva é a característica de algumas fases do início destes, como na lateralidade não serem forçadas a tomar esta ou aquela postura, mas que se criem situações para que a lateralidade se expresse espontaneamente, a partir das experiências vivenciadas. Já no desenvolvimento motor com a fase dos movimentos fundamentais que representa um período no qual as crianças estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das capacidades motoras de seus corpos. E ainda na iniciação esportiva na fase geral, que deve-se desenvolver as habilidades motoras objetivando a formação do organismo, qualidades físicas básicas e fundamentos dos mais variados esportes.
Também se observam alguns problemas relacionados com a especialização precoce como estresse, lesões e desinteresse na prática esportiva entre outros.
Conforme a proposta deste estudo nota-se através dos relatos dos autores que há algumas correlações entre o desenvolvimento motor, a lateralidade e a iniciação esportiva como a busca através da experimentação e vivência de movimentos para o desenvolvimento das habilidades motoras.
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