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Racismo na escola: com a palavra os professores

El racismo en la escuela: los profesores tienen la palabra

 

*Enfermeira, Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/PPGES/UESB. Jequié (BA)

**Licenciado em História. Mestre em Serviço Social

pela Universidade Federal de Alagoas, UFAL

(Brasil)

Karla Ferraz dos Anjos*

Vanessa Cruz Santos*

Uelber Barbosa Silva**

autoraautoria@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo: apreender a percepção de professores quanto o racismo na escola e suas principais consequências no processo ensino-aprendizado. Métodos: estudo qualitativo, realizado em um colégio Estadual, com 16 professores de ensino fundamental e médio. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário semi-estruturado, e para a análise optou-se pela técnica de Análise de Conteúdo. Resultados: verificou-se que as manifestações de racismo na escola em estudo, em sua maioria foi evidenciada por meio de agressões verbais, principalmente direcionada à alunos negros e nem sempre estes acontecimentos foram tratados pelos professores de forma mais eficaz, capaz de prevenir outros episódios. Conclusão: é preciso mudanças nas propostas metodológicas e capacitação profissional de professores, afinal, por meio do processo educacional é possível prevenir as mais variadas manifestações de racismo no âmbito escolar bem como na sociedade.

          Unitermos: Étnico-racial. Racismo. Preconceito. Discriminação.

 

Abstract

          Objective: To grasp the perception of teachers as racism at school and their main consequences in the teaching-learning. Methods: A qualitative study in a State school, with 16 teachers of elementary and middle school. Data collection was performed using a semi-structured questionnaire, and the analysis was chosen technique of content analysis. Results: it was found that the manifestations of racism in the school studied mostly been evidenced through verbal aggression, especially directed at black students and these events were not always treated by teachers more effectively capable of preventing other episodes. Conclusion: we need changes in methodological proposals and professional training of teachers; after all, through the educational process can prevent the various manifestations of racism in schools and in society.

          Keywords: Ethnic and racial. Racism. Prejudice. Discrimination.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    No Brasil, o racismo é uma temática que precisa ser discutida constantemente no âmbito educacional e outros setores da sociedade, isto porque se trata de uma prática que, de certa forma, é camuflada no país como se fosse algo presente apenas no imaginário de alguns indivíduos vítimas deste e não um fato consumado que é visto na realidade cotidiana.

    O racismo por um lado é um comportamento, por outro, uma ação resultante da aversão, por vezes, do ódio, em relação a pessoas que possuem um pertencimento racial visível por meio de sinais, como por exemplo: cor da pele ou tipo de cabelo. Pode-se dizer que o racismo é um conjunto de ideias e imagens referente aos grupos humanos que acreditam na existência de raças superiores e inferiores, é também resultado da vontade de se impor uma verdade ou uma crença particular como única e verdadeira (BRASIL, 2005).

    De várias formas o racismo se manifesta, dentre elas, por meio do preconceito ou discriminação, além do que se encontra em diferentes ambientes como na escola, local que tem dentre seus objetivos a arte de ensinar os indivíduos a viver e conviver com as diferenças, e que, no entanto, tem sido visto como mais um cenário do racismo, uma problemática que precisa ser modificada.

    As práticas de racismo na população continuam crescendo, sendo que um dos motivos que poderiam ser apontados é o legado histórico da discriminação sobre os negros, provindos de relações escravistas que ocorreram no passado e ainda é visto na atualidade como um estigma que recai sobre eles. O racismo, por vezes, impossibilita ou dificulta a entrada de vários indivíduos na escola, além do que, diversos que sofrem de preconceitos ou descriminação racial acabam não tendo uma educação de qualidade, pois ainda existem escolas em que é visto diferenciação dos alunos negros por parte de educadores e até dos próprios estudantes (OLIVEIRA, 2007).

    A escolha em desenvolver esta temática de pesquisa, se justifica devido a relevância em tratar de um assunto que merece ser discutido e analisado no que diz respeito às possíveis formas de tentar solucionar ou ao menos reduzir o racismo na escola, um mal que tem propiciado sérias consequências no processo de ensino-aprendizagem de alunos que, por vezes, acabam sendo vítimas de outros que compõe grupos étnicos raciais diferentes dos seus e se acham superiores, a ponto de cometer essa injúria social denominada racismo.

    O objetivo do estudo é apreender a percepção de professores quanto o racismo na escola e suas principais consequências no processo ensino-aprendizado.

Material e métodos

    Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, que ocorreu em um colégio Estadual, localizado na região Sudoeste do Estado da Bahia, Brasil. Foram entrevistados 16 professores de ensino fundamental e médio, de ambos os sexos e variáveis idades. A coleta de dados ocorreu no dia 12 de dezembro de 2011, nos turnos matutino e vespertino.

    Utilizou-se para coletar os dados questionários semi-estruturados. A amostra foi definida a partir da saturação dos dados que, posteriormente, foram analisados por meio da técnica de Análise de Conteúdo, compostas de três fases a serem seguidas.

    Na fase de pré-análise houve organização e leitura e completa das respostas dos participantes, de forma a sistematizar e registrar a frequência de surgimento das unidades de registro. Na fase de exploração do material aconteceu leitura detalhada e exaustiva de cada resposta, observando, desta maneira, o que surgia de mais relevante conforme o objetivo proposta. Na última fase, a de tratamento dos resultados e interpretação aconteceu a organização e codificação do material, de maneira a serem significativos (BARDIN, 2010).

    O estudo foi desenvolvido respaldado na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta as pesquisas com seres humanos. Os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido após terem sido informados sobre os objetivos, métodos, risco e benefícios da pesquisa.

Resultados e discussão

    Dos professores pesquisados, 75% são do sexo feminino. Quanto à idade, 18,75% têm de 20 a 30 anos, 62,5% de 31 a 45 anos e 18,75% acima de 46 anos.

    Um dos itens questionado aos participantes foi quanto ao tempo de atuação como professor na escola em estudo, sendo que 12,5% responderam que atuam a menos de 1 ano, 31,25% atuam de 1 ano e 1 mês a 5 anos e 56,25% atuam a mais de 5 anos.

    Em relação ao significado da palavra racismo, todos participantes opinaram. A categoria com maior percentual de respostas foi: preconceito com a cor, como evidente nos trechos:

    Racismo é uma forma de preconceito que acontece em muitos lugares, geralmente de pessoas brancas ofendendo, espancando indivíduos negros. (Branca e Rosa)

    É a exclusão que fazem dos negros na sociedade. (Azul)

    É a ideia que muitos indivíduos têm que o negro é um ser inferior ao de outras raças e por isso ele acaba vítima desse preconceito. (Verde e Preto)

    É uma violência contra a pessoa negra, na verdade esse comportamento é um crime, e as pessoas precisam ser punidas. (Amarelo)

    O racismo é um preconceito considerado normal no Brasil, pois não existe punição para quem descrimina a pessoa negra [...], prática de indivíduos brancos contra os negros. (Pink)

    Quando se fala da questão de racismo no Brasil, qual é imagem humana que geralmente vem à mente de várias pessoas? Acertou: é a do negro. Então, por que isso acontece? Por que o negro é a maior vítima do racismo praticado neste imenso país? Existe alguma relação entre a escravidão imposta ao negro e o racismo sofrido por ele? Essas e outras questões devem ser refletidas ao tratar o racismo como se fosse uma questão apenas contra a pessoa negra (SANT’ANA, 2005).

    Para Oliveira (2007), o racismo é considerado uma mazela histórica, na qual a raiz de amargura se encontra na própria natureza humana. Atualmente, na sociedade ele assume várias formas, vai de manifestações explicitas de violência e intolerância a ações camufladas de segregação. Com isso, falsos valores são criados para justificar a atitude racista, valores esses que se expandem no inconsciente coletivo da população, produzindo desta maneira, uma geração de pessoas preconceituosas e indiferentes com essa realidade de marginalização.

    Ao questionar os professores se na escola em estudo eles já presenciaram algum tipo de manifestação de racismo, 75% disseram que sim e 25% responderam que não. Dos que informaram já ter presenciado, a categoria com maior percentual de descrições foi: ofensa verbal, explicito nas afirmações:

    Freqüentemente eu vejo vários alunos negros daqui do colégio sendo chamados de preto, neguim, encardido. (Marrom e Cinza)

    Já ouvir alunos meu chamar dentro da sala o aluno negro de fedorento, macaco, criolo, queimado. (Violeta e Rosa)

    Sim e várias vezes alguns alunos já veio até conversar comigo para levar o colega a direção do colégio, dizendo que ele tinha sido ofendido e não estava sendo aceito nos grupos, pois era chamado de burro. (Amarela, Lilás e Azul)

    O preconceito racial é ideia preconcebida suspeita de intolerância e aversão de uma raça em relação a outra, sem razão objetiva ou refletida. Geralmente, o preconceito vem acompanhado de uma atitude discriminatória (LOPES, 2005).

    De acordo com Brasil (2005) em seu estudo intitulado educação anti-racista verificou-se que diversos professores não compreendem em quais momentos ocorrem atitudes e práticas discriminatórias e preconceituosas que impedem a realização de uma educação anti-discriminatória. No entanto, um olhar um pouco mais crítico e preocupado com as relações estabelecidas na escola flagra situações que constatam a existência de um tratamento diferenciado que hierarquiza o pertencimento racial entre os alunos. Essa diferenciação de tratamento, uma atitude anti-educativa, concorre para a disseminação, a reprodução e a permanência do racismo nas escolas e na sociedade.

    Dos 75% dos pesquisados que responderam já ter presenciado manifestações de racismo no âmbito escolar, foi questionado qual foi o seu comportamento mediante o aluno que sofreu racismo e o agressor. Destes, 25% não responderam e 75% responderam em sua maioria conforme a categoria, encaminhar para a direção, como pode ser visto:

    [...] estava dando aula no momento, e tive que encaminhar para a direção. (Vermelho e Vinho)

    Ao presenciar a agressão que ocorreu no pátio, busquei apoio na direção, pois a agressão partiu de um aluno que já é violento e eu tenho medo por ser mulher. (Bege)

    Busquei a direção para que pudesse advertir o agressor e quando voltei no pátio, ele já tinha saído do colégio. (Laranja, Roxo, Preto)

    Tentei levar para a direção para que ele fosse até suspenso se necessário, porém o aluno agredido pediu que não fizesse nada contra o agressor e negou a agressão [...] tinha medo de sofrer agressões não só verbais como também físicas até fora da escola. (Verde)

    É preciso entender que o racismo está presente no cotidiano escolar, nas falas dos alunos, nas omissões dos professores. E na medida em que essa realidade vai sendo ignorada, a discriminação silenciosa vai ganhando força e oprimindo ainda mais os alunos principalmente negros que são os mais afetados (OLIVEIRA, 2007).

    Alguns professores, por déficit de capacitação ou até mesmo por preconceitos neles introjetados, não sabem identificar situações de discriminação no ambiente escolar e, especialmente na sala, momento pedagógico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevância e a riqueza que ela traz à cultura e identidade nacional. Logo, o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferença, sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua própria natureza humana (MUNANGA, 2005).

    Outro item questionado aos participantes foi se eles acreditam que as manifestações de racismo podem gerar consequências negativas no processo ensino-aprendizagem de alunos que são vitimas desse comportamento. Todos afirmaram que sim, e a categoria mais citada foi: desestimulação aos estudos e isolamento, como apresenta os trechos:

    Percebo no cotidiano que os alunos negros que já sofreram racismo são mais retraídos, na deles, pouco se enturma com os colegas. (Marrom)

    Sinto que as vítimas de racismo acabam se desestimulando dos estudos devido a sua própria exclusão por colegas e até professores. (Pink e Violeta)

    Os alunos que sofrem preconceito, pouco participam das atividades, principalmente as grupais, quase não fazem questionamentos ou mesmo tiram suas dúvidas [...] são os que mais tem queda no desempenho escolar. (Cinza, Lilás e Laranja)

    Muitos alunos negros tem dificuldade para aprender devido a vergonha dos colegas que os vê como um ser inferior e incapaz. (Roxo e Bege)

    Professores, vamos pensar nas pessoas negras, as maiores vítimas do racismo em nossa sociedade, que inclui a sua sala de aula. Você já pensou quantos de seus alunos negros passam por essa dolorosa experiência diariamente? Você tem uma ideia das consequências dessa desagradável experiência para os seus alunos discriminados? E você, já imaginou o quão importante é você se colocar como parte da solução, fortalecendo o diálogo franco e esclarecedor entre os seus alunos, objetivando diminuir e/ou acabar com a prática do racismo, reforçando a auto-estima dos(as) mesmos(as) em sua sala, em sua escola, na sua comunidade? (SANT’ANA, 2005).

    A escola é referência na construção da identidade de indivíduos e grupos sociais, dignificando os mesmos. Entretanto, a escola reproduz exatamente o “capital cultural” da classe dominante que em sua maioria é branca. Estes detêm os significados culturais, hoje, mais valorizados, promovendo assim a violência simbólica, tornando o racismo como “normal”. O racismo na escola contribui para aumentar os índices de analfabetismo, evasão, atraso escolar, déficit de assimilação, ou seja, interferências no processo de ensino-aprendizagem (RODRIGUES, 2003).

    A violência racial nas escolas é uma prática que atenta contra o presente, deforma o passado e corrói o futuro, por isso que os educadores têm relevante participação no seu combate (MUNANGA, 2005).

    Em se tratando de que forma os professores trabalham em sala de aula com seus alunos sobre as questões étnico/raciais, 18,75% não responderam e 81,5% responderam apontando as metodologias que utilizam para trabalhar essas questões que, em sua maioria, foi de acordo a categoria: contexto histórico, como pode ser visto:

    Sou professor de exatas, como posso trabalhar uma questão histórica e social com os alunos? Não tem como, [...] não trabalho diretamente com essa temática étnico-racial, só o faço quando tem gincana ou alguma atividade ligada a consciência negra que ocorre uma vez ou outra no colégio. (Vinho, Bege, Vermelho)

    Sou historiador e conto a própria história da África como ela é exposta no material didático que é aderido pelo colégio. (Pink)

    Tento explicar aos alunos que todos nós somos iguais como seres humanos, porém temos diferentes características, como por exemplo a herança genética entre um negro ou branco, porém isso é uma longa história. (Verde, Azul)

    Tento explicar aos alunos que o nosso país é formado por multiculturas, várias etnias, e cabe a nós saber lhe dar com as diferenças, [...] não posso invadir muito a questão histórica étnico-cultural, [...] não é do meu conhecimento especifico. (Amarelo)

    As práticas de discriminações raciais na escola não se limitam às relações interpessoais. Vários ainda são materiais didático-pedagógicos como os livros, revistas, jornais que são utilizados em sala de aula, que, geralmente, apresentam apenas pessoas brancas com e como referência positiva, também são ingredientes caros ao processo discriminatório no ambiente escolar. Quase sem exceção, os negros aparecem nesses materiais apenas para ilustrar o período escravista do Brasil-Colônia ou, então, para ilustrar situações de subserviência ou de desprestígio social. A utilização de recursos pedagógicos com esse caráter remonta a um processo de socialização racista, marcadamente branco-eurocêntrico e etnocêntrico, que historicamente enaltece imagens de indivíduos brancos, do continente europeu e estadunidense como referências positivas em detrimento dos negros e do continente africano (BRASIL, 2005).

    É preciso que os professores brasileiros urgentemente contemplem no interior das escolas as discussões acerca das relações raciais no Brasil, bem como de sua diversidade racial. Então, faz-se necessário não só boa vontade e sensibilidade dos profissionais da educação, como também o fornecimento de material didático-pedagógico anti-racista e recursos metodológicos que possam auxiliar os professores para os mesmos possam ministrar aulas no intuito de combater o preconceito e a discriminação racial (BRASIL, 2005).

    Ao questionar se os professores já receberam capacitações pedagógicas sobre como eles devem inserir em sala de aula conteúdos relacionados ao racismo no Brasil, 25% informaram que sim e 75% que não, sendo a categoria: graduação, foi a única citada.

    Tive disciplinas na graduação voltada para as questões raciais, mesmo que poucas. (Rosa)

    Na vida acadêmica que vim conhecer mais um pouco da história do racismo no Brasil. (Marrom)

    Só na universidade, pois no colégio não tem capacitações pedagógicas voltadas à questões raciais. (Roxo e Vermelho)

    O conhecimento sobre o que é racismo, discriminação racial e preconceito pode ajudar os professores a compreenderem a especificidade do racismo brasileiro e auxiliá-los a identificar o que é uma prática racista e quando esta está acontecendo na escola. Essas temáticas deveriam fazer parte do processo de formação dos professores e que capacitações permanentes deveriam estar presentes (GOMES, 2005).

    Em se tratando de quais seriam as sugestões dos professores para que o racismo não provocasse tantos impactos negativos ao processo de ensino-aprendizado e na vida de seus alunos, 50% destes não responderam e 50% sugeriram, em sua maioria, conforme a categoria: capacitação profissional, como expresso:

    Não tento tanto conhecimento para lhe dar de forma segura com as questões de racismo ocorridas no ambiente escolar, por isso preciso antes de capacitações. (Vinho)

    Não só os professores mais também os diretores precisam de reciclagem para que possamos juntos ajudar a reduzir o preconceito racial, essa violência que ocorre constantemente na escola e em outros lugares. (Violeta e Cinza)

    Deveria convidar grupos de pessoas que já trabalham com questões raciais para que pudéssemos trocar conhecimento e vivenciar suas experiências, o que para nós seria uma relevante capacitação. (Lilás)

    Vários são os indivíduos que não receberam na sua educação e formação de cidadãos, de professores e educadores o necessário preparo para lidar com o desafio da convivência entre os diferentes grupos étnico-raciais e as manifestações de racismo ocorridas por conta do déficit de compreensão em saber viver com tais diferenças, sem que ocorram atritos. Com efeito, sem assumir nenhum complexo de culpa, não se pode esquecer que somos produtos de uma educação eurocêntrica e que podemos, em função desta, reproduzir consciente ou inconscientemente os preconceitos que permeiam a sociedade, o que precisa ser modificado, para que ao menos os impactos negativos causados no processo de ensino-aprendizado seja minimizado para aqueles que são vítimas do racismo na escola (MUNANGA, 2005).

Considerações finais

    Com o estudo notou-se que o racismo é um termo pouco conhecido, sendo um comportamento utilizado à indivíduos negros, como se fosse exclusivamente uma manifestação de cor.

    No âmbito escolar, o racismo perpetua ainda nos dias atuais, um problema vivenciado no cotidiano de vários professores, que expressaram as várias formas de manifestações raciais que já presenciaram neste ambiente, sendo a mais citada a verbal e direcionadas, em sua maior parte, à indivíduos negros, grupo étnico-racial que tem sido maior vítima do racismo.

    Apesar do racismo ser um problema visto também no ambiente escolar, notou-se que vários professores, de certa forma, se posiciona de maneira pouco expressiva, tentando resolver esse problema apenas quando ele se manifesta, e não de maneira preventiva, como deveria ser realizado.

    O racismo na escola precisa ser minimizado ou até mesmo extirpado, para isso, é necessário capacitação dos professores no intuito de que os mesmos possam implementar propostas metodológicas capazes de propiciar os alunos o entendimento, a compreensão e sensibilização de que independente das diferenças étnico-raciais, o “ser” faz parte de apenas uma “raça” - a humana, logo, os indivíduos devem cumprir seus deveres e merecem os mesmos direitos, dentre eles, o de ser livres, inclusive de manifestações/comportamento de racismo, que propiciam consequências negativas no processo de ensino-aprendizagem, bem como em sua socialização.

Referências

  • BRASIL. Ministério da Educação. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2005.

  • BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2010.

  • GOMES, Nilma Lino. Educação e relações raciais: refletindo sobre algumas estratégias de atuação. In: Superando o racismo na escola. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetizada e Diversidade. 2005.

  • LOPES, Vera Neusa. Racismo, preconceito e discriminação: procedimentos didático-pedagógicos e a conquista de novos comportamentos. In: Superando o racismo na escola. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetizada e Diversidade. 2005.

  • MUNANGA, Kabengele. Superando o racismo na escola. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetizada e Diversidade. 2005. Disponível em: http://www.uel.br/projetos/leafro/pages/arquivos/MUNANGA%20K%20-%20Superando%20o%20Racismo%20na%20Escola%20(sem%20capa).PDF. Acesso em: 05 jan 2012.

  • OLIVEIRA, José Reinaldo. Educação e racismo: conhecendo as contradições do passado para construir a escola do futuro. 2007. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/1363_952.pdf. Acesso em: 19 dez 2011.

  • RODRIGUES, Dayse Berenguer. Preconceito racial: uma violência que influencia a democracia na escola. Lato & Sensu. v. 4, n. 1, p. 3-5. 2003.

  • SANT’ANA, Antônio Olímpio de. História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados. In: Superando o racismo na escola. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetizada e Diversidade. 2005.

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