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Motivação para a prática de atividade física em
academias de Porto Alegre: um estudo descritivo e exploratório

La motivación para la práctica de la actividad física en los gimnasios de Porto Alegre: un estudio descriptivo y exploratorio

 

*Especialista em Treinamento Desportivo e Personal Trainer

Faculdade SOGIPA de Educação Física

**Professor Doutor da Escola de Educação Física

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Maurício Pedroso Malinski*

Rogério da Cunha Voser**

rogerio.voser@ufrgs.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Atualmente a atividade física cresce paralelamente às necessidades das pessoas de se preocuparem com a saúde e o bem estar. Percebendo isto, o Profissional de Educação Física deve estar preparado para saber o que leva o seu aluno a estar procurando e/ou fazendo exercício físico, a sua motivação. O rendimento e os bons resultados geralmente são associados à motivação que as pessoas manifestam. O presente estudo quantitativo, descritivo-exploratório (GIL, 1999), teve como objetivo verificar quais são os fatores motivacionais que mais influenciam a prática de atividade física e comparar esses fatores em usuários de três academias de Porto Alegre/RS. Fizeram parte do estudo 150 indivíduos de ambos os sexos, praticantes de três academias de bairros/zonas diferentes de Porto Alegre/RS. Foi utilizado um questionário proposto por Meneguzzi e Voser (2011) denominado “Questionário de Motivação para a Prática de Atividade Física Sistematizada”, que tem em sua estrutura cinco fatores motivacionais: (1) Condicionamento Físico/Melhora da performance; (2) Estética; (3) Saúde/Reabilitação Física/Prevenção de Doenças/Qualidade de Vida; (4) Integração Social; (5) Redução de Ansiedade, Stress (Questões Psicológicas) e mais a possibilidade de um sexto fator intitulado "Outros". Utilizando itens Likert de cinco pontos, o indivíduo responde com as seguintes classificações: 1 (NI = Nada Importante); 2 (PI = Pouco Importante); 3 (I = Importante); 4 (MI = Muito Importante); e 5 (EI = Extremamente Importante). . Os resultados mostraram que os fatores relacionados à saúde e ao condicionamento físico, nesta população, independente de gênero, classe social ou região da cidade, foram os mais evidenciados.

          Unitermos: Motivação. Musculação. Atividade física.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Atualmente a atividade física cresce paralelamente às necessidades das pessoas de se preocuparem com a saúde e o bem estar. Com isso percebemos uma grande influência, nos hábitos dos indivíduos, dos centros de Educação Física, bem como os meios que informam e conscientizam o ser humano da importância dessa preocupação. Conforme Ibarzábal e García (2003) destacaram em seu estudo, nos últimos anos, muitas instalações proliferaram por toda nossa geografia, e as pessoas diariamente vêm a elas com o objetivo de alcançar uma estrutura corporal através do desenvolvimento muscular.

    Vendo que isto existe, e que há profissionais e locais responsáveis por essas práticas, as pessoas procuram estabelecimentos propícios ao exercício físico, motivadas por vários fatores como a estética e a melhora da saúde. Franco (2000) relata que a motivação é, sem dúvida, a “mola” propulsora para que haja aprendizagem e aperfeiçoamento. Dentro deste tema a autora coloca que a intensidade da motivação depende da diferença entre o estado atual do indivíduo e o estado futuro, ou melhor, o objetivo que ele quer atingir. Isso significa que se ele está num ponto e quer chegar a outro muito distante, não haverá motivação suficiente para a tarefa. A dificuldade da tarefa, então, deve estar de acordo com as capacidades do indivíduo.

    Percebendo esta gama de possibilidades, o profissional responsável pelo entendimento da necessidade de se fazer exercício físico, o Profissional de Educação Física, deve estar preparado para saber além de matérias mais convencionais, como a prescrição de treinamento ou as respostas fisiológicas ao exercício. Ele precisa estar ciente do que leva o seu aluno a estar procurando e/ou fazendo exercício físico e assim como destacaram Becker Jr. e Samulski (2002) para um educador é fundamental a busca de alternativas metodológicas para ajudar ao grupo de pessoas, bem como Santini e Lima (2007) resumem que o professor deve, entre outras coisas, demonstrar interesse, entusiasmo, vibração, satisfação e motivação com o ensino e seu trabalho. Conforme Bandura et al. (2008) as pessoas são auto-organizadas, auto-reguladas e auto-reflexivas, contribuindo para as circunstâncias de suas vidas, não sendo apenas produtos dessas condições. Dito isto se dá a necessidade de entendimento no âmbito da motivação.

    Bandura et al. (2008) em sua Teoria Social Cognitiva colocam que os indivíduos formam intenções que incluem planos e estratégias de ação para realizá-las. Eles criam objetivos para si mesmos e preveem os resultados prováveis de atos prospectivos para guiar e motivar seus esforços antecipadamente. O futuro não pode ser a causa do comportamento atual, pois não tem existência material. Porém, por serem representados cognitivamente no presente, os futuros imaginados servem como guias e motivadores atuais do comportamento. Dentro dessas perspectivas Franco (2000) refere que estrategicamente as pessoas se planejam para atingir metas, porém isso não é tudo. O caminho a percorrer deve ser muito mais recompensador do que subir no pódio.

    Na maioria dos casos os indivíduos almejam grandes realizações. A partir disso Escartí e Cervelló (1994) dizem que a motivação é um tema central em qualquer esfera da atividade humana, já que no trabalho, na vida acadêmica ou no esporte o rendimento e os bons resultados geralmente são associados ao nível de motivação que as pessoas manifestam. De acordo com Becker Jr. (2000) e Becker Jr. & Samulski (2002) é um fator considerado como de importância fundamental para o sucesso, não somente no esporte como, de forma geral, na vida.

    No âmbito do que está sendo discutido existem algumas divisões, e uma delas é dividir a motivação em intrínseca e extrínseca, e estas podem tanto se completar, quanto andar perpendicularmente. Escartí e Cervelló (1994) consideram que um sujeito está motivado intrinsecamente quando realiza tarefa ou atividade com a ausência de reforço externo ou ausência de incentivo. Weinberg & Gould (2001) dizem que pessoas com motivação intrínseca esforçam-se interiormente para serem competentes e autodeterminadas em sua busca de dominar a tarefa em questão. Quando uma pessoa está motivada intrinsecamente, Ryan e Deci (2000) destacam que ela está agindo em nome da diversão ou desafio e não por causa externa, como pressões ou recompensas. Já no caso da motivação extrínseca Escartí e Cervelló (1994) definem-na quando um comportamento está movido por conseguir alguma recompensa que não está diretamente relacionada com a tarefa a se realizar. Os determinantes externos, colocados por Samulski (2009) seriam os incentivos como os elogios, reconhecimento social e dinheiro; as dificuldades que determinam de forma muito decisiva o nível de motivação; e os problemas, como por exemplo, a chuva durante alguma competição e a influência de espectadores. Para Ryan & Deci (2000) é construir um estímulo sempre que a atividade é feita, a fim de atingir algum resultado separado. Azofeifa (2006) sugere ainda uma terceira classificação, a amotivação, onde o sujeito não é motivado interna nem externamente, não se têm definidos os motivos pelos quais os indivíduos praticam esportes.

    Meurer (2008) diz que a motivação para a prática de atividades físicas mostra-se como um conceito teórico-empírico e apresenta várias formas de mensuração na literatura. Escartí & Cervelló (1994) comentam ainda que se trata de um processo individual muito complexo em que incidem muitas variáveis interagindo entre si e que pode ser utilizada para explicar o comportamento das pessoas quando realizam esportes ou atividade física.

    Relacionando isso ao exposto o objetivo do presente estudo é verificar quais são os fatores motivacionais que mais influenciam a prática de atividade física, dentro de cinco fatores pré-estabelecidos, bem como comparar esses fatores em usuários de três academias de regiões/zonas diferentes da cidade de Porto Alegre/RS.

2.     Metodologia

2.1.     Características do estudo

    Este estudo quantitativo, descritivo-exploratório (GIL, 1999), teve como objetivo verificar quais são os fatores motivacionais que mais influenciam a prática de atividade física de praticantes de academias situadas em três bairros diferentes da cidade de Porto Alegre/RS. Os objetivos específicos propostos são: comparar as motivações dos praticantes por bairro e por gênero.

2.2.     Amostra

    Fizeram parte da amostra 150 indivíduos, 92 do sexo masculino e 58 do sexo feminino, na faixa etária entre 16 e 83 anos, todos praticantes da modalidade musculação (sem controle de participação em outras modalidades), divididos em três grupos de 50 indivíduos. Cada grupo pertencia a academias de bairros diferentes: Zona Rural (ZR) – Bio Saúde Atividades Físicas, no bairro Belém Novo; Zona Sul (ZS) – Academia Disciplina & Dedicação, no bairro Ipanema; e Zona Nobre (ZN) – Academia do Clube Grêmio Náutico União, Sede Moinhos de Vento, no bairro Moinhos de Vento, conforme segue no Quadro 1:

Quadro 1. Gênero e idade dos participantes por bairro

    Tratando-se de indicadores sociais para a diferenciação das amostras por bairro, considerados os fatores rendimento médio do responsável por domicílio e analfabetismo como primordiais para se analisar as condições de uma determinada população, os achados, de acordo com o projeto Observa POA, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que utilizou os dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000 estão apresentados no Quadro 2:

Quadro 2. Fatores sociais selecionados

2.3.     Instrumentos

    Foi utilizado um questionário proposto por Meneguzzi e Voser (2011) denominado “Questionário de Motivação para a Prática de Atividade Física Sistematizada”, que tem em sua estrutura cinco fatores motivacionais: (1) Condicionamento Físico/Melhora da performance; (2) Estética; (3) Saúde/Reabilitação Física/Prevenção de Doenças/Qualidade de Vida; (4) Integração Social; (5) Redução de Ansiedade, Stress (Questões Psicológicas) e mais a possibilidade de um sexto fator intitulado "Outros". Utilizando itens Likert de cinco pontos, o indivíduo responde com as seguintes classificações: 1 (NI = Nada Importante); 2 (PI = Pouco Importante); 3 (I = Importante); 4 (MI = Muito Importante); e 5 (EI = Extremamente Importante).

    Para a análise dos resultados foi utilizada a metodologia adotada por Kepner e Tregoe (1978), que desenvolveram um método para fixação de prioridades de fatores chamada GUT – Gravidade/Urgência/Tendência.

    Os dados foram tabelados e os valores e percentuais foram somados no programa Microsoft Office Excel 2007 para Windows 7.

2.4.     Definição de termos

2.4.1.     Condicionamento físico

    Esse fator é simplesmente, nas palavras de Guiselini (2006), um sinônimo de aptidão física, o que significa apresentar condições que permitam um bom desempenho motor quando submetido a situações que envolvam esforços físicos.

2.4.2.     Estética

    O universo da beleza e da estética, conforme Braga, Molina & Figueiredo (2010), é construído e fortalecido diariamente por muitos recursos existentes, atribuindo muita importância, na sociedade contemporânea, à imagem e aparência. Guiselini (2006) coloca que a estética corporal passou a ser o principal objetivo das pessoas nos anos 90. Porém, o autor enfatizou que o comportamento compulsivo pela aparência pode ter más consequências, pois as pessoas visam o aumento da massa muscular e a diminuição da gordura corporal, treinando exageradamente e utilizando até substâncias inadequadas.

2.4.3.     Saúde e qualidade de vida

    Segundo a definição do WHOQOL Group (1998) qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Isso reflete a visão de que a qualidade de vida refere-se a uma avaliação subjetiva que está incorporada em um contexto cultural, social e ambiental.

    Conforme Pol et al. (2008) na maior parte das definições, a qualidade de vida está ligada à saúde e bem-estar. Uma pessoa saudável e satisfeita com sua vida possui uma boa qualidade de vida. Ao contrário, a pessoa com qualidade de vida deficiente, não apresenta uma sensação de bem-estar satisfatória e nem condições de saúde favoráveis, apresentando muitas vezes sintomas de ansiedade e depressão.

    Guiselini (2006) destaca que a saúde e a qualidade de vida dependem principalmente de gerenciamento dos hábitos do dia a dia, ou seja, ter uma vida ativa, saudável, prazerosa e harmoniosa.

2.4.4.     Integração social

    Através das palavras de Weinberg e Gould (2001) frequentemente as pessoas iniciam um programa de atividades físicas pela chance de socializar-se e estar com outras pessoas. Os autores também destacam que praticantes regulares de exercícios geralmente descobrem que compartilhar a experiência torna o exercício mais agradável. Considerando isso como algo marcante no âmbito da integração social, os autores relatam que as pessoas podem encontrar outras, combater a solidão e afastar o isolamento social.

2.4.5.     Questões psicológicas, ansiedade e estresse

    Conforme Souza Filho (2000) ninguém pode negar o papel significativo que o esporte e o jogo têm em qualquer cultura ou sociedade em todo o mundo. A psicologia no esporte e na atividade física não está relacionada só ao alto rendimento. Segundo Franco (2000) o estresse e a pressão da competição não abalam só o alto nível do esporte competitivo. Tanto os atletas de pódio padecem frente às condições de seus patrocinadores, adversários, torcida, como também sofrem tremendamente as crianças ou os iniciantes esportivos.

    Samulski (2009) definiu estresse como um produto tridimensional, ou seja, biológico, psicológico e social. Também dividindo em três esferas, Pons e García-Merita (1994) definem em: variável de estimulação, variável de intervenção e variável de resposta (esta última sendo sinônimo de ansiedade).

    De acordo com Pons e García-Merita (1994) a ansiedade pode ser gerada por fatores intrapessoais, e na definição de Weinberg e Gould (2001) é um estado emocional negativo, caracterizado por nervosismo, preocupação e apreensão, associado com ativação ou agitação do corpo.

3.     Resultados

3.1.     Apresentação

    Foram investigados 150 indivíduos, sendo destes 92 homens e 58 mulheres, entre 16 e 83 anos, usuários de três academias localizadas em bairros diferentes da cidade de Porto Alegre/RS.

    Em cima do método GUT (KEPNER e TREGOE, 1978) buscou-se adotar uma escala de pontos baseada entre o grau de importância atribuída e uma respectiva pontuação para cada grau. Os dados foram passados para uma tabela idêntica a contida no questionário, onde consta o número de respostas dadas para cada fator motivacional analisado e seus respectivos graus de importância. O Gráfico 1 contém os resultados gerais da pesquisa de campo, considerando a totalidade da amostra:

Gráfico 1. Resultados da pesquisa de campo (geral)

    O Gráfico 1 nos mostra que os fatores motivacionais Saúde/Reabilitação Física/Prevenção/Qualidade de Vida e Condicionamento Físico/Melhora da Performance foram os mais evidenciados nessa pesquisa, com percentuais de 23,34% e 22,10%, respectivamente. O fator Redução de Ansiedade, Estresse (Questões Psicológicas) foi o terceiro mais lembrado, com 19,72%, seguido de Estética (19,15%) e por fim, Integração Social (15,67%) como o fator menos evidenciado. Nos Gráficos 2 e 3, apresentamos os resultados separados por gênero:

Gráfico 2. Resultados da pesquisa de campo (homens)

Gráfico 3. Resultados da pesquisa de campo (mulheres)

    Nestes achados os dois fatores motivacionais em maior evidencia foram os mesmos do resultado geral, na mesma ordem. Nos homens a ordem após esses fatores foram: Fator 4 (18,95%), Fator 5 (18,69%) e Fator 2 (17,79%); e nas mulheres Fatores 2 e 5 (20,20%) e Fator 4 (15,43%).

    Tratando da comparação entre os diferentes bairros de Porto Alegre/RS, localizados em zonas diferentes da cidade: Zona Rural, Zona Sul e Zona Nobre, o gráfico a seguir mostra os resultados:

Gráfico 4. Resultados da pesquisa de campo (bairros/zonas)

    O Gráfico 4 mostra que os 2 fatores mais evidenciados foram os mesmos dos outros achados. Os Grupos ZR e ZN tiveram as mesmas classificações em todos os fatores. E o Grupo ZS teve as mesmas classificações que os outros dois grupos, porém os fatores evidenciados em 3º e 4º lugar se inverteram, Fator 2 com 20,433% e Fator 5 com 19,298%.

    Neste estudo convencionou-se: para grau 1,1 ponto; grau 2, 2 pontos e assim, sucessivamente até o grau 5. Para o cálculo, o número de respostas para cada grau era multiplicado pela pontuação respectiva para cada grau. Por exemplo: se houveram 9 respostas para o grau 5, o resultado final é 45 (9 x 5). Em todos os fatores, esse procedimento era adotado para todos os graus, e os resultados finais de cada grau eram somados e assim, tinha-se o valor para cada fator motivacional (resultado da soma das linhas da tabela), conforme consta na coluna Σ(6). Para se chegar ao percentual de cada fator, dividiu-se o valor correspondente à soma de cada linha pelo valor total da coluna Σ (soma do resultado de todas as linhas da tabela).

3.2.     Discussão

    Em se tratar de motivação intrínseca e extrínseca, apesar de poucas evidências, Pelletier et al. (1995) destacam que a intrínseca é vantajosa para o esporte, pois o atleta tem maior envolvimento com a atividade, acarretando uma melhora no rendimento. Em se tratar de motivação extrínseca, parece que o indivíduo faz o mínimo para receber a recompensa ou não ser castigado, por exemplo.

    No âmbito dos fatores motivacionais para a prática de atividades físicas, há muitos achados na literatura, que se diferenciam de acordo com a idade, o gênero, a classe social, entre outras variáveis. Escartí e Cervelló (1994) destacam que existem vários estudos que documentam diferentes razões que levam os indivíduos a participar de esportes, tais como: fazer novos amigos, desenvolvimento pessoal, desenvolver habilidades técnicas, satisfazer os pais, desfrutar de movimentos, desejo de aventura, conseguir prestígio social, etc.

    Em um estudo de Truccolo e De Rose (2003), que também utilizou alternativas do tipo Likert, medindo as razões para se exercitar em uma escala de (5) “extremamente importante” a (1) “sem nenhuma importância”, em populações da cidade de Porto Alegre e Miami (EUA), constatou-se que a variável controle de peso foi significativamente mais importante para os americanos do que para os brasileiros. Em compensação as variáveis: socialização, diminuição da ansiedade, diminuição da depressão, alívio do estresse, melhora do humor, apoio do cônjuge, apreciação ao estar ao ar livre e o ser divertido foram significativamente de maior relevância para os portoalegrenses.

    Em um livro editado por Horn (1992) foram destacados os fatores principais que explicam a participação no esporte: aprender ou melhorar, estar em forma, estar com os amigos ou fazer novos, fazer parte de um grupo e competir. Nestes achados destaca-se a integração social, o que aparece em uma direção contrária aos resultados desse estudo.

    Em uma pesquisa de Alves (2005), com uma população de 50 pessoas (12 mulheres e 38 homens), funcionários de uma empresa de máquinas agrícolas da cidade de Canoas/RS, utilizando um questionário com vinte questões que apresentavam níveis diferentes de importância e foram agrupadas nas seguintes categorias: estética, divertimento, qualidade de vida (saúde), socialização e autoestima, viu-se que os principais fatores motivacionais que levavam esses indivíduos a praticar esportes eram: para o sexo masculino, praticantes de futebol, (1) gosto de estar com meus amigos (81,1%); (2) gosto de melhorar minhas habilidades (75,7%); e (3) gosto de esportes em equipe (75,7%). Enquanto que no grupo do sexo feminino, praticantes de voleibol, (1) gosto de estar alegre e me divertir (84,6%); (2) gosto de estar com meus amigos (61,5%); e (3) gosto de encontrar novos amigos (53,8%), aqui mais uma vez a integração social se destaca.

    Os achados de Firmino, Pezzini e Reis (2010), que avaliaram os motivos para a prática de atividades físicas e a imagem corporal em 90 frequentadores de academia (45 homens e 45 mulheres), demonstraram que os motivos mais importantes são a saúde, a aptidão física, a disposição, a atratividade e a harmonia, e que principalmente em mulheres e pessoas com elevado percentual de gordura a harmonia se torna primordial, corroborando com outros achados da literatura e com os achados desse estudo, em que a estética se apresenta como importante fator entre os indivíduos do sexo feminino.

    Em um artigo de Paim (2001) com uma população de 100 sujeitos praticantes de futebol em clubes de Iniciação Desportiva, sendo 36 meninos e 16 meninas de uma Universidade e 34 meninos e 14 meninas de um Clube Recreativo, da cidade de Santa Maria/RS, todos praticantes de futebol. Como instrumento de medida utilizou-se um inventário de motivação para a prática desportiva, composto por 19 perguntas objetivas subdivididos em três categorias: competência desportiva, saúde e amizade/lazer. Os resultados indicaram que os motivos mais fortes para o envolvimento dos adolescentes no futebol estão relacionados à competência desportiva (72%) e saúde (70%), ficando a categoria amizade e lazer com 67% da preferência. Quanto ao contexto social onde praticam, os adolescentes praticantes na Universidade apontaram como fator mais importante a categoria competência desportiva com 87% da preferência, já os praticantes no Clube Recreativo apontaram como fator mais motivante para a prática desportiva a categoria amizade e lazer com 79% da preferência, outro estudo destacando a integração social como fator importante, o que vem discordando de nossos achados.

    Fernández et al. (2010) compararam o autoconceito físico e a motivação para a prática de atividade físico desportiva, em uma população de 894 adolescentes (418 homens e 476 mulheres), de 12 a 17 anos, em uma escola de La Roda na Espanha. Ficou evidente, neste estudo, que nas mulheres a estética é um fator determinante para se fazer atividade física, pois os seus autoconceitos em relação à imagem corporal eram baixos. Nos meninos não houve diferenças significativas nos motivos que levam a praticar exercício, dentro dos fatores selecionados pelos autores.

    Na revisão de Azofeifa (2006) os achados sugerem que os motivos para a participação em atividades físicas vêm de diversas índoles. Nas mulheres manter o peso e melhorar a aparência são os principais motivos. E nos homens se enfatizam a competição e a obtenção de status, resultados que corroboraram com os nossos achados.

    Balbinotti e Capozolli (2008) investigando em 300 participantes de ambos os sexos, na faixa etária entre 18 e 65 anos, os fatores motivacionais de maior influência, tiveram a saúde como um achado mais bem classificado, na análise geral da amostra, corroborando com os nossos achados.

    Achados de Meneguzzi e Voser (2011) que utilizaram o mesmo instrumento para a investigação em jovens adolescentes mostraram resultados diferentes. Os fatores motivacionais mais importantes foram o condicionamento físico e a estética, o que nos mostra a importância de se estudar a motivação especificamente em cada população.

4.     Conclusões e encaminhamentos para novos estudos

    Ao analisar toda a amostra observou-se que os fatores motivacionais mais importantes são Saúde/Reabilitação Física/Prevenção/Qualidade de Vida e Condicionamento Físico/Melhora da Performance. Analisando separadamente homens e mulheres não se teve diferença nos achados de fatores mais evidenciados, houve diferença somente nos fatores subsequentes. Nos homens o fator evidenciado em terceiro lugar foi Integração Social e nas mulheres Estética e Redução de Ansiedade, Estresse (Questões Psicológicas) com o mesmo percentual.

    O fator menos importante neste estudo foi Integração Social, na análise geral. Analisando separadamente, para mulheres e homens, respectivamente foram: Integração Social e Estética.

    Na divisão por bairros não houve diferenças significativas entre as amostras, o que nos mostra, que nessa pesquisa, a classe social não influencia em fatores motivacionais para a prática de atividade física.

    Os fatores motivacionais para a prática de atividade física devem ser entendidos pelo profissional de Educação Física, pois cada população apresenta fatores diferentes. Para uma melhor aplicabilidade dos serviços de atividade física devem ser feitos novos estudos para se identificar especificamente os fatores motivacionais, dividindo-se o estudo por gênero, idade, nível escolar, vivência em relação à atividade física e muitas outras variáveis possíveis.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 175 | Buenos Aires, Diciembre de 2012
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