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Ginástica Para Todos: uma prática presente nas escolas de Lavras, MG

Gimnasia Para Todos: una práctica presente en las escuelas de Lavras, MG

 

*Graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Lavras

Membro do Laboratório de Pesquisa em Psicologia do Exercício

**Professor do Departamento de Educação Física. Universidade Federal de Lavras

Membro do Comitê Técnico da Ginástica Aeróbica na Confederação Brasileira de Ginástica

***Graduação em Educação Física pela Faculdade Presbiteriana Gammon

Andréia Aparecida Pedroso*

Luiz Henrique Rezende Maciel**

Daniele Cristina Rodrigues Maciel***

lhrmaciel@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A prática da Ginástica Para Todos é a manifestação gímnica que mais se adéqua à escola, ela envolve as diferentes modalidades da Ginástica, vinculada com as demais formas de expressão da cultura corporal. O objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento histórico, que propicie a identificação de elementos e acontecimentos no decorrer da historia, que possam caracterizar a presença da prática desta Ginástica nas escolas de Lavras. Para isso foi realizada uma pesquisa qualitativa de análise documental, seguida por entrevistas pautada. Em cada escola, foram feitas entrevistas com os dirigentes ou responsáveis pelas práticas. A pesquisa teve a participação de vinte nove escolas na cidade de Lavras, entre elas oito são estaduais e treze municipais e oito particulares. Os dados foram coletados por entrevistas pautadas, depoimentos, análise de fotos e documentos. Detectamos que Ginástica Para Todos de uma maneira geral, vem sendo trabalhada nas escolas de Lavras, mas nem sempre pelos professores de Educação Física. Entre as escolas pesquisadas, uma se destacou, por manter a tradição desta prática ao logo de sua história. Conclui-se que a esta modalidade da Ginástica se encontra presente nas escolas de Lavras, porém a sua prática deve ser mais divulgada, e os professores de Educação Física devem se envolver mais nessas apresentações.

          Unitermos: Ginástica geral. História da ginástica. Ginástica de grande área. Educação Física Escolar.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A cidade de Lavras, conhecida por muitos, como cidade das escolas e dos Ipês, também pode ser considerada entre as cidades de destaque na área esportiva e, como não poderia deixar de se mencionar, também um local onde as manifestações de Ginástica Para Todos (GPT), muitas vezes camuflada, ocorrem nas apresentações dentro das escolas.

    Tal manifestação é importante de ser trabalhada na escola, pois ela contribui para o desenvolvimento integral dos alunos, considerando os aspectos físicos, cognitivo, social e psicológico dos mesmos (RAMOS, 2007). Seus benefícios são muitos e a sua beleza tem o poder de encantar pais e toda a comunidade escolar. Ela possui metas, como a promoção da integração entre alunos e comunidade e também o papel de estimular a prática da ginástica, sendo uma atividade física feita com prazer, criatividade e liberdade de expressões. A GPT é uma prática democrática, pois todos podem participar, todos têm acesso. Os participantes não necessitam de condições técnicas específicas para desenvolver esta prática, mas ela tem o poder de desenvolver a condição física e a interação social, proporcionando o lazer saudável, favorecendo a coletividade e respeitando as individualidades. Entretanto, nota-se uma falta de conhecimento e informações por parte dos próprios profissionais de Educação Física, no que concerne às atividades que são praticadas dentro deste contexto. Muitas vezes, os profissionais planejam, ensaiam e treinam com os alunos, atividades desta modalidade, promovem apresentações em público, porém, nem imaginam que já a estão trabalhando.

    Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), é informado que se deve trabalhar a GPT dentre as atividades de Educação Física nas escolas. Informações claras acerca do que foi feito e o que se tem desenvolvido nas escolas, são de extrema importância para o diagnóstico da real situação e nível de conhecimentos específicos por parte dos professores. Estas informações podem contribuir para subsidiar estudos e planejamentos por parte das instituições de ensino superior, assim como para os Programas de Pós-Graduação, para projetos de direcionamentos e necessidade de investimentos, inclusive nas grades curriculares, de forma a trazer os conhecimentos necessários aos futuros profissionais de Educação Física, para que possam desempenhar com competência esta importante modalidade, que tem a forte característica de promover a socialização entre os alunos, professores e comunidade. O objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento histórico, que propicie a identificação de elementos e acontecimentos no decorrer da história, que possam caracterizar a presença dessa prática nas escolas de Lavras.

2.     Referencial teórico

2.1.     A Ginástica

    A ginástica é uma atividade que existe há milhares de anos, possuindo diferentes manifestações ao longo do tempo. No decorrer da história ela passou por diversas orientações. Na pré-história, segundo Marinho (1986), a ginástica era vivida através do exercício físico, como forma de sobrevivência. O dia vivido por esses homens era uma intensa e longa lição de Educação Física. Seus movimentos eram os mesmos que a ciência sistematizou como marchar, correr, trepar, saltar, lançar, atacar, defender, levantar e transportar.

    No Oriente, na Grécia e em Roma, o exercício físico era praticado para preparação militar, para a guerra; também se destacavam as lutas, natação, remo, hipismo, entre outros. Na Grécia, a educação corporal era um ideal de beleza. Platão afirmava que a ginástica unia os cuidados do corpo e o aperfeiçoamento do pensamento elevado, honesto e justo (RAMOS, 1982). Nos séculos XVIII e XIX, com o surgimento do movimento ginástico europeu, a ginástica começou a ser sistematizada. A partir dessa sistematização, por volta de 1800, há uma forte evidência do nascimento da ginástica atual (LANGLADE e LANGLADE, 1986 apud AYOUB, 2007). Na ginástica, ao longo do tempo, ocorreram trocas de valores, no sentido que se refere a seu significado e objetivos. O século XIX estabeleceu um importante período para a compreensão das raízes da Ginástica moderna, mas o seu surgimento vem muito antes que isso. A partir do século XIX, a ginástica toma um caráter científico, colocando-se em igualdade com outras práticas sociais sistematizadas, e, assim, passando a ser inserido nos currículos escolares e se contrapondo com as práticas do uso do corpo como entretenimento (SOARES, 2005). No ano de 1832 foi aberta uma escola em Cincinnati, Ohio no EUA, onde foi desenvolvido um sistema de ginástica calistênica para meninas. Os exercícios eram simples movimentos acompanhados por música (MARINHO, 1986).

    Segundo Marinho (1986), o Dr. Lewis, que era professor, doutor em medicina, propôs-se a dedicar seu trabalho ao melhoramento físico dos americanos por meio de um novo sistema de ginástica, ele combateu a idéia de que a ginástica, era exclusivamente para ginastas. Para ele, o exercício ginástico devia desenvolver a flexibilidade, graça, agilidade, melhorar a saúde em geral. No início do século XIX no Brasil, além dos exercícios militares, era praticada a Ginástica Sueca da época (que eram realizadas em demonstrações em conjunto), pirâmides humanas, conjugada em duplas e trios, ginásticas em aparelhos como barra fixa, paralelas, cavalo com arções (peças arqueadas, que limita a sella adeante e atrás), argolas em balanço e, ainda, a esgrima de baioneta (PUBLIO, 2001 apud RAMOS, 2007). Em 1931 tornam-se obrigatório nas escolas os exercícios de Educação Física para todas as classes.

    A prática da Ginástica Para Todos são manifestações que se expressam a partir da metade do século XX, através de demonstração da ginástica de grande área (SOUZA, 1997). No Brasil a ginástica sofreu várias influências, como o Método Francês, a calistenia, ginástica acrobática, ginástica sueca e Educação Física desportiva dentro das escolas especializadas, ginástica feminina moderna (MARINHO, 1986). Soares (2005) relata que Demeny, um biólogo, fisiologista, pedagogo e seguidor do positivismo, buscava trazer para ginástica, novas formas bastante ousadas para época, procurando preencher a lacuna existente entre a arte, a dança e a mímica. No século XIX houve o início do projeto de institucionalização da Educação Física no Brasil (denominada na época de Ginástica), disciplina que era obrigatória nas escolas, com seus princípios eugênicos e higiênicos presentes na Educação (OLIVERA e LOURDES, 2004).

2.2.     A Ginástica Para Todos (GPT)

    A GPT se diferencia das demais modalidades da ginástica por não possui caráter competitivo. Ela se encontra em um plano básico, que busca o divertimento, prazer e a ludicidade, tendo como alvo principal as pessoas que a praticam (AYOUB, 1998). Ela também está encaminhada para as questões educacionais e do lazer, privilegiando a demonstração (OLIVERIRA e LURDES, 2004). Devido a esse caráter não competitivo, ela se torna uma prática de fácil acesso dentro das escolas. Podendo ser englobada junto aos fundamentos gímnicos, com diversas manifestações culturais como a dança, teatro, circo, folclore, dentre outras, com propostas de apresentações livres e criativas sendo associada ao lazer (OLIVEIRA, 2007). A ginástica é uma prática corporal que permite que seus elementos, caminhem entre a sua essência primordial e a ginástica científica, e também as diversas manifestações atuais, possibilitando, dessa forma, um reencontro do lúdico com o artístico (PIZANI et al., 2009). Uma de suas características é a união dos movimentos gímnicos em composições coreográficas, (RINALDI e 2008). It promotes health, physical conditioning improvement, with the purpose of turning each participant in an active subject in the group, creating situations of movement expression.Ela também promove a saúde, o condicionamento físico, com o intuito de transformar os participantes em sujeitos fisicamente ativos, levando-os a vivenciar as expressões do movimento com absoluto prazer. Sendo também uma atividade corporal considerada uma mistura de elementos das outras modalidades de ginástica, pois ela se apropria de alguns de seus movimentos e utiliza diversos materiais para caracterizá-la, como bolas, fitas, solo, plinto, trave, acrobacias, música, entre outros (RAMOS, 2007).

    A FIG (Federação Internacional de Ginástica) é o órgão que orienta, regulamenta, controla, difundi e promove eventos na área da ginástica. A denominação Ginástica Geral foi proposta pela FIG no final da década de 1970 e início de 1980, para denominar as atividades da ginástica não competitiva (AYOUB, 2007). Porém, no ano de 2007, a FIG mudou o nome Ginástica Geral para “Ginástica para Todos”. Essa mudança de nomenclatura passa a mostrar a importância do papel desta ginástica. Segundo Ayaub (2007), o objetivo dessa ginástica é proporcionar condições físicas e a integração social, buscando, dessa forma, despertar o interesse pela prática da atividade física, levando o indivíduo a uma vida mais saudável. As atividades ou movimentos dessa modalidade são privilegiados, porque são criados a partir da criatividade e do contato com o outro, da percepção e reflexão sobre a cultura onde as pessoas estão inseridas, possuído um caráter autônomo que pode melhorar o entendimento, fazendo com que o indivíduo amplie seus horizontes e melhore seu convívio social (CARDOSO e SILVA, 2009).

    Ela também pode englobar tradições e simbolismos à cultura de cada região. Segundo Souza (1997), fica difícil definir todo campo de atividades da Ginástica Para Todos, pois, pode correr o risco de se limitar as suas possibilidades e formas de trabalho e expressões. Ela é uma ginástica de várias possibilidades, por trabalhar usando aparelhos de várias outras modalidades e é conhecida em alguns países somente como ginástica, tendo suas raízes na Europa. O principal evento desta modalidade ginástica é o Gymnaestrada Mundial, que acontece desde 1953, sendo que o próximo evento será realizado na Suíça, país que tem tradição em ginástica e foi um dos pioneiros na modalidade. Gymnaestrada Mundial é um evento oficial da Federação Internacional de Ginástica para a modalidade e acontece a cada quatro anos.

    De acordo com a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), O nome Gymnaestrada surge da palavra gymna se unindo a strada, que se refere ao caminho, originar o significado ao nome que é caminho da ginástica. Esta idéia simboliza um dos conceitos fundamentais da Gymnaestrada Mundial. A Gymnaestrada tem como seu idealizador o Holandês Jô Sommer, que queria realizar um evento de ginástica, sem preocupação com a competição. Para Jô Sommer, o intuito desse evento, era que os participantes comparecessem pelo prazer de sua atuação sem restrições de qualquer tipo. O ideal da Gymnaestrada é que os vencedores são todos os participantes.

    Segundo Souza (1997), existem outros eventos importantes no âmbito da Ginástica Para Todos. O Deutsche Turnfeste é um festival Alemão de ginástica com participações somente de alemães, salvo alguns convidados. Este evento é realizado desde o ano de 1860, porém as cidades Alemãs têm tradições de festivais de ginástica desde 1818. As Espartaquiadas Checoslovacas também são festivais de Ginástica juntamente com competições esportivas, são festivais em massa que envolve todo povo checo e são partes integrantes das tradições e da cultura checas e eslovacas. A primeira Espartaquia Checoslovaca aconteceu em 1921.

    No Brasil, o primeiro Festival de ginástica foi em 1982, em Ouro Preto – MG. Este Evento seguiu até 1992, quando foi criado o GYMBRASIL festival nacional de Ginástica Geral realizado em várias cidades do Brasil até o ano de 1997 (ARTUSI, 2008). Porém os festivais de Ginástica demonstrativas de grande área acontecem desde a primeira metade do século XX (SOUZA, 1997).

2.3.     Ginástica Para Todos nas escolas

    A GPT nas escolas pode se manifestar através de diversos aspectos das modalidades gímnicas. Elas são as manifestações que mais se adéquam nas escolas pois elas envolvem as diferentes interpretações da Ginástica, articuladas com as demais formas de expressão da cultura corporal (PIZANI et al., 2009). Podendo ser trabalhada nas escolas, porém as aulas devem ser ajustas às diferentes faixas etárias, trabalhando a partir das experiências e interesses dos alunos para que os mesmos possam vivenciar diferentes manifestações culturais, possibilitando a autonomia no sentido de dialogar, opinar (CARDOZO e SILVA, 2009). Segundo Pizani e Rinald (2010), o fato das crianças brincarem com elementos ginásticos levam a crer que o conhecimento gímnico é construído, faz parte da história de vida das crianças, e elas necessitam e desejam experimentar movimentos gímnicos. A principal orientação dessa proposta metodológica para as escolas devem ser, privilegiar a formação humana como um todo, através da educação a serviço dos valores gerados na sociedade e na vivência do lúdico através da cultura (OLIVEIRA e LOURDES, 2004). Para Ayoub (2007), aprender esta modalidade na escola significa estudar, vivenciar, conhecer, entre outros, aprender as inúmeras interpretações da ginástica, passando assim a criar novas possibilidades de expressões gímnicas. O fato de não ter um caráter competitivo, abre as portas para ser praticada e conhecida nas escolas, mudando os padrões de julgamento que geralmente a sociedade e a mídia impõem a respeito do corpo ideal e perfeito (RAMOS, 2007).

    Segundo Cardoso e Silva (2009), na escola esta modalidade da ginástica é um desafio que deve partir de uma proposta pedagógica e metodológica definida, mas que segundo estudos dos autores percebe-se também que há uma facilidade de se trabalhar essa prática, se houver seriedade no cumprimento da proposta por todo corpo docente escolar.

3.     Metodologia

3.1.     Tipo da pesquisa

    Foi realizada uma pesquisa qualitativa de análise documental, que consistiu em analisar materiais que ainda não receberam tratamento analítico. Seguida por entrevista pautada, que se baseia em certo grau de estruturação guiada por pontos de interesse que o entrevistador vai explorando durante o andamento (GIL, 1994). Segundo Gil, 1994 a pesquisa qualitativa com análise de conteúdo é uma técnica de investigação, que tem por finalidade a interpretação dos dados através de uma descrição objetiva. Essa análise se desenvolve em três fases:

    Pré-análise que é a fase de organização e inicia-se geralmente com os primeiros contatos com os documentos.

    Exploração do material que constitui em uma fase que tem objetivo, administrar sistematicamente as decisões tomadas na pré-análise classificação da categoria.

    Tratamento ou interpretação dos dados que objetivam torná-los válidos e significativos. Em cada escola pesquisada, foram feitas entrevistas com coordenadores pedagógicos, dirigentes ou professores responsáveis pelas práticas.

3.2.     Características da amostra

    A pesquisa teve a participação de vinte nove escolas na cidade de Lavras, entre elas oito são estaduais, treze municipais e oito particulares. Foram incluídas na pesquisa, todas as escolas registradas na Secretária de Educação da cidade de Lavras e teve como critério de exclusão as escolas que se encontram na zona rural e as que não se dispuseram a participar.

3.3.     Instrumento de coleta de dados

    Os dados foram coletados por entrevista pautada e depoimentos, que se deu em contato direto da pesquisadora, com a parte responsável de cada escola. A coleta do material como fotos e documentos foram feitos pela pesquisadora em arquivos digitais, sites ou em portfólios de cada escola.

3.4.     Coleta dos dados

    O contato inicial desta coleta se deu pela secretaria da Educação da cidade de Lavras. Onde informamos quais as escolas presentes no município. Em seguida foi feita uma carta solicitando uma autorização para a realização da coleta dos dados nas escolas municipais de Lavras. As escolas estaduais e particulares a autorização se deu pelo contato com a própria escola. Após autorização da pesquisa nas escolas municipais, pela Secretaria da Educação da Prefeitura Municipal de Lavras e autorização dos dirigentes das escolas estaduais e particulares, iniciou-se a coleta dos dados. A coleta foi realizada nas respectivas escolas, onde ocorreram entrevistas por meio de contato direto da pesquisadora com os responsáveis pela atividade em questão ou pela escola de modo geral. Também foram coletadas fotos encontradas em portfólios, arquivos de computador e sites das escolas que continham imagens das atividades procuradas. Após a realização da coleta, foram feitas análises de conteúdo das entrevistas realizadas nas escolas e análise das atividades presentes nas fotos.

4.     Resultados e discussão

    Revisando a literatura, observa-se que são escassas as informações acerca do que se vem trabalhando, nas escolas, no que se refere à Ginástica Para Todos. O que se encontra na literatura é que, esta modalidade é praticada, porém em muitas escolas ela é desenvolvida e trabalhada sem que os professores tenham conhecimento específico do que estejam fazendo. Percebe-se também pela literatura, que a justificativa por não haver a prática consolidada da GPT nas escolas, se baseia no fato de não haver a formação para esta modalidade durante o período de graduação acadêmica, nas Universidades ou demais centros de ensino superior. Das 30 escolas existentes na cidade de Lavras desconsiderando a Zona Rural, apenas uma não aceitou participar da pesquisa. Os níveis de ensino das escolas pesquisadas variavam da educação infantil até o ensino médio, porém o seguimento que mais se destacou por desenvolver tal atividade foi o ensino fundamental I e II.

    Houve uma escola que se destacou entre as demais, pelos anos de existência e por manter a tradição desta prática ao logo de sua história, por isso é dada uma ênfase maior à mesma. Percebe-se através desta pesquisa que ela de uma maneira geral, vem sendo trabalhada nas escolas de Lavras. O que se nota é que na maioria das escolas pesquisadas, essa modalidade, na dimensão escolar, não são trabalhadas necessariamente nas aulas de Educação Física.

    Ramos (2007) ressaltou a importância da Ginástica Para Todos na escola, através de uma proposta de ensino pela facilidade em se criar essas apresentações e por não haver a exigência de materiais ou espaços específicos. Essa facilidade de ensino mencionada por Ramos (2007) pode ser o motivo para ser trabalhada nas escolas pelas professoras de sala de aula. Na pesquisa em questão todas as escolas estudadas afirmaram que fazem apresentações artísticas em datas comemorativas desde sua fundação. Porém no primeiro contato a maioria das escolas não reconhece a presença da Ginástica Para Todos nos conteúdos trabalhados. Esse não reconhecimento inicial dessa prática pode ter acontecido devido alguns professores e dirigentes de algumas das escolas, reconhecerem como Ginástica Para Todos (antiga Ginástica Geral) somente a Ginástica de Grande Área e ignorando as outras formas de suas configurações. A Ginástica de Grande Área é uma ginástica de demonstração que se manifesta em locais com grandes espaços físicos, utilizando diversos materiais e envolvendo muitos participantes, é muito usada em eventos que marcam a abertura ou o fim eventos esportivos e outra manifestações culturais (BUENO, 2004). Segundo Souza (1997), há uma inexistência de normas rígidas para a GPT, partindo desta consideração, entende-se que também não deva existir uma norma rígida para o local das possíveis apresentações. Como é uma ginástica de demonstração que não limita número de participantes e também não exige um cenário específico para sua realização, então, pode-se considerar, que suas apresentações possam ser realizadas no espaço escolar, bem como as apresentações de balizas que são realizados na rua durante desfile de 7 de setembro. Várias escolas mencionaram possuir, ou já terem possuído balizas em suas apresentações de desfiles em comemoração ao dia da independência do Brasil.

    As datas comemorativas que mais se trabalham a GPT nas escolas de Lavras em ordem seqüencial de aparecimento foram as formaturas e encerramento do ano letivo, festa do dia das mães, aniversário da escola, festa da família, dia dos pais, apresentação de momento cívico e apresentação de encerramento de projetos interdisciplinares e em desfiles do dia 7 de setembro.

    A Figura 01 mostra uma apresentação de GPT, realizada na cidade de Lavras na rua durante o desfile de 7 de setembro.

Figura 1. Apresentação de Ginástica Para Todos no dia 7 de setembro

Fonte: Fotos do acervo da Escola Estadual Tiradentes

    As manifestações de GPT mais trabalhadas nas escolas pesquisada em ordem seqüencial são: danças, expressões corporais, encenações teatrais, ginástica de grande área e pirâmides. Segundo Oliveira (2007), a GPT, fundamentada nos elementos gímnicos das ginásticas, engloba diversas manifestações culturais, como danças, expressões folclóricas e jogos, apresentados livremente com criatividade e associado ao lazer. Por esse motivo passa-se a entender que as atividades trabalhadas e realizadas nas escolas de Lavras, que englobam as atividades com danças, expressões corporais, encenações teatrais, ginástica de grande área e formações de pirâmides, são de fato apresentações que podem ser classificadas como GPT pela suas características de não competitividade e pela presença de elementos que a compõem. Segundo Souza (1997) o grupo de pesquisa de Ginástica Geral da Unicamp vem propondo para as escolas através de seu trabalho, formas para a sua atuação nas áreas escolares e comunitárias. Esse grupo de pesquisa através de um dos seus trabalhos vem propondo a utilização de materiais alternativos como bambus, panos, chocalhos e vários outros implementos adaptados além dos que já compõem esse cenário. Nesta pesquisa, todas as escolas afirmam utilizar ou já ter utilizado materiais (como bambolê, fitas, bastões e ou objetos alternativos criados pelos professores e alunos) que configuram materiais pertencentes do cenário da Ginástica Para Todos. Segundo Ramos (2007), a GPT é uma atividade corporal que se apropria de elementos das outras modalidades de ginástica, passando a utilizar materiais com bolas, fitas, solo, plinto, trave, acrobacias, música, entre outros, o que confirma que as escolas trabalham com esse material utilizado em suas apresentações.

    Os elementos de ginástica mais citados por uso nas escolas estão os movimentos naturais como correr, pular e andar seguido por rolamento, estrela e equilíbrio. Todas as escolas afirmaram realizar apresentações artísticas em datas comemorativas desde sua fundação. Porém, ao primeiro contato com a maioria das escolas, elas não reconhecem a presença da GPT em seus conteúdos trabalhados. Se a GPT é tão abrangente a ponto de ser trabalhada nas escolas, sem que os profissionais tenham consciência de estar desenvolvendo esta modalidade, por que não trabalhá-la em suas aulas de Educação Física? A GPT vem sendo utilizada para apresentações e comemorações de festas realizadas nessas escolas, através de suas características de demonstração e não competitividade ela se mostrou de fácil utilização nas escolas, de acordo com registros encontrados durante a pesquisa.

    Na Figura 02, é ilustrada a Festa de formatura da Educação Infantil de uma escola Municipal, realizada no ano de 2009, onde as crianças fazem formações de grupos usando balões como um implemento para a apresentação.

Figura 02. Apresentação de Ginástica Geral em festa de formatura dos alunos

Fonte: Acervo digital da Escola Estadual Francisco Salles

    A maioria das apresentações realizadas nas escolas de Lavras são objetivadas pelas professoras de sala de aula, seguido pela união das professoras de sala e a colaboração dos professores de Educação Física e, por fim, somente pelo professor de Educação Física. Algumas escolas revelam que as práticas da GPT são desenvolvidas através de projetos. As suas vivências ou ocorrências nas escolas se baseiam em compreender, estudar, conhecer, perceber, confrontar, interpretar, problematizar, compartilhar, aprender, as diversas interpretações da ginástica de modo que esse aprendizado proporcione novos significados e as possibilidades de novas criações de expressões gímnicas (AYOUB, 2007). Os movimentos ginásticos evoluíram dos movimentos naturais do ser humano, ou habilidades específicas do ser humano, tais movimentos quando apurados para performance do movimento, passam a ser considerados movimentos construídos ou habilidades culturalmente determinadas (SOUZA, 1997). Nas escolas pesquisadas os movimentos mais utilizados nas apresentações de GPT foram os movimentos naturais como correr, pular e andar seguido por movimentos ginásticos como e equilíbrio, pirâmides, rolamento e estrela. Incluindo em sua constituição a ginástica, a dança, exercícios com aparelhos e jogos (SOUZA, 1997). Um fator que confirma que as escolas de Lavras desenvolvem esta modalidade se deu ao fato que a maioria das escolas afirmaram durante as entrevistas, que utilizam ou já utilizaram de materiais como bambolê, fitas, bastões e ou objetos alternativos criados pelos professores e alunos, que configuram materiais pertencentes ao cenário da GPT.

    Na Figura 03, pode ser visualizada a apresentação de GPT, realizada no ano de 2007 na Escola Estadual Azaria Ribeiro através do Projeto Tempo Integral.

Figura 03. Apresentação de Ginástica Geral usando arcos

Fonte: Acervo digital da Escola Estadual Azaria Ribeiro

    Em algumas escolas analisadas na pesquisa em questão, revelou-se que sua prática, vem sendo desenvolvida dentro de projetos que visam atender crianças e adolescentes em torno de uma proposta pedagógica, ao qual buscam sanar as necessidades básicas dos alunos das escolas públicas estaduais. O projeto chamado Tempo Integral é um projeto do governo, que objetiva oferecer aulas convencionais no turno regular e oficinas pedagógicas no turno inverso. Este projeto é destinado à crianças e adolescestes de baixo poder aquisitivo. A essência do projeto é a permanência da criança e do adolescente na escola. Em algumas escolas pesquisadas os professores envolvidos deste projeto afirmam trabalhar danças, ginásticas, teatros e artes, o que parece ser uma exigência do próprio projeto. Também foram mencionados outros projetos internos nas escolas. Entre as escolas pesquisadas, uma se destacou entre as demais, por manter em seu acervo de fotos que revelaram a existência da GPT no decorrer de sua história que se iniciou século XIX. O Instituto Presbiteriano Gammon é escola mais antiga na cidade de Lavras. Ela foi fundada por missionários norte-americanos que vieram para o Brasil no ano de 1869, e fundaram na cidade de Campinas-SP um colégio. Como os dirigentes da escola queriam uma cidade de clima mais saudável, sem problemas de epidemias, o que era comum na época, transferiram o colégio no ano de 1892 para a cidade de Lavras-MG, na época conhecida como Sant’Ana das Lavras do Funil, onde em 1893 deram início às aulas. Arantes (2008) relata em seu livro que a professora Edna de Campos Lima desenvolveu um trabalho pioneiro no Instituto Gammon, como idealizadora da GPT na década de 1930. A partir de sua participação, as festas de comemoração de aniversários da escola, foram abrilhantadas por memoráveis espetáculos, que segundo o autor citado, chegou agrupar mais de mil alunas no gramado do Estádio da escola. Em 1950 a professora Ábia Botelho, que era responsável pelo setor Carlota Kemper, onde eram mantidas as alunas, manteve a tradição dos espetáculos de ginástica nas festas comemorativas. Vieram outros professores e a tradição do espetáculo de GPT continuou. O motivo dessa manutenção da tradição de apresentações por todos estes anos, podem ser atribuído à origem cultural dos fundadores da escola. Em entrevista realizada no presente trabalho, com uma professora que foi aluna desta escola, foi revelado que em certa época, a ginástica em questão era chamada de Ginástica Especial. Em pesquisa realizada no acervo documental do pró-memória da escola, foi encontrada uma foto, onde era realizada uma aula de ginástica com bastões, cuja documentação remonta ao ano de 1917, data esta que antecede as afirmações de Arantes (2008) no que tange aos primeiros relatos da ocorrência da GPT naquela instituição.

    A figura 04 mostra uma apresentação de Ginástica com uso de bastões, realizada na nesta escola no ano de 1917

Figura 4. Atividades de Ginástica com bastões realizados em aula de Educação Física, no ano de 1917

Fonte: Acervo memorial do Instituto Presbiteriano Gammon

    Públio (2001) apud Ramos (2007) revela que no inicio do século XIX, no Brasil praticava-se a conhecida Ginástica Sueca da época (que eram realizadas em demonstrações em conjunto), com formação de pirâmides humanas, conjugada em duplas e trias entre outros. Práticas que nesta pesquisa considera-se como Ginástica Para Todos.

    A Figura 05 mostra a formação de pirâmide com alunos do Instituto Gammon, realizada no ano de 1919, o que confirma mais uma vez a presença da GPT na história das escolas da cidade de Lavras.

Figura 5. Ginástica de formação de pirâmides com alunos do Instituto Presbiteriano Gammon

Fonte: Acervo memorial do Instituto Presbiteriano Gammon

    A Figura 06 mostra um espetáculo de Ginástica Geral com uso de bola realizado no ano de 1930.

Figura 06. Apresentação de Ginástica Para Todos, com utilização de bola no ano de 1930

Fonte: Acervo memorial do Instituto Presbiteriano Gammon

    Figura 07 A figura mostra uma foto de apresentação de GPT, realizada pelas alunas do colégio em comemoração ao aniversário da escola no ano de 1936. Esta foto, segundo entrevista na escola, é uma parte da apresentação, pois havia várias outras formações como esta no campo de futebol da própria escola.

Figura 07. Apresentação de danças das fitas. Fonte: Acervo memorial do Instituto Gammon

    Bueno (2004) ressalta, em sua pesquisa, que a primeira apresentação que se recorda de Ginástica de Grande área foi a da inauguração do Estádio do Pacaembu, em 27 de abril de 1940. Este autor alega que o estado de São Paulo era o precursor da Ginástica de Grande Área (que faz parte da Ginástica Para Todos). Partindo do que foi revelado pelo autor, pode-se inferir que a Cidade de Lavras/Minas Gerais, tenha sido uma das precursoras da GPT no Brasil, pois, em registros encontrados em acervos nas escolas, há comprovações de apresentações que datam do ano de 1936 ou até mesmo antes.

    A Figura 08 mostra a apresentação de Ginástica Para Todos, realizada no Ginásio do Instituto Gammon, no ano de 1936.

Figura 08. Apresentação de Ginástica Para Todos, realizada pelas alunas do Instituto Gammon no ano de 1936. Fonte: Acervo memorial do Instituto Gammon

    A Figura 09 ilustra a apresentação de GPT, realizada no Instituto Gammon no ano de 1950, onde as alunas estão apresentando uma evolução em fileiras. Mas segundo Oliveira (2007), as possibilidades de organização do trabalho com a GPT são muitas e o sucesso de sua prática dependerá da coordenação do grupo, ressaltando que o professor ou coordenador tem o papel fundamental de instigar as ações do grupo de forma dinâmica, criativa e lúdica.

Figura 09. Apresentação de Ginástica Para Todos, realizada no Instituto Gammon no ano 1950

Fonte: Acervo memorial do Instituto Gammon

5.     Conclusões

    A prática de Ginástica Para Todos, está presente nas escolas de Lavras, porém, atualmente na maioria das vezes, sendo conduzida somente pelos professores de sala de aula, sem acompanhamento de um profissional de Educação Física. Foi possível constatar que vários profissionais de grande parte das escolas não demonstraram o conhecimento do que seja, tecnicamente, a Ginástica Para Todos, apesar de haver a presença da mesma na escola. Neste âmbito, as Universidades têm um papel fundamental de preparar melhor os profissionais de Educação Física, para que os mesmos possam desenvolver não somente esportes de quadra, mas também as apresentações de Ginástica Para Todos. Conclui-se que a cidade de Lavras desenvolve a prática da Ginástica Para Todos, desde o século XIX o que caracteriza, está cidade de Minas Gerais com sendo uma das pioneiras no seu desenvolvimento no Brasil.

    Destacamos que mesmo com tal pioneirismo, essa prática deve ser mais divulgada dentro das escolas e que os professores de Educação Física, devem se envolver mais nessas apresentações e divulgações.

Referências bibliográficas

  • ARANTES, M. V. L. Abram alas, estudantes! Os anos de ouro do esporte no Gammon. Belo Horizonte, MG. Gráfica Editora O Lutador, p. 23-216, 2008.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 174 | Buenos Aires, Noviembre de 2012
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