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Exercício físico e sua relação com a saúde, prevenção
e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis

Ejercicio físico y su relación con la salud, la prevención y el tratamiento de enfermedades crónicas no transmisibles

 

*Doutorando em Biologia Experimental

Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia

Coordenador do Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA)

Integrante do Grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal

Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, RO

**Doutora em Sociologia e professora de Educação Física

Professora do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia

Diretora do Núcleo de Saúde da Universidade Federal de Rondônia

Líder do Grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal

Prof. MS Ramón Núñez Cárdenas*

Profa. Dra. Ivete de Aquino Freire**

rnunezcardenas@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O exercício físico parece especialmente efetivo para melhorar o estado de saúde geral das pessoas bem como em áreas específicas tais como: cardiopatia isquêmica, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo II, osteoporose, saúde mental, funções intelectuais. Diversos estudos têm demonstrado que às pessoas que realizam exercícios físicos regulares têm uma mortalidade global menor em comparação com as pessoas sedentárias. Considerando-se estes aspectos, foi realizado um estudo cujo objetivo foi estabelecer relações entre o exercício físico e a saúde na prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. Para tanto, realizou-se uma Pesquisa do tipo Bibliográfica, considerando as variáveis exercícios físicos, saúde e doença. A pesquisa mostrou que os exercícios físicos produzem efeitos metabólicos e fisiológicos no organismo que influenciam na prevenção e tratamento de Doenças Crônicas não Transmissíveis.

          Unitermos: Exercício físico. Saúde. Enfermidades crônicas não transmissíveis.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo Almeida (2000), a Organização Mundial da Saúde definiu em 1948 o conceito de “Saúde” como o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou incapacidade. Alguns autores (FÜLLER, 1985; GONÇALVES, 1989; COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE, 1990) ao discutirem a definição adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmam que tais postulados estão longe de ser uma realidade. Simboliza mas bem, um compromisso, um horizonte a ser perseguido. Remete à ideia de uma “Saúde ótima”, possivelmente inatingível e utópica já que a mudança, e não a estabilidade é predominante na vida.

    Para os autores, Saúde não é um “estado estável”, que uma vez atingido possa ser mantido. A própria compreensão de saúde tem também alto grau de subjetividade e determinação histórica na medida em que indivíduos e sociedades consideram ter mais ou menos saúde dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuam a uma situação.

    Pode ser considerado como um dos principais problemas de saúde pública atual a existência das enfermidades crônicas não transmissíveis (ECNT). Estão incluídas na lista de principais causas de mortes no mundo, as doenças do coração, o câncer, as enfermidades cerebrovasculares, e o diabetes mellitus. Estas estão relacionadas a dois grupos de fatores: a) a dotação genética e predisposição para determinadas enfermidades; e b) um estilo de vida não saudável, a interação com o meio ambiente e a intervenção do sistema de saúde. Em todas estas enfermidades, e em outras crônicas não transmissíveis, se manifesta o estresse oxidativo metabólico como parte do processo patológico das mesmas. Entre as causas desse estresse estão o tabagismo, maus hábitos alimentares entre outros. Tais causas não só colaboram na aparição das doenças em questão, mas também suas presenças crônicas atuam com novas complicações e na deficiente qualidade de vida da pessoa afetada. Para enfrentar as ECNT e consequentemente o estresse oxidativo metabólico, se fazem necessária intervenção eficiente do sistema de saúde. Um sistema de atenção à saúde com poder resolutivo atua através de medidas efetivas de educação, promoção, prevenção, correção e reabilitação. O enfrentamento dos principais determinantes e fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis passam necessariamente por ações de saúde direcionadas a este fim (PANCORVO, CORDOVA, FARRERA, 2010).

    A prática do exercício físico de caráter aeróbico faz parte das estratégias para a aquisição de um estilo de vida saudável uma vez que tais atividades colaboram no enfrentamento das enfermidades crônicas não transmissíveis presentes no mundo atual. O exercício físico é um componente importante na obtenção de ótimos indicadores de saúde; contribui para alcançar a longevidade e qualidade de vida (PANCORVO, 2010). A partir do exposto realizou-se um estudo cujos objetivos foram os seguintes: a) discutir o conceito de saúde e seus determinantes; b) debater alguns determinantes e fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis; e c) Analisar a importância do exercício físico no contexto da saúde, com enfoque na prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis.

Conceito de saúde

    Diversas tentativas vêm sendo feitas a fim de se construir um conceito de saúde mais dinâmico, que dê conta de tratar a saúde não como imagem complementar da doença e sim como construção permanente de cada indivíduo e da coletividade; um conceito que expresse a luta pela ampliação do uso das potencialidades de cada pessoa e da sociedade, refletindo sua capacidade de defender a vida. Ao discutir o conceito de saúde, a OMS aponta que nenhum ser humano (ou população) será totalmente saudável ou totalmente doente. Ao longo de sua existência, viverá condições de saúde/doença, de acordo com suas potencialidades, suas condições de vida e sua interação com elas. Apesar do que orienta a OMS, verificam-se enfoques parciais da condição de saúde individual. Por um lado encontram-se posturas em que esta condição é determinada unicamente pela realidade social ou pela ação do poder público; e por outro lado, visões que colocam toda a responsabilidade no indivíduo, em sua herança genética e em seu empenho pessoal. Segundo Pancorvo (2010) estas se tratam de visões deterministas e precisam ser rompidas. “Intervir sobre o processo saúde/doença está ao alcance de todos; não é uma tarefa a ser delegada, deixando ao cidadão ou à sociedade o papel de objeto da intervenção “da natureza”, do poder público, dos profissionais de saúde ou, eventualmente, de vítima do resultado de suas ações” (FÜLLER e GONÇALVES apud PANCORVO, 2010).

    Não se pode compreender ou transformar a situação de saúde de um indivíduo ou de uma coletividade sem levar em conta que esta condição, é produzida nas relações com o meio físico, social e cultural. Intrincados mecanismos determinam as condições de vida das pessoas e a maneira como nascem, vivem e morrem, bem como suas vivências em saúde e doença. Entre os inúmeros fatores determinantes da condição de saúde, incluem-se os condicionantes biológicos, o meio físico assim como o meio socioeconômico e cultural (ACOT, 1990; BUARQUE, 1994).

    No Brasil, na última década, vem se incorporando progressivamente à cultura e à legislação, a concepção de que saúde é direito de todos e dever do Estado. Entretanto, as políticas públicas para o setor favorecem a cultura de que a saúde se concretiza mediante o acesso a serviços, particularmente ao tratamento médico. A implementação de modelos centrados em hospitais, em consultas médicas e no incentivo ao consumo abusivo de medicamentos vem resultando, historicamente, numa atenção à saúde baseada principalmente em ações curativas, desencadeadas apenas quando uma doença já está instalada e o indivíduo precisa de socorro (CARVALHO, 1991). Um passo importante foi dado ao se promulgar a Constituição de 1988, que prevê a implantação do Sistema Único de Saúde/SUS. Conforme definido em lei, o SUS tem caráter público, é formado por uma rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada esfera de governo e sob controle dos usuários por meio da participação popular. A concepção abrangente de saúde assumida no texto constitucional aponta para uma mudança progressiva dos serviços, passando de um modelo assistencial, centrado na doença e baseado no atendimento a quem procura o serviço, para um modelo de atenção integral à saúde, no qual haja incorporação progressiva de ações de promoção, ao lado daquelas propriamente ditas de recuperação (CARVALHO, 1991).

    No contexto da relação saúde doença, encontramos binômia atividade física e inatividade física. Segundo Silva & Coco (2011), a inatividade física é um dos fatores de risco mais importantes para as DCNT (Doenças Crônicas não Transmissíveis), como diabetes, câncer, hipertenção e doenças cardiovasculares. Estilos saudáveis de vida têm grande influência na prevenção e no tratamento das DCNT. De acordo com os autores é difícil reduzir os danos e os óbitos provocados por essas enfermidades sem a conscientização e a mobilização da população; sem uma mudança de hábitos de vida. Nesse sentido, a prática regular de exercício físico, orientada e planejada tem um lugar de destaque. Justifica-se este lugar de destaque uma vez que esta atividade contribui na promoção de diversos benefícios no organismo, que resultam na melhora da capacidade motora geral e na prevenção das DCNT, desordens psicológicas e mentais. Numa perspectiva macro, a prática de atividades físicas promove e melhora a qualidade de vida das pessoas em todas as faixas etária, mas de modo especial no idoso, aumentando inclusive sua longevidade.

Determinantes e fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis

    São diversos os determinantes e fatores de risco das doenças em geral, tanto para as transmissíveis como para aquelas não transmissíveis. Entretanto, a literatura (Bello, 2001; Fuster, 2000; Klatz, 1996 & Pancorvo, 2010) aponta os seguintes fatores de risco como principais:

  1. Estilo ou modo de vida (50%)

    • Tabaquismo,

    • Alimentação não saudável,

    • Sedentarismo,

    • Consumo de Álcool,

    • Condições nocivas de trabalho,

    • Estresse patógeno,

    • Condições de vida precárias,

    • Instabilidade ou problemas familiares,

    • Consumo indevido de medicamentos,

    • Adição a drogas,

    • Solidão,

  2. Biogenético ou hereditários (20%)

    • Predisposição a enfermidades degenerativas,

    • Possibilidades de desencadear enfermidades hereditárias,

  3. Meio ambiente (20%):

    • Contaminação do ar e água,

    • Problemas físicos, químicos, biológicos, psicossociais, etc, do meio ambiente,

    • Mudanças bruscas de fenômenos atmosféricos, psicossociais, etc, do meio ambiente,

    • Radiações.

  4. Saúde Pública (10%)

    • O baixo poder resolutivo da saúde pública está dado por:

      • Deficiência nas medidas profiláticas (educação, promoção e prevenção),

      • Baixa qualidade da assistência médica,

      • Assistência médica não oportuna,

      • Pobre acesso a distintos tipos de assistência médica.

    Os autores citados anteriormente são do critério que quando o poder resolutivo do setor da saúde não é adequado, sua determinação sobre as enfermidades crônicas não transmissíveis é muito superior aos 10%.

    Como se observa o modo ou estilo de vida representa aproximadamente 50% dos fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis. Para Fuster (2000), este fator de risco por si só, é um sério problema de saúde para a população e a sociedade. Os maus hábitos de alimentação, o estresse, o alcoolismo e o sedentarismo, são as causas principais de agravos a saúde tais como obesidade, hipertenção arterial, diabetes mellitus do tipo II, enfermidades cerebrovasculares, diferentes tipos de câncer, aceleração do envelhecimento, enfermidades degenerativas do sistema nervoso Central como o Alzheimer, Parkinson, assim como a osteoporose, artroses, disfunção sexual, diminuição das capacidades motoras, etc. Muitos dos fatores de riscos resultados de um estilo de vida não saudável aceleram o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis. Quando estão associadas a uma ou algumas das causas de patologias, influenciadas por determinantes hereditários, representa 20%; meio ambiente 20%; e Saúde Pública, 10% do surgimento das doenças (BELLO, 2001; FUSTER, 2000; KLATZ, 1996 & PANCORVO, 2010).

Exercício físico no contexto da saúde: enfoque na prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis

1.     Sedentarismo e doenças crônicas não transmissíveis

    O sedentarismo é um fator de risco importante, presente na maioria das doenças crônicas não transmissíveis. Uma vez instalada, colabora nas complicações do estado de saúde das pessoas (PANCORVO, CORDOVA FERRERA, 2010). Cada dia existe uma maior evidência epidemiológica de que a falta de exercícios, ou seja, o sedentarismo está relacionado com o desenvolvimento de diversos transtornos e enfermidades crônicas não transmissíveis. Tais doenças são causas de mortalidade e incapacidade nos países desenvolvidos e em via de desenvolvimento. O avanço tecnológico, o estresse laboral e familiar e os deficientes hábitos de vida têm influenciado para que as pessoas caminhem menos e aumentem o número de horas frente ao computador ou televisão. Juntamente com estes aspectos, está a ingestão excessiva de alimentos que provocam acúmulos de calorias no corpo, favorecendo desta maneira o sobrepeso e posteriormente a obesidade. O sedentarismo, unido a outros fatores de risco produzido por um modo de vida não saudável, como por exemplo, hábito alimentar inadequado, o tabagismo, a ingestão indevida de bebidas alcoólica, assim como o estresse próprio da vida moderna, constitui a causa inicial que repercute sobre a genética do indivíduo para desenvolver diferentes patologias (CORDOVA, 2010). No combate ao sedentarismo, o exercício físico é fundamental uma vez que este melhora o condicionamento físico.

    A condição física é o estado dinâmico de energia e vitalidade que permite realizar ás tarefas diárias e habituais, assim como desfrutar do tempo livre sem uma fatiga excessiva. Os níveis de condicionamento físico compatíveis com a saúde estão necessariamente atrelados à prática de exercícios físicos. Assim, enfrentar a inatividade física (sedentarismo), implica em desenvolver ao máximo as qualidades físicas e intelectuais de cada pessoa (WILMORE, 1991; MUNAY, 2000; BELLO, 2001).

    Para Pancorvo (2010), é considerada uma pessoa sedentária aquela que não executa adequadamente programas de exercícios físicos, em função da prevenção, correção e reabilitação das enfermidades não transmissíveis. Desta definição verifica-se que a prevenção não está apenas em praticar exercícios físicos, mas executá-lo de forma orientada.

    Um profissional habilitado sabe que se faz necessário programar exercícios que compreendem os programas de condição cardiorrespiratória e condição músculo esquelética a predomínio isotônico. Os programas deverão realizar-se 3 vezes por semana como mínimo; não menos de 20 minutos de forma continua, com uma freqüência cardíaca adequada para o estado de saúde do indivíduo. Investigações indicam que a quantidade de exercícios necessários para reduzir o risco de doenças não transmissíveis de forma significativa é consideravelmente menor que o necessário para desenvolver e manter altos níveis da condição física (FUSTER, 2000).

2.     Condição física cardiorrespiratória e músculo-esquelética

    A condição física cardiorrespiratória é considerada a mais importante para a saúde. O desenvolvimento deste tipo de condicionamento é baseado em programas de exercícios de tipo aeróbico. Entretanto, para dispor de uma condição física integral se faz necessário combinar tipos de exercícios específicos que desenvolvem a condição músculo esquelética isotônica (força, resistência muscular e flexibilidade) e a capacidade cardiorrespiratória. A combinação destes dois programas com predomínio da condição física aeróbica, garante às pessoas o desenvolvimento e equilíbrio das capacidades funcionais motoras (resistência, força, velocidade, flexibilidade e coordenação), assim como da composição corporal e um adequado estado psicológico (PANCORVO, 2010; WILMORE, 1995). O desenvolvimento da condição cardiorrespiratória colabora de uma forma importante no controle do peso corporal e com o ajuste de uma forma saudável do sistema endocrinometabólico (PANCORVO, 2010; WILMORE, 1995;).

    Os autores mencionados anteriormente coincidem em apontar que é importante que toda pessoa, embora seja um individuo saudável aparentemente, antes de iniciar um programa de condição física (cardiorrespiratória e musculoesquelética isotônica) seja examinado pelo médico e se submeta a avaliações que darão subsídios para a prescrição dos exercícios físicos. O exame sugerido implica na adoção de várias medidas que avaliem o estado de saúde do indivíduo e a relação com os requisitos personalizados do programa de exercícios físicos a ser executado. Tais medidas são consideradas condição indispensável para o êxito no resultado do trabalho físico a ser realizado. Segundo Pancorvo (2010), os estudos preliminares para habilitar um indivíduo à prática de exercícios físicos são os seguintes:

  • História clínica (estilo de vida, exame físico);

  • Índice de massa corporal (peso kg/ estatura m²);

  • Eletrocardiograma de repouso;

  • Analítica (hemograma, lipidograma, glicemia, ácido úrico);

  • Avaliação de esforço ergométrico máximo ou submáximo (teste de ergometria funcional, ergoespirometria);

  • Espirometria de repouso;

  • Avaliação da flexibilidade, da força e da coordenação;

  • Composição corporal (% gordura, Kg MCA), Índice quadril.

    Também podem ser considerados necessários outros estudos tais como proteína C reativa, homocisteína, fibrinogênio, sets de antioxidantes, assim como imagenologia (eco-cardiografia), dependendo do diagnóstico inicial (PANCORVO, 2010).

    A prescrição inicial de exercícios para o desenvolvimento da condição física cardiorrespiratória e músculo esquelética dependerá do estado de saúde do sujeito, de sua idade e da condição física inicial (a ser avaliada em testes e outras técnicas de mensurações específicas). Cada programa deve ser prescrito por médico especialista ou profissional de Educação Física a partir do conhecimento do estado de saúde da pessoa em questão e da metodologia dos programas de exercício físico. Além da prática de exercícios físicos, fazem parte do estilo de vida saudável uma alimentação adequada, não adição de tabagismo, não ingestão de álcool entre outros hábitos. (PANCORVO, 2010; WILMORE, 1991;).

3.     Benefícios dos exercícios físicos na prevenção e tratamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis

    Segundo Cordova (2010) a prática regular de exercícios físicos resulta em benefícios que se manifestam sob todos os aspectos do organismo sendo importante para a redução da mortalidade associada a algumas patologias. Entre as patologias mais citadas na literatura estão à cardiopatia isquêmica, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo II, osteoporose, saúde mental.

    Do ponto de vista músculo-esquelético, auxilia na melhora da força, do tônus muscular e da flexibilidade, fortalecimento dos ossos e das articulações. Sob os aspectos funcionais e fisiológicos, auxiliam na prevenção e no controle de enfermidades como doenças do coração, hipertensão, osteoporose, diabete, câncer do cólon e obesidade.

    Os efeitos do exercício físico na prevenção e tratamento de doenças ainda é matéria de muitos estudos. Entretanto, alguns achados importantes já são evidenciados, conforme se apresenta na Figura 1. De modo em geral, a pessoa que deixa de ser sedentária e passa a ser fisicamente mais ativa diminui o risco de morte por doenças do coração em 40%. Sendo mais específico, estudos (Edward & Sheldon, 2003) mostram que os exercícios físicos contribuem na perda do peso e da porcentagem de gordura corporal, na redução da pressão arterial em repouso, na diminuição do colesterol total e aumento do HDL colesterol (o “colesterol bom”). Estes aspectos são importantes na prevenção de doenças tais como obesidade, diabetes e hipertensão.

    Quanto ao tratamento de determinadas doenças, verificam-se que os exercícios físicos tem se tornado grande aliado das formas terapêuticas, muitas vezes evitando ou diminuindo o tratamento medicamentoso. Isso ocorre particularmente com o Diabetes. Os efeitos positivos dos exercícios físicos sobre o Diabetes se dá na medida em que os eventos metabólicos produzidos com a prática de exercícios físicos utiliza a glicose.

Figura 1. Os benefícios dos exercícios físicos na prevenção e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis segundo Edward & Sheldon (2003)

Atividade

Função de prevenção

Função de tratamento

Exercícios Físicos

- Os exercícios realizados pelo menos 3 vezes por semana com intensidade moderada oferecem benefícios cardiovasculares e impulsionam o colesterol HDL (“bom”).

- Os exercícios aeróbicos utilizam o oxigênio para a produção de energia por longos períodos. Assim, o trabalho com o coração e com os pulmões proporciona maior resistência cardiovascular. Além de ajudar a tornar os músculos mais fortes e mais flexíveis.

- Ajudam a manter um peso saudável e reduzir gordura, o que, por sua vez, reduz o risco da diabete, tornando o corpo mais sensível à ação da insulina e, dessa forma o açúcar do sangue é controlado melhor.

- Reduz o tecido adiposo abdominal, que é associado ás mudanças metabólicas iniciais que podem levar á diabete.

- Perda do peso e da porcentagem de gordura corporal, redução da pressão arterial em repouso.

- Reduz a adiposidade corporal, a queda da pressão arterial, a melhora do perfil lipídico e da sensibilidade à insulina, o aumento do gasto energético, da massa e da força muscular, da capacidade cardiorrespiratória, da flexibilidade e do equilíbrio.

- Fortalece toda a série de eventos metabólicos e é através disso que o corpo utiliza a glicose.

- Produz efeitos sobre a glicose e a insulina reduzindo os riscos da diabete

 

 

Conclusão

    Para finalizar, deduz-se que a prática de exercícios físicos é fundamental no contexto da adoção de hábitos saudável e na conquista de uma melhor qualidade de vida.

    Os efeitos benéficos dos exercícios físicos nos aspectos fisiológicos, físicos e funcionais do organismo são incontestáveis tanto no que se refere à prevenção como coadjuvante no tratamento de Doenças Crônico não Transmissíveis.

    Entretanto a literatura consultada deixa claro que os exercícios físicos praticados de forma isolada dos demais componentes integrantes de hábitos saudáveis, pouco ou nenhum benefício pode trazer para a saúde. Desse modo, a prática de exercícios físicos deve ser acompanhada de outros hábitos saudáveis como alimentação adequada, rica em frutas, legumes, verduras e fibras; e ser sempre indicada e acompanhada por profissional qualificado, incluindo médicos, fisioterapeutas e profissionais de educação física. Da mesma forma, os exercícios físicos podem causar prejuízos à saúde se praticados sem a orientação de profissionais habitados para tal. Estes profissionais saberão indicar a frequência, duração e intensidade adequadas a cada indivíduo.

Referências

  • ACOT, P. História da ecologia. Rio de Janeiro: Campus, 1990.

  • ALMEIDA, N. O conceito de saúde: ponto cego da epidemiologia. Revista Brasileira de epidemiologia. Vol 3, nº 1-3, 2000.

  • BELLO, L. Menopausa e climatério na mulher. Cuba, Faculdade de Ciências Medicas de Matanzas, 2001.

  • BUARQUE, C. A revolução nas prioridades: da modernidade técnica à modernidade ética. São Paulo: Paz e Terra, 1994.

  • CARVALHO, C. G. Dicionário jurídico do ambiente. São Paulo: Letras & Letras, 1991.

  • COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE (CDMAALC). Nossa própria agenda. São Paulo: Linha Gráfica, 1990.

  • CORDOVA, A. y colab. Aspectos básicos de biomedicina deportiva. España: Edit. Universidade Internacional Alfonso VIII, 1995.

  • EDWARDE & SHELDO. O guia completo da saúde. São Paulo: Grupo Saúde e vida, 2003.

  • FERRERA, P, ROZMAN, C. Medicina Interna. Sección X. Ed. Mosby-Doymael, 2010.

  • FÜLLER, R. B. Manual de operação para a espaçonave Terra. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1985.

  • FUSTER, V. El gran desafío en el mundo de La biomedicina. Edit. Lab. Esteve, 2000.

  • GONÇALVES, C. W. P. Os (des) caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 1989.

  • KLATZ, R.M. Medicine of Sport. Mary and Liebert, 1996.

  • MUNAY, C.J. Alternative proyections of mortality and disability by causal: global burden of disease study. L, 1997.

  • PANCORVO. S. Medicina del deporte y ciencias aplicadas al deporte y la salud. Caxias do Sul: Educs, 2010.

  • SILVA & COCO. A importância do exercício físico no tratamento e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. www.jornalmexa-se.com.br

  • WILMORE, J.H. El envejecimiento del hueso y del músculo. Clínicas de medicina deportiva, 1991.

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