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Jogos e brincadeiras no ensino médio: uma

intervenção pautada em sugestões dos próprios alunos

Los juegos y la recreación en la escuela media: una intervención guiada por las sugerencias de los propios alumnos

 

*Licenciado em Educação Física

pela Faculdade Integrado de Campo Mourão, Pr

**Mestranda em Educação Física (UEM/UEL) e Docente do Curso

de Educação Física da Faculdade Integrado de Campo Mourão, Pr

(Brasil)

Mateus Martins da Rocha*

mateus.rocha@grupointegrado.br

Alissianny Haman Fogagnoli**

alissianny@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo é identificar a existência de educandos do Ensino Médio que não participam das aulas de Educação Física por algum motivo. E em seguida propor uma intervenção pedagógica pautada nas causas que levam esses alunos a não participarem das aulas, sugerindo atividades mais interessantes e atrativas, objetivando a participação mais ativa deste público alvo. Este trabalho foi estruturado no formato de uma pesquisa ação, sua natureza é qualitativa tendo o ambiente natural (escola) como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. A amostra foi formada por trinta e seis (36) alunos dos ambos os sexos do Colégio Estadual Vinícius de Moraes da cidade de Campo Mourão, PR. Os instrumentos utilizados foram dois (02) questionários e dezesseis (16) planos de aulas trabalhando o conteúdo Jogos e Brincadeiras que foram aplicados aos alunos participantes. Na análise dos primeiros dados, foi constatado que vários alunos participavam das aulas, no entanto, muitos deles participaram às vezes e alguns nunca participaram. Porém, com a realização das intervenções com sugestões colhidas dos próprios alunos, foi verificado através de um segundo questionário aplicado, que a participação e interesse dos educandos aumentaram consideravelmente. Desta forma foi concluído que a participação e sobretudo o interesse dos alunos nas aulas de Educação Física, depende da prática pedagógica com estratégias motivadoras adotadas pelos educadores.

          Unitermos: Jogos. Brincadeiras. Ensino Médio.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Para Balbé (2008) Educação Física escolar tem como um de seus objetivos atuar no sentido de criar uma interação e socialização entre seus alunos visando uma vida saudável deve assim, integrar o aluno na cultura corporal de movimento, mas de uma forma completa, transmitindo conhecimentos sobre a saúde, sobre várias modalidades do mundo dos esportes, jogos, ginástica, dança e lutas, adaptando o conteúdo das aulas à individualidade de cada aluno e a fase de desenvolvimento em que estes se encontram. É uma oportunidade de desenvolver as potencialidades de cada um, mas nunca de forma seletiva e sim, incluindo todos os alunos.

    A Educação Física no Ensino Médio é por muitas vezes vista como uma disciplina complementar, como se ela fosse menos importante do que outras como, por exemplo, a Matemática, História ou a Língua Portuguesa, isso ocorre devido ao pensamento dos alunos que se torna mais crítico e faz com que alguns deles não enxerguem a verdadeira importância desta disciplina para sua vida.

    É papel do Ensino Médio, no âmbito de suas ações, desenvolver nos alunos algumas capacidades básicas, investigar, interpretar, resolver e elaborar situações problemas, realizar tomadas de decisões, estabelecer estratégias e procedimentos, adquirir e aperfeiçoar conhecimentos, buscar valores sociais e pessoais, desenvolver trabalhos de forma solidária e cooperativa e sempre ter a consciência de estar aprendendo. Na organização dos conteúdos, deve-se levar em consideração que as formas de expressão corporal dos alunos refletem os condicionantes impostos pelas relações de poder com as classes dominantes no âmbito de sua vida particular e de seu lazer. Neste ciclo do processo de ensino-aprendizagem, existem várias formas possíveis de distribuição do conteúdo com o tema jogo, esporte, ginástica e dança (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Nesta pesquisa em especial será dada maior ênfase no conteúdo Jogos e Brincadeiras, pois este foi o conteúdo aplicado como parte da metodologia.

    Este estudo tem como objetivo principal identificar se existem alunos que não participam das aulas de Educação Física por algum motivo, e em seguida propor uma intervenção pedagógica pautada nos motivos que levam esses alunos a não participarem das aulas, podendo a partir daí levantar uma discussão a cerca deste assunto, sugerindo atividades mais atraentes para este público, com o intuito de tornar as aulas mais interessantes para os estudantes do Ensino Médio, aumentando assim a participação dos mesmos nas aulas.

2.     Referencial teórico

    De acordo com a LDB (1996), o ensino médio, que tem duração mínima de três anos, tem por objetivo a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; e a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

    O artigo 26º da LDB em seu parágrafo 3º, emprega a Educação Física como integrada à proposta pedagógica da escola, um componente curricular da Educação Básica, que deve se ajustar às faixas etárias e às condições da população escolar.

    Segundo Santin (1990), a educação física tem compromissos com o individuo em vários aspectos, como o crescimento, o desenvolvimento e o bem-estar. Ela é um processo educativo, que não se trata de dar prioridade à compreensão cognitiva do homem, nem de ensinar a trabalhar para produzir, mas de saber viver.

    Colocar a educação física como processo educativo implica defender o ideal do ser humano como um todo, não apenas como um todo individual, mas como um todo social. Não se trata de somar partes, nem perseguir modelos definidos, mas concentrar-se no desconhecido para viver, e dessa forma fazer manifestar a imagem de cada ser humano (SANTIN, 1990).

    Para Libâneo (2002), a educação física é uma dimensão da educação ao lado de outras como a cognitiva, a emocional, a estética e a moral, ela se ocupa de processos intencionais de comunicação e interiorização de saberes – saberes de conhecimentos, saberes de experiências, saberes de habilidades, saberes de valores, obviamente relacionados com a motricidade humana. A função pedagógica da educação física consiste em criar objetivos sociais, políticos e pedagógicos que orientam a interiorização de conceitos, procedimentos, atitudes, valores, como forma de esquemas mentais e modos de proceder habitualmente. Isto implica na intervenção do professor, o uso de métodos e procedimentos, de maneira que os alunos desenvolvam suas competências do aprender, do pensar e do agir, no ponto de vista físico, motriz.

    De acordo com o coletivo de autores (1992), o Ensino Médio está classificado dentro do quarto ciclo da escolarização. É o ciclo de aprofundamento da sistematização do conhecimento. Nele o aluno adquire uma relação especial com o objeto, que lhe permite refletir sobre ele. A apreensão das características especiais dos objetos é inacessível a partir de pseudoconceitos próprios do senso comum. O aluno começa a perceber compreender e explicar que há propriedades comuns e regulares nos objetos. Ele dá um salto qualitativo quando estabelece as regularidades dos objetos. É nesse ciclo que o aluno lida com a regularidade científica, podendo a partir de ele adquirir algumas condições objetivas para ser produtor de conhecimento científico quando submetido à atividade de pesquisa.

    Uma nova compreensão da Educação Física implica considerar certos critérios pelos quais os conteúdos serão organizados, sistematizados e distribuídos dentro de tempo pedagogicamente necessário para a sua assimilação. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, deve ser componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar. (LDB, 1996). Segundo o coletivo de autores (1992), ela é uma pratica pedagógica que no campo escolar, tematiza, formas de atividades expressivas corporais como: esporte, dança, ginástica, jogo, onde estas formas configuram uma área de conhecimentos que chamamos de cultura corporal.

2.1.     Esporte

    O esporte, como prática social institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, deve ser abordado pedagogicamente no sentido de esporte “da” escola e não como o esporte “na” escola. Sendo uma produção histórico-cultural, o esporte subordina-se a sociedade capitalista. Na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual. O seu ensino não se esgote nos gestos técnicos. Colocar um limite para o seu ensino. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

2.2.     Ginástica

    A ginástica no currículo escolar tradicional brasileiro inclui formas básicas do atletismo, exercícios em aparelhos e exercícios com aparelhos manuais e ainda formas de luta. Nos programas brasileiros se evidencia a influência da calistenia e do esportivismo, ginástica artística ou olímpica, o que pode explicar o fato de a ginástica ser cada vez menos praticada nas escolas. Outro fator que interfere no ensino de ginástica na escola é a falta de instalações e aparelhos no estilo olímpico desestimula o professor a ensinar ginástica. Sua prática permite ao aluno a interpretação subjetiva das atividades através de um espaço amplo de liberdade para vivenciar as próprias ações corporais. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

2.3.     Dança

    A dança é considerada uma expressão de diversos aspectos as vida do homem, sendo uma linguagem social na qual permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, hábitos, da saúde, da guerra. A escola pode oferecer ao aluno outras formas de pratica da expressão corporal, como por exemplo, a mímica ou pantomima, contribuindo para o desenvolvimento da expressão comunicativa nos alunos. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

2.4.     Os jogos e brincadeiras como conteúdo

    Kishimoto (2005), expressa não ser fácil definir o conteúdo jogo, pois quando essa palavra é pronunciada cada um pode entendê-la de formas variadas. Pode-se estar se referindo a jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou xadrez, adivinhas, contar estórias, dominó, quebra-cabeça dentre outros. Os jogos, mesmo recebendo a mesma denominação, têm suas especificidades. Por exemplo, no faz-de-conta, existe predominância da situação imaginária; no jogo de xadrez, regras padronizadas permitem a movimentação das peças.

    A existência de regras em todos os jogos é uma característica marcante. Há regras explícitas, como no xadrez ou amarelinha, regras implícitas como na brincadeira de faz-de-conta, em que a menina se faz passar pela mãe que cuida da filha. São regras internas, ocultas, que ordenam e conduzem à brincadeira (KISHIMOTO, 2005. p. 24).

    Segundo Santin (1990), o jogo possui dimensões antropológicas, sociais e políticas de profundo grau. Pode ser visto como manifestação do ser humano em forma de brinquedo alegre e sem outro qualquer interesse, além de brincar. Ou jogo pode ser entendido como forma de competir e de derrotar os outros. No primeiro caso, o jogo não é mais que uma forma criativa em que os outros são presenças agradáveis para vivenciar momentos de prazer e diversão. No outro caso, o jogo pode se tornar facilmente uma forma de confronto ou luta, em que as atividades realizadas não têm um fim em si mesmas, porém na conquista de outros objetivos. O outro não é presença agradável, mas sim um obstáculo a ser superado para alcançar as metas pretendidas.

    O jogo, visto como brinquedo e como criatividade, tem mais espaço para ser entendido como forma de educação, também na medida em que busca melhorar as capacidades inventivas e conduz à convivência harmoniosa. Em suma, brincar é educar por meio da criação e da convivência. (SANTIN, 1990).

    Observa-se o desenvolvimento do aluno no caráter dos seus jogos, que evoluem desde aqueles onde as regras encontram-se ocultas numa situação imaginária até os jogos onde as regras são cada vez mais explicitas, e a situação imaginária é oculta (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Um jogo de duas equipes, por exemplo, "bola queimada", sugere a situação imaginária de uma guerra onde uma equipe "extermina" a outra com "tiros" de bola. O imaginário da "guerra" vai sendo apagado através das regras, cada vez mais complexas, às quais os jogadores devem prestar o máximo de atenção. Nesse sentido é conveniente promover junto aos alunos discussões sobre as situações de violência que o jogo cria e as conseqüentes regras para seu controle. Dessa forma, os alunos poderão perceber que um jogo como a "bola queimada" é discriminatório, visto que os mais fracos são eliminados mais rapidamente, perdendo a chance de jogar. Isso não significa não jogar "bola queimada", senão mudar suas regras para impedir o domínio da competição sobre o lúdico. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Quanto mais rígidas são as regras dos jogos, maior é a exigência de atenção da criança e de regulação da sua própria atividade, tomando o jogo tenso. Todavia, é fundamental o desenvolvimento das regras na escola, porque isso permite à criança a percepção da passagem do jogo para o trabalho. (COLETIVO DE AUTORES, 1992. p. 45-46).

2.5.     Jogos e brincadeiras no ciclo de sistematização do conhecimento (1ª a 3ª séries do Ensino Médio)

    Neste ciclo os jogos devem conter conteúdos que impliquem no conhecimento sistematizado e aprofundado de técnicas e táticas, bem como da arbitragem dos mesmos; no conhecimento sistematizado e aprofundado sobre o desenvolvimento/treinamento da capacidade geral e específica de jogar; e na prática organizada conjuntamente entre escola/comunidade. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

3.     Metodologia

    Este estudo foi estruturado no formato de uma pesquisa ação, por procurar identificar primeiramente os problemas, e em seguida realizar uma intervenção propondo uma solução para esses problemas, sua natureza é qualitativa tendo o ambiente natural (escola) como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento, realizando um contato direto e com o ambiente e a situação que está sendo investigada.

    A população deste estudo foi formada por todos os alunos regularmente matriculados no Ensino Médio do Colégio Estadual Vinícius de Moraes situado no município de Campo Mourão - PR, e a sua amostra foi constituída pelos estudantes do período da manhã, que se dispuseram a participar, totalizando trinta e seis (36) participantes.

    O instrumento utilizado para a coleta dos primeiros dados foi um questionário formado de duas questões abertas, além de ter sido realizado um total de dezesseis (16) horas de observações com as turmas participantes da pesquisa, e após isso, aplicado o questionário a estes estudantes. Na segunda etapa da pesquisa, foram utilizados como instrumentos os planos das aulas com o conteúdo Jogos e Brincadeiras que foram aplicadas nas turmas, e em seguida foi aplicado o segundo questionário, contendo teres questões abertas para obter os resultados do estudo.

    A análise de dados foi feita de forma qualitativa por meio de análise de conteúdo por categorização das respostas.

4.     Resultados e discussões

    Para a obtenção dos primeiros dados, foi realizado um período de observações dos alunos participantes da pesquisa, e aplicação de um questionário para identificar se havia alunos que não participam das aulas de Educação Física por algum motivo, para após isso, dar-se continuidade na pesquisa.

Quadro 01. Resultados referentes à participação dos alunos nas aulas de Educação Física antes das intervenções

    O quadro mostra que a maioria dos alunos respondeu que participam das aulas de Educação Física, outros alunos responderam que não, e outra parte respondeu que participa às vezes, todos os alunos justificaram suas respostas, as justificativas que mais apareceram foi a de que gostam, para os que responderam “sim”, de que tem preguiça, para os que responderam “não”, e por razão de obtenção de nota, para os que responderam “às vezes”.

    Com as respostas obtidas, percebe-se que o motivo mais constante que faz com que os alunos participem das aulas de Educação Física é gostar da aula, alguns dos alunos que responderam que participam das aulas deram mais de que apenas uma justificativa, ao contrário dos alunos que deram uma resposta negativa, que justificaram de forma menos convincente.

    As justificativas dos alunos que responderam “sim” foram mais precisas e melhores dissertadas, embora alguns tenham justificado apenas com “porque gosto” ou “acho divertido”, alguns alunos juntaram essas respostas, com outras como “faz bem para a saúde”, e dissertaram sobre isto, deixando transparecer que já sabem a real importância da disciplina de Educação Física, e que essa não é apenas mais uma na grade curricular do Ensino Médio.

    Os alunos que responderam “não”, deram como maior motivo “ter preguiça” e “não gostar de esportes”, já os alunos que responderam “às vezes” justificaram em sua grande maioria que só praticam para “obtenção de nota”, essas respostas fizeram com que um dos objetivos deste estudo fosse alcançado, que é o de identificar se havia alunos que não participavam das aulas e quais eram seus motivos, foi possível perceber que existe certa desmotivação, que faz com que estes alunos nem sempre ou nunca participem das aulas em questão.

    A razão pela falta de motivação foi explicitada pelos próprios alunos participantes da pesquisa, colocada por eles como sendo preguiça e/ou desinteresse nas atividades propostas. Magill (1984) coloca que esse desejo pode não estar presente no aluno logo de início, pois a presença de influências externas, como por exemplo, a freqüência obrigatória, pode vir a ser uma motivação interna artificial. No entanto, nada impede que ele, ao estar realizando as atividades, possa desenvolver um desejo interno ou motivação para continuar.

Quadro 02. Resultados referentes à quais fatores tornariam as aulas de Educação Física mais interessantes

    Os dados representados no quadro são sugestões dos próprios alunos, para que as aulas de Educação Física se tornassem mais atraente, o resultado mais freqüente foi de que se deveria colocar esportes diferentes nas aulas, outros responderam que uma solução seria incluir dinâmicas e brincadeiras para tornar as aulas mais atrativas. Alternativas sugeridas pelos alunos foram de que todas as aulas fossem realizadas na quadra e que houvesse maior participação de todos os alunos, outras soluções foram apresentadas, porém em número menos expressivos.

    A sugestão que apareceu mais vezes, de inserir esportes diferentes nas aulas, mostra um interesse dos alunos de conhecer atividades diferentes, que não seja os esportes tradicionalmente utilizados nas aulas de Educação Física, no bimestre em que foi aplicado o primeiro questionário, os esportes que estavam sendo trabalhados nas aulas eram o voleibol e o futsal, talvez este seja um dos motivos de alguns alunos não se interessavam e não participavam das aulas. As outras sugestões mais freqüentes de se incluir dinâmicas e brincadeiras nas aulas mostram o interesse dos alunos em atividades que tenham caráter lúdico e/ou recreativo, isso fez com que o conteúdo escolhido para se aplicar na intervenção durante a pesquisa fosse os Jogos e Brincadeiras.

    Faz-se interessante discutir outras duas sugestões trazidas pelos alunos, que também apareceram repetidamente nas respostas, a primeira é de que as aulas fossem realizadas somente na quadra da escola, mostrando que os alunos mostram ter maior atração em participar das aulas práticas e que não são muito interessados em conhecer os conteúdos teóricos da Educação Física, e a segunda é de que existisse maior participação por parte de todos os alunos nas aulas, isto aponta justamente o que um dos objetivos da pesquisa buscou identificar, mostrando que a participação nas aulas não acontece por parte de todos alunos, e ainda que esta parcela que não participa acaba desmotivando os demais alunos.

    Com base nos dados obtidos, fez-se a escolha do conteúdo Jogos e Brincadeiras para a etapa de intervenção com os alunos, com intuito de tornar as aulas mais atraentes e motivadoras para que assim aumentasse a participação dos alunos, atingindo o maior número de alunos possível, este conteúdo foi escolhido para atender algumas sugestões dos alunos como, por exemplo, de colocar esportes diferentes, isto podendo ser atendido através de jogos diversos, e de se incluir dinâmicas e brincadeiras, este também podendo ser conseguido por meio do conteúdo citado.

    O jogo é uma invenção do homem, um ato em que sua intencionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente. Ele satisfaz várias necessidades de quem o pratica, especialmente as necessidades de "ação". Para entender o avanço dos alunos no seu desenvolvimento, o professor deve conhecer quais as motivações, tendências e incentivos que o colocam em ação. Quando o aluno joga, ele opera com o significado das suas ações, isso faz com que ele realize sua vontade e ao mesmo tempo torna-se consciente das suas escolhas e decisões. Dessa forma, o jogo apresenta-se como elemento básico para a mudança das necessidades e da consciência. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Após os dados serem analisados, foi-se tomada a decisão de se aplicar o conteúdo Jogos e Brincadeiras com os alunos, pois este conteúdo, analisando o grupo e suas respostas, é o que mais facilmente atende às sugestões recebidas. Com isso, foram elaborados e aplicados dezesseis planos de aula com atividades diversificadas para os alunos participantes da pesquisa.

    Terminada a intervenção, foi aplicado o segundo questionário com os alunos para identificar os resultados da intervenção e se os objetivos dela haviam sido alcançando, assim, obtivemos os seguintes dados.

Quadro 03. Resultados referentes ao aumento do interesses dos alunos em participar das aulas e ao que mudou na participação após as intervenções

    O quadro mostra como foi a mudança de interesse dos alunos em participar das aulas de educação física, e também de que forma ocorreu esta mudança, a grande maioria se mostrou mais interessada em participar das aulas, com justificativas diversas, muitos dos alunos que responderam sim, deram até mais de uma justificativa, ao contrário dos que responderam não, que justificaram com poucas palavras.

    Ao analisar a grande diferença em relação às respostas sim e não, percebe-se que de fato as atividades propostas nas intervenções fizeram com que o interesse e motivação dos alunos aumentassem, aumentando também a participação dos mesmos nas aulas, os próprios participantes da pesquisa colocaram em exposição suas experiências, quando colocam que as aulas se tornaram mais divertidas e mais interessantes com atividades diferentes e dinâmicas, além de terem declarado que gostaram da maior participação dos demais alunos, do trabalho em equipe e das novidades apresentadas nos Jogos e Brincadeiras.

    De acordo com os estudos de Nista-Piccolo e Vechi (2006), as aulas de Educação Física na escola podem desenvolver nos alunos o gosto pela prática de atividade física, o que depende de vários fatores como os conteúdos ensinados, os métodos adotados, as relações interpessoais, o ambiente propiciado a essas aulas e, principalmente, quem ensina. Esses aspectos, segundo os autores, podem ser a causa da motivação e do interesse dos alunos em participar das aulas.

Quadro 04. Referente ao atendimento das expectativas dos alunos em relação às atividades

    O quadro acima expõe a opinião dos alunos com relação as suas expectativas, se foram ou não atendidas. Novamente a grande maioria respondeu positivamente, apenas três responderam não, e um aluno não soube dizer com clareza se sim ou se não, por isso respondeu “mais ou menos” sem nenhuma justificativa.

    As respostas deixam claro que os objetivos das intervenções, de deixarem as aulas mais atraentes foram atingidos com sucesso, os participantes da pesquisa se mostraram satisfeitos com as aulas realizadas, alegando que as mesmas foram divertidas, com novidades que despertou a curiosidade deles e aumentou a participação principalmente daqueles alunos que no primeiro questionário responderam que só participavam às vezes.

    A proposta da Educação Física deve ser de que as aulas tornem-se mais interessantes, motivando os alunos para que sejam mais criativos, responsáveis, e participativos. Desta forma se faz necessário a aplicação de diferentes conteúdos, pois a educação física é uma área do conhecimento que vai muito além dos esportes coletivos. Se as aulas forem mais bem planejadas, estruturadas e melhor desenvolvidas em todas as séries, teremos uma maior participação e satisfação do praticante, pois todos estes fatores que influenciam a vida dos alunos devem ser pensados no momento da preparação das aulas. (SANTOS, 2008).

5.     Considerações finais

    A intenção deste estudo foi identificar se existiam alunos do Ensino Médio do período da manhã do Colégio Estadual Vinícius de Moraes, que não participam das aulas de Educação Física por algum motivo, e em seguida propor uma intervenção pedagógica pautada nos motivos que levam esses alunos a não participarem das aulas.

    Nas turmas em que os alunos participaram da pesquisa, pôde-se perceber que, quanto à participação deles nas aulas, era numerosa, porém existiam muitos alunos que só participavam às vezes e alguns que nunca participavam. A partir das intervenções com sugestões dadas pelos próprios estudantes, a participação e interesse nas aulas aumentaram consideravelmente.

    Com tudo o que foi apresentado no decorrer deste estudo, torna-se relevante levantar uma discussão a cerca do assunto nele abordado, pois as aulas de Educação Física, podem sim serem mais motivadoras para que os alunos participem delas com maior interesse e consigam se realizarem atingindo suas expectativas a respeito desta disciplina que já foi considerada por muitos a mais atraente do colégio. Para que tudo isso aconteça, faz-se necessário, por parte dos professores, reverem suas práticas pedagógicas e deixarem um pouco de lado a hegemonia dos esportes coletivos nas aulas, aceitando sugestões dos próprios estudantes e propondo atividades diversificadas que os interessem mais, conseguindo assim atingir a participação do maior número de alunos possível.

Referências bibliográficas

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