Imagem corporal em idosos: influências dos hábitos alimentares e da prática de atividade física La imagen corporal en personas mayores: influencias de los hábitos alimenticios y de la práctica de la actividad física |
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*Graduanda do curso de nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie. **Nutricionista, Mestre em Saúde Pública pela FSP/USP Doutora em Medicina Preventiva pela FMUSP Docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Centro Universitário São Camilo. *** Nutricionista, Mestre em Saúde Pública pela FSP/ USP Docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Faculdade Metodista de São Paulo |
Marianne Pinheiro da Rocha* Renata Furlan Viebig** Andrea Romero Latterza*** (Brasil) |
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Resumo O processo de envelhecimento populacional tem sido considerado um fenômeno importante devendo ter maior atenção da área da saúde. A imagem corporal é a representação mental que um indivíduo faz sobre sua própria aparência física, das partes do seu corpo e do funcionamento do mesmo. No processo de envelhecimento ocorrem transformações nos aspectos funcionais, motores, psicológicos e sociais de um individuo influenciando mudanças na imagem corporal do mesmo, podendo causar insatisfação corporal. A prática de atividade física aliada à uma boa alimentação melhoram este quadro e, conseqüentemente, a qualidade de vida dos idosos. Unitermos: Envelhecimento. Imagem corporal. Idosos. Satisfação corporal.
Abstract The population aging process has been considered an important phenomenon should be given more attention in the health field. Body image is the mental representation that an individual makes about his own physical appearance of the parts of your body and its working. In the aging process changes occur in the functional aspects, motor, psychological and social changes affecting an individual in the same body image, body dissatisfaction may cause. Physical activity combined with good nutrition improves this situation and, consequently, the quality of life for seniors. Keywords: Aging. Body image. Elderly. Satisfaction body.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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O envelhecimento como um fenômeno global
O processo de envelhecimento populacional que ocorre em todas as regiões do mundo tem sido considerado um fenômeno importante pelo poder público e pela sociedade. Segundo projeções, a população de idosos chegará a dois bilhões de pessoas em 2050, ultrapassando a marca de 759 milhões em 2010 (MAGALHÃES et al, 2011).
Há projeções que o Brasil, em 2020, se torne o sexto país do mundo com maior número de idosos, com uma população superior a 30 milhões de pessoas, correspondendo a 25% da população geral (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004; VERAS, 2007; HAIKAL, 2009).
Desta forma, os profissionais que atuam na área da saúde devem propiciar uma atenção especializada a estes indivíduos, promovendo melhor qualidade de vida e evitando prejuízos decorrentes das alterações biológicas e exigências sociais. Além disso, devem ser realizadas mais pesquisas sobre problemas e peculiaridades relacionados a esta nova realidade mundial em que o número de idosos avança cada vez mais (OLIVEIRA; GORETTI; PEREIRA, 2006; NASCIMENTO et al, 2008).
Imagem Corporal e envelhecimento
A imagem corporal é a representação mental que um indivíduo faz sobre sua própria aparência física, das partes do seu corpo e do funcionamento do mesmo. Esta representação é formada por componentes perceptivos, afetivos e cognitivos que se desenvolvem através das experiências vivenciadas pelo próprio indivíduo e por seu contato social (MATARUNA, 2004; MATSUO et al, 2007; CHAIM; IZZO; SERA, 2009; LAUS, 2009; BOLTON; LOBBEN; STERN, 2010).
Há diversos fatores que influenciam a formação da imagem corporal como sexo, idade, meios de comunicação e a relação do corpo com valores e concepções de uma determinada sociedade. Assim, a imagem corporal sofre contínuas mudanças ao longo da vida de uma pessoa (DAMASCENO et al, 2005; EVARISTO, 2010).
Durante o processo de envelhecimento ocorrem transformações nos aspectos funcionais, motores, psicológicos e sociais de um indivíduo influenciadas pelo estilo de vida e por fatores genéticos. Estas modificações podem afetar a imagem corporal destes indivíduos já que o idoso não consegue reverter tais mudanças, não conseguindo também alcançar o padrão físico ideal imposto pela sociedade. Além disso, há a concepção negativa que a sociedade tem sobre o envelhecimento e as enfermidades que podem surgir nesse período da vida que também podem ajudar a distorcer a imagem corporal destes indivíduos (TRIBESS, 2006; GUIMARÃES et al, 2006; MATSUO et al, 2007; FUGULIN, 2009).
O gênero e a imagem corporal na maturidade
Estudos indicaram que mulheres de meia idade se sentem mais descontentes com sua imagem corporal do que homens, pois estas se preocupam mais com sua aparência física, com o anseio de ter um corpo mais magro, como preconizado pela sociedade atualmente. Por outro lado, os homens se preocupam mais com a funcionalidade de seu organismo conforme se dá o processo de envelhecimento (TRIBESS, 2006; MATSUO et al, 2007).
Devido às mulheres estarem sempre em busca da redução de peso corporal na busca de atingir os padrões de magreza impostos pela sociedade atual, hábitos alimentares inadequados, nos quais ocorre a restrição calórica, estão cada vez mais comuns, o que pode ocasionar sérios problemas de saúde e comportamentais (EITING; PLATEN, 2002; ARAÚJO; ARAÚJO, 2003).
Em estudo realizado por McLaren e Kuh (2004), com idosas da Grã Bretanha, foi encontrada uma prevalência de aproximadamente 80% de idosas insatisfeitas com seu corpo e peso fazendo com que estas mulheres evitassem situações nas quais tinham que ser expostas.
Numa outra pesquisa, Tribess, Junior e Petroski (2010) verificaram que 54% da amostra de idosas residentes no Nordeste do Brasil eram insatisfeitas com sua imagem corporal, sendo que 65,1% destas eram insatisfeitas principalmente com o excesso de peso corporal.
Desta forma, há o aumento da insatisfação coma auto-imagem e maior probabilidade de transtornos alimentares nesta faixa etária, como visto na pesquisa de Perez et al (2007), em que a prevalência de mulheres de meia-idade com sintomas bulímicos foi igual a de mulheres mais jovens.
Atividade física e alimentação do idoso: repercussões na imagem corporal
Um dos principais desafios a serem superados pelos indivíduos da terceira idade é o de manter uma vida autônoma e com qualidade. Assim, torna-se indispensável a adoção de um estilo de vida saudável, no qual estejam conjugados a prática de atividades físicas e bons hábitos alimentares, os quais proporcionarão aos idosos uma sensação de auto-eficácia, maior otimismo e uma melhor satisfação com a imagem corporal (TRIBESS, 2006).
O sedentarismo e uma alimentação inadequada podem modificar a composição corporal e a estrutura bioquímica e funcional promovendo um declínio da capacidade de desempenho das atividades diárias sendo relacionadas ao estilo de vida dos idosos e, não somente ás características específicas do envelhecimento (VICENTE et al, 2009).
A prática de atividades físicas regulares é fundamental para que os idosos ampliem o conhecimento de seu corpo e para que haja o reconhecimento dos limites e das especificidades do organismo envelhecido. Dessa forma, o engajamento destes indivíduos em atividades físicas propicia inúmeras respostas benéficas ao organismo, permitindo assim um envelhecimento mais saudável (TRIBESS, 2006).
Além disso, os exercícios físicos auxiliam no bem-estar, no controle de peso corporal, na melhora da aparência e da aptidão física e diminuem o estresse, favorecendo a auto-estima, a eficácia e a percepção de si que são componentes determinantes para a imagem corporal (ARAÚJO; ARAÚJO, 2003; MATSUO et al, 2007).
Segundo Mazo et al (2006), a prática de atividade física na terceira idade também melhora as relações sociais com a família e amigos, trazendo benefícios para a integração social destas pessoas.
Aliada a atividade física, a alimentação adequada é fator preponderante para a diminuição do risco de doenças crônicas não transmissíveis como doenças cardiovasculares, cânceres, diabetes mellitus, cálculos biliares, distúrbios gastrointestinais, doenças ósseas e de articulações (CERVATO et al, 2005).
É importante que seja incentivada a prática de bons hábitos alimentares em idosos, para evitar que tais enfermidades afetem de forma negativa a imagem corporal destes indivíduos. A dieta adequada também irá ajudar na prevenção do sobrepeso e obesidade na terceira idade, proporcionando aos idosos, conseqüentemente, uma maior satisfação com o corpo e fazendo com que sejam evitadas dietas extremamente restritas que possam comprometer ainda mais sua saúde (CERVATO et al, 2005; TRIBESS, 2006).
Sendo assim, o fornecimento adequado de energia, proteínas, vitaminas e sais minerais é imprescindível para um bom estado nutricional, que por sua vez, melhora a resistência do idoso quanto a doenças crônicas debilitantes e ajuda na manutenção de sua saúde e independência (VICENTE et al, 2009).
Considerações finais
Com o crescimento da população idosa no Brasil, em conseqüência do aumento da expectativa de vida, a compreensão de aspectos relacionados ao bem-estar e a saúde destes torna-se cada vez mais importante (CAMPOS; MONTEIRO; ORNELAS, 2000).
Entretanto, há poucos relatos na literatura sobre percepção corporal em idosos, especialmente em idosos do sexo masculino que também abordem hábitos alimentares. Estudos neste sentido podem auxiliar intervenções profissionais direcionadas a população idosa visto que hábitos saudáveis de vida como uma boa alimentação e a prática de atividade física podem influenciar a satisfação corporal, e, conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida.
Referências
ARAÚJO, D. S.; ARAÚJO, C. G. Self-perception and dissatisfaction with weight does not depend on the frequency of physical activity. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 80, n.3, p. 235-249, 2003.
BOLTON, M.D.; LOBBEN, I.; STERN, T.A. The Impact of Body Image on Patient Care. J Clin Psychiatry, v. 12, n.2, 2010.
CAMPOS, M.T.F. S; MONTEIRO, J.B.R; ORNELAS, A.P.R.C. Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso, Revista de Nutrição, Campinas, v. 13, n. 3, p. 157-165, 2000.
CERVATO, A, M. et al. Educação nutricional para adultos e idosos: uma experiência positiva em Universidade Aberta para a Terceira Idade. Rev. Nutr., v.18, n.1, p. 41-52, 2005.
CHAIM, J; IZZO, H.; SERA, C.T.N. Cuidar em saúde: satisfação com imagem corporal e autoestima de idosos. O mundo da saúde, v.33, n.2, p.175-181, 2009.
DAMASCENO, V. O. et al. Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal de praticantes de caminhada. Rev Bras Med Esporte, v.11, n.3, p. 181-186, 2005.
EITING, S; PLATEN, P. (2002).Eating behavior and body perception in female participants of fitness courses in sport studios. Medicine and Science in Sports and Exercise., v. 34, n.5, 2002.
EVARISTO, O.S.F. Hábitos de ingestão nutricional, imagem corporal e a sua relação com o Índice de Massa Corporal. 2010. 162p. Dissertação (Mestrado em Atividade física e Saúde) - Ciências do Desporto, Universidade do Porto, Porto, 2010.
FUGULIN, B.F. Prática de Atividade Física e Autoimagem de Idosas. Ceres: Nutrição & Saúde.,v.4, n.2, p.57-64, 2009.
GUIMARÃES, A.C.A. Idosos praticantes de atividade física: tendência a estado depressivo e capacidade funcional. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, v.10, n.4, 2006. http://www.efdeportes.com/efd94/depres.htm
HAIKAL, D.S et al. Autopercepção da saúde bucal e impacto na qualidade de vida do idoso: uma abordagem quanti-qualitativa. Ciência & Saúde Coletiva., v. 16, n. 7, p. 3317-3329, 2011.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). (Base de dados na internet). 2004. Disponível em: http://www.ibge.gov.br, Acesso em: 29/10/2011
LAUS, M. F. Estudo das relações entre prática de atividade física, estado nutricional e percepção da imagem corporal em adolescentes do ensino médio de Ribeirão Preto – SP. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2009.
MATARUNA, L. Imagem Corporal: noções e definições. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, v.10, n. 71, 2004. http://www.efdeportes.com/efd71/imagem.htm
MATSUO, R.F.; VELARDI, M.; BRANDÃO, M.R.F.; MIRANDA, M.L.J. Imagem corporal de idosas e atividade física. Rev. Mackenzie Educ. Fís Esporte., v. 6, n. 1, p. 37-43, 2007.
MAZO, G.Z.; CARDOSO, F.L.; AGUIAR, D.L. Programa de hidroginástica para idosos: motivação, auto-estima e auto-imagem. Rev. Bras.Cineantrop. Desemp.Hum., v. 8, n. 2, p. 67-72, 2006.
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NASCIMENTO, L.M.P. et al. Percepção da imagem corporal, auto-estima e qualidade de vida em alunos da UNATI/ UCG. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, v. 13, nº 127, 2008. http://www.efdeportes.com/efd127/percepcao-da-imagem-corporal-auto-estima-e-qualidade-de-vida.htm
OLIVEIRA, D. L. C.; GORETTI, L. C.; PEREIRA, L. S. M. O desempenho de idosos institucionalizados com alterações cognitivas em atividades de vida diária e mobilidade: estudo piloto. Revista Brasileira de Fisioterapia, v.10 n.1 p.91-96, 2006.
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TRIBESS, S. Percepção da imagem corporal e fatores relacionados à saúde em idosas. 2006. 112p. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Centro de desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2006.
TRIBESS, S.; JUNIOR, J.S.V; PETROSKI, E.L. Estado nutricional e percepção da imagem corporal de mulheres idosas residentes no nordeste do Brasil. Ciência saúde coletiva., v. 15, n.1, p. 31-38, 2010.
VERAS, R .Fórum. Envelhecimento populacional e as informações de saúde do PNAD: demandas e desafios contemporâneos. Introdução. Cad. Saúde Pública., v. 23, n.10, p.2463-2466, 2007.
VICENTE, A. N. C. et al. Dieta e suplementos vitamínicos e minerais para idosos sadios. Nutrição Profissional, v. 26, p. 42-49, 2009.
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