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Análise cinesiológica da Rosca Direta
e Rosca Scott: uma abordagem comparativa

Análisis biomecánico de la Rosca Directa y de la Rosca Scott (curl): un abordaje comparativo

 

Acadêmicos em Educação Física

Universidade Federal de Uberlândia

(Brasil)

Fernando Teixeira dos Santos

fernando@edf.ufu.br

Douglas Abrahão de Oliveira

douglas_abrahao@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo tem como objetivo apresentar e comparar cinesiológica e tecnicamente os exercícios Rosca Direta e Rosca Scott, e relatar as principais diferenças. Na prática de musculação, o movimento “rosca” consiste em extensão e flexão do cotovelo, num plano Sagital e Eixo Látero-lateral do corpo humano, havendo ações musculares, principalmente do músculo bíceps braquial. A diferença entre a Rosca Direta e a Rosca Scott está no sentido de que a primeira é realizada de forma livre e com a coluna ereta, enquanto a segunda é realizada com apoio nos cotovelos, fazendo com que a porção lombar e sacral do corpo fique levemente flexionada. Os exercícios, apesar de semelhantes e de exercitarem o mesmo grupo muscular de forma diferente, conduzem a adaptações músculo-esqueléticas diferentes. Sugere-se, portanto, que as características mecânicas desses exercícios de musculação sejam levadas em consideração ao objetivo de execução.

          Unitermos: Análise cinesiológica. Rosca direta. Rosca Scott.

 

Resumen

          Este artículo tiene como objetivo presentar y comparar de una manera biomecánica y técnica el ejercicio “Rosca Direta” y “Rosca Scott” (Curl), y explicar las diferencias principales. En la práctica del culturismo, el movimiento “Rosca” está formado por extensión y flexión del codo en un eje lateral en plano sagital del cuerpo humano, con acciones musculares, especialmente en el músculo bíceps. La diferencia entre “Rosca Direta” y “Rosca Scott” es en el sentido de que el primero se lleva a cabo con libertad y con la espalda recta, mientras que el segundo se lleva a cabo con el apoyo de los codos, haciendo que la parte lumbar y sacra del cuerpo estén ligeramente flexionadas. Los ejercicios, si bien son similares, ejercitan el mismo grupo muscular de manera diferente, dando lugar a diferentes adaptaciones musculo esqueléticas. Se sugiere por lo tanto, que las características mecánicas de estos ejercicios de entrenamiento de fuerza se tengan en cuenta para la ejecución.

          Palabras clave: Análisis de kinesiología. Rosca directa. Rosca Scott (Curl).

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A prática de exercícios de musculação vem sendo executadas com varias perspectivas desde o treinamento e reabilitação à estética e manutenção da saúde “Esta atividade tem se tornado muito popular, e no momento em que existe um bom planejamento e quando executada de forma consistente pode produzir benefícios”. Diante disso, se faz importante, estudos nesta área a fim de compreender os mecanismos cinesiológicos na prática dessa modalidade evitando incoerências que possam ocasionar em malefícios para os praticantes.

    A partir das varias opções de exercícios, surgem dúvidas em relação as suas execuções quanto à porção da musculatura trabalhada e recrutada, ao nível de lesões causadas, e a busca da função do exercício.

    Partindo desse pressuposto, este trabalho visa conhecer e comparar cinesiológica e tecnicamente os exercícios Rosca Direta e Rosca Scott, e relatar as principais diferenças, a fim de descortinar os mitos acerca da utilização destes dois exercícios que embora semelhantes possuam vastas diferenças.

2.     Descrição cinesiológica do movimento da “rosca bíceps”

    Segundo Lima et.al. (2006), sugere-se que o movimento de flexão e extensão do cotovelo seja denominado de Rosca Bíceps, pois, quando este movimento é realizado, o músculo bíceps braquial tem caráter agonista tanto na fase ascendente, quanto na fase descendente da movimentação.

    Diante disso, tem-se como articulação envolvida na mecânica deste exercício a articulação do cotovelo. Segue na imagem abaixo um esquema que representa cinesiologicamente as principais estruturas no movimento de rosca bíceps:

Figura 1. Análise cinesiológica da “Rosca Bíceps”

    A execução do exercício de rosca bíceps apresenta algumas variações com o objetivo de ativar diferenciadamente os músculos flexores do cotovelo. Tais variações são estabelecidas de acordo com a posição da articulação radiulnar. A posição radiulnar pode ser: supinada (direta), pronada (inversa), ou neutra.

    No caso da rosca direta (ou supinada), em comparação com as roscas inversa e neutra (LIMA et. al, 2006):

    Os dados acima, segundo os autores, se baseiam em sinais eletromiográficos obtidos com cargas iguais a 2 Kg nos diferentes exercícios.

    A posição radiulnar interfere no exercício porque o bíceps braquial e o braquiorradial inserem-se no rádio, e o braquial, na ulna. Nos movimentos de pronação e supinação, o único osso deslocado é o rádio, provocando um “deslocamento” das inserções dos músculos nele inseridos e alterando os aspectos mecânicos do movimento. Assim, as modificações de posicionamento da articulação radiulnar irão interferir na ativação dos músculos.

    Especificando os movimentos de supinação para o bíceps, serão abordados dois exercícios que trabalham este grupamento muscular e a articulação do cotovelo: A Rosca Direta e a Rosca Scott.

2.1.     Descrição técnica da Rosca Direta com barra reta

  • Início: com os joelhos levemente flexionados e os pés afastados na mesma largura dos quadris, segure uma barra com as mãos afastadas na largura dos ombros e uma pegada supinada. Permita que a barra fique encostada nas coxas e mantenha os abdominais contraídos e os cotovelos imóveis.

  • Movimento: Sem oscilar o corpo, levante a barra lentamente, em um movimento de arco, em direção aos ombros. Pare no final do movimento, contraia rigorosamente o bíceps e abaixe a barra lentamente até a posição inicial.

2.2.     Descrição técnica da Rosca Scott com barra reta

  • Início: Ajuste a altura do assento do banco Scott de forma que, ao sentar-se, o descanso para os braços esteja ligeiramente abaixo do nível dos ombros. Coloque os braços sobre o descanso e segure uma barra com uma pegada supinada.

  • Movimento: Com a parte de trás dos braços firmemente apoiadas no descanso, eleve a barra em direção aos ombros até que os cotovelos passem um pouco mais de 90°. Force a contração do bíceps no final do movimento e, então, abaixe o peso devagar.

3.     Movimentos articulares

3.1.     Movimentos articulares do cotovelo

    Os movimentos flexão e extensão, associadas a esta articulação, ocorrem nas articulações úmero-radial e úmero-ulnar. A amplitude do movimento da flexão e extensão é determinada principalmente pela arquitetura articulacional e é de aproximadamente 140°.

    Os músculos bíceps do braço, braquial e braquiorradial são os principais flexores do cotovelo. Já quando o músculo encontra resistência o músculo pronador redondo auxilia nesta flexão. O músculo bíceps contribui menos para a flexão quando o punho se encontra em pronação. Já o músculo braquial esta ativo em todos os tipos de flexão do cotovelo, seja em supinação ou em pronação.

    Os músculos tríceps e ancôneo são responsáveis pela extensão do cotovelo. A cabeça longa do tríceps é recrutada para atuar no movimento quando há resistência, já sem resistência essa mesma é desprezível. Com a cabeça lateral a única diferença será o exercício com resistência, pois estará mais envolvida ao movimento do que com a cabeça longa. Já a cabeça medial será o agonista primário da extensão do cotovelo. O ancôneo será usado com mais exatidão quando a extensão for feita mais lenta mente.

    Os movimentos de pronação e supinação ocorrem quando na articulação radio-ulnar proximal quando a cabeça do radio se move sobre a ulna dentro do ligamento anular. A amplitude para a supinação e pronação é de 120 a 140°.

    Os músculos responsáveis pela supinação é o músculo supinador, ele controla independentemente a supinação seja qual for a posição da articulação ou a velocidade do movimento. O bíceps auxilia a supinação quando o cotovelo esta fletido e o movimento sem resistência é rápido, e em todo movimento sem resistência, não importando a posição do cotovelo.

3.2.     Movimentos articulares do pulso e da mão

    Ação articular combinada da articulação do punho produz circundação. A articulação permite todos os tipos de movimentos, exceto rotação do seu eixo longitudinal. Dentre esses movimentos podemos citar adução e abdução no plano frontal, e flexão e extensão no plano sagital.

    As articulações interfalângicas permitem apenas a flexão e extensão, já as metacarpofalângicas permitem flexão, extensão, adução e abdução. Exceto a articulação do polegar que só permite flexão e extensão por ser dobradiça.

4.     Cadeias cinemáticas

    È a combinação de varias articulações que une segmentos distintos. Os segmentos distais podem ter graus de liberdade maior do que os proximais. Dependendo da movimentação e da localização das cadeias elas podem ser divididas em:

    Cadeia cinética aberta: o segmento distal da articulação se movimenta no espaço e a parte proximal esta fixa. Nesses movimentos os segmentos podem mover- se independentemente ou nada absolutamente.

    Cadeia cinética fechada: o segmento distal da articulação está fixo, e a parte distal se movimenta no espaço. Envolve a sustentação do peso corporal. Nesse movimento, o movimento de um segmento exige que todos os segmentos se movam.

    Ambos os exercícios (Rosca Scott e Rosca Direta) possuem cadeia cinética aberta para membros superiores. O segmental distal da cadeia se movimenta e o proximal esta fixo em ambos.

5.     Alavancas

    Dá-se o nome de alavanca a um sistema composto por um corpo que tem um ponto de fixação ou eixo e nesse corpo atua uma força a certa distância desse eixo.

    No corpo humano, podemos encontrar muitas alavancas formadas pelos ossos do esqueleto Nesses casos quem proporciona a força para o uso das alavancas são os músculos. O ponto de fixação geralmente é a articulação.

    As alavancas podem ser divididas em três classes. Nas alavancas da primeira classe (alavancas interfixas), o ponto de apoio está entre o ponto de aplicação da força de ação e o da força de resistência.

    Nas da segunda classe, o ponto de aplicação da força de resistência (alavancas inter-resistentes) está entre o da força de ação e o ponto de apoio. Nas da terceira classe (alavancas interpotentes), a força de ação está aplicada entre a de resistência e o ponto de apoio.

    Ambos os casos possuem nas alavancas de terceira classe como seus tipo de alavancas

6.     Tipos de contrações musculares

    A característica distinta do músculo é sua capacidade de contrair-se. O desenvolvimento da tensão dentro de um músculo faz com que ele tracione suas inserções. Essa ação de um músculo é geralmente referida como uma contração muscular; contudo, o uso da palavra contração é confuso, porque sugere que o músculo encurta em comprimento durante essa atividade. Mas um músculo pode estar contraído e não mudar a extensão, ou pode estar estendido. Uma expressão mais adequada, segundo McGinnis, para descrever contração muscular é ação muscular. Quando um músculo está ativo, desenvolve tensão e traciona as inserções. O músculo ativo pode encurtar, ficar do mesmo ou estender.

    Quando um músculo está ativo e suas inserções aproximam-se, está ativo concentricamente (ou contraindo concentricamente). A ação muscular é uma ação concêntrica (ou contração concêntrica). Isso ocorre quando o efeito do torque criado pelo músculo ativo em qualquer membro em uma articulação está na mesma direção que a rotação do membro. A ação muscular concêntrica ocorre quando:

    Resumindo, na ação muscular concêntrica, há força e efeito de torque na mesma direção dos pontos de inserção dos músculos ou rotação de membros, gerando um trabalho positivo, ou seja, aumento das energias cinéticas ou potenciais.

    Quando um músculo está ativo, suas inserções estão se afastando, ele está ativo excentricamente (ou contraindo excentricamente). A ação muscular é uma ação excêntrica (ou uma contração excêntrica). Isso ocorre quando o efeito do torque criado pelo músculo ativo em cada membro em uma articulação está na direção oposta da rotação do membro. A ação muscular é excêntrica quando:

    Resumindo, na ação muscular excêntrica, há força e efeito de torque na direção oposta dos pontos de inserções musculares ao da rotação dos membros, gerando um trabalho negativo, ou seja, diminuição das energias cinéticas e/ou potenciais.

    Quando um músculo está ativo e suas inserções não se movem uma em relação à outra, ele está ativo isometricamente (ou contraindo isometricamente). A ação muscular é uma ação isométrica (ou uma contração isométrica). Neste caso não há mudança de energia cinética ou potencial, pois não ocorre rotação do membro e nenhum trabalho mecânico é realizado. Para haver este equilíbrio estático (membro não mover), um torque opositor deve manter na articulação a fim de mantê-la em equilíbrio estático. Resumindo, quando um músculo está ativo e suas conexões não movem-se uma em relação à outra, está ativamente isométrico.

7.     Terminologia funcional da atividade muscular

    Alguns termos encontrados na literatura para classificar a função dos músculos quando eles atuam na movimentação articular: agonista, motor principal, antagonista, sinergista, sinergista verdadeiro, sinergista auxiliar, motor auxiliar, neutralizador, fixador e estabilizador.

    Alguns desses termos podem ser sinônimos ou têm definições distintas.

    Não é difícil averiguar a finalidade ou razão pela qual um músculo está contraindo; no entanto, a fim de reduzir o debate semântico, por ora, serão usados apenas três termos (ou seus sinônimos): agonista, antagonista e sinergista.

    Considerando um sujeito sentado, ombro em posição anatômica, e com um peso em cada mão, fazendo um movimento na posição do radiulnar supinada (rosca direta) de flexão e extensão do cotovelo, com amplitude de movimento de flexão e extensão do cotovelo variando em aproximadamente 120°, tem-se:

    Quando o sujeito flexiona o cotovelo para levantar a carga na mão, os flexores contraem-se concentricamente e são classificados como os agonistas. Os extensores antagonistas estão relativamente relaxados e alongam-se para permitir o movimento de flexão do cotovelo. À medida que o cotovelo é a seguir estendido para baixar a carga, os flexores realizam uma contração excêntrica e ainda são classificados como agonistas.

    Se este sujeito fizesse a mesma flexão, porém, sem carregar algum peso, a aplicação da resistência manual através de todo movimento de flexão e a seguir, extensão, demonstra que os músculos atuam de acordo com a resistência que eles encontram, em vez de como o movimento da articulação. Diante disso, durante a flexão, tem-se o bíceps braquial executando uma contração concêntrica (agonista) e o tríceps braquial como antagonista. Já na extensão tem-se o tríceps braquial executando uma contração concêntrica (agonista) e o bíceps braquial como antagonista; enquanto que, com a carga, o bíceps braquial é agonista tanto na flexão quando na extensão, sendo que na primeira, há contração concêntrica, e na segunda há contração excêntrica do bíceps, com o tríceps atuando como antagonista na flexão e extensão.

    Diante disso, sugerem-se estudos referentes ao movimento de extensão e flexão de cotovelo e suas nuances num estudo comparativo entre dois exercícios para o referido grupamento muscular (grupamento muscular do braço e antebraço).

8.     Discussões

    Diante de nossos estudos sugere-se que cada exercício deve ser entendido em suas particularidades visto que cada um tem sua especificidade, devendo ser executado de acordo com o objetivo almejado pelo praticante, devendo ser dada uma atenção especial na escolha do exercício. Pois segundo Bonezi et. al. (2007), o exercício Rosca Direta, por exemplo, proporciona uma melhor adaptação para treinamento em exercícios para esportes onde seja preciso um esforço muscular menor em ângulos articulares maiores, ou seja, em exercícios que se utilizem de arremessos ou cortadas, enquanto o Rosca Scott propicia melhor adaptação para treinamento em exercícios para esportes onde seja preciso um esforço muscular maior em ângulos articulares menores, ou seja exercício de remada ou algumas lutas como judô ou jiu-jitsu.

    Contudo, entre os dois exercícios de bíceps e suas nuances, Bonezi et. al. (2007) afirma que o primeiro exercício utiliza-se de maior ação sinergista e de estabilizadores (por exemplo: Reto Abdominal, Obliquo Interno e Obliquo Externo como estabilizadores) enquanto o segundo exercício não faz uso dos estabilizadores devido ao apoio do banco, que além de trabalhar o bíceps mais diretamente que no Rosca Direta também evita, neste exercício, o deslocamento do Eixo de Gravidade para frente enquanto que no Rosca Direta que é executado livre (sem apoio) ocasiona um maior deslocamento do Eixo de Gravidade, tendo menor ação sinergista recrutando e trabalhando mais o Músculo bíceps e braquial enquanto o primeiro exercício desenvolve e recruta a cabeça curta e longa do músculo bíceps e o músculo braquial.

    Outro aspecto retratado por Bonezi et. al. (2007) é o ângulo do ombro na execução do exercício e o torque máximo, sendo que no Rosca Direta este ângulo é de 15º graus e no Rosca Scott de 45° graus; já o torque máximo no primeiro ocorre em 60º graus enquanto que no segundo ocorre em 75º graus.

    Outro fator relevante na utilização do banco é o menor esforço dos eretores da coluna o que concomitantemente ocasiona em um menor risco de lesões enquanto que no Rosca Direta (livre) a um maior esforço dos eretores pela não utilização de um apoio, o que pode levar a maiores riscos de lesões.

9.     Conclusões

    Os exercícios, apesar de semelhantes e de exercitarem o mesmo grupo muscular de forma diferente, conduzem a adaptações músculo-esqueléticas diferentes. Sugerimos que as características mecânicas desses exercícios de musculação sejam levadas em consideração ao objetivo de execução.

Referências

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