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Influência da pré-temporada sobre os índices de 

aptidão física de uma equipe de futsal do Rio Grande do Sul

Influencia de la pretemporada sobre los índices de aptitud física de un equipo de fútbol sala de Río Grande do Sul

 

*Graduado em Educação Física pela

Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS

**Graduado em Educação Física pelo Centro Universitário UNIVATES

(Brasil)

Matias Noll*

Laudenor Brune*

Gustavo Sieben**

matiasnoll@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da pré-temporada sobre a aptidão física de atletas de futsal. Participaram do estudo 14 atletas de futsal de uma equipe do Rio Grande do Sul, que disputou a segunda divisão do Campeonato Gaúcho de Futsal, em 2009. Foram avaliados a massa corporal, flexibilidade (teste de sentar e alcançar), teste de resistência (2400m) e percentual de gordura. O protocolo utilizado para a avaliação do percentual de gordura corporal foi o de Faulkner. Os testes foram realizados no pré e pós-teste, sendo que entre estes períodos foi realizada a fase de pré-temporada. Nesta fase foram realizados 3 treinos semanais, totalizando 12 treinos. Para verificar os efeitos da pré-temporada sobre os níveis de aptidão física dos atletas foi realizado o seguinte tratamento estatístico: análise descritiva e Anova de um fator para comparar os resultados do pré e pós-experimento. O nível de significação foi 0,05. Os resultados demonstram que houve aumento da massa corporal, diminuição do percentual de gordura, aumento da flexibilidade, e aumento do VO2 Máx. Entretanto, os testes estatísticos não demonstraram melhora significativa.

          Unitermos: Treinamento. Futsal. Atletas

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    No esporte de alto rendimento, a preparação física é um fator muito relevante para o bom desempenho físico do atleta e para a obtenção de resultados satisfatórios a nível individual e coletivo. Deste modo, o treinamento deve ser bem periodizado, e como destaca Bompa (2004) específico, para que os sistemas de energia do atleta se adaptem às exigências específicas do esporte praticado.

    As etapas de organização, planejamento e estruturação do processo de preparação desportiva são fundamentais na execução de qualquer tipo de trabalho, não só em temporadas competitivas. Gomes (2002) define preparação desportiva como o conjunto de fatores relacionados à preparação do atleta e direcionados ao desenvolvimento de desempenho ótimo no desporto escolhido para prática. Nesse sentido, os três sistemas que compõem este processo – competição, treinamento e fatores complementares - devem atuar de maneira conjunta e auxiliar na preparação dos desportistas.


    Dantas (2003) demonstra a importância do treinamento físico ao relatar que a preparação física para o futsal corresponde a 60% do treinamento total realizado no período preparatório, que tem como objetivo o desenvolvimento das capacidades físicas em geral. Já a preparação física no período de competição, tem como objetivo principal o aperfeiçoamento das capacidades físicas imprescindíveis à prática do desporto.

    O futsal apresenta uma gama de ações motoras, sendo caracterizado por Gomes e Silva (2002), como um jogo atlético com elevada atividade motora. Neste esporte, os atletas realizam uma sucessão de esforços intensos e breves, com um nível de exigência muscular muito alto. Levando em consideração a duração de uma partida oficial de futsal pode-se dizer que esse esporte tem fonte aeróbia para o fornecimento de energia. Porém, o metabolismo anaeróbio se faz presente em grande parte desta atividade, uma vez que o Futsal é um desporto de velocidade, agilidade, potência, com constantes sprints em contra-ataques e jogadas de velocidade, saltos para cabeceios e movimentações rápidas para se livrar ou realizar marcação.

    Deste modo o preparador físico, no planejamento dos treinos físicos, e não menos importante, o treinador, na elaboração jogos técnico-táticos, devem atentar para a especificidade do treinamento, desenvolvendo e aprimorando o sistema energético predominante na modalidade esportiva, com o objetivo de trabalhar os sistemas relevantes àquela atividade (HERNANDES JÚNIOR, 2002). O treinamento físico a ser aplicado em qualquer modalidade esportiva está relacionado a vários fatores, entre eles o sistema energético presente na atividade em questão e as capacidades físicas envolvidas (GOMES e SILVA, 2002; BOMPA, 2004).

    Estudos desenvolvidos por Araújo (1996) mostram que o futsal é uma modalidade de caráter intermitente, sendo caracterizado pelo predomínio de esforços intensos e curtos com atuação metabólica dos três sistemas energéticos (anaeróbio alático, lático e aeróbio), com níveis de predominâncias diferenciado (McARDLE, KATCH e KATCH, 2003). Ao analisarmos o tempo médio de permanência em quadra dos atletas, Molina (1996) em seu estudo, demonstra que este tempo é de 30min, e deste tempo, apenas 53% é correndo.

    Quanto a isto, observa-se que em relação à distância relativa, ou seja, na proporção dos 100% de tempo de jogo (40 min) pressupõe-se que a máximo e mínima distância percorrida em 40 min está entre 4500 e 6500m, respectivamente (MOLINA, 1996).

    Deste modo, surge o interesse dos profissionais que trabalham com o esporte, e, principalmente com o alto rendimento, em verificar e avaliar as diferentes variáveis que influenciam no rendimento individual e coletivo. Neste sentido, sabendo-se da escassez de estudos relacionados ao futsal de rendimento, o objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da pré-temporada sobre a aptidão física de atletas de futsal.

Metodologia

    Participaram do estudo 14 atletas de futsal de uma equipe do Rio Grande do Sul, que disputou a segunda divisão do Campeonato Gaúcho de Futsal em 2009. Foram avaliados a massa corporal, flexibilidade (teste de sentar e alcançar), teste de resistência (2400m), e percentual de gordura. Os dados foram coletados por profissionais de educação física, previamente treinados. Durante a avaliação, os indivíduos utilizaram o mínimo de roupa possível. O avaliado foi colocado em posição ortostática, com o peso distribuído igualmente em ambos os pés, no centro da balança modelo Arja, com precisão de 100g. Em seguida foram verificadas as medidas das dobras cutâneas, utilizando-se um Adipômetro Científico Cescorf com precisão de 0,1 mm. Cada dobra foi medida três vezes, sendo considerada como válida a mediana das mesmas. As medidas seguiram a seguinte ordem: 1) Tricipital, na parte posterior do braço, uma dobra vertical sobre o músculo tríceps, na distância média entre o acrômio e o epicôndilo lateral, com o cotovelo mantido em posição de extensão e relaxado; 2) Subescapular, na prega oblíqua medida imediatamente abaixo da extremidade do ângulo inferior da escápula; 3) Supra-ilíaca; uma dobra diagonal a ser medida acima da crista ilíaca, no ponto de intersecção imaginária com o prolongamento da linha axilar média; 4) Abdominal, uma dobra vertical a uma distância de dois cm ao lado direito da cicatriz umbilical.

    O percentual de gordura foi calculado pela equação de Faulkner:

% gordura = ∑ 4 x 0.153 + 5.783

    Onde: ∑4= soma das dobras cutâneas tricipital, subescapular, supra-ilíaca e abdominal.

    Esses cálculos foram efetuados automaticamente através do programa Excel. Após a coleta de todos os dados, esses foram reunidos em uma nova tabela, onde puderam ser utilizados em conjunto para cálculo da média, desvio padrão e percentis utilizando o programa SPSS 15.0. Para a caracterização da amostra foram adotadas técnicas de estatística descritiva, traçando o perfil da amostra através de médias e desvio padrão. Os testes foram realizados no pré e pós teste, sendo que entre estes períodos foi realizada a fase de pré-temporada. Nesta fase foram realizados 3 treinos semanais, totalizando 12 treinos.

    Para verificar os efeitos da pré-temporada sobre os níveis de aptidão física dos atletas foi realizado o seguinte tratamento estatístico: análise descritiva e Anova de um fator para comparar os resultados do pré e pós-experimento. O nível de significação foi 0,05.

Resultados

    Os resultados demonstram que houve aumento da massa corporal, diminuição do percentual de gordura, aumento da flexibilidade, e aumento do VO2 Máx. Entretanto os testes estatísticos não demonstraram melhora significativa (Tabela 1).

Tabela 1. Valores de média e desvio padrão para as variáveis avaliadas, tanto no pré-teste como no pós-teste. Nível de significância de 5%

    Os gráficos abaixo demonstram, para melhor visualização, os valores médios de massa corporal, percentual de gordura, flexibilidade e VO2 Máx.

    Os atletas não apresentaram melhoras significativas, entretanto, no dia-a-dia do treinamento e nas competições, ao progredir, mesmo que não significativas, podem contribuir muito no rendimento dos atletas e da equipe. Outro fator que pode ter influenciado no aumento não significativo do rendimento dos atletas foi o curto espaço de tempo para a reavaliação.

    Conclui-se, a partir destes achados, que os atletas apresentam níveis bons nas capacidades físicas e recomendados para o futsal. Entretanto não houve uma melhora significativa na aptidão dos atletas.

Referências

  • ARAUJO, T.L.; ANDRADE, D.R.; FIGUEIRA JUNIOR, A.J.; FERREIRA M. Demanda fisiológica durante o jogo de futebol de salão, através da distância percorrida. Revista da Associação dos Professores de Educação Física, v.11, n.19, p.12-20, 1996.

  • BOMPA, T. O. Treinamento de potência para o esporte. São Paulo: Phorte, 2004.

  • DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 5ª ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

  • GOMES, A. C. Treinamento desportivo: estruturação e periodização. Porto Alegre: Artmed, 2002.

  • GOMES, A. C; SILVA, S. G. Preparação física no futebol: características da carga de treinamento. In: Silva, F. M. (org.). Treinamento desportivo: aplicações e implicações. João Pessoa: Editora Universitária/ UFPB, 2002.

  • HERNANDES JÚNIOR, B. D. O. Treinamento Desportivo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.

  • McARDLE, D. W.; KATCH, L. V.; KATCH, I. F. Energia, nutrição e desempenho humano. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

  • MOLINA, R. Lactato sangüíneo em partida de futsal: relação com condicionamento físico e com desempenho. 1996. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro.

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