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Perfil antropométrico e neuromuscular em 

indivíduos portadores da síndrome de Down

Perfil antropométrico y neuromuscular en personas portadoras de Síndrome de Down

Anthropometric and neuromuscular profile in individuals with down syndrome

 

*PROCIMH – Universidade Castelo Branco / RJ

Laboratório de Biociência da Motricidade Humana – LABIMH – UCB / RJ

Universidade Iguaçu – UNIG / RJ

**Universidade de Itaúna – UNINCOR / MG

***Fundação Mineira de Educação e Cultura – FMEC / MG

****Universidade Federal do Rio de Janeiro / UFRJ

LABIMH – UFRJ / RJ

Naelson Mozer Silva*

Sandro Fernandes da Silva**

Ary Gomes Filho***

José Fernandes Filho****

nmozher@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Introdução: A elevada prevalência de sobrepeso e obesidade é uma característica marcante, principalmente, em sujeitos portadores da síndrome de Down (SD), outra característica comum aos portadores da SD é a hipotonia muscular, caracterizada por fraqueza muscular. Objetivo: O objetivo do estudo foi identificar o perfil antropométrico e neuromuscular de adolescentes e adultos com SD. Material e métodos: A amostra investigada foi constituída por 33 sujeitos portadores da SD, residentes no município de Itaperuna – RJ, de ambos os gêneros, sendo 15 do sexo feminino com idade entre 14 e 38 anos (média ± DP; 23.8 ± 7.4 anos; IMC = 29.67 ± 5.64 kg/m2) e 18 do sexo masculino com idade entre 14 e 44 anos (média ± DP; 26.4 ± 8.4 anos; IMC = 27.68 ± 5.97 kg/m2). As medidas antropométricas foram utilizadas no estudo para obtenção do índice de massa corporal (IMC), da razão cintura-quadril (RCQ) e da circunferência de cintura (CC). A força muscular foi avaliada pela dinamometria com o handgrip. Resultados: Somente o RCQ apresentou diferenças significativas (p<0.05) entre os gêneros (masculino = 0.93±0.08 vs feminino = 0.87±0.09). A ANOVA one way apresentou diferença significativa (p<0.05) entre os dimídios, entretanto esta diferença ocorreu apenas entre os gêneros, na mão direita (p=0.000) e na esquerda (p=0.001), sendo os maiores valores encontrados nos homens. Conclusão: Desta forma o presente estudo pôde observar que a amostra se encontra com sobrepeso e os indivíduos do sexo masculino são mais fortes que o sexo feminino.

          Unitermos: Síndrome de Down. Indicadores de gordura corporal. Sobrepeso. Obesidade. Força muscular. Preensão palmar

 

Abstract

          Introduction: The high prevalence of overweight and obesity is a hallmark, especially in subjects carrying the Down syndrome; another feature common to people of DS is the muscular hypotonia, characterized by muscular weakness. Objective: The objective was to identify the anthropometric profile and neuromuscular of adolescents and adults with DS. Materials and methods: The sample investigated was composed of 33 subjects all porters of the Down’s syndrome (DS), residents in the city of Itaperuna - RJ, being of both genders, 15 females aging between 14 and 38 years (average + DP; ± 23.8 + 7.4 years, BMI = 29.67 ± 5.64 kg / m²) and 18 males aging between 14 and 44 years (average ± DP; = 26.4 ± 8.4 years; BMI = 27.68 ± 5.97 kg / m²). The anthropometric measures were used in the study to obtain the body mass index (BMI) of waist-hip ratio (WHR) and waist circumference of (WC). Muscle strength was assessed by dynamometry using a handgrip. Results: Only WHR showed significant differences (p <0.05) between genders (male = 0.93 ± 0.08 vs. females = 0.87 ± 0.09). The one-way ANOVA showed a significant difference (p <0.05) between dimidiate, however this difference occurred only between genders in the right hand (p = 0.000) and left (p = 0001), with the higher values found in men. Conclusion: Thus the present study noted that the subjects investigated were overweight and that the men were stronger than the women.

          Keywords: Down syndrome. Indicators of body fat. Overweight. Obesity. Muscle strength. Palmar prehension

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    A síndrome de Down (SD) pode apresentar mais de 50 sintomas diferentes, porém é muito raro encontrar um individuo com todas as possíveis características fenotípicas. No entanto, a mais comum é o retardo mental, que pode ser considerado uma anomalia cromossômica1,2.


    Os portadores da SD têm alcançado uma sobrevida de aproximadamente 70 anos de idade nos paises desenvolvidos3, porém a elevada prevalência de sobrepeso e obesidade é uma característica marcante, principalmente, em sujeitos adolescentes e adultos4

    Uma maior concentração de gordura abdominal/visceral é encontrada nestes indivíduos quando comparados com a população normal5. Isto confirma que o peso corporal e o índice de massa corporal (IMC) acima da média são características notórias em sujeitos com SD6. Desta forma, o IMC, a relação cintura quadril (RCQ) e a circunferência de cintura (CC) podem ser utilizadas como preditores do comportamento da gordura sérica, em jovens com trissomia do cromossomo 21, com a finalidade de vigilância e o acompanhamento dos fatores de risco para doenças crônicas degenerativas7.

    Outra característica comum aos portadores da SD é a hipotonia muscular, caracterizada por fraqueza muscular. Ela é responsável pela diminuição do tônus e da força muscular, podendo gerar atrasos no desenvolvimento motor destes indivíduos8. O baixo peso cerebelar parece contribuir para esta hipotonia muscular generalizada e também ser responsável pela deficiência cognitiva que esses pacientes apresentam9, porém esta situação pode ser minimizada com o crescimento e desenvolvimento da criança com SD10.

    A força de preensão manual tem se mostrado importante por constituir um indicador relevante para a avaliação da força muscular dos sujeitos portadores de SD11, assim como o conhecimento sobre o grau de obesidade e a distribuição de gordura corporal por serem características que podem permitir a análise das variações morfológicas e a realização das atividades da vida diária desta população. Sendo assim, este estudo teve por objetivo identificar o perfil antropométrico e neuromuscular de adolescentes e adultos com SD da cidade de Itaperuna – RJ.

Materiais e métodos

Amostra

    A amostra investigada foi constituída por 33 sujeitos de ambos os sexos (idade = 25.21 ± 8.19 anos; IMC = 28.58 ± 5.82 kg/m2) na faixa etária entre 14 e 44 anos portadores de síndrome de Down (SD), residentes no município de Itaperuna – RJ. Os portadores de SD foram subdivididos por gênero (sexo masculino: n = 18; idade = 26,4±8,4 anos e sexo feminino: n = 15; idade = 23,8±7,4 anos).

    Como critérios de inclusão os portadores da SD deveriam: estar matriculados na APAE e com freqüência regular, apresentar grau 5 para o sistema de classificação da atividade motora voluntária para a mão como proposta por Omer12. Como critérios de exclusão, indivíduos com idade abaixo de 14 anos e a não compreensão das informações.

    O termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com a resolução n. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, foi assinado pelos pais autorizando a participação dos sujeitos na pesquisa. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Castelo Branco (protocolo n. 0154/2009).

Procedimentos

    A coleta dos dados foi realizada sempre na parte da manhã (das 09:00 as 11:30h) durante os meses de agosto e setembro de 2007, na instituição, em que os portadores de SD estavam matriculados.

    Os índices de massa corporal (IMC), da razão cintura-quadril (RCQ) e da circunferência de cintura (CC) foram calculados a partir dos seguintes dados: massa corporal e estatura através de uma balança mecânica de precisão de 100g e capacidade de medida de 150kg com estadiômetro (Filizola, Brasil), circunferência de cintura e quadril através de uma fita métrica flexível de metal (Sanny, Brasil) com precisão de 1mm e capacidade de medida de 200cm. Nestas medidas, a fita métrica foi posicionada horizontalmente no ponto de menor circunferência entre a crista ilíaca e a última costela para a CC e no ponto de maior volume do glúteo máximo para a circunferência do quadril13.

    Para a mensuração da força de preensão manual foi utilizado um dinamômetro ajustável às medidas da mão, confeccionado para acoplar um transdutor de força de tração-compressão (EMG System, Brasil) com range de 0-200 kg, o qual é conectado a um módulo de aquisição de dados modelo EMG800C (EMG System, Brasil), calibrado com um ganho de 2000 vezes e com uma taxa de amostragem de 2khz. O transdutor de força gera um sinal elétrico (mV) de amplitude proporcional à carga aplicada, sendo o sinal registrado e armazenado em um computador através do software Aqdata5 for Windows® (Ohio, USA) e convertido de Newton (N) para quilograma-força (Kgf.) através do coeficiente de calibração e apresentado em gráficos de força (Kgf.) x tempo (s), permitindo o armazenamento, leitura e interpretação dos dados.

    A coleta dos dados de força de preensão manual seguiu as orientações da American Society of Hand Therapists14. Os indivíduos foram orientados a executar uma contração máxima quando disparado um sinal sonoro e sustentar a contração por 6 segundos. Cada indivíduo realizou três tentativas de preensão com cada mão, com intervalo de dois minutos entre cada tentativa, sendo primeiramente testada a mão direita e logo em seguida a mão esquerda.

Análise estatística

    Os dados foram tratados pelo programa estatístico SPSS 14.0 e apresentados como média e desvio padrão e valores mínimos e máximos. A normalidade dos dados foi verificada através do teste de Shapiro-Wilk. Utilizou-se o teste de Mann-Whitney para as comparações intergrupos dos indicadores antropométricos (masculino vs feminino). A fim de comparar os dados da força muscular de preensão manual entre os dimídios (direito vs esquerdo) e entre ambos os gêneros (masculino vs feminino), foi realizado o Teste de ANOVA one way, seguido do post hoc de Scheffé. O estudo admitiu o nível de p<0.05 para a significância estatística.

Resultados

    A quantidade relativa de indivíduos com valores de CC e RCQ acima das referências da classificação do estado nutricional dado pelo IMC15 é apresentada na tabela 1. Nota-se que os indivíduos do sexo masculino eutróficos e com sobrepeso não apresentaram acúmulo de gordura abdominal/visceral conforme o indicador CC. Somente um sujeito eutrófico do sexo masculino (14,2%) apresentou acúmulo de gordura abdominal segundo o indicador RCQ 16. Dos sujeitos do sexo feminino eutróficos, somente um (20%) apresenta acúmulo de gordura abdominal/visceral de acordo com o indicador CC16. Pode-se observar que (83,3%) dos sujeitos do grupo masculino com sobrepeso, apresentam acúmulo de gordura abdominal/visceral segundo o indicador RCQ. Os sujeitos obesos de ambos os grupos apresentam acúmulo de gordura abdominal/visceral segundo os indicadores CC e RCQ. A RCQ mostra acúmulo de gordura central em 100% dos homens e mulheres obesas, enquanto o indicador CC aponta que 80% dos homens obesos e 100% das mulheres obesas apresentam acúmulo de gordura central.

Tabela 1. Classificação dos sujeitos com valores de CC e RCQ conforme o estado nutricional (IMC/Sexo)

Classificação

Masculino

Feminino

CC

RCQ

CC

RCQ

n

%

n

%

n

%

n

%

Eutrofico

-

-

1

14.2

1

20.0

-

-

Sobrepeso

-

-

5

83.3

2

100.0

2

100.0

Obesos

4

80.0

5

100.0

8

100.0

8

100.0

CC = circunferência de cintura, RCQ = razão cintura quadril.

    Os índices antropométricos dos grupos masculino e feminino são apresentados na tabela 2. Na análise das variáveis por gênero não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nas médias do IMC e do CC do grupo masculino quando comparado com o feminino. O grupo feminino apresentou valores médios de IMC e CC superior e inferior ao grupo masculino, respectivamente. No índice RCQ, verifica-se que a média do grupo masculino foi superior a média do grupo feminino de forma significativa (p<0.05).

Tabela 2. Índices antropométricos de IMC, RCQ e CC dos indivíduos portadores de síndrome de Down analisados na amostra (masculino vs feminino)

Variáveis

Masculino (n=18)

Feminino (n=15)

D

valor-p

IMC

27.68 ± 5.97

29.67 ± 5.64

-1.99

0.286

RCQ

0.93 ± 0.08

0.87 ± 0.09

0.06

0.032*

CC

88.22 ± 14.30

86.77 ± 11.64

1.45

0.928

IMC = índice de massa corporal (kg/m2); RCQ = razão cintura quadril; CC = circunferência de cintura (cm). D = diferença absoluta.

*p<0.05 para homens vs mulheres. Valores em média e DP (±).

    Os resultados da análise descritiva da força muscular de preensão manual são apresentados na tabela 3. Todos os dados de ambos os gêneros se mostraram com uma distribuição próxima da curva normal.

Tabela 3. Resultados descritivos e análise de normalidade da força de preensão manual em ambos os sexos 

(masculino e feminino) e lados (direito e esquerdo) dos portadores da síndrome de Down da amostra pesquisada

 Grupos

Média ± Desvio padrão

mínimo

máximo

valor-p (SW)

Feminino

mão direita

23.39 ± 1.07

14.14

31.16

0.987

mão esquerda

22.13 ± 1.01

12.16

27.51

0.458

Masculino

mão direita

32.92 ± 1.51

17.73

44.5

0.435

mão esquerda

30.64 ± 1.20

17.85

39.6

0.615

SW= teste de normalidade de Shapiro-Wilk; Valores em kg/f.

    A figura 1 apresenta a comparação dos resultados da força isométrica de preensão manual da amostra; pode-se observar diferença significativa (p<0,05) entre os sexos, tanto na mão direita (p=0,001) quanto na mão esquerda (p=0,001). Verificaram-se os maiores valores de força para os homens em relação às mulheres. Não se obteve diferenças significativas entre os lados direito e esquerdo do mesmo sexo, tanto para o masculino como para o feminino.

Figura 1. Apresentação dos valores das diferenças (D) de média da força muscular de preensão manual dos portadores 

de síndrome de Down do grupo feminino (GF) vs grupo masculino (GM); mão direita (D) vs mão esquerda (E)

GF=grupo feminino; GM=grupo masculino; D=mão direita; E=mão esquerda. D = valores das diferenças absoluta de médias em kg/f. * p<0,05.

Discussão

    No presente estudo, investigou-se o perfil dos indicadores de obesidade IMC, CC e RCQ e da força muscular de preensão manual em portadores da síndrome de Down (SD). Os resultados foram discutidos com estudos realizados com jovens e adultos portadores da SD e com sujeitos da população geral.

    Neste sentido, os achados encontrados nos portadores da SD do presente estudo no indicador antropométrico RCQ indicam um padrão de obesidade andróide para os grupos feminino e masculino. Outros estudos7,17 corroboram que há um maior risco cardiovascular entre estes indivíduos. No entanto, Villagra et al.18 analisaram 504 sujeitos portadores da SD entre 6 e 16 anos de ambos os gêneros e observaram que o padrão de obesidade da amostra seguia a característica conforme o gênero, andróide para os homens e ginóide para mulheres; esta distribuição do tipo de gordura corporal pode ser explicada em função dos participantes desse estudo serem compostos, na sua maioria, por desportistas, diferindo-se dos sujeitos da presente investigação.

    A análise referente ao indicador CC mostrou que neste estudo o acúmulo de gordura abdominal/visceral nos portadores femininos da SD foi muito presente, pois 100% das mulheres obesas apresentaram gordura central. Isto possibilita inferir que estes sujeitos apresentam alto risco de desenvolverem doenças crônicas degenerativas como as doenças cardiovasculares, as ateroscleróticas, a hipercolesterolemia e hipertensão, corroborando as investigações de Martins e Marinho19, em que as mulheres com SD também apresentaram maiores riscos de obesidade centralizada tomando-se como referência o indicador CC.

    Balic et al.20 realizaram uma pesquisa em atletas com SD e não atletas com SD, e encontraram para o IMC os valores de 25,7±4,0 e 28,1±4,3 kg/m2, respectivamente, assim como os sujeitos com SD do estudo de Guijarro et al.21 que apresentaram uma média de 26,3±4,2 kg/m2. Observa-se que nestes estudos os portadores da SD se apresentaram numa classificação nutricional em sobrepeso15, corroborando os achados da presente pesquisa em que os grupos masculino e feminino obtiveram a mesma classificação.

    Ainda observando-se os sujeitos masculinos com SD do presente estudo, verificou-se uma menor prevalência de sobrepeso (33,3% vs 41,1%) e maior prevalência de obesidade (27,8% vs 8,9%) quando comparados aos indivíduos da população geral brasileira22 em função do IMC. Entretanto, no grupo feminino, a prevalência de sobrepeso de 13,3% é inferior aos 40% observados em mulheres da população geral. Para a obesidade, o grupo feminino apresentou uma prevalência de 53,3%, superior aos 13,1% da população geral feminina22. Os achados da presente investigação são corroborados por Silva et al.23 que mostraram que a obesidade foi maior entre homens e mulheres com SD em relação à população geral portuguesa.

    A força muscular de preensão manual foi outra variável de análise nos indivíduos portadores de síndrome de Down deste estudo. Verificou-se que o grupo masculino apresentou valores maiores que o grupo feminino (p<0,05), porém, sem diferenças entre mão esquerda e mão direita de forma intragrupos. Estes achados são corroborados pelos estudos de Moreira et al.24, que encontraram maiores níveis de força muscular de preensão manual para homens em relação a mulheres em todas as faixas etárias. Ambos os estudos utilizaram o handgrip para avaliar a força muscular nos sujeitos com SD, assim como outras pesquisas também utilizaram o mesmo instrumento de avaliação11,10,25.

    Carmeli et al.26 compararam a força muscular entre portadores de retardo mental (RM) e RM com SD. Os resultados mostraram que o grupo com apenas RM apresentaram maiores níveis de força nos músculos extensores e flexores do joelho quando comparado ao grupo RM com SD, enfatizando que a hipotonia muscular é uma característica dos indivíduos portadores da SD independente do grupo muscular avaliado.

    Godoy e Barros11 avaliaram 56 sujeitos (28 normais e 28 SD), encontrando em seus estudos que as mulheres e os homens normais, apresentaram valores médios para a força de preensão palmar maiores que os portadores de SD, tanto para mão direita quanto para mão esquerda. O presente estudo confirma a pesquisa anteriormente citada, pois a media da força de preensão dos homens foi superior ao das mulheres. Muito embora o estudo de Godoy e Barros11 faça um comparativo da força entre portadores e não portadores da SD, o estudo demonstra que independentemente do sexo e do grupo estudado, os portadores da SD apresentaram reduzida força muscular, quando comparados a indivíduos normais.

    Perez17 avaliou portadores da SD pré-púberes e púberes de ambos os sexos e concluiu que houve um predomínio da força de preensão nos meninos quando comparado às meninas. O estudo relatado apresenta dados semelhantes a presente pesquisa, mesmo tendo sido realizado em indivíduos pré-púberes e púberes.

    O presente estudo mostrou que a força de preensão manual em indivíduos portadores da SD é maior no sexo masculino do que no sexo feminino, concordando desta forma com outras pesquisas27,24,28 cujos resultados indicaram maior força de preensão para homens em relação a mulheres em todas as faixas etárias.

    Embora a presente pesquisa não tenha realizado nenhum tipo de intervenção, alguns estudos29,30,31 têm demonstrado um aumento significativo da força em sujeitos portadores da SD após um programa de treinamento de força ou resistência. Tsimaras e Fotiadou32 além de encontrarem aumento significativo de força muscular, também reportaram melhora significativa (p<0,05) no equilíbrio dinâmico de portadores de SD, submetidos a um programa de treinamento de exercícios de equilíbrio, pliométricos e de carga adicional, quando comparados a um grupo controle.

Conclusão

    Conforme os achados do presente estudo os indicadores antropométricos mostraram que os portadores da sindrome de Down estão sujeitos a doenças cronico degenerativas decorrentes do excesso de peso e do acumulo de gordura visceral. Os níveis de força de preensão manual destes indivíduos se apresentaram maiores no sexo masculino quando confrontado com o sexo feminino tanto para a mão direita quanto para a mão esquerda. Assim, sugere-se o acompanhamento destas variáveis em pesquisas que realizem treinamento físico, para verificar as possibilidades de redução de riscos à saúde e o aumento da força muscular voltada para as atividades cotidianas, e ainda que utilizem grupos de comparação.

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