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Mobiliário escolar e a realidade brasileira

Mobiliario escolar y la realidad brasileña

 

Graduado em Fisioterapia na Universidade Católica de Petrópolis

Especialista em Ergonomia na Universidade Gama Filho

(Brasil)

Andrês Valente Chiapeta

andreschiapeta@gmail.com

 

 

 

Resumo

          Este trabalho teve como objetivo demonstrar a inadequação do equipamento mobiliário no ambiente escolar tendo em vista a falta de um critério que lhes atenda nos requisitos binominal saúde/segurança para adequação de um mobiliário escolar promissor. Foram coletados dados referentes a queixas musculoesqueléticas, alterações morfológicas da coluna, dados antropométricos, dimensões do conjunto cadeira-mesa, analise da distribuição de pressão corporal e fatores ergonômicos da posição sentada. Os dados apontam uma grande inadequação ergonômica do mobiliário frente as diferentes necessidades de seus usuários, em destaque para a demanda da altura da cadeira e mesa. Pelo exposto foi objetivo deste estudo a comunidade escolar e a sociedade como um todo os efeitos danosos quando da utilização de imobiliários inadequados.

          Unitermos: Mobiliário escolar. Alteração postural. Desconforto

 

Abstract
          This study aimed to demonstrate the inadequacy of equipment furniture in the school environment for the lack of a criterion which meets the requirements binomial health / fitness security for a promising school. We collected data on musculoskeletal complaints, morphological changes of the spine, anthropometric data, size of table-chair set, analyze the distribution of body pressure and ergonomic factors in the sitting position. The data show a large mismatch ergonomic furniture front of the different needs of their users, in reference to the demand of the height of the chair and table. Therefore aim of this study was the school community and society as a whole when the harmful effects of inappropriate use of property.
          Keywords: School furniture. Amendment postural. Discomfort

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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1.     Introdução

    Em um ambiente escolar tem-se observado uma grande dificuldade em se adaptar o mobiliário escolar aos alunos. Muito das vezes nos deparamos com alunos de diferentes estaturas e pesos dividirem uma mesma carteira em momentos diferentes do dia.

    Portanto, inteirar-se e conhecer acerca do assunto é uma necessidade maciça e urgente para que se transforme a consciência ergonômica e física do público escolar em uma realidade. Vale aqui ressaltar que a utilização equipamento mobiliário adequado é um importante apoio à eficiência dos métodos pedagógicos, conseqüentemente, da aprendizagem.

    Estudos realizados por Nunes, Almeida, Hendrickson e Lent (1985), citado por Moro (2005), evidenciaram que o design do mobiliário escolar é inadequado. Do mesmo modo, tais pesquisas mostrara um estreito elo de influência de interação carteiras escolares x problemas médicos, segurança e indisciplina durante as aulas.

    Pode-se listar tal problemática como um influxo direto e marcante de comportamentos indesejáveis na sala de aula, realização de barulhos repetitivos, como também, na mesma intensidade, pode-se dizer que com uma cadeira mais confortável, dentro, dos parâmetros que se quer implantar é possível a feição de um comportamento acadêmico apropriado no interior da escola, evidenciando-se, assim, o primeiro indício de uma nova mentalidade e o crescimento da consciência social sobre a adequação do mobiliário escolar.

    Essa discussão torna-se necessária num momento em que se percebe que as crianças entram para escola, na maioria das vezes, sem problema de postura; depois alguns anos saem com uma postura comprometida. A principal causa de tais problemas pode ser embasada nos postulados de Mandal (1986), citado por Moro (2005), que apontam para mobiliários cadeira-mesa inclinadas para trás, com a superfície da mesa na posição horizontal, onde, em uma tentativa direta de se acomodarem, as crianças inclinam-se sobre a superfície da mesa o que resulta em um alto índice de compressão na região de suas vértebras lombares.

    De início, parece evidente supor que as formulações sustentadas há mais de 32 anos por Kao (1976), citada por Moro (2005), ainda se faz verdade, ou seja, a utilização dos conhecimentos ergonômicos no contexto escolar são ínfimos e isso implica numa maior responsabilidade por parte dos estudiosos da área.

    A discussão da temática neste estudo objetivou-se alertar a comunidade escolar e a sociedade em geral para os efeitos danosos decorrente da utilização de imobiliários inadequados.

2.     Metodologia

    São muitos os caminhos que se pode percorrer na elaboração de um trabalho de pesquisa. Em se tratando de uma pesquisa bibliográfica, dialoga-se com Cervo e Bervian (1983:55), para os quais:

    A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referência teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas do passado existentes sobre um determinado assunto ou problema.

    Especificamente nesta pesquisa, procurou-se dialogar com autores que se detiveram no estudo sobre antropometria e biomecânica para a construção de carteiras escolares ergonômicas, pois entende-se que desse exercício poder-se-á obter uma maior compreensão teórica do assunto, que permitirá, posteriormente, ampliar conhecimentos subsidiando na compilação de critérios que atendam aos requisitos do binômio saúde/segurança.

3.     Revisão de literatura

    Os problemas encontrados em sala de aula, tomando como base a literatura ergonômica no que se refere à inadequação do mobiliário cadeira-mesa e as características antropométricas e biomecânicas dos alunos, são abusivos e desrespeitosos; e o que é pior, os dados referentes às pesquisas biomecânicas sobre o assunto, são pouco ou nada utilizados pela sociedade brasileira particularmente no ambiente escolar.

    Para tanto deve-se iniciar com os insumos oferecidos por Moro et al. (1997) que acreditam que o mobiliário escolar, conjuntamente com outros fatores físicos, se transforma notadamente em um elemento da sala de aula que pode influenciar diretamente no desempenho, na segurança, no conforto e no fator comportamental do aluno que o utiliza.

    Complementando esse pensamento, Nunes et al (1995) vai mais além e cita traduzidamente, essa influência em uma linguagem mais mecânica:

    O mobiliário, em função dos requisitos da tarefa, determina a configuração postural dos usuários e define os esforços, dispêndios e constrangimentos - elementos essenciais para a adoção de comportamentos diversos - estabelecidos numa jornada de trabalho em sala de aula, além de manter vínculo restrito com a absorção do conhecimento (Nunes et al, 1995: 45).

    Como afirmaram Reis et al. (2003), o assunto em tela, na sua interpretação fica evidenciado que a maioria das escolas públicas do Brasil possuem mobiliário escolar inadequado. Os autores esclareceram que o mesmo mobiliário escolar é utilizado nos três turnos com clientelas diferentes, ou seja, indivíduos com medidas antropométricas diferenciadas. A título de exemplo e enfatizando a gravidade da situação, os autores ressaltaram que a altura poplítea fica próxima de 27 cm em crianças de 7 anos de idade, e até 50 cm em adultos de 18 anos. Considerando-se que uma criança passa 11 anos do ensino fundamental até o médio nos bancos escolares, é tempo mais do que suficiente para moldar esse aluno por meio dos hábitos inadequados, que podem levá-lo a uma série de desordens músculo-esquelético, comprometendo a sua saúde e o seu rendimento.

    Ao formular o resultado de seus estudos sobre o mesmo assunto, Moro (2005) afirmou que no Brasil faltam dados antropométricos confiáveis: tanto da população infantil, quanto da adulta, o que dificulta decidir-se sobre os parâmetros adequados. Nesse sentido, sugeriu o autor um mobiliário escolar do tipo regulável, que no momento de uso se apresente como a mais exata adequação ergonômica.

    Carvalho citado por Siqueira et al (2008) também trouxe seu parecer descrevendo que cadeiras inadequadas geram postura errada que pode comprometer a coluna lombar, cervical, MMSS, como também deficiências circulatórias nos MMII. No entendimento do autor, as cadeiras que permitem a adaptação do aluno e não o inverso são as de melhor qualidade ergonômica, considerando que elas possibilitam alternância de posição, evitando-se o desconforto da posição mais freqüente que é a sentada por períodos prolongados.

    Com objetivo de verificar a adequação ergonômica das salas de aula e o nível de conforto atribuído pelos alunos ao ambiente escolar de uma instituição privada do ensino superior na cidade do Recife, Siqueira et al (2008) realizaram um estudo com uma amostra composta de 126 estudantes. Utilizaram-se de um questionário, elaborado pelos pesquisadores, com o objetivo de avaliar o nível de conforto das salas de aula percebido pelos alunos e a presença de queixas de dores músculo-esquelético. Além disso, apresentava questões referentes a distúrbios osteomusculares, presença e localização de sintomas de dor.

    Com relação à percepção de conforto das variáveis ambientais da sala de aula em comparação com o percebido como o ideal, evidenciou-se que 73 (57,94 %) dos entrevistados não se sentiam confortáveis no ambiente universitário, relatando que o fator principal de desconforto eram as cadeiras das salas que correspondiam a 121 (96,03%) reclamações.

    No que se refere as mensurações das cadeiras obtidas através da avaliação ergonômica, bem como à comparação e classificação, seguindo as normas da ABNT NBR 14006:1997 e de acordo com as medidas antropométricas, constatou-se que somente a largura do assento foi classificada como ideal. As demais mensurações foram consideradas inadequadas; portanto, inapropriada para os estudantes avaliados

    Ao analisar a postura adotada pelos alunos durante as aulas, identificou-se que 113 (89,68 %) apresentaram posturas inadequadas, com desalinhamento dos seguimentos corporais, e que somente 13 alunos apresentaram uma postura biomecanicamente correta.

    No que se refere aos distúrbios musculoesqueléticos observou se que 104 (82,54 %) relataram uma ou mais queixas de dor. Dentre estes, 75 (60,32 %) afirmaram que esses sintomas atrapalhavam suas atividades extraclasse. Quanto à localização da dor, verificou-se que 210 (61,40 %) informaram que estavam localizadas na coluna; sendo que 75 (35,71 %), na coluna lombar e 74 (35,24 %), na coluna cervical.

    Diante desses achados, Siqueira et al (2008) ressaltaram a importância do aperfeiçoamento ergonômico da cadeira, a criação de critério de adequação ergonômica que atenda aos requisitos de saúde e segurança no ambiente escolar, de forma a prevenir o aparecimento de lesões e alterações músculo-esqueléticas nos alunos.

    As evidências parecem justificar a importância que Siqueira et al (2008) atribuíram ao aperfeiçoamento ergonômico e à criação de critério de adequação ergonômica, o que não ficou claro, de difícil compreensão, é o descaso do poder público, sabendo-se que mobiliários escolar inadequados são responsáveis por processos de instalação de agravos à saúde, sobretudo à do aparelho locomotor, especificamente à saúde da coluna e do tronco.

    Nesse contexto, Moro (2005) realizou uma pesquisa experimental no laboratório de biomecânica, aplicando-se um questionário com o objetivo de saber (dos alunos) sobre a relação entre a carteira escolar e sua escola e conseqüências de sua utilização. O questionário foi composto de 7 questões objetivas e 2 questões que continham imagens, nas quais os alunos teriam que marcar a que assinalasse a sua postura, como também, a que achassem ser correta para sentar e, 1 questão contendo o diagrama do corpo para que assinalassem a região do corpo onde sentiam dores ou desconfortos, durante o período escolar.

    Para o estudo experimental, o pesquisador selecionou 4 alunos com idade média de 11 anos, da rede pública de ensino que não apresentavam relatos de desordens posturais. Pediu aos alunos para executarem uma tarefa de escrever sentados, respectivamente em dois conjuntos diferentes de mobiliário escolar, sendo um do tipo tradicional e o outro regulável. Por meio dos dados coletados através do questionário aplicado a 93 alunos da escola pública estadual, verificou-se que 78% das respostas referiram-se a problemas com as cadeiras escolares. Analisando a questão, no que se refere à postura, naquela em que mais se permanecia sentado na carteira escolar, de 10 fotos em diferentes posturas, chama atenção para o fato de que a maioria dos estudantes, quando em atividades de leitura e escrita, apóia a cabeça na mão, procurando amenizar os efeitos da força peso, dos segmentos da cabeça e do tronco, que são projetados a frente, no mobiliário tradicional. No que se refere à questão, em que foi solicitado ao aluno marcar no diagrama do corpo humano o local de aparecimento de dores ou desconfortos durantes as atividades na carteira escolar, 54 % dos relatos evidenciaram a região da nuca e do pescoço.

    Para que se alcance o objetivo deste estudo, ainda que preliminarmente, no que se refere à importância de um ambiente escolar ergonomicamente adequado, é necessário apontar aspectos considerados relevantes para que possa ratificar a obrigatoriedade do mobiliário escolar ergonomicamente adequado. Nesse sentido, vale ressaltar que carteiras impróprias obrigam o aluno a adotar posturas incorretas que, quando mantidas por longo tempo, provocam dores no conjunto de músculos solicitados para a manutenção dessa postura.

    Estabelecendo um paralelo entre as preposições de Moro e com propósito de quantificar o número de alterações posturais na região da coluna vertebral Jassi e Pastre (2004) analisaram 169 crianças da primeira a sexta série do ensino fundamental de duas escolas públicas da cidade de Adamantina SP com idades entre 6 e 11 anos. A pesquisa foi realizada em duas etapas: na primeira, as crianças foram pesadas e verificadas suas alturas; na segunda, realizou-se a avaliação postural.

    Os resultados obtidos mostraram que a principal alteração encontrada na região cervical foi a retificação 11,1 %, sendo a quarta série a sala em que houve maior número de crianças com essa alteração; na região torácica, a principal alteração foi a hipercifose, sendo acometidos 25,4 % dos estudantes; a segunda série foi a sala de maior ocorrência dessa alteração. Na coluna lombar, notou-se que a principal alteração foi a hiperlordose, 15,4 %, e a quarta série foi a que apresentou número maior dessa alteração. A escoliose apresentou uma incidência de 24,3 % dos estudantes; e a sala de maior ocorrência foi a quarta série. As alterações menos freqüentes na coluna foram as retificações em todos os seus níveis, cervical, torácico e lombar, registrando baixa prevalência em relação às demais condições em todas as salas investigadas.

    Os resultados apontam para a inferência do quanto é importante detectar precocemente as alterações morfológicas da coluna para que se possa intervir de forma preventiva. É também importante destacar “o direito a saúde”, expresso na Carta da Organização das Nações Unidas. De acordo com a lei nº 9.394, a educação é um dever da família e do Estado (Brasil, 2004). Para promover o desenvolvimento pleno dos alunos, as escolas devem oferecer boas condições de ensino, dentre outras estão as condições sociais e “ambientais”.

    Na pesquisa tudo é construção, tudo é processo e tudo é produto, tudo é conteúdo. Assim, buscou-se analisar através da distribuição de pressão corporal e fatores ergonômicos a posição sentada. Neste sentido, Reis et al (2003), coletaram dados referentes às queixas músculo- esqueléticas, dados antropométricos, dimensões de conjunto cadeira – mesa e medida da pressão glútea, através do sistema F.Scam. O resultado encontrado mostrou um alto índice de ocorrência de desconforto na seguinte ordem de importância: região dos pés e tornozelo, região glútea, região posterior das coxas, coluna vertebral, joelho, pescoço e cintura escapular.

    O autor esclareceu que, conforme a superfície do assento, o aumento da pressão se distribui para outras regiões das nádegas e das pernas que, por não serem adequadas para suportar as pressões, causam estrangulamento da circulação sangüínea nos capilares, provocando dores e fadiga.

    Esses achados confirmam evidências apresentadas na literatura no sentido de que mobiliário escolar inadequado oferece risco à saúde, causando dores nas costas, nas regiões cervicais, glúteas e lombares como também MMII.

    Nesta mesma linha de interpretação dos fatos, em seus estudos, Reis et al (2003) buscaram pesquisar os efeitos patológicos da mesa alta na articulação dos ombros das crianças em crescimento, ou seja, o mobiliário escolar inadequado. Para tanto, a amostra foi constituída por 80 alunos da primeira série do ensino fundamental, sendo 50% do sexo feminino e 50% do sexo masculino, com idade média de 7 anos. Como avaliação, utilizaram-se de medições antropométricas e de diagrama corporal para identificar desconfortos corporais. As crianças deveriam localizar e assinalar o local dos sintomas de dores.

    Complementando o estudo, o mobiliário da escola foi medido para efeito de comparação e análise.

    Os resultados obtidos sugeriram que a postura sentada, somando-se ao mobiliário escolar inadequado, são os principais responsáveis pelos sintomas de dores, principalmente na região dos ombros, pescoço e coluna vertebral responsáveis por 80% das queixas de dores relatadas pelos alunos.

    Quanto às medidas do mobiliário escolar, os pesquisadores detectaram que a altura da mesa era de 72cm, o que impossibilita que a criança fique confortavelmente sentada por não conseguir colocar os pés no chão, prejudicando a realização das tarefas do cotidiano escolar e a saúde; como também a articulação do ombro, devido ao fato de permanecer em abdução excessiva, pressionando as bursas e viabilizando o surgimento das dores.

    Sem dúvida alguma, entre o universo de variáveis que representam o aspecto morfológico, aquelas variáveis que procuram evidenciar informações quanto à intervenção preventiva sobre as alterações recentemente realizadas, e pensando nas pesquisas aqui registradas, é que estudos morfo-funcionais da coluna vertebral, merecem destaque.

    Durante o período de 1996 a 2003, alunos regularmente matriculados em escolas da rede pública da cidade de Piracicaba foram submetidos a avaliações e orientações posturais em um estudo realizado por Teodori et al (2004). Pelos resultados obtidos na avaliação de 7185 alunos, observou-se que 1124 apresentaram algum tipo de comprometimento na coluna vertebral. Constatou-se 136 casos de hipercifose; 588 de má postura e 400 casos com indícios de escoliose, sendo 242 do tipo funcional e as demais, totalizando 158, classificadas como estruturais.

    No entendimento dos autores, vários são os motivos que interferem de forma negativa na postura dos pré-adolescentes e adolescentes, dentre eles o mobiliário escolar, posturas viciosas, bolsas inadequadas, falta de exercícios, desnutrição, estado emocional e excesso de peso corporal.

    Portanto, é de grande importância verificar as prováveis causas de comprometimento da coluna vertebral. Dessa forma, podem ser definidos os elementos envolvidos nos problemas de inadequação de mobiliário escolar para que se possa intervir, de forma preventiva, através de orientações posturais, de realização de palestras sobre a estrutura da coluna vertebral e suas alterações mais freqüentes, dentre outras formas de prevenção.

    Constatou-se que, no que tange à inadequação do mobiliário escolar, medidas urgentes deverão ser tomadas, por parte de nossos governantes, para que as escolas tenham condições de desempenhar suas funções de formação de pessoas cidadãs, sem que, para isso, provoquem desordens posturais nos alunos.

    Todavia, convém circunscrever essas reflexões em estudos recentemente realizados, pois é pensando nas pesquisas aqui registradas que se pode concluir que precisam ser colocadas em prática as inúmeras teorias defendidas e demonstradas.

4.     Considerações finais

    Apesar do avanço tecnológico, da crescente preocupação com problemas de postura, muitas escolas continuam estagnadas, apresentando uma visão de mundo, como também administrativo, limitada. As crianças continuam utilizando-se de mobiliários inadequados durante a vida escolar.

    Esse fato leva a acreditar num distanciamento e numa incompreensível relutância em não se considerar o ser humano como um todo, dentro de um universo em que seja possível atingir o seu pleno desenvolvimento.

    Neste sentido, este estudo resultou em uma busca bastante significativa que envolve o Estado, a escola, os educadores e a comunidade na busca de soluções variadas e adequadas para problemas ergonômicos encontrados no ambiente escolar. Comprovadamente tais problemas comprometem a qualidade de vida dos alunos. Porém, fica uma dúvida: como tornar realidade a adequação de mobiliário escolar que atenda aos aspectos ergonômicos?

    Embora costuma-se ouvir que o número de publicações na área de ergonomia não são significativas, observam-se vários estudos que analisam a questão do mobiliário escolar com controle rígido das variáveis e critérios metodológicos. Contudo, a solução permanece no campo da teoria, com uma riqueza de informação, que gera o conhecimento. Entretanto, na prática, desde o início das pesquisas nada ou quase nada mudou.

    Ao levantar o problema proposto neste estudo, que hoje pode parecer uma ideologia, e sair do discurso para estimular o desenvolvimento de estratégias que tornem real o oferecimento de um ambiente escolar adequado ergonomicamente, foi possível detectar a solução para os problemas atinentes à saúde, à qualidade de vida, à aprendizagem, atingindo, assim, a verdadeira cidadania.

Referências bibliográficas

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  • REIS, P.; MORO, A. R. et al. Constrangimento na articulação escápulo-umeral em escolares do ensino fundamental: um problema de inadequação ergonômica. Congresso Internacional de Educação Física – FIEP – Foz do Iguaçu, 2003.

  • SIQUEIRA, G. R. et al. Inadequação ergonômica e desconforto das salas de aula em instituição de ensino superior do Recife-PE. 2008.

  • TEODORI, R. M. et al. Educação em saúde como princípio básico para prevenção de alterações da coluna vertebral em escolares. 2º congresso brasileiro de extensão universitária. Belo Horizonte. 2004.

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