efdeportes.com

Programa de exercícios físicos para hipertensos: 

aplicação em Unidades Básicas de Saúde da Família

Programa de ejercicios físicos para hipertensos: aplicación en Unidades Básicas de Salud de Familia

 

*Graduação em Serviço Social e Educação Física

Secretaria de Saúde Pública do Município de Campo Grande, MS

**Instituto de Ensino Superior da Funlec – IESF, Campo Grande-MS

Escola de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul – ESP/SES/MS

Cícero Nogueira da Silva*

Joel Saraiva Ferreira**

joelsaraiva@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como objetivo analisar o comportamento dos valores pressóricos de pessoas hipertensas que praticam exercícios físicos regularmente. Vinte indivíduos escolhidos aleatoriamente, com diagnóstico clínico de hipertensão arterial e idade superior a 40 anos, foram acompanhados durante um período de 10 meses consecutivos. Os valores pressóricos dos participantes foram aferidos regularmente e estes indivíduos foram submetidos a um programa de exercícios físicos. Verificou-se que os valores pressóricos médios passaram de 140 mmHg para 130 mmHg na Pressão Arterial Sistólica e de 90 mmHg para 80 mmHg na Pressão Arterial Diastólica, comparando-se os dados do primeiro e do último mês do estudo. Com isso, conclui-se que a prática sistematizada e orientada de exercícios físicos, realizados por indivíduos com mais de 40 anos de idade, mesmo aqueles que já possuem o diagnóstico de hipertensão arterial, muito contribui para a manutenção e o controle dos valores pressóricos.

          Unitermos: Hipertensão arterial. Exercício físico. Saúde pública

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

1 / 1

Introdução

    A hipertensão arterial é definida como a elevação crônica da pressão arterial sistólica e/ou diastólica e essa doença vem se transformando progressivamente num dos mais graves problemas de saúde pública, atingindo crianças, adultos e em especial os mais idosos 1.


    Estima-se que a hipertensão arterial atinja aproximadamente 20% da população adulta brasileira, sendo responsável por altos percentuais de casos de acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio e aposentadorias precoces, além de significar um custo elevado de internações ao Sistema Único de Saúde do Brasil 2.

    No município de Campo Grande, capital do Estado do Mato Grosso do Sul, a situação relacionada à prevalência de hipertensão arterial não é diferente, apresentando-se de forma igualmente preocupante. Este fato comprova-se pelos dados de um estudo recentemente realizado nessa localidade, o qual evidenciou uma prevalência média de 41,4% de hipertensos na população com idade acima de 18 anos, com valores variando conforme o gênero, o nível de escolaridade, a composição corporal e a faixa etária dos indivíduos 3.

    A identificação de vários fatores de risco para hipertensão arterial, tais como: a hereditariedade, a idade, o gênero, o grupo étnico, a obesidade, o etilismo, o tabagismo e o uso de anticoncepcionais orais, muito colaboraram para os avanços nas medidas preventivas e terapêuticas dos altos índices pressóricos, que abarcam os tratamentos farmacológicos e não farmacológicos. Em geral, as intervenções não farmacológicas têm sido destacadas na literatura pelo baixo custo, risco mínimo e pela eficácia na diminuição da pressão arterial. Entre elas estão: a redução do peso corporal, a restrição alcoólica, o abandono do tabagismo e a prática regular de atividade física 4.

    Diante destes dados, é evidente a importância da busca por medidas preventivas eficientes, a fim de reduzir o crescimento da incidência de hipertensão arterial entre os brasileiros, especialmente entre os adultos com idade mais avançada. Considerando ainda os argumentos expostos, entende-se que a prática regular de exercícios físicos representa um importante aliado na prevenção e tratamento da hipertensão arterial. Contudo, é muito importante que os exercícios físicos sejam sistematizados, com regularidade e periodicidade o mais uniforme possível, pois o treinamento físico provoca importantes alterações autonômicas e hemodinâmicas que vão influenciar o sistema cardiovascular. Essas alterações cardiovasculares provocadas pelo exercício físico são também observadas na pressão arterial, quando os níveis pressóricos de repouso e durante o exercício submáximo para a mesma potência absoluta são reduzidos após o treinamento físico aeróbico 5.

    Considerando tais condições, realizou-se este estudo, o qual teve como objetivo analisar o comportamento dos valores pressóricos, num período de 10 meses consecutivos, de pessoas hipertensas que praticam exercícios físicos regularmente em Unidades Básicas de Saúde da Família, no município de Campo Grande-MS.

Material e métodos

    Foram acompanhadas vinte pessoas de ambos os gêneros, com idade superior a 40 anos, participantes de um projeto de atividades físicas orientadas, denominado Projeto Viver Legal, o qual é desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde Pública de Campo Grande-MS (SESAU), em quatro Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), localizadas no Distrito Sanitário Sul deste município. Estes indivíduos foram escolhidos aleatoriamente entre os participantes do Programa de Hipertensos, realizado nestas UBSF.

    Os participantes tinham diagnóstico clínico de hipertensão arterial no início do estudo, sendo este o principal critério de inclusão. Todos foram submetidos a aferição de pressão arterial, por meio do método auscultatório com auxílio de esfigmomanômetro de coluna de mercúrio6 nos dias de prática de exercício físico, durante um período de 10 meses consecutivos, iniciando em fevereiro de 2007 e encerrando em novembro do mesmo ano. Também aplicou-se um questionário com o intuito de obter informações referentes ao gênero, idade e escolaridade do grupo estudado.

    Variáveis antropométricas também foram coletadas, sendo obtidas no primeiro mês do estudo com a utilização de equipamentos específicos para a mensuração do peso corporal (balança digital com precisão de 100 g), estatura (estadiômetro com precisão de 0,1 cm) e circunferência da cintura (fita métrica antropométrica com precisão de 0,1 cm). Posteriormente realizou-se o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) com o uso da equação: IMC = peso corporal (kg) ÷ (estatura x estatura).

    A prática da atividade física realizada durante o período de estudo constituiu-se de caminhada orientada por profissionais de Educação Física, com duração média de 50 minutos, com freqüência semanal de três vezes por semana, realizadas em parques ou praças esportivas localizadas na região dos bairros atendidos pelo Projeto Viver Legal. O exercício físico foi precedido de aquecimento orientado, com cerca de cinco minutos de duração, realizado com alongamento e atividades recreativas. A intensidade da caminhada era moderada, conforme a percepção de esforço de cada indivíduo.

    As análises estatísticas realizadas referiram-se a descrição das variáveis em valores percentuais, média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo. Já os valores de pressão arterial, mensurados em cada dia da realização da atividade física proposta, foram organizados em valores médios de cada mês do estudo, representando assim a média do grupo quanto a pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD).

Resultados e discussão

    Os dados coletados no estudo foram organizados na Tabela 1 e na Tabela 2, representando as variáveis que descrevem as características da população investigada. Na Figura 1 está explicitada a informação referente ao comportamento dos valores pressóricos da população investigada, durante os 10 meses de estudo.

Tabela 1. Dados descritivos dos praticantes de um programa de exercícios físicos realizado 

em Unidades Básicas de Saúde da Família do município de Campo Grande-MS (n = 20)

Variáveis

Valores obtidos

Idade (anos)

Média ± Desvio padrão

 

64,5 ± 10,7

Gênero

Masculino

Feminino

 

15%

85%

Escolaridade

Sem alfabetização

Ensino Fundamental

Ensino Médio

 

50%

45%

5%

    Nota-se, na apresentação dos dados da Tabela 1, uma freqüência maior de indivíduos pertencentes ao gênero feminino. Contudo, esta informação pode estar relacionada a maior procura por atendimento médico por parte das mulheres, sem necessariamente tê-las como o grupo mais afetado pela elevação da pressão arterial.

    Os demais dados apresentados, como a baixa escolaridade identificada no grupo, podem representar um menor acesso aos serviços de saúde, em especial aqueles vinculados por meio de campanhas publicitárias (TV, cartazes, folhetos explicativos, etc.). Além disso, a média de idade do grupo ultrapassa os 60 anos. Todos esses fatores contribuem paralelamente para a elevação dos valores de pressão arterial, de forma direta ou indireta, sobrepondo-se às questões de gênero, conforme observado em estudos semelhantes realizados em outras localidades do Brasil 7-10.

    Em função destes fatos, os programas que promovem a prática regular de exercícios físicos têm sido indicados como uma grande alternativa para a mudança no estilo de vida de pessoas que precisam melhorar a aptidão cardiovascular, pois a hipertensão arterial mostra-se associada com o sedentarismo em indivíduos adultos, de ambos os sexos e grupos étnicos 11.

Tabela 2. Dados antropométricos dos praticantes de um programa de exercícios físicos realizado 

em Unidades Básicas de Saúde da Família do município de Campo Grande-MS (n = 20)

Variáveis

Média ± DP

Mínimo

Máximo

Peso corporal (kg)

71,2 ± 11,8

51

99

Estatura (m)

1,54 ± 0,07

1,44

1,77

IMC (kg/m2)

29,8 ± 4,4

23,8

41,7

Circunferência da cintura (cm)

102,6 ± 10,5

86

128

    Os dados visualizados na Tabela 2 apontam um grupo de indivíduos com estatura baixa e peso corporal moderadamente alto, o que ocasionou um valor médio de IMC classificado como sobrepeso. Além disso, a circunferência da cintura (valor médio) também apresentou um valor elevado. Ambas as condições, representadas pelo excesso de peso e pela localização de gordura na região abdominal, podem contribuir substancialmente para a elevação dos valores pressóricos nesta população, já que estas variáveis são descritas como fatores desencadeadores de hipertensão arterial 12,13.

    Como a avaliação antropométrica foi realizada no início do estudo, não há surpresa em encontrar dados que representam fatores de risco para a elevação da pressão arterial, pois a condição de hipertensão arterial foi o principal critério de inclusão para a população pesquisada.

    Neste caso, uma intervenção relacionada à prática regular de exercícios físicos apresenta-se como uma alternativa adequada e que tem apresentado resultados eficazes 14, apesar de haver ainda a necessidade de uma melhor elucidação quanto ao volume e intensidade dos exercícios realizados. Contudo, os benefícios deste tipo de atividade, proporcionada à população adulta de idade mais avançada, são sempre superiores aos possíveis riscos provenientes de tais ações 15.

Figura 1. Média dos valores pressóricos em 10 meses consecutivos, dos praticantes de um programa de exercícios físicos realizado em Unidades Básicas de 

Saúde da Família do município de Campo Grande-MS (n = 20). (*) PAS e PAD representam, respectivamente, Pressão Arterial Sistólica e Pressão Arterial Diastólica.

    A informação apresentada na Figura 1 demonstra que no primeiro mês praticando exercícios físicos, a média da Pressão Arterial Sistólica (PAS) do grupo apresenta-se acima de 140 mmHg, enquanto que a Pressão Arterial Diastólica (PAD) apresentou média em torno de 90 mmHg. Nos dois meses seguintes verificou-se a redução na média, tanto da PAS quanto da PAD. Nos quatro meses seguintes houve um pequeno aumento desses valores, os quais voltaram a diminuir nos três meses finais do período avaliado neste estudo, com os valores pressóricos médios do grupo mantendo-se em torno de 130 mmHg para a PAS e de 80 mmHg para a PAD ao final do acompanhamento.

    O fato que mais chama a atenção é o aumento dos valores médios de PAS e PAD nos meses de maio, junho, julho e agosto. É possível inferir que isso decorreu de uma situação típica ligada ao clima da região em que o estudo foi realizado, pois nestes meses a temperatura ambiente diminui bastante em função do inverno, o que, por sua vez, leva a uma diminuição significativa na assiduidade dos participantes de programas de atividade física ao ar livre.

    Como o estudo foi realizado com a proposta de acompanhar alterações nos valores pressóricos dos participantes de um programa de caminhada orientada, notou-se que o clima influenciou a freqüência dos participantes na atividade física, o que ocasionou uma oscilação dos valores médios de pressão arterial durante o período do estudo, com ascensão nos meses de inverno e decréscimo nos meses com temperaturas mais elevadas.

    Estes dados corroboram com estudos que indicam os benefícios à saúde, proporcionados por diferentes tipos de exercícios aeróbicos 16, favorecendo o entendimento de que esta prática é recomendada aos indivíduos que almejam uma boa aptidão cardiorrespiratória.

    Em relação à prática de exercícios físicos objetivando o controle da hipertensão arterial, os exercícios aeróbicos mostraram-se efetivos, reduzindo os valores de pressão arterial sistólica e diastólica após a realização de sessões orientadas de treinamento, conforme relatos encontrados na literatura especializada 17. Com isso, confirma-se que a prática de exercícios físicos deve fazer parte do estilo de vida daqueles indivíduos acometidos pela hipertensão arterial, independentemente da realização de tratamento farmacológico concomitante.

    Estudos envolvendo indivíduos adultos de idade mais avançada acometidos pela hipertensão arterial, que realizam programas de exercícios físicos orientados, têm demonstrado resultados significativos na melhora da capacidade cardiorrespiratória 18. Em estudos com a presença de grupo controle, os benefícios foram significativamente diferentes entre praticantes de exercícios físicos e sedentários, sempre em condições mais favoráveis à saúde em favor daqueles que são adeptos da prática regular de exercícios físicos 19.

Conclusão

    A prática sistematizada e orientada de exercícios físicos, realizados por indivíduos com mais de 40 anos de idade, mesmo aqueles que já possuem o diagnóstico de hipertensão arterial, muito contribui para a manutenção e o controle dos valores pressóricos dessas pessoas.

    A confirmação de que a oferta de exercícios físicos realizados regularmente e de forma orientada contribui para a prevenção e controle da hipertensão arterial, possibilita inferir que a adoção de práticas corporais na forma de exercícios físicos, por parte dos usuários dos serviços prestados pelas Equipes de Saúde da Família é relevante a ponto de sugerir a inserção dos profissionais da Educação Física em tais equipes, objetivando melhorar as ações desenvolvidas junto à população.

Referências

  1. Riera ARP. Hipertensão Arterial: conceitos práticos e terapêutica. São Paulo: Atheneu; 2000.p.1-462.

  2. Passos VMA, Assis TD, Barreto SM. Hipertensão arterial no Brasil: estimativa de prevalência a partir de estudos de base populacional. Epidem Serv Saude 2006;15(1):35-45.

  3. Souza ARA, Costa A, Nakamura D, Mocheti LN, Stevanato Filho PR, Ovando LA. Um estudo sobre hipertensão arterial sistêmica na cidade de Campo Grande, MS. Arq Bras Cardiol 2007;88(4):441-446.

  4. Brasil. Ministério da Saúde. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.p.1-53.

  5. Wilmore JH, Costill DL. Physiology of sports and exercise. New Jersey: Human Kinetics; 1999.p.52-475.

  6. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (DBHA). Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Hipertensão, Sociedade Brasileira de Nefrologia. São Paulo; 2006.p.1-50.

  7. Guedes DP, Guedes JEP. Atividade física, aptidão cardiorrespiratória, composição da dieta e fatores de risco predisponentes às doenças cardiovasculares. Arq Bras Cardil 2001;77(3):243-250.

  8. Marcopito LF, Rodrigues SSF, Pacheco MA, Shirassu MM, Goldfeder AJ, Moraes MA. Prevalência de alguns fatores de risco para doenças crônicas na cidade de São Paulo. Rev Saude Publica 2005;39(5):738-745.

  9. Zaitune MPA, Barros MBA, César CLG, Carandina L, Goldbaum M. Hipertensão arterial em idosos: prevalência, fatores associativos e práticos de controle no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2006;22(2):285-294.

  10. Jardim PCB, Gondim MRP, Monego ET, Moreira HG, Vitorino PVO, Souza WKSB, Scala LCN. Hipertensão arterial e alguns fatores de risco em uma capital brasileira. Arq Bras Cardiol 2007;88(4):452-457.

  11. Brown DW, Brown DR, Heath GW, Moriarty DG, Balluz L, Giles WH. Relationships between engaging in recommended levels of physical activity and health-related quality of life among hypertensive adults. J Phys Act Health 2006;3(2):137-147.

  12. Navarro AM, Stedille MS, Unamuno MRD, Marchini JS. Distribuição da gordura corporal em pacientes com e sem doenças crônicas: uso da relação cintura-quadril e do índice de gordura do braço. Rev Nutr 2001;14(1):37-41.

  13. Sampaio LR, Figueiredo VC. Correlação entre índice de massa corporal e os indicadores antropométricos de distribuição de gordura corporal em adultos e idosos. Rev Nutr 2005;18(1):53-61.

  14. Martinez EC, Soeiro RSP. Atividade física e condicionamento como fator de cardioproteção. Rev Ed Fisica 2003;127:10-19.

  15. Kallinen M. Cardiovascular benefits and potential hazards of physical exercise in elderly people. J Sports Sci Med 2005;4(supp.7):1-51.

  16. Kosticl R, Zagorc M. A comparison of the changes in cardiovascular fitness from two models of women’s aerobic training. Facta Universitatis - Series Physical Education and Sport 2005;3(1):45-57.

  17. Pinto A, Di Raimondo D, Tuttolomondo A, Fernandez P, Arna V, Kicata G. Twenty-four hour ambulatory blood pressure monitoring to evaluate effects on blood pressure of physical activity in hypertensive patients. Clin J Sport Med 2006;16(3):238-243.

  18. Wang J, Zhou S, Bronks R, Graham J, Myers S. Effect of supervised treadmill-walking training on strength and endurance of the calf muscles of individuals with peripheral arterial disease. Clin J Sport Med 2006;16(5):397-400.

  19. Schwartz AM, Strath SJ, Parker SJ, Miller NE. The impact of body-mass index and steps per day on blood pressure and fasting glucose in older adults. J Aging Phys Act 2008;16(2):188-200.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

revista digital · Año 15 · N° 143 | Buenos Aires, Abril de 2010  
© 1997-2010 Derechos reservados