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Proposta de elaboração de um instrumento de avaliação 

perceptiva do índice de aptidão física relacionada 

à saúde na qualidade de vida: PAFRS-QV

 

*Professor Especialista em Metodologia do Ensino Tecnológico

Mestrando em Ensino de Ciência e Tecnologia da UTFPR Campus Ponta Grossa

Professor da UTFPR Campus Cornélio Procópio

**Professor Doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas

Professor da UTFPR Campus Ponta Grossa.

***Professor Doutor em Engenharia de Produção pela

Universidade Federal de Santa Catarina

Professor da UTFPR Campus Ponta Grossa.

(Brasil)

Paulo Cesar Paulino Paulino*

paulino@utfpr.edu.br

Luiz Alberto Pilatti**

lapilatti@utfpr.edu.br

Antonio Carlos de Francisco***

acfrancisco@utfpr.edu.br

 

 

 

Resumo

          A qualidade de vida como fator positivo é desejada em todos os setores da vida das pessoas e se constituí na percepção subjetiva da sensação de bem estar provocada por influências externas e internas, como a aptidão física relacionada à saúde. O objetivo desse estudo é propor um instrumento de avaliação perceptiva da aptidão física relacionada à saúde na qualidade de vida. O desenvolvimento da proposta partiu de temas e questões desenvolvidas na disciplina de qualidade de vida nos cursos de engenharia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Após passar por diversas fases o teste final foi realizado com 60 acadêmicos dos cursos de engenharia da UTFPR, obtendo-se coeficientes de correlação e de Alpha de Cronbach suficientes para apoiar a utilização do instrumento em sua população de referência. A utilização desse instrumento facilitará as ações dos professores da disciplina de qualidade de vida dos cursos de engenharia da UTFPR, pois pelo seu baixo custo e rapidez poderá identificar pontos negativos na aptidão física relacionada á saúde dos acadêmicos.

          Unitermos: Aptidão física. Qualidade de vida. Acadêmicos de engenharia

 

Abstract
         
The quality of life as a positive factor is desired in all sectors of life of people and constitutes the perception of subjective sense of well being triggered by external and internal influences, such as physical fitness and health. The aim of this study is a tool for perceptual evaluation of physical health-related quality of life. The development of the proposal came from the themes and issues developed in the discipline of quality of life in engineering degrees from the Federal University of Technology - Paraná (UTFPR). After going through various stages of the final test was conducted with 60 faculties from engineering UTFPR, obtaining correlation coefficients and Cronbach’s alpha enough to support the use of the instrument in the reference population. The use of this instrument will facilitate the actions of the teachers of the discipline of quality of life of the engineering courses UTFPR because of its low cost and can quickly identify negative points in physical fitness and health of students.

          Keywords: Physical fitness. Quality of life. Academic engineering

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    A Qualidade de Vida (QV) é imprescindível para o desempenho satisfatório do ser humano em várias áreas e é influenciada dentre outros fatores pelo desenvolvimento e manutenção da Aptidão Física Relacionada à Saúde (AFRS) e bons hábitos do Estilo de Vida (EV). Dado reconhecimento de sua importância, atualmente, passou a fazer parte dos programas de atividades laborais de diversas empresas sendo até quesito para contratações conforme reportagem exibida no Portal UOL em 25 de novembro de 2008. Devido à demanda existente, é de suma importância para a sociedade a formação de profissionais com capacidade para atuar nesta área e com conhecimentos

    A disciplina de qualidade de vida nos cursos de engenharia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) permite aos professores oferecerem aos acadêmicos a possibilidade de conhecimento e avaliação dos componentes da AFRS na QV. Após a realização de testes de variáveis recomendadas pela American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD) verificou-se a necessidade da utilização de um protocolo que não envolvesse instrumentos de medidas, que fosse de baixo custo e de curta duração, assim optou-se por um construto perceptivo. Após pesquisa não foi encontrado um instrumento específico para a população requerida. Desta forma, surge assim a necessidade de elaboração de um construto denominado Percepção da Atividade Física Relacionada à Saúde na Qualidade de Vida (PAFRS-QV).

    O objetivo desse estudo é propor um construto de avaliação perceptiva da AFRS na QV para ser utilizado com acadêmicos de engenharia da UTFPR.

Referencial teórico

    A QV é de difícil conceituação, dada a grande diversidade de áreas e profissões envolvidas, pois envolve muitas variáveis subjetivas, para Nahas (2006) pode ser uma medida da própria dignidade humana, pois pressupõe o atendimento das necessidades humanas fundamentais, Nahas (2006) ainda define a AFRS como a capacidade de realizar atividades físicas com característica orgânico-funcional associada ao nível de produção de energia para o trabalho e o lazer e a um menor risco de doenças ou condições crônico-degenerativas, que depende de características herdadas e da atividade física habitual.

    Outros autores como Pate (1988) definem a AFRS como a capacidade de realizar tarefas diárias com vigor e, demonstrar traços e características que estão associados com um baixo risco do desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas.

    Nahas (2006), Glaner (2008) e Pires (2003) dentre outros autores relacionam a resistência aeróbia (cardiorrespiratória), resistência muscular, força, flexibilidade e composição corporal como os componentes da AFRS.

    Rosa (2002) analisou as ações habituais dos estudantes da Universidade UNIVILLE como saúde geral e qualidade de vida, verificou possíveis estilos de vida considerando o sexo, a idade e a área de conhecimento do curso de formação universitária e chegou a conclusão que os estudantes vinculados a área de Ciências Biológicas e da Saúde apresentam perfil mais adequado do que os estudantes das áreas de Ciências Exatas e Tecnológicas e Ciências Sociais e Humanas nos componentes de nutrição, atividade física, relacionamento social e controle do estresse quando submetidos e avaliados no Perfil do Estilo de Vida Individual (PEVI) de Nahas (2000), constatou-se também que a maioria dos estudantes é de opinião favorável da oferta da disciplina de Educação Física no 3º grau e ainda sugere que seja efetuada uma reestruturação na grade curricular da disciplina de Educação Física do ensino superior, propondo à prática de atividades físicas aliadas a orientação acadêmica, a fim de proporcionar uma mudança de hábitos e estilo de vida saudáveis aos universitários.

    A disciplina optativa de qualidade de vida ofertada nos cursos de Engenharia da UTFPR por meio de sua ementa procura suprir a lacuna da ocasionada pela falta da disciplina de Educação física na grade curricular do curso e oportuniza os princípios necessários para a formação de um profissional dotado de visão diversificada e conhecedor dos hábitos e necessários para a aquisição e manutenção de uma qualidade de vida saudável.

Metodologia

    Segundo Barros (2002), uma análise realizada sobre milhares de resumos de dissertações e teses com utilização de instrumentos de coletas de dados, indicou que 75% delas não reuniam condições de publicação principalmente por falhas nas coletas de dados, ou seja, na seleção, testagem e inadequação dos instrumentos de medidas utilizados.

    Para Brás (2009) vários comportamentos de um adulto são assumidos e interiorizados na fase universitária, como existem poucos estudos sobre essa problemática é importante avaliar os níveis de aptidão física e das praticas de atividade física dessa população como também promover a prática de atividade física regular no ensino superior orientando a adoção de um estilo de vida saudável.

    Com a determinação do objetivo do estudo e da população de referência representada pelos acadêmicos de engenharia da UTFPR, foi construído um instrumento de coleta de dados baseado em questionário, que depois de finalizado, analisado e testado preliminarmente foi aplicado a uma amostra composta por 60 acadêmicos (55 do sexo masculino e 5 do sexo feminino) dos cursos de engenharia da UTFPR, com média de 19,9 anos de idade.

    Os resultados obtidos foram submetidos à análise por meio do programa Excel da Microsoft Office 2003, onde obteve-se os coeficientes de correlação entre o IAFRS-QV e os componentes da aptidão física, a análise descritiva, Coeficiente Alpha de Cronbach e os gráficos representativos da pesquisa.

    As análises permitiram concluir sobre a aceitação ou refutação desse instrumento para avaliar a AFRS na QV de acadêmicos da UTFPR.

Procedimentos

    Na fase de elaboração inicial do questionário do PAFRS-QV os acadêmicos de engenharia matriculados na disciplina de Qualidade de Vida opinaram quanto aos componentes e importância de cada um na qualidade de vida. Como não houve consenso optou-se por recorrer à literatura especializada para a determinação dos componentes baseando em Nahas (2006), os cinco componentes escolhidos como domínios do instrumento foram: resistência aeróbia (cardiorrespiratória) (RA), resistência muscular (RM), força (FO), flexibilidade (FL) e composição corporal (CC).

    As questões deveriam versar sobre a intensidade, freqüência, duração, presença no cotidiano e questões gerais dos domínios (componentes) da AFRS. No total foram formuladas 50 questões finalizando com 25 conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Quantidade de questões

 

Início

Final

RA

10

5

RM

10

5

FO

10

5

FL

10

5

CC

10

5

Fonte: autoria própria

    A escolha da escala de resposta recaiu no modelo Likert com correspondência de classes e escores conforme as tabelas 02 e 03.

Tabela 2. Escala normais

Escala

Valor

Escore

1

0

0

2

1

25

3

2

50

4

3

75

5

4

100

Fonte: autoria própria

 

Tabela 3. Escala invertida

Escala

Valor

Escore

1

4

100

2

3

75

3

2

50

4

1

25

5

0

0

Fonte: autoria própria

    Os números escolhidos nas respostas das escalas indicam o nível de percepção correspondente: número 1 indica ausência de percepção e o número 5 o máximo de percepção como demonstrado na tabela 04

Tabela 4. Respostas das escalas

 

1

2

3

4

5

Intensidade

Não pratico

Muito descansado

Descansado

Ligeiramente cansado

Cansado

Não pratico

Sem dor

Muito pouco dolorido

Ligeiramente dolorido

Dolorido

Nenhuma

Pouca

Média

Muita

Muito grande

Freqüência

Nenhuma vez

Uma vez

Duas vezes

Três vezes

Mais de três vezes

Não

Pouca

Algumas vezes

Muita

Sempre

Duração

Nenhum

Menos de 10 minutos

Entre 10 e 20 minutos

Entre 20 e 30 minutos

Mais de 30 minutos

Fonte: autoria própria

    O questionário com as 25 questões selecionadas, cinco por domínio, foi enviado a um professor doutor na área de linguagem, um professor de educação física mestre na área de educação e um professor de educação física, especialista na área de fisiologia esportiva e professor da disciplina de Fisiologia do Exercício em um curso de Educação Física e que atua também como personal trainer, para análise e sugestões. As correções foram aceitas e resultaram no questionário final da primeira versão do PAFRS-QV, conforme relacionadas por domínio (componentes da AFRS) na tabela 05.

Tabela 05 – Questões do instrumento (IN – Intensidade, FR – Freqüência, DU – Duração; QG – Questões Gerais, NO – Normais, INV – Invertidas, PT – Práticas, CN - Conceituais)

Domínio

Escalas

No

QUESTÕES

D 1 - RA

IN

NO

PT

1

Após realizar atividade física aeróbia (caminhada, corrida, natação, ciclismo), como você se sente?

FR

NO

PT

5

Quantas vezes na semana você realiza atividade física aeróbia (caminhada, corrida, natação, ciclismo)?

DU

NO

PT

9

Quanto tempo por sessão você utiliza para realizar sua atividade física aeróbia (Caminhada, corrida, natação, ciclismo)?

IN

NO

PT

13

Em que proporção a atividade aeróbia (Caminhada, corrida, natação, ciclismo) presente em suas atividades profissionais, acadêmicas, doméstica e de lazer?

QG

NO

CN

21

Qual a importância da atividade física aeróbia (caminhada, corrida, natação, ciclismo) para a sua qualidade de vida?

D 2 - RM

IN

NO

PT

2

Após realizar atividade física que exija o uso da resistência muscular (exercício com mais de 15 repetições sucessivas como na ginástica localizada, musculação, hidroginástica), como você se sente?

FR

NO

PT

6

Quantas vezes na semana você realiza atividade física que exija o uso de resistência muscular (exercício com mais de 15 repetições sucessivas como na ginástica localizada, musculação, hidroginástica)?

DU

NO

PT

10

Quanto tempo por sessão você utiliza para realizar atividade física que exija o uso de resistência muscular (exercício com mais de 15 repetições sucessivas como na ginástica localizada, musculação, hidroginástica)?

IN

NO

PT

14

Em que proporção atividade que exija o uso de resistência muscular (exercício com mais de 15 repetições sucessivas como na ginástica localizada, musculação, hidroginástica) presente em suas atividades profissionais, acadêmicas, doméstica e de lazer?

QG

NO

CN

22

Qual a importância da resistência muscular (exercício com mais de 15 repetições sucessivas como na ginástica localizada, musculação, hidroginástica) para a sua qualidade de vida?

D 3 - FOR

IN

NO

PT

3

Após realizar atividade física que requeiram o uso de força (esforço para mover uma resistência pesada, como nos exercícios com bastante peso e poucas repetições na musculação), como você se sente?

FR

NO

PT

7

Quantas vezes na semana você realiza atividade física que requeira o uso de força (esforço para mover uma resistência pesada, como nos exercícios com bastante peso e poucas repetições na musculação)?

DU

NO

PT

11

Quanto tempo por sessão você utiliza para realizar atividade física que exija o uso de força (esforço para mover uma resistência pesada, como nos exercícios com bastante peso e poucas repetições na musculação)?

IN

NO

PT

15

Em que proporção atividade que exija o uso de força (esforço para mover uma resistência pesada, como nos exercícios com bastante peso e poucas repetições na musculação) presente em suas atividades profissionais, acadêmicas, domésticas e de lazer?

QG

NO

CN

23

Qual a importância da força (esforço para mover uma resistência pesada, como nos exercícios com bastante peso e poucas repetições na musculação) para a sua qualidade de vida?

D4 – FL

IN

NO

PT

4

Após realizar atividades físicas que requeiram amplitude articular (Flexibilidade, alongamento), como você se sente?

FR

NO

PT

8

Quantas vezes na semana você realiza atividades físicas que requeiram amplitude articular (Flexibilidade, alongamento)?

DU

NO

PT

12

Quanto tempo por sessão você utiliza para realizar atividade física que exija flexibilidade (amplitude articular, alongamento)?

IN

NO

PT

16

Em que proporção atividade que exija o uso de flexibilidade (amplitude articular, alongamento) presente em suas atividades profissionais, acadêmicas, domésticas e de lazer?

QG

NO

CN

24

Qual a importância da atividade física que requeiram amplitude articular (Flexibilidade – alongamento) para a sua qualidade de vida?

D 5 - CC

IN

INV

PT

17

Em que proporção seu peso corporal prejudica a realização de suas atividades físicas, profissionais, acadêmicas, domésticas e de lazer?

IN

INV

PT

18

Em que proporção sua cintura abdominal prejudica a realização de suas atividades físicas profissionais, acadêmicas, domésticas e de lazer?

FR

INV

PT

19

Você precisa realizar atividades físicas para emagrecer?

IN

NO

CN

20

Em que proporção você está satisfeito em relação à sua composição corporal (corpo, cintura abdominal)?

QG

NO

CN

25

Qual a importância da atividade física aeróbia (caminhada, corrida, natação, ciclismo) para a sua qualidade de vida?

Fonte: autoria própria

    Para a pontuação dos escores seguiu-se a mesma proposição do grupo World Health Organization Quality of Life (WHOQOL) da Organização Mundial da Saúde (OMS), orientadas por Fleck (1998) e (2007), Timossi (2009) e Pedroso (2008).

    Na primeira fase, O valor de cada resposta para as questões (q) será igual ao seu número (1, 2, 3, 4 ou 5), ressaltando-se que as questões 17, 18 e 19 terão seus valores invertidos (1=5, 2=4, 3=3, 4=2 e 5=1); após a compilação dos valores, calcula-se a média ponderadas por domínio (96% para as questões relativas á execução das capacidades e 4% para as relativas ao grau de importância das capacidades) e o resultado multiplicado por 4, obtendo-se o IP (índice Parcial) como exemplificado a seguir:

IPRA=((((q1+q5+q9+q13)/4)*0,96)+(q21*0,04))*4

IPRM=((((q2+q6+q10+q14)/4)*0,96)+(q22*0,04))*4

IPFO=((((q3+q7+q11+q15)/4)*0,96)+(q23*0,04))*4

IPFL=((((q4+q8+q12+q16)/4)*0,96)+(q24*0,04))*4

IPCC=((((q17+q18+q19)/3)*0,96)+((q20+q24)/2)*0,04)*4

    Na segunda fase o IP ( Índice Parcial) de cada domínio obtido na fase anterior será subtraído de 4, multiplicado por 100 e dividido por 16, obtendo-se os índices de cada domínio como a seguir:

IRA=((IPRA-4)*100)/16

IRM=((IPRM-4)*100)/16

IFO=((IPFO-4)*100)/16

IFL=((IPFL-4)*100)/16

ICC=((IPCC-4)*100)/16

    Os resultados obtidos determinam os escores da percepção de cada componente da AFRS.

    Na terceira fase procurou-se na literatura especializada o percentil de cada componente na AFRS, como não foi encontrada optou-se pela média aritmética simples entre os domínios para determinar o Índice de Aptidão Física relacionado à Saúde na Qualidade de Vida (IAFRS_QV)

IAFRS-QV=(IRA+IRM+IFO+IFFL+ICC)/5

    Para a classificação foram adotados os critérios sugeridos por Timossi (2009) conforme tabela 6, que utiliza uma escala centesimal com partições em quintos, sendo que o primeiro corresponde a uma classificação correspondente ao grau Muito Insatisfatório (vermelho), o segundo Insatisfatório (Amarelo), o terceiro ao Regular (Cinza), o quarto ao satisfatório (Azul) e o quinto ao Muito Satisfatório (Verde); definidos por meio de 5 medianas nos escores (10, 30, 50, 70 e 90), onde o escore zero representa o piore índice de avaliação e o 100 o melhor.

Tabela 6. Respostas das escalas

Classificação

Muito Insatisfatório

Insatisfatório

Regular

Satisfatório

Muito Satisfatório

Escore

0 - 20

20 - 40

40 - 60

60 - 80

80 - 100

Fonte: Adaptado de Timossi, 2009

    Antes de ser aplicado nos acadêmicos de engenharia da UTFPR o questionário foi submetido a cinco alunos dos cursos superiores de tecnologia das mesmas áreas da população de referência, os mesmos não demonstraram dificuldades na realização do teste e levaram em média cinco minutos para o preenchimento com a observação de que todas as questões deveriam ser respondidas.

    Para a verificação de interpretação e do tempo de resposta do questionário foi realizado um teste com cinco alunos de cursos de tecnologia de áreas correspondentes aos dos acadêmicos de engenharia da amostra.

Análise dos dados

    Todos os alunos testados preliminarmente não encontraram dificuldades de interpretação do questionário e em média precisaram de oito minutos para responder o instrumento, sendo que o tempo mínimo utilizado foi de cinco minutos e máximo de dez minutos

    A comparação dos resultados dos testes perceptivos com os práticos encontrados na literatura especializada nos componentes flexibilidade e composição corporal são similares e o componente Resistência Aeróbia uma diferença de classificação que poderia ser amenizada pela diferença do desvio padrão conforme as Tabelas 6 e 7.

    A amostra da aplicação do questionário foi composta por sessenta alunos com média de idade de 19,9 anos, sendo que trinta eram alunos da Disciplina de Qualidade do curso de engenharia da UTFPR e cada um deles aplicou o questionário em outro acadêmico do mesmo curso e instituição. Ao final do questionário foi anexado uma pesquisa de como se classificariam quanto ao IAFRS-QV.

    As correlações entre os componentes da AFRS e o Índice de Aptidão Física Relacionada à Saúde na Qualidade de Vida (IAFRS-QV) demonstraram-se fortes pois segundo variar4am entre o mínimo de 0,38 referente à flexibilidade e 0,84 referente à resistência muscular, conforme a tabela 7, mas segundo Timossi (2009) valores que poderiam ser considerados como de correlação fraca (flexibilidade e composição corporal) em estudos com variáveis subjetivas ou de opinião recebem outra classificação podendo estes então serem considerados como válidos e utilizados em análises de regressão.

Tabela 7. Correlação entre os componentes da AFRS e o Índice de Aptidão Física Relacionada à Saúde na Qualidade de Vida (IAFRS-QV)

  

RA

RM

FO

FL

CC

IAFRS-QV

RA

1

 

 

 

 

 

ReM

0,422114

1

 

 

 

FO

0,195141

0,744849

1

 

  

 

FL

0,255919

0,096554

0,137951

1

 

 

CC

0,080335

0,192933

0,130875

-0,09374

1

 

IAFRS-QV

0,603517

0,85027

0,779655

0,407014

0,397213

1

Fonte: autoria própria

    A análise descritiva constando a média, desvio padrão e a classificação das médias quanto aos critérios adotados no estudo estão dispostos na tabela 8, sendo que o Coeficiente Alfa de Cronbach obtido para a verificação a consistência interna do questionário foi 0,7739.

Tabela 8. Análise descritiva com média e desvio padrão dos componentes da AFRS

RA

RM.

FO

FL.

CC.

IAFRS-QV

Média

59

44

45,1

42,2

85,7

55

Desvio Padrão

4,95

30,41

40,31

23,33

17,68

14

Classificação

Satisf..

Insatisf

Insatisf.

Insatisf.

M. Satisf.

Satisf.

Fonte: autoria própria

    O IAFRS-QV foi classificado como satisfatório com o escore 54,4 e correspondeu à escolha da maioria da (48%) quando perguntados como se classificariam quanto ao IAFRS-QV. (Gráfico 01)

Conclusão

    Ciente de que as condições de vida adotada pelas pessoas é essencial para que se possa levar uma vida saudável, com menor risco de contrair doenças e chegar à longevidade com independência física, psicológica, e com autonomia para realizar as atividades diárias, ou seja, com qualidade de vida, torna-se imprescindível criar condições favoráveis para que ela efetivamente seja uma premissa na vida dos cidadãos. Pesquisas apontam que a maioria da população adota hábitos de vida sedentários, fato que acaba por agravar na fase em que alunos estão cursando a educação superior, dada a exigência do cumprimento de atividades acadêmicas, que acabam por consumir o tempo dos alunos, dai advém a necessidade de incluir esta área de conhecimento nos currículos dos cursos superiores.

    A qualidade de vida, seja, entendida como fator positivo da saúde, de relacionamentos sociais, do meio ambiente ou de atividades funcionais é influenciada pela aptidão física relacionada à saúde. Desta forma, a compreensão dos alunos dos cursos de engenharia da UTFPR, sobre os benefícios de um estilo de vida saudável pelos alunos é primordial para formação do futuro profissional.

    A disciplina de Qualidade de Vida (I e II), ministrada nos cursos de engenharia da UTFPR possui duas aulas semanais em dois períodos, e dada a reduzida carga horária e a grande quantidade de conteúdos a serem discutidos com os alunos, necessita dinamismo com atividades teóricas interessantes e dicas a serem adotadas na prática que requeiram pouco tempo. Sabendo que a avaliação física é um processo demorado e que muitas vezes requer equipamentos de difícil acesso, cabe aqui a justificativa da utilização de instrumentos de avaliação perceptiva como o World Health Organization Quality (WHOQOL-BREVE) para a qualidade de vida e o Perfil do Estilo de Vida Individual (PEVI) para o estilo de vida, para a avaliação da aptidão física, não foi encontrado um instrumento semelhante satisfatório, assim foi proposta e realizada a elaboração do PAFRS-QV.

    O PAFRS-QV é um questionário de avaliação perceptiva da aptidão física relacionada à saúde, tendo sua consistência interna, após aplicado obtido um escore maior que 0,7 para o coeficiente Alpha de Cronbach, o que estatisticamente é bom, também ocorreu concordância quanto a classificação do estado geral nos resultados obtidos da tabulação do instrumento e a percepção dos acadêmicos, onde prevaleceu a opção aptidão física relacionada à saúde na qualidade de vida como satisfatória.

    Pelo baixo custo, pela rapidez de execução e correlações estatísticas o construto de Percepção da Aptidão Física Relacionada à Saúde na Qualidade de Vida (PAFRS-QV) pode ser utilizado em acadêmicos na disciplina de Qualidade de Vida dos cursos de engenharia da UTFPR.

Referências

  • AMERICAN ALLIANCE FOR HEALTH. Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD). Disponível em http://www.aahperd.org, arquivo capturado em 15/06/2009.

  • BRÁS, Rui; ESTEVES, Dulce; ZUZDA, Jolanta; PINTO, Patricia; MARTINS, Cristina; O’HAARA. Aptidão Física de Jovens Universitários. V Seminário Internacional/II Ibero Americano de Educação Física, Lazer e Saúde. Açores Portugal, 2009.

  • FLECK, Marcelo Pio de Almeida. Versão em português dos instrumentos de avaliação de qualidade de vida (WHOQOL), 1998. Disponível em http://www.ufrgs.br/Psiq/whoqol84.html, arquivo capturado em 10/02/2009.

  • FLECK, Marcelo Pio de Almeida. A avaliação de qualidade de vida: guia para profissionais de saúde. Porto Alegre: Artmed 2007.

  • GLANER, Maria Fátima. Importância da Aptidão Física Relacionada à Saúde. Revista Brasileira de Cineantropologia & Desenvolvimento Humano. ISSN 1415-8426. V.5, no 2, p 75-85, 2008.

  • NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 4. ed. Londrina: Midiograf, 2006.

  • PAULINO, Paulo Cesar; MASCHIO, Marcelina Teruko Fujii; TIMOSSI, Luciana da Silva; FRANCISCO, Antonio Carlos de. Condições do estilo de vida dos acadêmicos dos cursos de engenharia da UTFPR utilizando PEVI. V Seminário Internacional/II Ibero-Americano de Educação Física, Saúde e Lazer. Açores, Portugal, 2009.

  • PIRES, Mario C.; WALTRICK, Ana Cristina De A. Atividade Física, Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida. Apostila. Florianópolis: NEAF, 2003.

  • PEDROSO, Bruno; PILATTI Luiz Alberto; FRASSON, Antonio Carlos; SCANDELARI, Luciano; SANTOS, Celso Bilynkievycz dos. Qualidade de Vida: uma ferramenta para o cálculo dos escores e estatística descritiva do WHOQOL-100. XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Rio de Janeiro 2008.

  • ROSA, Antonio José da. Educação física curricular no 3° grau: proposta de reestruturação com base na avaliação do estilo de vida dos estudantes da UNIVILLE. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2002.

  • TIMOSSI, Luciana da Silva. Correlações entre a qualidade de vida e a qualidade de vida no trabalho em colaboradores das indústrias de laticínios. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia De Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Ponta Grossa, 2009.

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