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Alunos deficientes e com necessidades educacionais 

especiais e as escolas de educação especial: algumas reflexões

Estudiantes discapacitados y con necesidades educativas especiales y las escuelas de educación especial: algunas reflexiones

 

*Acadêmica do curso de Educação Física da ULBRA Carazinho.

**Mestre em Educação, Docente do curso de Educação Física da

ULBRA Carazinho, orientadora

(Brasil)

Diviê Machry

diviebrasil@yahoo.com.br

Patricia Carlesso Marcelino Siqueira

patriciasiqueira@wavetec.com.br

 

 

 

Resumo

          Alunos deficientes e com necessidades educacionais especiais são alunos que encontram grandes dificuldades quando se refere à inclusão ou a inserção total em escola regular, devido à falta de estrutura, pouca preparação dos professores e discriminação. A sociedade ainda não está preparada para atender plenamente o aluno deficiente, por isso a preocupação de que alunos com deficiência e com necessidades educacionais especiais frequentem a escola especial, apesar desta auxiliar o aluno deficiente e favorecer o aprendizado de educandos com necessidades educacionais especiais, gerando aprendizado e desenvolvimento o que pode não ocorrer em escola regular. A inclusão é um ato complexo, que exige muitas mudanças, estruturais educacionais e, inclusive, de paradigmas. Então, será que a inclusão que acontece está realmente sendo eficaz? Quando de fala em educação de deficientes e educandos com necessidades educacionais especiais, a escola especial seria a melhor solução? Qual a importância da escola especial na educação de deficientes e alunos com necessidades educacionais especiais?

          Unitermos: Deficiência. Escola regular. Aprendizado. Educação Especial

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Objetivo geral

    Demonstrar a importância da escola especial aos alunos com deficiência e com necessidades educacionais especiais.

    Objetivos específicos

  • Apresentar um histórico sobre pessoas com deficiências e como eram dentro da sociedade.

  • Relatar sobre a legislação da educação especial, e debater a eficiência dessas leis para a educação especial.

  • Delimitar as deficiências e as limitações dos indivíduos deficientes.

  • Analisar a educação tradicional e o deficiente em escola regular e em escola especial.

Justificativa

    A educação de alunos com necessidades educacionais especiais e deficientes, não é eficaz na escola regular. Mesmo que o professor esteja qualificado para atender às necessidades de um aluno deficiente, e a escola ofereça acessibilidade e recursos variados, a educação na escola regular acontece de forma uniforme, onde indivíduos que não se adaptam ao sistema acabam ficando de lado, acontecendo então uma falha na educação e isso não pode se caracterizar por inclusão.

    Além dos alunos deficientes e com necessidades educacionais especiais encontrarem problemas quanto à socialização e ao relacionamento com os alunos regulares, o que ocasiona uma separação, pois os alunos regulares não são educados a conviver e respeitar as diferenças, ainda mais se a diferença na sala de aula é de um ou dois deficientes para 20 alunos ditos “normais”, isso pode gerar um desconforto, dificultando a aprendizagem e a inserção do aluno na rede regular.

Revisão de literatura

    São poucos os relatos sobre pessoas com deficiências, uma vez que ao longo dos anos, não eram feitos registros sobre tais. Indivíduos assim eram sempre escondidos, marginalizados e não serviam para a sociedade.

    Muitos povos primitivos, nômades, tribos, comunidades abandonavam deficientes e doentes, pois não serviam às comunidades sendo representados por um peso, não produziam, e não eram modelos de seres humanos.

    Esses fatos se reproduziram por muitos anos, pois a sociedade vigente era rigorosa e não abria exceções, as leis e normas eram rígidas e deviam sempre ser cumpridas tais quais eram apresentadas.

    Conforme (DIEHL, 2006, p. 22) na Grécia antiga os deficientes recém nascidos eram depositados em uma caverna, e o próprio estado era responsável por isso. Outros abandonavam ao tempo, como no caso de Édipo. Outros registros são encontrados nas escrituras da Bíblia, como cegos, surdos, onde também eram sujeitados a viverem à beira da sociedade, não sendo inclusos. Já na idade Média, onde as pessoas acreditavam em espíritos malignos, bruxas e feitiços, os deficientes não eram mais exterminados, mas passaram a ser excluídos do convívio social, o que só mudou com a entrada do Cristianismo que coibiu essa prática. Mesmo que a prática de maltratar, matar e abandonar fosse condenada pelo cristianismo os deficientes ainda estavam à beira da sociedade, eram isolados e viviam em grupos em porões, asilos...

    Com o inicio da idade Média e o Renascimento, começaram os registros dos primeiros estudos sobres deficientes. No século XVIII estudiosos introduziram estudos que separavam e classificavam as deficiências por grupos. A partir dessa separação acentuaram-se as diferenças e as comparações inevitáveis, distanciavam ainda mais o “ser diferente”.

    No mesmo século XVIII começaram a surgir escolas e instituições para deficientes, como a escola para cegos fundada em Paris em 1784. Em 1855 o francês Huet, surdo, veio ao Brasil e com apoio de D. Pedro II fundou o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos. A criação do sistema Braile e da língua de sinais, contribuíram para educação e compreensão de deficientes.

    De acordo com (JANUZZI, 1985) citado por (DIEHL, 2006 p. 25) até o final do Império as pessoas com deficiência mental contavam apenas com duas instituições, uma em Salvador e outra no Rio de Janeiro, estas tratava apenas casos de deficiência mais acentuados. Com a proclamação da república em 1822, os estados ganharam mais autonomia e puderam começar a elaborar planos educacionais para os deficientes.

    Entre 1920 e 1935 o tratamento e educação de deficientes ficava por conta de médicos e dos professores que utilizavam a psicologia para interagir com os deficientes. No fim do século XIX, começaram a surgir instituições especializadas no tratamento de pessoas com deficiências, clinicas e escolas de reabilitação, que não foram eficazes, pois usavam técnicas padronizadas para os deficientes, o que não deu certo. Surgiram, então, instituições e associações que tratavam das diferenças, de formas singulares, como a ANDE, Associação Nacional de Desporto para Excepcional, FENEIDA, Federação Nacional de Educação dos Deficientes Auditivos, e outras para cadeirantes, para cegos e amputados, deficientes mentais, como a ABDEM, em 1994 a SOBAMA, Sociedade Brasileira de Atividade Física Adaptada. Em 1999, foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, CONADE, órgão responsável que acompanha as políticas para deficientes, educação, transporte, cultura, turismo, lazer, etc.

    Dados divulgados por (DIEHL, 2006 p.30) mais de 14% dos brasileiros possuem algum tipo de deficiência [...], 10% destes está enquadrada nas seguintes deficiências: visual 600 mil – 0,5%, múltipla 1.300.000 – 1%, auditiva 1.950.000 – 1,5 %, física 2.600.000 – 2%, mental 6.500.000 – 5%.

    Para assegurar aos deficientes direitos a uma educação de qualidade destaca-se o parágrafo I do a Art. 59 da Lei Nº 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, onde diz que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades.

    Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho assegurando-lhes: atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Estatuto da Criança e do Adolescente ECA, sob a lei N.º 8069 de 13 de julho de 1990.

    A legislação garante um trabalho individualizado aos deficientes, mas isso nem sempre se cumpre na prática, ainda mais no que se refere à inclusão. A lei complementa que preferencialmente os deficientes devem ser atendidos na rede regular de ensino, mas isso é algo irreal, já que há falta de estrutura, acesso, qualificação e um plano de ensino individualizado. A educação regular já esta por si defasada, necessitando ajustes, pior ainda no que se refere à pratica da inclusão.

    Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Lei N.º 7.853, de 24 de outubro de 1989 Art. 2º.

    Conforme a legislação, deficientes têm diversos benefícios, mas na prática lutam para que sejam cumpridas. Direitos básicos, que para as pessoas “normais” são fatos diários, deficientes lutam para garantirem. Amparo pela previdência, lazer, infelizmente em muitos casos são negadas a estas pessoas. Abusos e atos intoleráveis que são vistos todos os dias contra deficientes não são punidos ou fiscalizados, o que faz com que se repitam, e que além de falta de acesso a educação de qualidade, os deficientes ainda sofram muito com a discriminação social, que é problema gravíssimo.

    Contudo, na Constituição do estado do Rio grande do Sul, a lei foi mais sensata, no que se refere à educação de deficientes, da Educação, da Cultura, do Desporto, da Ciência e Tecnologia, da Comunicação social e do Turismo, o artigo 214: “o poder público garantirá educação especial aos deficientes, em qualquer idade, bem como aos superdotados, nas modalidades que se lhes adequarem”, isso reflete uma preocupação maior, pois ao invés de o deficiente ser atendido preferencialmente na escola regular, como propõe a LDB e o ECA, ele irá ser atendido na modalidade de ensino que lhe assegurar aprendizado e desenvolvimento integral.

    Outro fator importante para assegurar ao deficiente educação de qualidade, seja na escola regular ou na escola especial é o conhecimento sobre as deficiências. Não se pode saber como atingir um alvo sem saber onde ele está e como se coloca. Na educação é da mesma forma: como educar um deficiente auditivo sem ter um mecanismo eficaz de comunicação? Ou como interagir com um deficiente visual com praticas normais da sala de aula da escola regular?

    A abordagem ao aluno com deficiência deve ser exclusiva a ele e a sua deficiência, o que fica ausente na escola regular, pois o professor, com 20 ouvintes, e um deficiente auditivo não pode usar a mesma técnica de transmissão de conhecimento que os demais, então ele cria duas formas de comunicação, uma para vinte alunos e outra para o aluno deficiente.

    Então na sala de aula ele está o tempo todo com formas distintas de se comunicar, que podem atingir os dois alvos, mas criam outros problemas, uma separação, uma grande barreira entre ouvintes e deficientes, e dessa barreira nasce muitas vezes o preconceito, a discriminação, e novamente falha na educação. Fato que não ocorre na educação especial, onde alunos são separados e classificados conforme suas competências, e então professores especializados e entendedores da deficiência do aluno farão uma interação entre o aluno e o conhecimento.

    A deficiência auditiva é a perda total ou parcial da audição ou percepções de sinais sonoros, o indivíduo pode ser deficiente auditivo leve, moderado, severo, grave, profundo. Esta deficiência pode ser causada por uma lesão no ouvido interno, ou má formação dos ossos do labirinto, pode ser congênita ou adquirida. A surdez além da perda auditiva causa comprometimento na fala e em muitos casos no equilíbrio.

    A deficiência auditiva traz muitas limitações para o desenvolvimento do indivíduo. Considerando que a audição é essencial para a aquisição da linguagem falada, sua deficiência influi no relacionamento da mãe com o filho e cria lacunas nos processos psicológicos de integração de experiências, afetando o equilíbrio e a capacidade normal de desenvolvimento da pessoa. (REDONDO e CARVALHO, 2000, p.05)

    O deficiente, além de enfrentar a deficiência, ainda encontra o problema do preconceito, a falta de informação das pessoas e dificuldades na escola regular, por este motivo a escola especial tem todo o aparato para receber o aluno deficiente auditivo e inseri-lo em um ambiente onde ele estará se sentindo a vontade, não sendo discriminado ou deixado de lado.

    A sociedade e a escola devem orientar esse deficiente, para que ele possa realizar atividades diárias sem depender de ouvintes, para isso a importância de uma escola especial, escola regular ensina aluno ouvinte a viver no mundo de ouvintes, e não um aluno surdo, com 20 alunos ouvintes. A escola especial prepara um aluno especial, com uma deficiência, para viver e se adaptar a uma sociedade ouvinte, fazendo com que este aluno possa interagir com essa sociedade.

    “Se o surdo não pode ficar esperando que a sociedade faça tudo por ele, também não pode lutar sozinho e competir com os ouvintes, como se fosse ouvinte.” (REDONDO e CARVALHO, 2000, p.15). O aluno surdo precisa explorar, manusear objetos, e necessita atenção constante para se desenvolver, a escola especial propicia esse manuseio, pois enriquece a aula, sendo que na escola regular o aluno dividiria a atenção do professor com os demais alunos e não haveria interação suficiente.

    Além do mais a escola especial conta com o apoio de fonoaudiólogas que complementam o trabalho realizado pela professora em sala de aula, com um ambiente propício para aprendizagem o aluno surdo se encontra em uma posição favorável ao seu aprendizado.

    A escola não sabe trabalhar com a instabilidade. Necessita de referências fixas para descrever e educar/disciplinar os sujeitos desiguais. As grandes teorias sociológicas, filosóficas e políticas e outras possuem a imensa responsabilidade de ‘tratar’ e explicar as diversas transgressões sociais, bem como os fracassos escolares de sujeitos que são considerados, pela escola moderna, como desajustados, revoltados, deficientes, carentes, famintos, ou com problemas emocionais, etc. [...] a escola diante da diversidade, encontra-se desorientada sobre os refletores da verdade. Ela ainda esta submetendo aos grupos desiguais a um mercado de conhecimentos escolares que são vendidos a preços que não podem ser adquiridos a todos. Mas será que a constituição da escola permite ver, pensar, questionar as diferenças e manifestações de resistência daqueles que ela não conseguem se enquadrar? Como ensinar dentro de um cenário onde não existem modelos de cidadãos? (SKLIAR, 1998. p.107)

    Deficiência visual é a perda total ou parcial do sentido da visão. Então, essa deficiência pode ser parcial ou total, comprometendo todo o campo visual. As causas podem ser pré-natais e peri-natais, entre estas está o glaucoma, que é a elevação da pressão intra-ocular e a cegueira provocada por diabetes fora de controle. Conforme (DIEHL, 2006 p. 62) define-se deficiente visual o indivíduo que apresenta apenas perda parcial da visão em um ou ambos os olhos e cego o indivíduo que tem a ausência de visão em ambos os olhos.

    A escola regular não está preparada para receber o deficiente visual e o cego, pois inicialmente não possui acessibilidade, não há formação dos professores para trabalharem com o deficiente visual em sala de aula, mesmo se sua deficiência for parcial, e seu desenvolvimento cognitivo for normal. O mesmo fator que compromete os deficientes auditivos, serve para os visuais: o isolamento e a discriminação por parte dos colegas, e a escola regular ainda não sabe lidar com esse complexo problema de educar os alunos para o coletivo e para a vida social, está preocupada somente com os conteúdos, deixando de lado a parte que forma um cidadão.

    Saber lidar com o aluno deficiente não diz respeito somente à escola especial, mas a sociedade também. Contudo, esta ainda possui práticas classificatórias e excludentes, mesmo que a modernidade traga a tona informação, inter-relação e a dita inclusão escola, que em tese seria a solução para integrar o que a própria sociedade excluiu, as diferenças são vistas como uma separação e não como um somatório, onde o aluno deficiente seria visto em suas potencialidades e não na sua deficiência.

    As comparações entre o eu e o outro, quando deficiente, ocorrem numa dimensão de alteridade, comprometida pelo modelo clinico ou pelo modelo matemático, que segundo a teoria dos conjuntos, que organiza e separa os grupos em função de suas características diferenciadas. Trata-se da lógica de exclusão, pois a indesejável comparação entre as pessoas é feita em torno de certos indicadores que eliminam aquelas que não se encaixa, porque fogem ao padrão estabelecido. (CARVALHO, 2006, p.40)

    A escola em situação de inclusão não está totalmente errada quando deseja trazer o aluno deficiente ao convívio social, mas é possível outra forma de interação, que o aluno da escola regular também frequente a escola especial, em oficinas, turno inverso e faça parte da vida diferente desse aluno. A resposta seria mais evidente ao integrar turmas de alunos regulares ao ambiente em que o deficiente já está familiarizado, e que tem todo o aparato para o receber e ajudar no seu desenvolvimento.

    Conforme (MANTOAN, 2003, p.70), o processo de inclusão deve ensinar toda a turma, sem exceções, pois é preciso romper com as fronteiras, e integrar saberes e ensinar para a turma toda, sem diferenciar o estudo para um aluno, ou grupo de alunos. Será que esse método seria possível, observando as escolas e a educação que temos em nossa região? Pela ótica de Mantoan o deficiente aprende no mesmo momento que o aluno normal, mas isso não se aplica a esta realidade, é necessário, sim, o aluno especial frequentar a escola especial. Outro ponto ao qual seu discurso não se aplica é o processo avaliativo, que a escola regular possui processos rígidos que muitas vezes não se aplicam a alunos regulares, muito menos a um aluno com necessidades especiais que necessita de todo um processo diferenciado, avaliando suas potencialidades. O deficiente visual e o cego, precisam uma atenção especial no que se refere à mobilidade e manuseio de objetos, e sua aprendizagem necessita ser individualizada, o que nem sempre é ofertado na escola regular, o que pode atrasar seriamente seu desenvolvimento

    A falta de conhecimento, de estímulos, de condições e de recursos adequados pode reforçar o comportamento passivo, inibir o interesse e a motivação. A escassez de informação restringe o conhecimento em relação ao ambiente. Por isso, é necessário incentivar o comportamento exploratório, a observação e a experimentação para que estes alunos possam ter uma percepção global necessária ao processo de análise e síntese. (DE SÁ, CAMPOS, SILVA, 2007 p. 21)

    A deficiência mental é umas das mais complexas, não existem definições exatas acerca desta deficiência, sendo a mais frequente dentro dos 14 % da população brasileira com alguma deficiência, 5% destes procedem da deficiência mental. Conforme Artigo I do decreto Nº 3.956, de 8 de outubro de 2001 da Convenção Interamericana para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência : [...] “O termo "deficiência" significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social.”

    As causas da deficiência podem ser de origem genética, como a síndrome de Down, por desordem química, desordem cromossômica, em complicações pré-natais, e peri-natais. A deficiência mental segundo DIEHL (2006 p.86) é a pessoa que adquire essa condição por desordem do organismo, diferente de doença mental, que é um distúrbio de personalidade, por desordem psíquica.

    A deficiência mental exige muitos cuidados, pois o deficiente em um de seus níveis, leve, moderado, severo e profundo pode necessitar de cuidados especiais, quanto à locomoção, alimentação, educação entre outras limitações, pois além de deficiência mental o deficiente pode ter alguma deficiência motora associada, agravando mais seu caso. A escola regular dificilmente será capaz de atender às necessidades básicas de um deficiente mental, pois o aparato da escola regular é muito pouco e não há condições mínimas de incluir esse aluno na rede regular de ensino. A escola especial é a indicação certa para que este aluno seja bem atendido em todos os aspectos de sua limitação, e ainda trabalha desenvolvendo suas potencialidades.

    O aluno com deficiência mental tem dificuldade de construir conhecimento como os demais e de demonstrar a sua capacidade cognitiva, principalmente nas escolas que mantêm um modelo conservador de ensino e uma gestão autoritária e centralizadora. Essas escolas apenas acentuam a deficiência, aumentam a inibição, reforçam os sintomas existentes e agravam as dificuldades do aluno com deficiência mental. Tal situação ilustra o que a definição da Organização Mundial de Saúde - OMS de 2001 e a Convenção da Guatemala acusam como agravante da situação de deficiência. (GOMES, FERNANDES, BATISTA, SALUSTIANO, MANTOAN e FIGUEIREDO, 2007 p.14)

    O professor necessita saber e experiência para avaliar e educar o deficiente mental, pois suas limitações não os tornam incapazes, mas sim limitados apenas em alguns aspectos e tornando-os gênios em outras, como afirma (GARDNER, 1994), com a teoria das inteligências múltiplas. O que o autor se refere é que o ser humano é dotado de sete formas de inteligência: lingüística, lógica-matemática, espacial, musical, sinestésica, interpessoal e intrapessoal. E é baseado nessas inteligências que o professor deve trabalhar, observando qual o tipo de inteligência predominante no aluno a assim trabalhar suas potencialidades.

    No que segue, indico que há evidências humanas relativamente autônomas abreviadas como inteligências humanas. Estas são as estruturas da mente [...] a exata natureza e extensão de cada estrutura individual não foi até o momento satisfatoriamente determinada, nem o numero preciso de inteligências foi estabelecido. Parece-me, porém, estar cada vez mais difícil negar a convicção de que há pelo menos algumas inteligências, que estas são relativamente independentes umas das outras e que podem ser modeladas e combinadas numa multiplicidade de maneiras adaptativas por indivíduos e culturas. (GARDNER, 1994, P. 07)

    Alguns alunos deficientes possuem sérias limitações motoras, ou de relacionamento ou aprendizagem, o que não exclui a possibilidade de desenvolverem altas habilidades artísticas, como música, arte, ou relações interpessoais. A escola especial possui uma capacidade maior de identificar essas habilidades do aluno e desenvolvê-las, o que pode não acontecer na escola regular, onde predomina uma forma de conhecimento. O professor e a escola não possuem tempo e preparação para o desenvolvimento integral que esse aluno especial necessita.

    O processo da educação regular e o deficiente sempre andaram em lados opostos, e isso justifica que o processo de inclusão é segmentado e não ocorre em um todo, mas se é para incluir, se pode incluir apenas em alguns segmentos? Eis a questão da inclusão. Para ser incluso a educação deve ser plena e suprir toda a deficiência e garantir um aprendizado eficiente e duradouro.

    Identificar as necessidades individuais sem poder supri-las é muito frustrante. Entra aí a importância da interação entre as vertentes individual e social, pois, embora as escolas possam desenvolver inúmeras ações em prol da inclusão, também é verdade que elas enfrentam inúmeros limites que só poderão ser superados com mudanças sistemáticas nas políticas nacionais, com ênfase para as que dizem respeito diretamente a educação. (CARVALHO, 2006, p.15)

    As necessidades de se rever a educação e o processo educacional de inserção do deficiente na escola regular foram citados por (MANTOAN, 1989, p.21), isso implica no desejo que as escolas e alunos têm hoje ainda, de um sistema educacional que consiga abraçar as diferenças. A mesma autora referiu-se a esse problema também em 2003, destacando que a inclusão seria benéfica se ocorresse dentro dos moldes corretos. Observando o que diz (MANTOAN, 2003, p.61) “superar o sistema tradicional de ensinar é um propósito que temos que efetivar com toda a urgência. Essa superação refere-se ao ‘que’ ensinamos e ‘como’ ensinamos para que eles cresçam e se desenvolvam [...]”. A necessidade de mudança não é nova, e hoje em 2009, a mudança ainda não ocorreu, mas a inclusão está ocorrendo, é necessário repensar onde essa inclusão está levando o aprendizado do deficiente; as mudanças são necessárias.

    A escola especial vem suprindo as necessidades dos diversos tipos de deficiência. Ela possui um aparato necessário para garantir a permanência do deficiente na escola, oferece oficinas, artes, canto, atividades físicas, e tudo isso voltado às necessidades de cada aluno deficiente. Não se pode querer que o deficiente frequente a escola regular, como muitos pais e professores gostariam apenas para não dizerem que seus filhos frequentam uma escola especial, como é o caso das APAES.

    Os belos discursos dos defensores da inclusão, que afirmam que as crianças precisam encontrar na escola seus pares de idade, e precisam conviver com as diferenças. Essas pessoas não viram as fracassadas tentativas de inclusão que acontecem nas escolas, elas deveriam observar e visitar o trabalho das escolas especiais e analisarem os resultados.

    Além da educação adequada, a escola especial é um ambiente familiar, onde a família frequenta a escola. O ambiente é todo decorado e aconchegante, os alunos têm acesso às salas e objetos, onde em escolas regulares as portas e portões estão sempre trancados, e os alunos devem seguir modelos de conduta que muitas vezes não se aplicam as suas realidades e ainda não geram resultados satisfatórios.

    Numa perspectiva binária, o ‘ser’ ou ‘não ser’ deficiente, aparecem como as únicas opções possíveis, uma contra a outra. Mas... será que poderíamos afirmar que ser cego é o oposto de ser vidente, e que ser deficiente mental exclui as possibilidades de ter altas habilidades artísticas, por exemplo, que ser surdo é o negativo de ser ouvinte? (CARVALHO, 2006, p. 41)

    Portanto é necessário repensar sobre o processo de inclusão e se pode afirmar que a escola especial é, sim, o lugar mais adequado para receber o deficiente e os alunos com necessidades educacionais especiais, onde os professores recebem os alunos e trabalham suas potencialidades. Já, na escola regular o professor, muitas vezes, é obrigado a receber um aluno especial, pois a legislação prega isso, e os pais querem que seu filho estude em uma escola regular, mesmo que o professor e a escola não ofereçam condições para essa inclusão.

    A escola especial é realmente especial, pois os alunos deficientes protegem uns aos outros, e ainda há o sentimento verdadeiro, pois são afetuosos uns com os outros, criando um ambiente de carinho, atenção, e o preconceito não existe, pois são todos semelhantes e buscam desenvolver o que neles há de bom. Mas esta escola não esconde, não limita a convivência, ela sim faz a inclusão.

Considerações finais. Abordagem

    A escola especial é o lugar mais adequado à educação de pessoas com deficiência e necessidades educacionais especiais. A preocupação com o bem- estar e com o aprendizado é a mesma, o que não ocorre na escola regular, onde o que norteia o professor é o rendimento do aprendizado de forma quantitativa e não o que esse aprendizado vai significar no aluno, o que é diferente em escola especial, pois a aprendizagem é qualitativa e de forma significativa para o aluno.

    A alteridade do outro permanece como que reabsorvida em nossa identidade, que é reforçada ainda mais, torna-se a provável, mais arrogante, mais segura e satisfeita de si mesma. A partir desse ponto de vista, o louco confirma a nossa razão, a criança, a nossa maturidade, o selvagem a nossa civilização, e o marginal a nossa integridade, o estrangeiro o nosso país e o deficiente nossa normalidade. (CARVALHO, 2006, p. 40)

    A educação especial é, portanto, a melhor modalidade de educação aos deficientes e a melhor forma de inserir o aluno deficiente na sociedade, pois a escola especial não ‘esconde’ o aluno, acolhe-o e torna-o uma pessoa cidadã.

Referências

  • BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, lei N.º 8069 de13 de julho de 1990.

  • BRASIL. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, lei N.º 7.853 de 24 de outubro de 1989.

  • BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional, lei 9394/96 de dezembro de 1996.

  • BRASIL. Constituição do estado do Rio Grande Do Sul. Educação, da Cultura, do Desporto, da Ciência e Tecnologia, da Comunicação social e do Turismo.

  • CARVALHO, Rosita Edler. Educação inclusiva: com os pingos nos “is. 4ª Ed. Porto Alegre: Mediação, 2006.

  • Decreto Nº 3.956, de 8 de outubro de 2001, Convenção Interamericana Para A Eliminação De Todas As Formas De Discriminação Contra As Pessoas Portadoras De Deficiência, (Guatemala) disponível em: portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/guatemala.pdf acesso em 08 de novembro de 2009.

  • DE SÁ, Elisabet Dias, CAMPOS, Izilda Maria de, SILVA, Myriam B. Campolina. Deficiência Visual, Formação Continuada a Distância de Professores para o Atendimento Educacional Especializado. SEESP / SEED / MEC: Brasília, 2000.

  • DIEHL, Rosilene de Moraes. Jogando com as diferenças. São Paulo: Phorte, 2006.

  • GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 1994.

  • GOMES, Adriana L. Limaverde. FERNANDES, Anna Costa. BATISTA, Cristina Abranches Mota. SALUSTIANO, Dorivaldo Alves. MANTOAN, Maria Teresa Egler. FIGUEOREDO, Rita Vieira de. Deficiência Mental: Formação Continuada a Distância de Professores para o Atendimento Educacional Especializado. SEESP / SEED / MEC: Brasília, 2007.

  • MANTOAN, Maria Teresa Egler. Compreendendo a deficiência mental, novos caminhos educacionais. Scipione: 1989.

  • MANTOAN, Maria Teresa Egler. Inclusão escolar: O que é? Por quê? E como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.

  • REDONDO, Maria Cristina da F. CARVALHO, Josefina Martins. Deficiência auditiva. Formação Continuada a Distância de Professores para o Atendimento Educacional Especializado. SEESP / SEED / MEC: Brasília, 2000. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000345.pdf acesso em 07 de novembro de 2009.

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