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Fatores de risco à saúde em estudantes de Educação Física 

da Universidade Estadual de Santa Cruz, Bahia

 

Licenciado em Educação Física

Membro do Grupo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde

GPAF, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

Prof. Thiago Ferreira de Sousa

tfsousa_thiago@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O objetivo foi identificar a associação entre os fatores de risco isolados e simultâneos, e os indicadores sócio-demográficos em estudantes de Educação Física da Universidade Estadual de Santa Cruz (Bahia, Brasil). Foi realizado um estudo transversal com os estudantes do curso (n = 105), que responderam um questionário de maneira auto-reportada na forma livre. Os fatores de risco comportamentais isolados e simultâneos (inatividade física no lazer, percepção negativa de stress e sono, consumo de salgados, carnes/frangos e doces) foram analisados em relação às variáveis sócio-demográficas (sexo, faixa etária e turma). Os fatores de risco simultâneos foram estratificados em: até dois a cinco ou mais e quatro ou mais. Para análise dos dados foi empregada estatística descritiva, teste qui-quadrado e qui-quadrado para tendência, para um p < 0,05. Em relação aos fatores isolados foi encontrada a associação estatística da atividade física no lazer com o sexo (p = 0,015), e da percepção de sono pela turma (p = 0,016), além da associação linear entre o consumo de salgados e faixa etária (p = 0,021). As análises acerca da simultaneidade de fatores de risco à saúde em relação aos indicadores sócio-demográficos não demonstraram associação estatística tanto de forma geral como por sexo. Entretanto, a categoria 3 fatores de risco apresentou as maiores freqüências em relação ao sexo, faixa etária e turma. Deve-se procurar incentivar estilos de vida saudáveis entre os acadêmicos, principalmente relacionados aos hábitos alimentares.

          Unitermos: Fatores de risco. Simultaneidade. Universitários.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008

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1.     Introdução

    As doenças crônicas não-transmissíveis (DCNTs) representam um dos principais problemas de saúde pública na atualidade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) as DCNTs são responsáveis por grande parte de todas as mortes ocorridas no mundo e aponta que um grupo de fatores de risco à saúde tem grande influência na maioria das mortes por DCNTs (WHO, 2002). Dentre eles destaca-se as dislipidemias (em decorrência do consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas), a inatividade física, o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas, a obesidade, a ingestão insuficiente de frutas e verduras (WHO, 2002).

    Esta evidência recentemente foi constatada no estudo the INTERHEART study, em que se verificou que um grupo de fatores de risco (inatividade física, gordura abdominal em excesso, tabagismo, alcoolismo, consumo reduzido de frutas e verduras, estresse, diabetes mellitus, hipertensão e colesterol elevado) agia coletivamente nos casos de infarto do miocárdio, independente do país, idade e sexo (YUSUF et al., 2004).

    Em relação aos universitários, os estudos comumente buscam identificar principalmente os fatores de risco isolados, sejam os fatores comportamentais, como o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas, a inatividade física e os hábitos alimentares indesejados (VIEIRA et al., 2002; STOCK et al., 2001; LEMOS et al., 2007; COLEHO et al., 2005) ou os fatores biológicos como o excesso de peso corporal (LOCH et al., 2006). Entretanto, estudos que envolvam fatores de risco analisados de forma simultânea são escassos na literatura.

    Sendo assim, o presente estudo buscou identificar a associação entre os fatores de risco (comportamentais) isolados e simultâneos, e os indicadores sócio-demográficos em estudantes de Educação Física da Universidade Estadual de Santa Cruz (Bahia, Brasil).

2.     Procedimentos metodológicos

    Estudo de característica descritiva de corte transversal, derivado do estudo Perfil dos Indicadores da Aptidão Física e Saúde dos Estudantes de Educação Física da Universidade Estadual de Santa Cruz (PAFIS - UESC/BA). A coleta de dados ocorreu no mês de maio de 2007. Os estudantes (n=143) que estavam matriculados e que freqüentavam regularmente as atividades acadêmicas no período em que se deu a coleta de dados foram convidados a participar do estudo.

    A equipe responsável pelo estudo realizou um treinamento prévio com a equipe responsável pela convocação dos sujeitos e aplicação dos questionários. Os voluntários auto preencheram os questionários na forma livre, sendo assistidos pelos pesquisadores integrantes da equipe responsável pelo projeto. O instrumento de pesquisa (questionário) foi construído tendo como referência instrumentos previamente validados em estudos de abrangência populacional (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004; BARROS; NAHAS, 2001; NAHAS; FONSECA, 2004), composto por seções referentes as informações demográficas e socioeconômicas, indicador de saúde e qualidade de vida, estilo de vida (atividade física, hábitos alimentares, controle do estresse, comportamentos preventivos e relacionamentos), satisfação e controle da massa corporal.

    As seguintes categorias das variáveis sócio-demográficas foram assim estabelecidas: faixa etária (até 20 anos, 21 a 30 anos e 31 anos ou mais); turma: em relação ao ano de ingresso no curso (2004, 2005, 2006 e 2007).

    Com relação às variáveis comportamentais procedeu-se a categorização de risco da seguinte forma:

  • Referir o consumo em uma (01) ou mais vezes por semana de carne vermelha gordurosa ou frango com pele sem remover a gordura visível, salgados (coxinhas, pastéis, empanados, acarajé e outras frituras) e doces (bolos, tortas, sonhos e sorvetes).

  • Percepção Negativa de Stress, os indivíduos que referiram o nível de stress “quase sempre estressado” ou “sempre estressado”, obtida mediante a pergunta: “Como você classifica o nível de stress na sua vida? e Percepção Negativa da Qualidade de Sono, referir dormir bem “às vezes” ou “nunca/raramente”, medida pela questão: Com que freqüência você considera que dorme bem?

  • Inativos no lazer, os estudantes que afirmaram não ter praticado nenhum tipo de atividade física no lazer nas duas últimas semanas anteriores a coleta de dados, tais como: esportes coletivos, caminhada, corrida, ciclismo, ginástica/musculação, natação/hidroginástica, dança/atividades rítmicas, yoga/tai-chi-chuan/alongamentos, artes marciais/lutas, ou outro tipo de atividade física.

    À simultaneidade de fatores de risco à saúde (FRS), entendida como qualquer combinação entre os fatores de risco à saúde, foi considerada a partir da conexão dos seguintes fatores de risco comportamentais (inatividade física no lazer, consumo de carne/frango, salgados, doces, percepção negativa de stress e de sono). A simultaneidade de FRS foi posteriormente categorizada em: Até 2 FRS a 5 ou mais FRS; e 4 ou mais FRS.

    Os fatores de risco isolados e simultâneos foram analisados em relação as variáveis sócio-demográficas (sexo, faixa etária e turma). As análises da simultaneidade de FRS por faixa etária e turma posteriormente foram estratificadas em função do sexo. Para a análise dos dados utilizou-se o pacote estatístico SPSS versão 11.0. Procedimentos de estatística descritiva, testes de qui-quadrado (c2) e qui-quadrado (c2) para tendência foram utilizados, para um nível de significância de p < 0,05.

    O presente estudo adotou todos os procedimentos constantes na Resolução 196/06, no item VI.I, alíneas “a” até “i”. Os participantes foram informados acerca do anonimato e da participação voluntária na pesquisa, estas informações se deram em ambientes com condições semelhantes para as quatro turmas. A coleta de dados somente deu início após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

3.     Resultados

    Participaram do estudo 105 estudantes do curso de licenciatura em Educação Física (masculino = 57,1%), com idade média de 23,2 anos (DP = 4,9; 17 a 42). A faixa etária com menor percentual foi a de 31 anos ou mais, 10,0% (Tabela I).

Tabela I

Características sócio-demográficas dos estudantes de Educação Física, por sexo.

Variável

Homens

Mulheres

Total

p

n %

n %

n %

 

Faixa etária

56

44

100

0,527

Até 20 anos

28,6

36,4

32,0

 

21 a 30 anos

58,9

56,8

58,0

 

31 anos ou mais

12,5

6,8

10,0

 

Turma

60

45

105

0,268

2004

23,3

35,6

28,6

 

2005

21,7

26,7

23,8

 

2006

28,3

24,4

26,7

 

2007

26,7

13,3

21,0

 

    Em relação aos fatores de risco à saúde (Tabela II), percebeu-se maiores freqüências nas seguintes categorias de risco: consumo de doces (92,3%), consumo de salgados (88,5%), consumo de carnes/frango (70,5%) e percepção negativa de sono (39,8%), entretanto, somente a variável atividade física no lazer (p=0,015 c2 = 5,868) apresentou associação estatística com o sexo. As mulheres (31,1%) apresentaram maior freqüência de inatividade física no lazer do que os homens (11,9%).

Tabela II

Freqüência dos Fatores de Risco Comportamentais em estudantes de Educação Física, por sexo.

Variável

Homens

Mulheres

Total

 

n %

n %

n %

p

Atividade Física no Lazer

59

45

104

0,015

Inativo no lazer

11,9

31,1

20,2

 

Consumo de Doces

59

45

104

0,068

1 ou mais vezes por semana

88,1

97,8

92,3

 

Consumo de Carnes/Frangos

60

45

105

0,108

1 ou mais vezes por semana

76,7

62,2

70,5

 

Consumo de Salgados

59

45

104

0,905

1 ou mais vezes por semana

88,1

88,9

88,5

 

Percepção de Stress

58

45

103

0,415

Percepção Negativa de Stress

12,1

17,8

14,6

 

Percepção de Sono

58

45

103

0,659

Percepção Negativa de Sono

37,9

42,2

39,8

 

    Associação estatística linear foi identificada entre a faixa etária e o consumo de salgados (p=0,021 c2 = 5,335), sendo constatado um declínio com o aumento da idade (Tabela III). Em relação à turma, as maiores freqüências se deram em relação ao consumo de doces, salgados e carnes/frango para as quatro turmas, contudo, associações estatísticas somente foram constatadas para a percepção de sono (p = 0,016), com maiores freqüências para as turmas 2005 e 2006 (Tabela IV).

Tabela III

Freqüência dos Fatores de Risco Comportamentais em estudantes de Educação Física, por faixa etária.

Variável

Faixa etária

  

Até 20 anos

21 a 30 anos

31 anos ou mais

n %

n %

n %

p

Atividade Física no Lazer

31

58

10

0,164

Inativo no lazer

9,7

27,6

20,0

 

Consumo de Doces

32

58

09

0,256

1 ou mais vezes por semana

100,0

86,2

100,0

 

Consumo de Carnes/Frangos

32

58

10

0,824

1 ou mais vezes por semana

75,0

65,5

90,0

 

Consumo de Salgados

32

57

10

0,021

1 ou mais vezes por semana

96,9

87,7

70,0

 

Percepção de Stress

32

57

09

0,734

Percepção Negativa de Stress

12,5

17,5

0

 

Percepção de Sono

32

57

09

0,694

Percepção Negativa de Sono

37,5

40,4

44,4

 

 

Tabela IV

Freqüência dos Fatores de Risco Comportamentais em estudantes de Educação Física, por ano de ingresso no curso (Turma).

Variável

Turma

 

2004

2005

2006

2007

 

n %

n %

n %

n %

p

Atividade Física no Lazer

30

25

28

21

0,092

Inativo no lazer

30,0

28,0

14,3

4,8

 

Consumo de Doces

29

25

28

22

0,509

1 ou mais vezes por semana

86,2

96,0

92,9

95,5

 

Consumo de Carnes/Frangos

30

25

28

22

0,381

1 ou mais vezes por semana

66,7

80,0

60,7

77,3

 

Consumo de Salgados

30

25

27

22

0,594

1 ou mais vezes por semana

90,0

84,0

85,2

95,5

 

Percepção de Stress

30

24

27

22

0,544

Percepção Negativa de Stress

20,0

12,5

7,4

18,2

 

Percepção de Sono

30

24

27

22

0,016

Percepção Negativa de Sono

30,0

54,2

55,6

18,2

 

    A simultaneidade de FRS apresentou as seguintes freqüências: Até 2 = 20,0%; 3 = 45,0%; 4 = 24,0%; 5 ou mais = 11,0%; 4 ou mais = 35,0%. Identificou-se a inexistência de indivíduos com Nenhum FRS.

    Em relação à associação entre a simultaneidade de FRS e as características sócio-demográficas, de forma geral não foi constatado associação estatística linear. Entretanto, há de se considerar que mais da metade das mulheres apresentaram 3 FRS (51,1%), assim como os indivíduos com até 20 anos e 31 anos ou mais, 54,8% e 62,5%, respectivamente (Tabela V).

Tabela V

Freqüência de múltiplos fatores de risco em relação às características sócio-demográficas em estudantes de Educação Física.

Variável

Número de Fatores de Risco (%)

Até 2

3

4

5 ou +

4 ou +

Sexo (n=100)

 

 

 

p=0,340

p=0,371

Homens

25,5

40,0

25,5

9,1

34,5

Mulheres

13,3

51,1

22,2

13,3

35,6

Faixa etária (n=95)

 

 

 

p=0,610

p=0,427

Até 20 anos

12,9

54,8

22,6

9,7

32,3

21 a 30 anos

23,2

35,7

28,6

12,5

41,1

31 anos ou mais

25,0

62,5

0

12,5

12,5

Turma (n=100)

 

 

 

p=0,542

p=0,399

2004

24,1

41,4

24,1

10,3

34,5

2005

12,5

37,5

37,5

12,5

50,0

2006

15,4

53,8

23,1

7,7

30,8

2007

28,6

47,6

9,5

14,3

23,8

    Quando a análise foi realizada em função do sexo, também não foi identificada associação estatística linear, tanto em relação à faixa etária (Figura 1 e 2) como para o ano de ingresso no curso, todavia, as estudantes do sexo feminino da turma de 2007 apresentaram 83,3% na categoria referente a 3 FRS (Tabela VI).

 

Figura 1. Freqüência de múltiplos fatores de risco cardiovascular por faixa etária, em estudantes de Educação Física do sexo masculino (n=51), p > 0,05.

 

Figura 2. Freqüência de múltiplos fatores de risco cardiovascular por faixa etária, em estudantes de Educação Física do sexo feminino (n=44), p > 0,05.

 

Tabela VI

Freqüência de múltiplos fatores de risco em relação ao ano de ingresso no curso (turma) em estudantes de Educação Física, por sexo.

Variável

Número de Fatores de Risco (%)

Até 2

3

4

5 ou +

4 ou +

Homens

 

 

 

 

 

Turma (n=55)

 

 

 

p=0,680

p=0,866

2004

38,5

38,5

15,4

7,7

23,1

2005

16,7

41,7

41,7

0

41,7

2006

6,7

46,7

33,3

13,3

46,7

2007

40,0

33,3

13,3

13,3

26,7

Mulheres

 

 

 

 

 

Turma (n=45)

 

 

 

p=0,230

p=0,166

2004

12,5

43,8

31,3

12,5

43,8

2005

8,3

33,3

33,3

25,0

58,3

2006

27,3

63,6

9,1

0

9,1

2007

0

83,3

0

16,7

16,7

4.     Discussão

    O presente estudo apresenta as seguintes limitações: o tipo de pesquisa realizada (transversal) e o número insuficiente de sujeitos para análise visando o controle das variáveis de confusão. No entanto, variações sazonais decorrentes do clima e datas específicas, tais como festas populares e feriados, que influenciariam no comportamento dos estudantes, foram minimizadas pelo prazo de 3 semanas para a coleta das informações.

    Acerca dos fatores de risco à saúde, percebeu-se que a freqüência de 20,2% de inatividade física no lazer do presente estudo (p=0,015) se aproxima dos 21,9% de inativos encontrados em universitários da Alemanha (STOCK et al., 2001), que referiram não realizar exercícios físicos por semana, além de ter sido inferior aos 57,0% de inatividade física no estudo realizado por Vieira et al. (2002) com universitários de uma universidade pública brasileira que relataram não praticar esportes, assim como em relação ao estudo de Marcondelli et al. (2008) com universitários da área de saúde, que se constatou 65,5% de sedentarismo, sendo que para os estudantes de Educação Física o percentual foi de somente 6,5%.

    Em recente estudo realizado com universitários dos Estados Unidos (n = 10.437), que buscou investigar a prática de atividade física de intensidade vigorosa, constatou-se prevalência de inatividade física (nenhum dia por semana) nos homens de 19,3% e nas mulheres de 26,4%, todavia, no presente estudo a freqüência de inatividade física no lazer em relação aos homens e mulheres foram de 11,9% e 31,1%, respectivamente (NELSON et al., 2007). Tendência similar de inatividade física superior nas mulheres também foi evidenciada em universitários de Alexandria – Egito (ABOLFOTOUH et al., 2007) e do Brasil (MARCONDELLI et al., 2008). Apesar das diferenças geográficas e culturais entre cada estudo, além das diferenças nos critérios para se avaliar atividade física no lazer, percebe-se que a freqüência de inatividade física nos acadêmicos investigados é pequena.

    Quanto ao consumo de doces, salgados e carnes/frangos constatou-se de modo geral freqüências elevadas, fato esse extremamente preocupante, haja vista que hábitos alimentares indesejados podem influenciar no surgimento de diferentes tipos de doenças crônicas não-transmissíveis, como as doenças cardiovasculares e a diabetes mellitus. As freqüências dos hábitos alimentares citados acima nos universitários variaram de 70,0% a 92,0%, resultados esses superiores as prevalências identificadas nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal em relação ao consumo de alimentos gordurosos (MOURA et al., 2008). Contudo, tais freqüências podem ter sido influenciadas em parte pelo critério de risco adotado (referir o consumo em 1 ou mais vezes por semana) o que conseqüentemente produziu freqüências elevadas.

    Outros estudos realizados com universitários também demonstraram que hábitos alimentares indesejados, como o consumo de carnes/frango, doces e salgados, além de baixo consumo de frutas e verduras são recorrentes nessa população (VIEIRA et al., 2002; STOCK et al., 2001; MARCONDELLI et al., 2008; ABOLFOTOUH et al., 2007). Entretanto, há de se considerar que a literatura demonstra melhores hábitos alimentares com o aumento da idade (JAIME; MONTEIRO, 2005), sendo assim tal resultado pode estar atrelado a idade (média de 23,2 anos) dos indivíduos do presente estudo.

    Além disso, mais da metade dos indivíduos das turmas 2005 e 2006 referiram percepção negativa de sono (p = 0,016), todavia, a freqüência maior se deu para o sexo feminino (42,2%), estes resultados divergem em relação aos valores identificados em industriários catarinenses (FONSECA et al., 2008), que por meio da mesma questão e opções de respostas foi identificado apenas 14,9% de percepção negativa de sono (homens 16,0% vs. mulheres 13,1%). Em contrapartida, o estudo com acadêmicos de Alexandria (Egito), demonstrou que 32,2% dos estudantes (n = 600) apresentaram o comportamento em relação ao sono ruim, destes 51,0% foram do sexo masculino e 17,5% do sexo feminino (ABOLFOTOUH et al., 2007).

    Em relação à simultaneidade de fatores de risco, constatou-se a inexistência de sujeitos com nenhum fator de risco e maior freqüência na categoria 3 FRS (45,0%), na categoria 5 ou mais somente foi identificado 11,0%. Em universitários do Egito (ABOLFOTOUH et al., 2007) identificou-se prevalência de 39,5% na categoria de 2 FRS e 28,0% na categoria superior de 3 ou mais FRS (p < 0,01). Maiores freqüências no presente estudo podem ter se dado pela utilização de seis fatores de risco, diferentemente da quantidade de comportamentos de risco utilizados para análise da simultaneidade em estudantes de Alexandria.

    No Brasil o estudo realizado por Lessa et al. (2004) com a população da cidade de Salvador (Bahia), analisou oito fatores de risco simultâneos (sobrepeso, obesidade central, colesterol total, HDL, triglicerídeos, glicemia, tabagismo e alcoolismo), sendo constatada prevalência nos homens de 9,2% e nas mulheres 12,5% na categoria referente a 5 ou mais FRS, estes resultados são semelhantes às freqüências identificadas no presente estudo, em relação à mesma categoria (homens 9,1% e mulheres 13,3%). Além do número diferente de fatores de risco analisados o estudo de Lessa et al. (2004) também analisou fatores de risco biológicos, diferentemente do presente estudo que somente analisou variáveis comportamentais e perceptivas.

    Em relação à idade, não se constatou associação estatística linear tanto de forma geral como por sexo, porém, destaca-se que maiores freqüências formam evidenciadas na categoria referente a 3 FRS, seguindo a mesma tendência em função do sexo. Todavia, outros estudos demonstram associação estatística entre os fatores risco simultâneos e idade. Em estudo com amostra representativa de industriários catarinenses, foi identificada associação linear entre a simultaneidade de FRS e a idade, em que maiores prevalências foram identificadas nas categorias de 2 FRS (40,8%) e 3 FRS ou mais (19,0%) na faixa etária de 40 anos ou mais (FONSECA, 2005). Há de se considerar que o estudo realizado por Fonseca (2005) abrangeu amostra significativa de industriários catarinenses, o que possibilita divergências sócio-demográficas entre as populações.

5.     Conclusões

    As análises permitiram identificar associação estatística da atividade física no lazer por sexo, tal diferença demonstrou maior freqüência de inatividade física para as mulheres. Além disso, contatou-se associação linear entre o consumo de salgados pela faixa etária e associação estatística entre a percepção de sono em relação à turma. Com relação aos fatores simultâneos, não foi identificado associação estatística linear com as características sócio-demográficas tanto de forma geral como estratificado por sexo.

    No entanto, percebeu-se que a freqüência de indivíduos com 3 FRS foi bastante elevada, tendo em vista principalmente o número de fatores de risco utilizados na análise, além das freqüências elevadas dos fatores de risco isolados: consumo de salgados, doces e carnes/frango. Sendo assim, sugerem-se estratégias eficazes para a promoção de hábitos de vida saudáveis nos acadêmicos investigados, principalmente relacionados aos hábitos alimentares e a realização de estudos que envolvam amostras representativas de estudantes de Educação Física do nordeste brasileiro.

Agradecimentos

    Aos membros do Grupo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde pelo auxílio na coleta dos dados: Silvio Aparecido Fonseca, Sueyla Ferreira da Silva dos Santos, Ana Clara Souza Pie, Erick Fróes Almeida, Leandro Garcia Doroteio e Viviane Valentim.

Referências bibliográficas

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revista digital · Año 13 · N° 127 | Buenos Aires, Diciembre de 2008  
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