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Atividade física: um tratamento para pessoas com alzheimer

 

*Graduada em Educação Física. Especialista em Educação Física Escolar no Ceuclar, Batatais.

**Docente do Centro Universitário Claretiano - Ceuclar Batatais

Docente da Universidade de Franca, UNIFRAN

Doutora em Educação Especial Ufscar

(Brasil)

Tamia Lima*

tamialima.educacaofisica@yahoo.com.br

Maria Georgina Marques Tonello**

tonellogina@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          Um dos tipos de demência mais comum entre os idosos é a doença de Alzheimer ou simplesmente Mal de Alzheimer, as causas ainda são desconhecidas, porém são associadas a fatores de risco com: herança genética, idade, sexo, idade materna entre outros. Sabe-se que a doença ataca o córtex cerebral, ocasionando a morte dos neurônios e conseqüentemente afetando três áreas fundamentais: cognição, as atividades do dia a dia e o comportamento. A doença é irreversível e progressiva, seu tratamento envolve medicamentos fortes que causam efeitos colaterais sérios principalmente no tubo digestivo. Além do tratamento farmacológico, existe uma alternativa que vem sendo muito utilizada nos dias atuais: a Atividade Física. Devido aos benefícios que a prática do exercício regular traz na promoção de saúde, tem sido preconizada no tratamento da doença de Alzheimer, estimulando a afetividade, a cognição e a coordenação motora. Como toda atividade física, antes de iniciar o programa de exercícios, o paciente deve passar por uma avaliação médica para verificar suas condições físicas e clinicas, assim como estas mesmas condições devem ser respeitadas. O objetivo desse estudo é o de relatar através de pesquisas quais os benefícios da atividade física para o indivíduo portador da doença de Alzheimer, destacando também os atuais tratamentos disponíveis para a melhora de qualidade de vida dessas pessoas. Podemos perceber através da revisão da literatura que a atividade física influencia de maneira positiva no tratamento da doença de Alzheimer, trazendo benefícios como: aumento da auto-estima, melhora a afetividade e humor, melhora a capacidade de raciocino, coordenação motora, percepção e memória, diminuindo os índices de depressão, ansiedade e internações, conforme mostram os estudos já realizados. Estudos também revelaram que indivíduos mais ativos conseguem retardar a doença e seu avanço ou até mesmo evitá-la. Por isso, a prática regular de atividade física promove respostas favoráveis para um envelhecimento saudável prevenindo e tratando de doenças, reduzindo índices de mortalidade em portadores da doença de Alzheimer, pois prolonga a qualidade e a duração de uma vida ativa.

          Unitermos: Atividade física. Alzheimer. Prevenção. Tratamento.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 125 - Octubre de 2008

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Introdução

    Conforme Mandi (2001), a doença de Alzheimer é um tipo de demência mais freqüente e causa uma desintegração progressiva global, homogênea e irreversível das funções mentais num período que varia de dois a vinte anos.

    De acordo com Azevedo (2005) ocorre uma disfunção das células nervosas; essa disfunção não tem causa conhecida ainda, porém, sabe-se que provoca a diminuição de um hormônio neurotransmissor que é de grande importância na função cerebral: a acetil-colina.

    Existem várias teorias que podem explicar a causa da doença, porém nenhuma delas está comprovada realmente. Dentre elas destacam-se:

  • Idade: quanto mais avançada a idade, maior a probabilidade de desenvolver a doença.

  • Idade Materna: refere-se a mães que dão à luz com idade superior a quarenta anos.

  • Herança Genética: não necessariamente hereditária, porém, geneticamente determinada.

  • Traumatismo Craniano: idosos que sofreram traumas mais sérios podem desenvolver a doença.

  • Escolaridade: o nível de escolaridade pode influenciar na tendência a ter Alzheimer. Acredita-se que quanto mais “estudado” for o indivíduo, menor são as chances de desenvolver a doença.

  • Teoria Tóxica: apesar de haver controvérsias, existe a possibilidade de se desenvolver a doença principalmente através da contaminação pelo alumínio.

    Existem inúmeras pesquisas (CAYTON; WARNER; GRAHAM, 2000), sugerem a relação entre o alumínio e a doença de Alzheimer, pois há presença de depósitos de alumínio em emaranhados e placas no cérebro do portador da doença, além do aumento nos índices de demência nos pacientes com insuficiência renal que apresentavam elevados níveis de alumínio. No entanto, a controvérsia existe porque, um estudo feito no cérebro de portadores da doença de Alzheimer que já haviam falecido, não encontrou níveis de alumínio mais elevados do que em indivíduos normais.

    Ainda de acordo com Fortura (2005) há outras causas além das citadas anteriormente como: sexo, raça, encefalite, meningite, doença cardíaca e renal, alcoolismo, má nutrição e o meio ambiente onde vive o indivíduo.

    No que se refere à causa através da herança genética (CAYTON; WARNER; GRAHAM, 2000) explicam que em casos raros, genes anormais causam a doença, pois, os genes associados ao desenvolvimento da patologia podem exercer um efeito deletério sobre os neurotransmissores que permitem a comunicação entre as células nervosas. Uma outra forma seria que, os genes podem exercer seu efeito através de sua influência sobre o fator de crescimento neural, interferindo na forma pela qual este fator, normalmente ressalta o crescimento do funcionamento das células nervosas, a fim de compensar a morte das outras células. Explica ainda que, pessoas com Síndrome de Down geralmente têm a duplicação do cromossomo 21, há nesse cromossomo um gene que codifica a proteína precussora amilóide. A disposição anormal dessa proteína no cérebro ocorre na doença de Alzheimer. Então, esse gene extra resulta num excesso de amilóide e conseqüentemente, a maioria das pessoas acima dos quarenta anos e portadores de Síndrome de Down desenvolvem as mesmas características da doença de Alzheimer no tecido cerebral.

    Geralmente, a doença se manifesta em indivíduos com idade igual ou superior a sessenta anos, causando lapsos de memória. Porém deve-se ressaltar que somente os lapsos de memória não significam que a pessoa tenha Alzheimer, pois para ser Alzheimer além dos lapsos de memória, deve também haver o comprometimento de outras funções (BERTOLUCCI, 2005).

    Conforme Cayton; Warner; Graham (2000), o diagnóstico é importante, pois pode constatar que os sintomas podem ter causas diferentes, permite que os familiares se planejem em relação ao futuro e principalmente, porque encaminha o paciente com Alzheimer ou qualquer outra patologia a tratamentos adequados.

    O diagnóstico de certeza da doença de Alzheimer, segundo Paixão et al (2006), só pode ser feito através da demonstração de alterações patológicas compatíveis em material de biópsia ou necropsia, porém estes exames não são de rotina e implicam em riscos. O que pode ser feito são exames clínicos.

    Bertolucci (2005) relata que nestes exames clínicos ou como também são chamados diagnósticos clínicos são realizados vários testes para poder excluir os diversos tipos de patologias que tem a demência associada a elas, para então poder concluir que realmente é doença de Alzheimer.

    As patologias, ou algumas das patologias que podem ser estar associadas à demência são: doença da tireóide, hipovitaminose, hidrocefalia, depressão, desidratação, tumores cerebrais, efeitos colaterais de medicamentos. Segundo Almeida (2006), existem vários testes ou escalas para avaliação cognitiva que podem ser usados no diagnóstico da doença, dentre eles estão: Escala de Blessed para Demência, Escala para Avaliação da doença de Alzheimer e o Mini-exame do Estado Mental (MMSE). Todas essas escalas são usadas como instrumento com o objetivo específico de avaliar as condições intelectuais do paciente com demência. Dentre estas escalas, destaca-se o MMSE, pois é de fácil aplicação, não é cansativo e por isso o mais usado.

Quadro 1. Exemplo do Mini-Exame do Estado Mental

    Em relação ao quadro, Almeida (2006), explica que o MMSE é composto por diversas questões agrupadas em sete categorias, cada uma planejada com a finalidade de avaliar funções cognitivas específicas e com as seguintes pontuações:

  • Orientação para tempo – 5 pontos;

  • Orientação para local – 5 pontos;

  • Registro de três palavras – 3 pontos;

  • Atenção e cálculo – 5 pontos;

  • Lembrança das três palavras – 3 pontos;

  • Linguagem – 8 pontos e

  • Capacidade construtiva visual – 1 ponto.

    O escore do exame pode variar de zero até um total máximo de 30 pontos. Por ser simples, pode ser administrado em 5-10 minutos. Também se observa que o exame tem boa confiabilidade teste-reteste e que o ponto de corte 23/24 tem de boa a excelente sensibilidade (de 54% a 100%) e especificidade (de 62% a 100%) para o diagnóstico de demência. Para pacientes com Alzheimer, espera-se que ocorra uma perda de 2 a 3,5 pontos por ano.

    Bertolucci (2005) explica que o único problema é diagnosticá-la na fase inicial, porque geralmente a queixa existente nesta fase é a falta de memória, e como já foi dito pode estar associada a outras patologias, então é necessário que além do exame neurológico, seja feito um bom exame de memória, orientação, linguagem e funções normais. Já nos estágios mais avançado, somente um histórico e um exame de memória bem feitos são suficiente. Ainda não se consegue diagnosticar a doença através de exames genéticos.

    Segundo Paixão et al (2006), atualmente existem métodos modernos que facilitam o diagnóstico como a tomografia transistoriza comum ou com emissão de positron, ressonância nuclear magnética. Desde que os critérios utilizados para se fazer o diagnóstico sejam rigorosos, o acerto pode ser superior a 80% .

Sistema nervoso

    Conforme Oliveira e Furtado (1999) o envelhecimento promove uma série de mudanças anatômicas e químicas no encéfalo e medula. Ocorre uma diminuição no volume do cérebro (cerca de 2% a cada dez anos depois dos cinqüenta anos de idade e que o peso do cérebro cai cerca de 15% do seu volume máximo alcançado aos oitenta anos de idade). Assim conclui-se que nos primeiros 50 anos de vida perde-se mais substância cinzenta que branca e na segunda metade de vida, esta relação se inverte.

    Explica ainda que, durante o processo de envelhecimento ocorrem diversas alterações e as mais importantes são:

  • Diminuição das células;

  • Alterações dendríticas;

  • Placas senis;

  • Degeneração neurofibrilar;

  • Degeneração granulo-vacuolar e

  • Acúmulo de lipofucsina.

    Estas lesões ocorrem predominantemente no córtex pré-frontal e parieto temporal; núcleo ceruleus; substância negra e núcleo de Meynert. Ocorre também uma redução progressiva do consumo de oxigênio e de glicose, diminuindo as funções cognitivas decorrentes dos diversos circuitos cerebrais, semelhante ao processo que acontece na doença de Alzheimer. Os neurônios do encéfalo não são uniformemente sensíveis à morte neuronal durante o envelhecimento, na verdade, não ocorre uma perda neuronal e sim uma diminuição do tamanho dos neurônios. Porém, na substância negra e no lócus ceruleus, observa-se que ocorre sim uma perda neuronal, principalmente nos primeiros cinqüenta anos de vida.

    De acordo com Paixão et al (2006), nos pacientes da doença de Alzheimer, ocorrem alterações nos córtices associativos frontal, temporo-parietal, occiptal e no hipocampo. Um exame mais detalhado mostrará as placas senis, degeneração neurofibrilar e angiopatia amilóide ao lado do desaparecimento dos grandes neurônios piramidais. As placas senis possuem um núcleo de material amorfo, rodeado por neurônios em degeneração e por astrócitos, as células responsáveis pela “cicatrização” do tecido cerebral. De acordo com a idade, estas placas vão aumentando, mas o que diferencia uma pessoa normal de uma com Alzheimer, é que no paciente que tem Alzheimer, os números destas placas são ainda maiores.

    Relata Bertolucci (2005), que há um encolhimento total do tecido cerebral, por isso, os sulcos cerebrais são mais alargados, há também em encolhimento do gyri e as dobras se tornam bastante acentuadas. Além do mais, os ventrículos onde está contido o líquido cerebroespinhal está ampliado.

    A doença se espalha através do córtex cerebral que é a camada exterior do cérebro, o que explica os sintomas apresentados portadores da doença.

Sintomas

    Segundo Bertolucci (2005), além da perda de memória, os outros sintomas que acompanham a evolução da doença são: dificuldades de raciocínio, na linguagem, na orientação temporal, dificuldade de realizar tarefas simples, alteração no apetite e no sono, desorientação espacial, até mesmo dentro da própria casa.

    De acordo com Cayton; Warner; Graham (2005), a doença evolui rapidamente em algumas pessoas do que em outras, por isso, pode ser que alguns pacientes não apresentem todos os sintomas. Mesmo assim, existem características comuns apresentadas pelos pacientes e desta maneira é dividida em três fases citadas abaixo:

Fase Inicial

Características Comuns:

  • Dificuldades de linguagem;

  • Ter perda significativa de memória – especialmente a memória recente;

  • Demonstrar dificuldade em tomar decisões;

  • Desorientação tempo-espacial, ocorrendo também em ambientes familiares;

  • Apresentar falta de iniciativa e motivação, sinais de agressividade e depressão;

  • Demonstrar falta de interesse por atividades e hobbies.

Fase Intermediária

Características Comuns:

  • Perda marcante da memória e da atividade cognitiva (esquece nomes e eventos recentes);

  • Pode não ser mais capaz de viver seus problemas de forma independente, portanto, se torna mais dependente precisando de assistência diária;

  • Incapacidade de realizar tarefas rotineiras como: cozinhar, tomar banho, fazer compras, etc;

  • A linguagem se torna cada vez mais difícil;

  • Apresenta comportamento anormais como agressividade sem ser provocado;

  • Se perde com facilidade, tem tendência a fugir ou perambular pela casa;

  • Pode apresentar alucinações.

Fase Avança

Características Comuns:

  • Dificuldade em entender e interpretar coisas;

  • Não reconhece parentes, amigos, familiares etc;

  • Perda do controle da bexiga e do intestino

  • Piora a marcha, por isso, passa mais tempo sentado ou no leito.

  • Enrijecimento das articulações

  • Dificuldades para se alimentar, o que passa exigir o uso de sonda integral ou gastronomia (sonda do estômago).

  • Morte.

    Conforme o avanço da doença o paciente se torna mais dependente, necessitando de cuidados e supervisão em tempo integral e a esta pessoa que cuida do paciente em tempo integral é dado o nome de cuidador.

    A doença em sua evolução afeta três áreas fundamentais: cognição, o comportamento e as atividades do dia-a-dia. Entre a evolução da doença e a morte, o tempo médio pode ser de 4 a 8 anos, porém, pode haver casos em que dure 20 anos ou mais.

    A doença afeta a cognição, porque há uma perda de memória progressiva, começando por fatos recentes e chegando até a perda total, a ponto de não lembrar o próprio nome. De maneira precoce, o paciente sente dificuldade em determinar o período do dia, de se localizar dentro da apropria casa. Quanto á linguagem, a dificuldade inicial é de encontrar palavras e escrever, porém conforme sua evolução o paciente chega ao mutismo e á incapacidade para compreender a linguagem. Em relação ao dia-a-dia, o paciente se torna progressivamente dependente.

    No início as atividades mais complexas como controle de contas, pequenos consertos se tornas impossíveis de serem realizados, não consegue também controlar seus movimentos, o que torna complicado a troca de roupas ou mesmo o uso de talheres. Conforme o avanço da doença, tarefas mais simples ainda como compreender uma leitura, jogar cartas, usar o sanitário se torna mais complicado, principalmente porque o paciente se torna incontinente tanto para fezes quanto para urina. Não há uma maneira, nem mesmo através de exames, de se prevenir à doença de Alzheimer. O que existe são fatores que podem de alguma maneira influenciar ou retardar seu avanço.

Exercício físico e envelhecimento

    De acordo com Wilmore (2000) em grande parte, as alterações do desempenho de endurance que acompanham o envelhecimento podem ser atribuídas Às reduções tanto da circulação central quanto periférica.

    Conforme se envelhece, o consumo máximo de oxigênio (VO2max) vai diminuindo devido a dois fatores:

  • Fatores Centrais

    • Diminuição da freqüência cardíaca máxima;

    • Diminuição do volume de ejeção máximo;

    • Diminuição do débito cardíaco máximo;

    • Diminuição do fluxo sangüíneo.

    Ao envelhecer a freqüência cardíaca máxima diminui, com isso o volume de sangue ejetado para o corpo, a quantidade de sangue que fica no coração e o fluxo sangüíneo também diminuem.

  • Fatores Periféricos

    • Deve-se a diferença artério-venosa de Oxigênio (a-vO2), que significa a diferença de concentração de oxigênio entre as artérias e veias. Conforme o envelhecimento, wssa diferença diminui por causa da baixa captação de oxigênio.

    Há uma queda de 10% do VO2max por década até +/- 65 anos. Acima dos 65 anos a queda é maior que 10%. A capacidade aeróbia também diminui com o envelhecimento.

    Relata (NÓBREGA ET AL, 2005) que além das alterações cardio-vasculares, ocorre também alterações músculo-esqueléticas. O sistema neuromuscular alcança sua maturidade plena entre vinte e trinta anos, entre a 3ª e 4ª década a força máxima permanece estável ou com reduções pouco significativas. Por volta do 60 anos, ocorre uma redução da força máxima muscular entre 30% e 40% que corresponde a uma perda de 6% por década dos trinta e cinco aos cinqüenta anos e a partir dos cinqüenta, ocorre uma perda de 10% por década.

    Também ocorre no idoso, uma redução da massa óssea. Essa perda é mais freqüente em mulheres e quando ocorre de mais acentuada, se caracteriza a osteoporose. Já foi comprovado que a atividade física é um excelente instrumento para promoção da saúde em qualquer idade, em especial no idoso porque provoca várias adaptações tanto fisiológicas (aumento do VO2max, aumento da massa muscular, melhor controle da glicemia etc.), quanto psicológicos (melhora auto-estima e auto-confiança), melhorando a qualidade de vida dos mesmos.

    Concordando com Nóbrega et al, (apud OLIVEIRA; FURTADO, 2005) a prática do exercício físico de resistência é muito importante pois, este tipo de exercício está associado a níveis baixos de insulina no plasma em jejum bom como, a melhora significativa na tolerância a glicose e a sensibilidade a insulina. Por isso, a prática regular de atividade física promove respostas favoráveis para um envelhecimento saudável prevenindo e tratando de doenças como osteoporose, reduzindo índices de mortalidade em portadores da doença de Parkinson e aconselhada também no tratamento de doenças cérebro-degenerativa como esclerose múltipla e Alzheimer, pois prolonga a qualidade e a duração de uma vida ativa, melhorando a coordenação motora e neuromuscular.

Benefícios do exercício físico para a doença de alzheimer

    Estudos realizados nestes últimos tempos revelam que a prática regular de exercícios físicos têm sido de suma importância no tratamento da doença de Alzheimer.

    Conforme Manidi (2000), a atividade física deve estimular o paciente, trazendo benefícios no sentido de: facilitar a redescoberta do esquema corporal; preservar as capacidades funcionais remanescentes durante o máximo de tempo possível; melhorar o aspecto moral e a confiança; restituir a auto-estima e consequentemente, ajudar a manter certa qualidade de vida.

    De acordo com Atividade Física (2006), um estudo feito na Universidade de Chicago com ratos transgênicos, mostrou que ratos mais ativos quando comparados com os sedentários, apresentaram uma redução dos depósitos de placas amilóides entre os neurônios. Apresentaram também alterações bioquímicas cerebrais que podem explicar a diminuição das placas: foi detectado um aumento da enzima chamada neprilisina no cérebro, dotada da propriedade de degradar as placas amilóides. Essa enzima também potencializa a expressão de genes envolvidos no aumento da sobrevivência dos neurônios, na facilitação do aprendizado e na ativação dos mecanismos de armazenamento e formação de memórias. Ainda de acordo com este estudo, um outro parecido com este foi realizado pelos pesquisadores da Johns Hopkins, mostrou que a atividade física pode reduzir até 50% o risco de Alzheimer.

    Em outra pesquisa feita pela UNIFESP, com 65 idosos que foram submetidos a um programa de musculação durante seis meses, mostrou que houve uma melhora sensível nas funções cognitivas como: raciocínio, coordenação motora, percepção e memória, além de diminuir os índices de depressão e ansiedade, melhoraram também o humor e a afetividade.

    Um outro estudo feito por Linda Teri e colaboradores da universidade de Washington, feito com 153 portadores de Alzheimer. Neste estudo os pacientes foram divididos de forma aleatória em dois grupos, chamados de grupo A e grupo B. assim, o grupo A foi submetido a uma combinação de programas de exercícios físicos (dado aos pacientes) e um treinamento de técnicas corporais (dado aos cuidadores), o grupo B manteve sua rotina de medicamentos e acompanhamento médico. Ao comparar os resultados obtidos nos primeiros três meses, mostrou que o grupo A esteve duas vezes mais ativo que o grupo B, apresentando uma melhora nos níveis de depressão. E após dois anos, os pacientes do grupo A continuaram apresentando melhoras significativas, onde nesse período o grupo teve 19% de internações contra 50% do grupo B devido a distúrbios comportamentais.

    A atividade física segundo Castilho (2006), tem sido preconizada para doenças como esclerose múltipla e Alzheimer por melhorar o equilíbrio e a marcha; trazer menor dependência para realização de atividades diárias, melhora os sintomas de depressão e aspectos da função cognitiva, consequentemente melhora a capacidade de trabalho, diminuindo a incapacidade e a necessidade de cuidados de longa duração muito dispendiosos.

Precauções necessárias para a prescrição do exercício

    De acordo com Manidi (2001) e Brazão (2005), antes de se prescrever a atividade física é necessário fazer uma avaliação médica completa das condições clínicas, possibilidades físicas e a compreensão do paciente, este último é indipensável. Além do mais, a avaliação vai permitir o melhor acompanhamento do impacto positivo ou não do exercício físico.

    Manidi (2001), explica também que o acompanhamento deve ser feito de maneira regular, devido ao fato da evolução da doença. Além disso, os exercícios devem ser adaptado às possibilidades físicas e práticas do paciente, evitando confrontá-lo com eventuais fracassos que é visto como fator negativo. É necessário também que o profissional que está tratando o paciente seja flexível, facilitando assim, a vida de outras pessoas que cuidam do paciente, respeitando as regras de segurança, sem colocar em risco a vida do paciente.

Dieta e exercício

    De acordo com Rocha (2006) a atividade física além de promover o bem-estar, é capaz de promover efeitos protetores para o desenvolvimento de demências, entre elas a doença de Alzheimer. Algumas medidas simples como exercício físico e uma dieta alimentar com baixa ingestão calórica são capazes de retardar o aparecimento de sintomas da doença, sua progressão e de certa forma até mesmo evitá-las.

    Aliada à prática de exercícios, a dieta adequada também demonstra efeitos protetores sobre o sistema nervoso central. Uma dieta de baixa caloria pode aumentar a resistência dos neurônios a disfunção e morte.

    Conforme Cayton (2000), devido a constipação que a doença pode causar, é aconselhável que o portador da doença também faça uma dieta balanceada e rica em fibras.

    Uma pesquisa feita pela agência americana National Institute On Aging e publicada na revista “Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association”, revela que adultos que consomem a dose diária recomendada de ácido fólico reduzem significativamente o risco de desenvolver Alzheimer. Foram analisadas a dieta alimentar de 579 voluntários saudáveis com mais de 60 anos, entre 1984 e 1991. o estudo revela também que 57 dos 579 pacientes desenvolveram a doença e que os participantes com altos níveis de ácido fólico em sua dietas apresentaram uma chance menor de desenvolver a doença. Segundo Maria Corrada, que comandou o estudo junto com Cláudia Kawas, os indivíduos participantes que consumiram a dose diária recomendada de pelo menos 400 microgramas tiveram queda de 55% no risco de desenvolver a doença, e que embora o ácido fólico pareça ser mais benéfico que outros alimentos, o mais importante é perceber que uma dieta saudável em geral, parece ter um impacto em limitar o risco de Alzheimer.

    Esta sustância é encontrada em alimentos como fígado, rim, fermento, frutas (banana e laranja), vegetais folíferos, pão integral ovos e leite, porém pode ser destruída durante o cozimento dos mesmos.

Capacidade aeróbia e outros exercícios

    De acordo com (CASTILHO, 2005) o exercício aeróbico em indivíduos idosos resulta em diminuição da resistência em relação a rede vascular em aumento das lipoproteínas de alta densidade e em diminuição dos níveis sangüíneos de lipídeos. Contribuindo também, para o aumento da densidade da substância óssea, além de melhorar a tolerância à glicose, reduzindo os depósitos de gordura e aumentando também a massa corporal.

    Segundo (BRAZÃO, 2006) a caminhada é uma ótima opção de exercício por ser fácil e barato, dispensando o uso de aparelhos caros e sofisticados, mas além da caminhada, também são indicados exercícios como jogging, natação e ciclismo. Explica ainda, que a parte aeróbia do exercício deve ser feita todos os dias, se possível com duração máxima de 30 a 40 minutos.

    Os exercícios de sobrecarga muscular e flexibilidade também são muito importantes, principalmente após os quarenta anos de idade. Devem ser realizados pelo menos de duas a três vezes na semana. Os exercícios de sobrecarga muscular devem envolver os principais músculos e articulações, já o treinamento de flexibilidade deve envolver os principais movimentos e ser executado lentamente, até causar um ligeiro desconforto, para então ser mantido por no máximo 20 segundos. Este treinamento deve ser feito antes e/ou depois da parte aeróbia.

Esquema corporal

    De acordo com Rauchbach (1990), existem vários fatores a serem trabalhados na atividade física, um deles é a reeducação postural, onde através de estímulos proprioceptores e esteroceptores educando as sensações, alcança-se uma boa integração do esquema corporal e de atitude, facilitando desta maneira, as atividades diárias gastando menos energia e mudando o comportamento social e afirmando a personalidade.

    Os exercícios devem trabalhar o reconhecimento corporal e equilíbrio. Exemplo: levantar o braço direito, mover a perna esquerda, inclinar o corpo à direita. Também podem ser aplicados com o auxílio de um bastão, cadeira ou colchonete.

    É importante salientar que durante o exercício não deverá ocorrer incômodos. Se o paciente não se sentir bem e seguro durante o exercício, deverão ser tomadas as providências para que o problema seja corrigido. Exemplo: se não estiver com as costas bem apoiadas, procurar um apoio adequado ao tipo de exercício, se unir as pernas é for difícil, deixar as pernas afastadas, etc. Deve-se sempre orientá-los em relação a curvatura da coluna e posição da cabeça.

Alongamentos

    Relata Rauchbach (1990) que a orientação dos movimentos deverá ser no sentido de alongar a região a ser trabalhada, sem forçar muito ao final do exercício. Devem ser aplicados dando condições às articulações, libertando-as das tensões localizadas e aplicando sua mobilidade. O relaxamento também é aconselhável.

    Exemplos de exercícios de alongamento:

  • Alongamento do tronco: pode ser executado em diferentes posições com ou sem elementos.

  • Alongamento da musculatura dos membros inferiores.

  • Empurrar algo imaginário, etc.

    Independente dos exercícios a serem aplicados, deve-se sempre respeitar as condições clínicas e físicas do paciente, procurando evitar que haja situações de fracassos, pois seriam vivenciados de maneira negativa, estimulando a desistência.

Considerações finais

    Podemos perceber através da revisão da literatura que a atividade física tem influenciado de maneira positiva no tratamento da doença de Alzheimer, trazendo benefícios como: aumento da auto-estima, melhora a afetividade e humor, melhora a capacidade de raciocino, coordenação motora, percepção e memória, diminuindo os índices de depressão, ansiedade e internações, conforme mostram os estudos já realizados.

    Por isso, a prática regular de atividade física promove respostas favoráveis para um envelhecimento saudável prevenindo e tratando de doenças, reduzindo índices de mortalidade em portadores da doença de Alzheimer, pois prolonga a qualidade e a duração de uma vida ativa, melhorando a coordenação motora e neuromuscular.

    Atividades que trabalham o esquema corporal, alongamento, musculação, locomoção e até mesmo exercícios que enfoquem as atividades da vida diária, podem auxiliar o processo de tratamento para essa doença. Cabe ressaltarmos que toda atividade física deve respeitar as condições clínicas e físicas dos alunos, dessa forma ela só tem a acrescentar, tornando-se uma grande aliada no tratamento da doença de Alzheimer.

Referências bibliográficas

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revista digital · Año 13 · N° 125 | Buenos Aires, Octubre de 2008  
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