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Aprendendo a ser professor de Educação Física na percepção do planejamento das aulas no estágio curricular supervisionado

 

*Licenciado em Educação Física Centro de Educação Física e Desportos (CEFD)

da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Especialista em Pesquisa e Ensino do Movimento Humano (CEFD/UFSM)

e em Gestão Educacional pelo Centro de Educação (GEd/CE/UFSM)

Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFSM)

Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (GEPEF/UFSM)

**Acadêmicos da Licenciatura em Educação Física (CEFD/UFSM)

Integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (GEPEF/UFSM)

***Doutor em Educação (UNICAMP/UFSM) e em Ciência do Movimento Humano (CEFD/UFSM)

Professor Adjunto do Departamento de Metodologia do Ensino (MEN/CE/UFSM) e

do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/CE/UFSM)

Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (GEPEF/UFSM)

Leonardo Germano Krüger*

leonardogk@gmail.com

Clairton Balbueno Contreira**

clcontreira@yahoo.com.br

Laís Cavalheiro**

laiscavalheiro@yahoo.com.br

Patric Paludett Flores**

patricflores_12@hotmail.com

Hugo Norberto Krug***

hnkrug@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa objetivou conhecer a opinião dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física da UFSM em relação à ocorrência de aplicabilidade e os fatores de influência e fontes utilizadas que mais contribuíram para o planejamento das aulas na vivência da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado. A pesquisa foi um estudo de caso, descritiva e de opinião. Participaram 30 acadêmicos do 1° semestre letivo do ano de 2008, que responderam um questionário com perguntas abertas e fechadas. A análise dos dados foi indicadores e freqüência percentual. A maioria dos acadêmicos destacaram dois momentos em relação a aplicabilidade do planejamento das aulas: o momento positivo, que esteve ligado ao sucesso das atividades desenvolvidas; e o momento negativo e externo a sua ação pedagógica, como os temas geradores e a falta de estrutura física. O principal fator que influenciou no planejamento das aulas foi a realidade escolar e da turma, e as fontes mais utilizadas foram os livros didáticos.

          Unitermos: Educação Física. Estágio Curricular Supervisionado. Planejamento.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 125 - Octubre de 2008

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1.     Apresentação da pesquisa

    Esta pesquisa é um complemento das idéias já divulgadas por este coletivo de autores na temática formação de professores em Educação Física, especificamente sobre as vivências no Estágio Curricular Supervisionado no que se refere ao conceito e prática pedagógica no planejamento de aulas deste componente curricular (KRÜGER et al., 2008).

    Com isso, salientamos a nossa preocupação na área de desenvolvimento profissional de professores de Educação Física Escolar, pois estamos tratando de uma formação complexa e multimediada. Onofre (1991) salienta que formar professores requer uma formação sólida para que o professor consiga definir o que ensinar, porque ensinar, para que ensinar e como ensinar.

    Em relação à Educação Física, a situação da formação profissional não é diferente dos demais cursos de formação de professores (DARIDO, 1995). Na perspectiva de que a formação de professores é um ”continuum”, não se deve pretender que a formação inicial ofereça “produtos acabados”, encarando-a antes como uma fase de um longo e diferenciado processo de desenvolvimento profissional (MARCELO GARCÍA, 1992).

    Neste sentido é que nos debruçamos em pesquisar sobre a fase da formação inicial em Educação Física, ou seja, estudar o processo formativo de futuros professores. Então, definimos como recorte para estudo o Estágio Curricular Supervisionado (ECS) como sendo um momento dentro da formação inicial em que se vivenciam e experienciam diferentes situações, as quais podem caracterizar-se ora conflituosas, ora prazerosas em função da aprendizagem docente e da prática pedagógica educativa.

    O ECS apresenta a função de unir conhecimento teórico e trabalho prático, complementando a formação do professor, constituindo-se, portanto, por sua própria natureza, o sinal mais visível da dicotomia existente na Universidade, entre teoria e prática. Assim, neste instante de projeção científica perguntamos em que momento é possível perceber a aplicabilidade do planejamento das aulas no ECS, bem como quais são os seus fatores de influência e fontes utilizadas?

    A partir desta pergunta, objetivou-se conhecer a opinião dos acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria em relação a: 

  1. Ocorrência de aplicabilidade do planejamento das aulas durante o estágio; e 

  2. Fatores de influência e as fontes utilizadas pelos acadêmicos que mais contribuíram para o planejamento das aulas durante o estágio.

    Justificamos este objetivo corroborando com Luckesi (1993), pois o planejamento é um modo de ordenar a ação tendo em vista fins desejados, tendo por base conhecimentos que dêem suporte objetivo à ação, e se assim não o for, o planejamento será um faz-de-conta de decisão, porque não servirá em nada para direcionar a ação. Piéron (1996) também destaca que o estágio na educação escolar é o verdadeiro momento de convergência, por vezes de confrontação, entre a formação teórica e o mundo real do ensino. O acadêmico, enquanto professor-aprendente e aprendente-professor, assume um grande número de responsabilidades do titular da aula num estatuto desconfortável e em uma situação que não lhe é familiar. Entretanto, conforme o mesmo autor, as pesquisas revelam que o estágio pedagógico no ensino tem sido considerado pelos acadêmicos como a experiência mais útil da preparação profissional.

2.     Metodologia da pesquisa

    Esta pesquisa foi um estudo de caso em que examinou aspectos da vida de um determinado grupo de pessoas, além de ser descritiva e de opinião. Descritiva porque observou, registrou, analisou e correlacionou fatos ou fenômenos sem manipulá-los. De opinião, pois procurou saber atitudes, pontos de vista e preferências que as pessoas tem a respeito de algum assunto, com o objetivo de tomar decisões (CERVO; BERVIAN, 1996).

    O instrumento de pesquisa foi um questionário contendo perguntas abertas e fechadas, o qual foi aplicado a 30 acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física da UFSM, do 1º semestre letivo do ano de 2008, devidamente matriculados na disciplina ECS. O estágio foi realizado nas séries iniciais do ensino fundamental, em escolas da rede pública de ensino da zona urbana da cidade de Santa Maria (RS). Os pesquisadores distribuíram, aguardaram o preenchimento, procedendo ao recolhimento do questionário. A partir disso, foi realizada a análise dos dados coletados retirando indicadores das respostas dos informantes relativos ao objetivo do estudo, e a conseqüente utilização da freqüência percentual dos mesmos.

3.     A opinião dos participantes da pesquisa

3.1.     A opinião dos acadêmicos em relação a ocorrência de aplicabilidade do planejamento das aulas durante o estágio

    Os indicadores a seguir mostram que a maioria dos acadêmicos (82,4%), perceberam a aplicabilidade do planejamento das aulas durante o estágio. Desta maneira, constitui-se em uma ferramenta de grande valor para atingir os objetivos do planejamento, da avaliação e execução das atividades nas aulas com os alunos. De acordo com Piletti (1995), o planejamento consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o professor fará na aula. É uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. É também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligada à avaliação (LIBÂNEO, 1994).

    Também, foi possível observar que 17,6% dos acadêmicos preferiram não responder a questão, enquanto dos que responderam, nenhum acadêmico afirmou que não percebeu a aplicabilidade do seu planejamento de aula.

    Além disso, cabe ressaltar que os acadêmicos relataram dois momentos perceptíveis da aplicabilidade do planejamento: 1) Momentos positivos: atingir os objetivos das aulas; exeqüibilidade das atividades; e motivação dos alunos; e 2) Momentos negativos e externos a ação pedagógica do acadêmico: falta de motivação dos alunos nas atividades; indisciplina, bagunça, gênero, agressividade; insucesso da atividade (necessidade de modificar a atividade), falta de estrutura física (quadra em más condições ou falta de espaço físico, por exemplo), causando transtornos para os acadêmicos e para os alunos.

    Onofre (1991) diz que a maioria das situações-problema identificadas pelos professores envolvem a (in)disciplina dos alunos. Neste sentido, Valle; Zamberlan; Pinto Filho (apud KRUG, 2001) relatam ser eles constantes, nos quais os professores não conseguem lidar, talvez em função da dificuldade de “controlar” ou satisfazer as expectativas dos alunos, homogeneizando a classe no processo ensino-aprendizagem. Assim, a preocupação passa a procurar o método que garanta a entrada dos alunos nas regras que se delineiam para que possa percorrer sem tropeços, sem falhas para aprender.

    O estudo de Menezes Filho (2005) apresenta aspectos (problemas pessoais) apontados pelos acadêmicos como fatores intervenientes na sua prática pedagógica, como por exemplo, sensações de dúvida (“será que vai dar certo?”), sentimentos de insegurança para assumir a turma e sentimento de incapacidade para planejar as atividades. Tais comportamentos tem contribuído ao perfil formativo do futuro professor, ainda acrítico e desarticulado entre a sua prática pedagógica e a realidade escolar.

    Considerando a escola como um espaço temporal de acontecimentos e interações entre os sujeitos que nela se envolvem, ela pode situar-se em um constante processo de ressignificação e reforma educativa. Reforma esta que parte das diferentes idéias e concepções educativas, capaz de gerar uma crise no que se refere ao conhecimento cotidiano, escolar (teóricos e práticos), científico e profissional docente (ARNAY, 1998).

    Na educação, explica Schön (1992, p.80), “esta crise centra-se no conflito entre o saber escolar e a reflexão-na-ação dos professores e alunos”, passando pelas diferentes concepções de conhecimento, aprendizagem e ensino que a escola e seus atores possuem. Por isso, uma alternativa para apreender o que decorre no âmbito da prática pedagógica educativa é aprender a ser um professor reflexivo, pois, este tipo de professor esforça-se por ir ao encontro do aluno e entender o seu próprio processo de conhecimento, ajudando-o a articular o seu conhecimento na ação com o saber escolar. “Este tipo de ensino é uma forma de reflexão-na-ação que exige do professor uma capacidade de individualizar, isto é, de prestar atenção a um aluno, mesmo numa turma de trinta, tendo a noção do seu grau de compreensão e das suas dificuldades” (Ibid., p.82).

    Então, destacamos que a formação profissional fundamentada na atividade reflexiva contribui para que o futuro professor seja capaz de enfrentar situações novas e diferentes, bem como tomar decisões apropriadas e fundamentadas, interligando teoria e prática. Desta forma, também contribui para o desenvolvimento da sua autonomia, pois este saberá explicar e justificar a sua ação (KRUG, 2001).

3.2.     Fatores de influência e tipos de fontes utilizadas pelos acadêmicos que mais contribuíram para o planejamento das aulas durante o estágio

3.2.1.     Fatores que influenciaram o planejamento das aulas

    Os indicadores que representam as influências deste item são: a realidade escolar e da turma (19,4%); o espaço físico, o conteúdos das aulas e o gosto dos alunos (com 12,9%); os recursos materiais, a construção dos objetivos das aulas, as condições climáticas (9,7%); o horário das aulas (6,4%); avaliação e dinamismo das aulas (3,2%).

    A partir desta descrição, podemos descrever o planejamento das aulas em 3 variáveis: 

  1. Variável estrutural: espaço físico, recursos materiais, horário da aula e condições climáticas; 

  2. Variável pedagógica: construir objetivos, seleção dos conteúdos e procedimentos de ensino, avaliação; gestão de classe (dinamismo); e 

  3. Variável social: realidade escolar e da turma, gosto dos alunos.

    Estas variáveis relacionam-se diretamente. A variável estrutural apresenta uma realidade comum para a maioria das escolas, de maneira que, o professor (no caso o acadêmico), precisa refletir a relação entre o seu planejamento e os espaços e materiais disponíveis da escola, estando voltado para a realidade em que está inserido, sendo apenas um aspecto fundamental no desenvolvimento das aulas.

    Na variável pedagógica parece que há a preocupação em desenvolver uma aula que tenha conteúdos interessantes e atrativos, com a finalidade de atingir os objetivos traçados. Segundo Canfield (1996) o objetivo é a essência da Educação Física. Se ele não existir, o que estaremos fazendo? Em que embasaremos nossa prática pedagógica? Como poderemos fazer o planejamento desta prática se o objetivo, que é o seu ponto central, não existe?

    De acordo com Aguiar (2003), a Educação Física Escolar ainda vive sob a influência da cultura de aptidões físicas, iniciação desportiva e formação de equipes representativas. Apesar de todo o discurso de inclusão, de interdisciplinaridade e da importância da Educação Física para a formação integral, ela não precisa ser uma disciplina especial, deve ser “normal” como qualquer outra, que participe da formação global do aluno como as demais. Para Silva (1999), muito se tem discutido sobre os objetivos da Educação Física e pouco se tem feito para mudanças que possam evidenciar avanços.

    Em relação aos conteúdos das aulas, o estudo de Bonone (2001) com professores de Educação Física de escolas de Caxias do Sul (RS) constatou que os professores baseiam suas aulas nas práticas de voleibol, basquetebol, futsal e handebol. Já segundo Rech et al. (2001), os desportes coletivos são utilizados em larga escala como conteúdos didáticos pela escola para um aprimoramento, tanto das qualidades físicas, como das relações sociais entre os indivíduos. Os esportes coletivos mais praticados e difundidos nas escolas em nosso país são o futsal, o voleibol, o basquetebol e o handebol, onde cada um apresenta características próprias e desenvolve suas capacidades de forma diferente.

    Na variável social, as respostas estão direcionadas para a realidade escolar, o que demonstra a preocupação dos acadêmicos em compreender a realidade do aluno para desenvolver atividades condizentes, bem como os seus interesses. De acordo com Piletti (1995) uma das características de um bom planejamento de ensino é ser elaborado em função das necessidades e das realidades apresentadas pelos alunos.

    Para Oliveira (1994), existe uma subjetividade na escolha de conteúdos por parte de quem planeja, que por sua vez sobrepõe-se às necessidades e possibilidades dos alunos. Em estudo realizado por Escotto; Teixeira (1985), intitulado “Conteúdos da Educação Física nas escolas de 1° e 2° graus”, constataram que, na maioria das escolas de Cruz Alta (RS), os professores não selecionam o conteúdo de acordo com as necessidades dos alunos. Libâneo (1994) esclarece que na escolha dos conteúdos de ensino é preciso levar em conta não só a herança cultural manifestada nos conhecimentos e habilidades, mas também a experiência da prática social vivida no presente pelos alunos, isto é, nos problemas e desafios existentes no contexto em que vivem.

    Sobremaneira, os conteúdos propostos para a Educação Física Escolar precisam considerar os saberes culturais, conceitos, procedimentos e atitudes, ou seja, nesta relação poderemos estar refletindo sobre o que se está propondo saber, como fazer e ser (ZABALA, 1998).

3.2.2.     Tipo de fontes utilizadas que mais contribuíram para o planejamento das aulas

    As fontes mais utilizadas pelos acadêmicos para o planejamento das aulas foram os livros didáticos (52,5%), seguido pelo material fornecido pelo professor orientador do ECS durante as aulas (17,4%). Além destes, foram citados com menor freqüência: experiências próprias, caderno da disciplina, atividades pré-desportivas, material dos colegas, planejamentos prontos, conteúdos de psicomotricidade e artigos. O material utilizado como complemento no planejamento das aulas foi bastante variado, mas um indicador pouco comentado e que talvez deveria ser mais utilizado são os artigos científicos, pois muitas vezes são estudos realizados com professores, como por exemplo, sendo uma excelente fonte de pesquisa.

    Complementando, o próprio aluno é uma fonte que pode ser utilizada, senão uma das mais importantes, no entanto, o mesmo não foi citado como fonte de pesquisa. Desta forma, quando os conteúdos não estão sendo contextualizados com o cotidiano e com a realidade educacional, podem estar contribuindo para aumentar, significativamente as dificuldades encontradas pelos acadêmicos nas escolas.

    No estudo de Krüger et al. (2004), intitulado “O perfil da prática pedagógica dos professores de Educação Física do ensino fundamental de Santa Maria (RS) em relação ao planejamento de ensino”, constataram que a grande maioria (78,9%) dos professores de Educação Física de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental das redes de ensino municipal, estadual e particular, da zona urbana da cidade de Santa Maria (RS) afirmaram que na elaboração do planejamento de ensino para a sua disciplina consultaram livros, mas somente menos da metade (47,4%) consultaram os seus alunos.

    Krug (2004) e Canfield (1996) salientam que é necessário que os professores conversem entre si sobre a Educação Física. Troquem idéias. Fiquem em dúvida sobre a forma como estão conduzindo suas práticas profissionais, pois só assim poderão detectar pontos positivos e negativos no que estão fazendo. Só assim poderão ver o quanto estão contribuindo para que as aulas tenham um papel significativo na vida dos alunos.

    Segundo Libâneo (1994, p.225) “a ação docente vai ganhando eficácia na medida em que o professor vai acumulando e enriquecendo experiências ao lidar com as situações concretas de ensino”. Isso significa que, para planejar, o professor serve, de um lado, dos conhecimentos do processo didático e das metodologias e, de outro, da sua própria experiência prática. A cada etapa do processo de ensino convém que o professor vá registrando suas experiências. Com isso, vai criando e recriando a sua própria didática, enriquecendo a sua prática e ganhando mais segurança. Agindo assim, o professor usa o planejamento como oportunidade de reflexão e avaliação da sua prática, além de tornar menos pesado o seu trabalho, uma vez que não precisa, a cada ano ou semestre, começar tudo do marco zero.

4.     Constatações da pesquisa

    Entendemos que quando se propõe um momento para refletir e tentar perceber o que acontece no decorrer do trabalho docente, estamos buscando objetivar momentos delicados, e que às vezes é mais fácil negá-los do que assumi-los. Com isso, Krug (2001) salienta que não só os acadêmicos e os professores iniciantes, mas também os professores experientes sentem dificuldades em diversas situações no contexto escolar.

    Assim, após a apresentação das informações constatamos que:

  1. A maioria dos acadêmicos teve a percepção da aplicabilidade do planejamento das aulas durante o estágio, destacando dois momentos: positivo e negativo. O primeiro esteve ligado ao sucesso das atividades desenvolvidas, talvez conseqüente da motivação dos alunos. Do contrário, ocorreu o segundo, aliado a temas polêmicos ou geradores (indisciplina, bagunça, gênero, agressividade, inclusão); e externo a ação pedagógica do acadêmico, como falta de estrutura física (quadra em más condições, ou falta de espaço físico), também causando transtornos para os alunos.

  2. O principal fator que influenciou no planejamento das aulas foi a realidade escolar e da turma, bem como o espaço físico, o conteúdos das aulas e o gosto dos alunos, os recursos materiais, construir os objetivos das aulas, as condições climáticas, entre outros. As fontes mais utilizadas pelos acadêmicos foram os livros didáticos, seguido pelo material fornecido pelo professor orientador do ECS durante as aulas.

    Salientamos que se torna importante a busca contínua do aperfeiçoamento da profissão docente na formação inicial, pois no decorrer do trabalho há a possibilidade de desenvolver diferentes estratégias de ensino e aprendizagem para ultrapassar as mais diversas dificuldades que poderemos encontrar, compreendendo assim a ação docente e a realidade escolar.

    À guisa de conclusão, aproveitamos a oportunidade do Estágio Curricular Supervisionado para reforçar o que estamos suscitando, parafraseando Krug (2008), o qual destaca que nas percepções, nas condições, nos desafio e/ou problemas na formação de professores em Educação Física, podemos projetar o nosso desenvolvimento profissional buscando antecipar os próprios dilemas da realidade educacional, e compartilhar momentos de perspectivas delineando a superação dos diferentes quadros que se apresentam, diariamente, em nossa complexa e difícil arte de educar e aprender a ser professor. Talvez esse esforço seja a validade para “SER PROFESSOR... DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR”.

Referências

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  • ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre, Artmed, 1998.

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