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Efetividade do exercício físico no controle da pressão arterial

Eficacia del ejercicio físico en el control de la presión arterial

 

*Departamento de Saúde - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Jequié, BA

**Departamento de Ciências da Saúde - Universidade Estadual de Santa Cruz. Ilhéus, BA

(Brasil)

Reinaldo Brandi Abreu Bifano*

Jair Sindra Virtuoso Júnior**

virtuosojr@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O desenvolvimento tecnológico decorrente da industrialização, a formação e a urbanização das grandes metrópoles trouxeram conseqüências ligadas diretamente à saúde da população. Uma comunidade que, outrora, era naturalmente dinâmica e sujeita a poucos fatores estressantes, passa a conviver com problemas relacionados com a inatividade física, dentre eles a hipertensão arterial. A prática da atividade física regular exerce um importante papel terapêutico na prevenção e controle da HAS. Sabe-se também que a redução do sobrepeso e obesidade e a melhoria da resistência insulínica associados às práticas regulares do exercício físico, exercem grande influência na manutenção e controle da nomortensão. O propósito desta revisão foi a de analisar a efetividade dos exercícios físicos no controle da pressão arterial. Para tanto foram analisados 26 publicações contidas em Anais dos trabalhos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte dos anos de 2000, 2001, 2002, 2004 e 2005, sendo divididos em divididos em sub-áreas: atividade física habitual, exercícios aeróbicos e anaeróbios e exercícios de força. As intervenções utilizadas em tais estudos foram constituídas principalmente por exercícios aeróbios 42,3% (n=11), de treinamento resistido com peso 34,6% (n=9), de alongamento e relaxamento 11,5% (n=3), de atividades físicas realizadas no dia-a-dia (sem uma sistematização) 7,6% (n=2) e de atividades aeróbias conjugadas e atividades anaeróbias 3,8% (n=1). Os estudos analisados evidenciam que a prática de atividade física, independente da faixa etária ou tipo de exercício físico, contribui para transformações positivas no controle da pressão arterial, tais como a diminuição dos níveis pressóricos, melhoria da capacidade cardio-respiratória, e de aspectos psicológicos.

          Unitermos: Pessão arterial. Atividade física. Exercício físico.

 

Resumen

          El desarrollo tecnológico debido a la industrialización, la expansión y la urbanización de las grandes metrópolis tiene consecuencias directas sobre la salud de la población. Una comunidad que, anteriormente, era naturalmente dinámica y expuesta a pocos estressantes, empieza a convivir con problemas relacionados con la inactividad física, entre ellos la hipertensión arterial. La práctica de la actividad física regular ejerce un papel terapéutico importante en la prevención y control de la presión arterial. También se sabe que la reducción del sobrepeso y la obesidad y la mejora de la resistencia insulínica asociados a prácticas regulares del ejercicio físico, ejercen una gran influencia en el mantenimiento y el control del nomortensión. El propósito de esta revisión fue el de analizar la efectividad de los ejercicios físicos en el control de la presión arterial. Para esto, fueron analizadas 26 publicaciones contenidas en los Anales de los trabajos presentados en el Simposio Internacional de Ciencias del Deporte de los años de 2000, 2001, 2002, 2004 y 2005, siendo dividido en sub-áreas: actividad física habitual, ejercicios aeróbicos y anaeróbicos y ejercicios de fuerza. Las intervenciones utilizadas en estos estudios se constituyeron principalmente por ejercicios aeróbicos 42,3% (n=11), de entrenamiento resistido con el peso 34,6% (n=9), de elongación y relajación 11,5% (n=3), de actividades físicas realizadas diariamente 7,6% (n=2) y de actividades aeróbicas relacionadas y actividades anaeróbicas 3,8% (n=1). Los estudios analizados evidencian que la práctica de actividad física, independiente de la edad o del tipo de ejercicio físico, contribuye a las transformaciones positivas en el control de la presión arterial, como así también a la disminución del niveles de presión arterial, la mejora de la capacidad cardiorrespiratoria y de aspectos psicológicos.

          Palabras clave: Presión arterial. Actividad física. Ejercicio físico.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008

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Introdução

    O desenvolvimento tecnológico decorrente da industrialização, a formação e a urbanização das grandes metrópoles propiciaram mudanças no estilo de vida das pessoas e conseqüências relacionadas à saúde da população1. Uma comunidade que, outrora, era naturalmente dinâmica e sujeita a poucos fatores estressantes, passa a conviver com problemas relacionados com a inatividade física, sobrepeso e a hipertensão arterial dentre outros fatores de risco à saúde.

    Na atualidade a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil atingindo cerca de 15 a 20 % da população adulta segundo a Organização Mundial de Saúde e cerca de 13 % dos jovens2.

    A prática da atividade física regular exerce um importante papel terapêutico na prevenção e controle da HAS. Sabe-se também que a redução do sobrepeso e obesidade e melhora da resistência insulínica associados às práticas regulares do exercício físico, exercem influência na manutenção e controle da nomortensão. A terapia medicamentosa é necessária em casos graves, porém os exercícios associados às modificações dietéticas e a perda de peso devidamente orientados, minimizam essa necessidade em pacientes com HAS moderada.

    Segundo o III Consenso Brasileiro de Hipertensão arterial (CBHA)2, a elevada incidência da HAS tem sido observada no mundo inteiro apesar da variação entre os países. O maior problema é que a maior parte dos hipertensos, não desconfia que tenham a doença e por isso não se cuida. A estimativa é que exista aproximadamente de 12 a 13 milhões de brasileiros com hipertensão arterial e cerca de apenas 2,7 milhões se tratam e, portanto, aproximadamente 11 milhões estão em risco.

    Alguns fatores ambientais: ingestão excessiva de sal, acima de 6 (seis) gramas diárias, aumento de peso, sedentarismo, excesso de bebida alcoólica, estresse, tabagismo e uso de alguns medicamentos, são responsáveis pelo aparecimento da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).

    A hipertensão pode ser tratada efetivamente com modificações no estilo de vida e por medicações que reduzem o volume líquido extracelular ou resistência periférica ao fluxo sangüíneo3. Durante a atividade física, a pressão arterial aumenta com o resultado do aumento do débito cardíaco, mais especificamente, dos aumentos no volume de ejeção e na freqüência cardíaca gerada por influencias nervosas e hormonais.

    Além dos benefícios de natureza mais ampla para saúde e a melhoria da qualidade de vida; vários estudos têm demonstrado que a atividade física é um fator importante na prevenção e no controle de alguns problemas de saúde, quando analisada a partir da perspectiva populacional.

    A prática regular de atividade física está associada a menores índices de mortalidade em geral2. Há uma diminuição do risco de morte por doenças cardiovasculares e, particularmente, por doenças coronarianas. Do mesmo modo dificulta o aparecimento da hipertensão arterial e facilita a redução dos níveis de pressão arterial nos hipertensos.

    A atividade física regular tem sido amplamente recomendada dentre as medidas não farmacológicas do tratamento para a HAS. A indicação do condicionamento físico para a prevenção e controle da hipertensão arterial Sistêmica ganhou reforço com a publicação do “5º Joint National Committe on Detection Evolution and Treatment of High Bload Pressure (JNCV)”, que divulgam os dados que referem o incremento de 20 a 50% no risco de desenvolvimento da hipertensão em normotensos (pessoas com pressão arterial normal) sedentários e redução da pressão arterial de 10 mmHg após a atividade física aeróbia4.

    Optar pela atividade física e definir a freqüência apropriada para que tal prática seja praticada dependerá, basicamente, das características do indivíduo para o qual está sendo indicado e das motivações. Apesar dos benefícios já bem documentados na literatura da prática de exercícios físicos no controle da pressão arterial, pouco se tem informações sobre a forma mais apropriada de prescrição do exercício físico em pessoas hipertensas. Considerando o exposto, este estudo teve como propósito o de analisar a efetividade dos Exercícios Físicos no controle da pressão Arterial.

    O presente estudo de revisão, por meio de levantamento de estudos controlados que utilizam o exercício físico no controle da hipertensão arterial, serve de parâmetros para fundamentar a elaboração de programas de exercícios físicos mais efetivos no controle e/ou tratamento da hipertensão arterial.

Métodos

    De acordo com Kurcgont5, o “planejamento é a função que determina antecipadamente o que se deve fazer e quais os objetivos que devem ser atingidos. É um modelo teórico para a ação futura”.

    O presente trabalho consta de uma revisão da literatura sobre os possíveis indicadores das variações Hemodinâmicas e a contribuição de programas de exercício físico no controle dos níveis tensionais.

    Foram analisados 26 estudos que continham os seguintes termos descritores no título do trabalho: hipertensão arterial, resposta hemodinâmica, pressão arterial, pressão arterial sistólica. Em seguida foi relatado as informações relativas ao objetivo, amostra, características da intervenção e principais resultados. Tais estudos foram publicados nos Anais dos trabalhos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte dos anos de 2000, 2001, 2002, 2004 e 2005.

Resultados e discussão

    Os resultados apresentados a seguir são relativos aos trabalhos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte nos anos de 2000, 2001, 2002, 2004 e 2005, com vistas a determinar a efetividade do exercício físico na resposta hemodinâmica.

    Foram analisados 26 estudos relativos a resposta hemodinâmica frente ao exercício físico. A distribuição do número de estudos por ano correspondente estão apresentados nas tabelas 1, 2, 3,4 e 5.

Tabela 1. Estudos envolvendo a resposta hemodinâmica após a realização de exercícios físicos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – 2000.

Autor

Objetivo

Amostra

Intervenção

Resultado

Schiavoni6

Verificar a resposta aguda da PAS, PAD e FC durante o treinamento de peso

16 homens

22,94 anos(DP=0,84)

Medida de PA em repouso/ 3 séries de 8 a 12 repetições-medida de PA e medida de PA 30 min de recuperação

Resposta Aguda da pressão arterial e da freqüência cardíaca durante o treinamento com peso

Salve7

Analisar a influencia da atividade física sobre as doenças crônico-degenerativas

40 trabalhadores

30 a 65 anos

Programa de Atividade Física de 8 meses

Redução da PA em Hipertensos

Nascimento8

Avaliar O comportamento da PA no início e no final da caminhada

16 mulheres

6 homens

Caminhada 3x/semana-4 meses

Alteração hipotensora.

 

Tabela 2. Estudos envolvendo a resposta hemodinâmica após a realização de exercícios físicos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – 2001.

Autor

Objetivo

Amostra

Intervenção

Resultado

Santos9

Verificar a resposta da PAS, PAD e FC durante exercícios com pesos até a exaustão

7 homens

PA e FC

4 séries com 3 execícios a 80% de 1RM-intervalos de 2 min

 

Redução da PAS

Teixeira10

Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbio na PA de hipertensos

5 mulheres

4 homens

HAS I e II

48 sessões de treinamento aeróbio – 3x/semana em cicloergômetro/20 a 50 min

Redução da PA de Hipertensos, após a 33ª sessão

Miranda11

Estudar o comportamento das variáveis hemodinâmicas em normotensos

18 mulheres anos

(DP=47)

Alongamento

Monitoração da PA antes, durante e após 60 min

Uma única sessão de alongamento promove uma redução na PAD, durante a sessão aumento da FC

Souza12

Verificar a efetividade da atividade física diária no controle da PA

30 pessoas acima de 50 anos

Programa de AF de pelo menos 30 min diários

Diminuição da PA em repouso tanto sistólico quanto diastólico

Botelho13

Analisar e quantificar os parâmetros metabólicos e hemodinâmicos entre um exercício aeróbio e anaeróbio

10 homens

17 a 38 anos

exercício de resistência muscular localizada/ 4x 15 supino-60/1RM/ exercício aeróbio

FC e PAS mais elevados que exercícios aeróbios

 

Tabela 3. Estudos envolvendo a resposta hemodinâmica após a realização de exercícios físicos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – 2002.

Autor

Objetivo

Amostra

Intervenção

Resultado

Araújo14

Estudar o efeito da realização prévia do exercício e/ou relaxamento na resposta da PA ou estresse menta em hipertensos

14 hipertensos grau I e II

4 sessões: exercício, relaxamento, exercício + relaxamento e controle

Em indivíduos hipertensos, o relaxamento prévio aumenta a resposta pressória ao estímulo estressante

Silva15

Analisar os efeitos de um programa de AF aeróbica em hipertensos

3 mulheres

5 homens

Teste ergométricos de esforço e antropometria

Houve alterações sobre os mecanismos fisiológicos e composição corporal dos indivíduos

Pinto16

Verificar a eficácia de diferentes tipos de programas de AF na PA, variável bioquímicas e aptidão física

29 praticantes de AF

42 praticantes de programa comunitário

Caminhada, exercícios de flexibilidade. PA, Peso, Percentual de Gordura, Massa Corporal Magra, IMC, dobras, FC, colesterol total, HDL, triglicerídeos, glicose sanguínea

Medidas de aperfeiçoamento dos programas são

necessárias

Galvão17

Avaliar a evolução do perfil glicêmico e da PA de diabéticos e Hipertensos

Pacientes do sexo feminino e masculino

57 a 70 anos

Exercícios 1x/semana durante 1 mês

e 2x/semana durante 5 meses

Glicemia e PA no início e após 6 meses do programa

Sem alterações estatisticamente significativas

Luzzi18

Comparar o comportamento da PA e FC e DP nos exercícios

13 praticantes de musculação

21 a 25 anos

Avaliação da força máxima dinâmica

Teste de 1RM

Coleta da PA e FC em repouso e ao final das repetições

Tanto a PAS quanto a PAD e a DP foram significativamente mais elevados nos exercícios, quando comparado ao repouso

 

Tabela 4. Estudos envolvendo a resposta hemodinâmica após a realização de exercícios físicos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – 2004

Autor

Objetivo

Amostra

Intervenção

Resultado

Corrêa Neto19

Verificar o efeito agudo hipotensivo pós-exercícios

5 homens

24 a 28 anos

Exercícios de musculação

Menores grupos musculares parecem influenciar a hipotensão sistólica, enquanto os maiores a hipotensão diastólica

Moraes20

Investigar as alterações hemodinâmicas e o mecanismo bioquímico envolvidos no efeito hipotensor pós-exercícios em diferentes protocolos

10 homens sedentários e hipertensos

46 a 55 anos

Sessão de exercícios aeróbio em cicloergômetro e exercícios resistidos

Houve efeito hipotensor agudo verificado após o exercício aeróbio e resistido

Moreno21

Avaliar a influencia de diferentes sessões de exercícios resistidos e da suplementação de creatina na resposta da PA pós-exercício

7 homens praticantes de musculação

23 a 25 anos

4 sessões de exercícios resistidos

2 sessões de período pré-creatina em dias distintos

Hipertrofia – 8 repetições a 70% de 1RM

5 dias de suplementação de creatina

Inibição da resposta hipotensora da PAS e PAM no período posterior e exercícios de alta intensidade

Monterio22

Verificar o efeito do exercício físico sobre indicadores bioquímicos, da condição física e níveis pressórios

40 pacientes hipertensos

Análise de PA, variáveis bioquímicas e condições físicas, antes e após 18 semanas de intervalo

A combinação do tratamento medicamentoso com o exercício físico regular, contribui para reduzir a pressão arterial a taxas de normalidade

Lopes23

Comparar a resposta da PA do período subseqüente a um exercício realizado em esteira rolante dentro d’agua

6 indivíduos

40 a 46 anos com HAS leve e moderada

Avaliação ergoespiramétrica

Depois de 7 dias exercício de esteira rolante dentro d’agua durante 45 min

Aferição da PA antes e depois dos exercícios

Não alterou significativamente o valor da PA

Paravidino24

Comparar as respostas de PA de sujeitos hipertensos após 2 sessões de exercício de força

20 hipertensos

61 a 75 anos

3 dias (10RM)

(1 série)

(3 séries)

Aferição da PA em repouso, término e após 60 min.

Até 60 min pós-exercício, 1 sessão reduz o nível de PAS

Delacio25

Avaliar efeito hipotensor agudo (30 min após a aula)da dança

16 indivíduos com idade de 49 a 60 anos

Medidas de PAS e PAD, antes, logo após e 30 min após o término da aula

Efeito hipotensor agudo

 

Tabela 5. Estudos envolvendo a resposta hemodinâmica após a realização de exercícios físicos apresentados no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – 2005.

Autor

Objetivo

Amostra

Intervenção

Resultado

Ilha26

Comparar comportamento de FC, PAS, PAD, DP

9 homens

25 a 30 anos

Teste 3 séries de 12 RM, com intervalo de 3 seg de exercício na posição horizontal e inclinada

O leg press, torna-se indiferente o tipo de postura a qual o exercício é realizado

Dias27

Comparar duas seqüências de exercícios resistidos com mesmo volume e intensidade de treinamento

5 homens

23 a 26 anos

5 etapas:

1. 10 RM

2. Após 48h re-teste

Aferição de PAS e PAD

Os exercícios resistidos exercem efeito hipotensivo somente para PAS

Bottche28

Avaliar a efetividade da aplicação de ciclos de treinamento em um programa da AF na resposta hemodinâmica

14 sujeitos hipertensos

2 homens

12 mulheres

Ciclos de treinamento, tenso duração de 60 min

20 min de caminhada

15 alongamento

Aquecimento e volta a calma

Atividade de força, agilidade, flexibilidade e coordenação, aferição da PA

Redução nos valores de PAD em indivíduos hipertensos

Morais29

Verificar a influencia do exercício resistido nos níveis pressóricos de idosos hipertensos

20 mulheres

55 a 65 anos

Programa de exercícios resistidos em 27 sessões, 3x/semana

O programa de treinamento melhora os níveis tencionais da PAS e PAD

Almeida30

Observar os efeitos da prática de AF como parte do tratamento não medicamentoso de hipertensos

18 mulheres

1 homem

55 a 70 anos

Alongamento

Caminhadas leves e moderadas

Exercícios resistidos leves

Atividades lúdicas

Contribuem na redução do uso de medicamentos para o controle da HAS

Nery31

Investigar o comportamento da PA em indivíduos hipertensos estágio I durante diferentes intensidades de exercícios resistidos

6 normotensos

5 hipertensos

36 a 45 anos

Exercícios resistidos de extensão de joelhos até a exaustão nas intensidades 100%, 80% 40%

Os exercícios resistidos elevam a PA dos dois grupos

    A partir dos estudos analisados, percebe-se que os trabalhos apresentados nesses cinco anos (2000, 2001, 2002, 2004 e 2005), são na sua maior partes voltadas para a população com idade superior aos 60 anos, tendo em vista o maior acometimento de doenças crônico-degenerativas nesta idade.

    As intervenções utilizadas em tais estudos foram constituídas principalmente por exercícios aeróbios 42,3% (n=11), de treinamento resistido com peso 34,6% (n=9), de alongamento e relaxamento 11,5% (n=3), de atividades físicas realizadas no dia-a-dia (sem uma sistematização) 7,6% (n=2) e de atividades aeróbias conjugadas e atividades anaeróbias 3,8% (n=1).

Exercícios aeróbicos

    Aproximadamente 42% (n=11) dos estudos analisados tiveram como base o treinamento aeróbio. Tais intervenções têm como propósitos o de verificar o comportamento das variáveis da PA, PAD, PAS e FC, frente ao treinamento aeróbio.

    A amostra média utilizada em tais intervenções era de 20 indivíduos com média de idade de 45 anos, tendo como atividades aeróbias a utilização de caminhadas, cicloergômetro e hidroginástica.

Treinamento resistido com peso

    Aproximadamente 34,6% (n=9) dos estudos analisados. O propósito dos referidos estudos foram de verificar a resposta aguda da PAS, PAD, PA e FC durante o treinamento com peso.

    As amostras delimitadas pelos estudos, em geral, eram pequenas constituídas por no máximo 10 sujeitos já praticantes de musculação com a média de idade de 25 anos.

    A avaliação em geral, eram feitas por testes de carga máxima, envolvendo um percentual máximo de força de 80% de 1RM.

    Os resultados indicam que menores grupos musculares parecem influenciar a hipotensão sistólica, enquanto que os maiores grupamentos tendem a hipotensão diastólica. O programa de treinamento resistido com peso demonstrou ser efetivo para a melhoria dos níveis tencionais da PAS e PAD.

    A variável pressão arterial, usualmente medida em mmHg, é, contudo, uma variável contínua. Nota-se uma elevação com a idade, desde o nascimento32,33. Assim, nos diversos estudos de prevalência, a PAS eleva-se continuamente com a idade, mostrando tendência a se estabilizar nos grupos etários mais velhos, sendo maior para homens do que para mulheres nos grupos mais jovens e inversamente, maiores nas mulheres mais velhas do que para homens da mesma idade. Por sua vez, a PAD também se eleva com a idade até a quinta década, quando tende a atingir um máximo, depois estabilizando-se ou vindo declinar.

    Confirmando os objetivos propostos neste trabalho, pode-se afirmar que a exercício físico é um aliado importante para as alterações hipotensoras tanto para normotensos, quanto para indivíduos portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica.

Considerações finais

    As maiores partes dos programas de exercícios físicos utilizados nos estudos analisados obtiveram melhoras significativas na resposta hemodinâmica com a redução tanto da PAS como da PAD. Sendo que os exercícios mais utilizados em tais programas foram aeróbios, seguidos do treinamento resistido com pesos.

    Os estudos analisados evidenciam que o exercício físico, independente da faixa etária ou do tipo de exercício físico (aeróbio, resistido com peso, alongamento e anaeróbio), contribui para transformações positivas no controle da pressão arterial, tais como a diminuição dos níveis pressórios, melhoria das capacidades cardio-respiratórias, assim como a melhora de aspectos psicológicos. Tal aspecto contribui para a sensação de bem estar das pessoas.

    Sugere-se a elaboração de programas de exercícios físicos envolvendo diferentes tipos de treinamento, como forma de controle sistemático da pressão arterial tanto de normotensos, quanto de hipertensos.

Referências

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