Perfil antropométrico e somatotipo de atletas da seleção brasileira de handebol junior participante do campeonato sulamericano |
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* Graduada em Educação Física pela Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel-PR. ** Doutoranda pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP-SP e docente da Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel-PR. |
Andreia Pelegrini * Karina Elaine de Souza Silva ** a.pelegrini@brturbo.com.br (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 101 - Octubre de 2006 |
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1. Introdução
O handebol é uma modalidade esportiva que desenvolve simultaneamente resistência, habilidade, coordenação, velocidade, força e coragem, além de utilizar as três fases atléticas: correr, saltar e arremessar. Uma outra característica deste desporto é o desenvolvimento das musculaturas do tronco e dos braços, pois é exigida uma maior vigorosidade da parte superior do corpo.
De acordo com STEEN (1994), a composição corporal é um componente fundamental na avaliação da saúde, na aptidão física e no desempenho de atletas, pois é bem reconhecida a relativa influência tanto da gordura corporal quanto da massa magra no desempenho dos mesmos.
O estudo da composição corporal visa, por meio de diversas técnicas que variam em complexidade, fracionar e quantificar os principais tecidos que compõem a massa ou o peso corporal (Malina & Bouchard, 1991).
O método antropométrico utiliza-se de medidas de massa corporal, estatura, diâmetros e comprimentos ósseos, espessuras das dobras cutâneas, circunferências, e alguns índices que avaliam o risco para propensão de doenças, no qual pode-se citar: índice de massa corporal (IMC) ou de Quetelet, índice de conicidade (IC) e índice da relação cintura e quadril (RCQ) (Manteiro & Fernandes Filho, 2002). E envolve o uso dessas medidas isoladas e/ou a combinação de algumas, em equação de regressão para estimar a densidade (D), tendo como critério os métodos laboratoriais. E a partir desta, a conversão para percentual de gordura. Alguns pesquisadores têm utilizado a composição corporal e o somatotipo como ferramentas para avaliar as características corporais e morfológicas de atletas de elite, na tentativa de quantificação de dados para as diversas populações (Hyugens et al., 2002).
As características antropométricas, neuromusculares e fisiológicas de atletas de elite de diversas modalidades são, na maioria das vezes, muito diferentes, tendo em vista as exigências específicas de cada esporte. Muitas dessas características são moduladas pela hereditariedade, pelo treinamento físico, por aspectos nutricionais, dentre outros fatores que podem contribuir acentuadamente para o sucesso, sobretudo no esporte de alto rendimento (Gobbo et al., 2002).
Muitos desses estudos têm confirmado a estreita relação entre o tipo físico e o desempenho atlético (Parizkova et al., 1987; Sadly et al., 1984).
Desse modo, treinadores, preparadores físicos e pesquisadores têm-se esforçado na tentativa de adequar o perfil antropométrico de atletas às exigências específicas de cada modalidade, com a finalidade de levá-los ao rendimento máximo.
Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar o perfil antropométrico e somatotipo de atletas da seleção brasileira de handebol Junior participante do Campeonato Sulamericano de Handebol.
2. Materiais e métodos2.1. Amostra
A amostra foi composta por 16 atletas do sexo masculino da seleção brasileira de handebol, participante do Campeonato Sulamericano de Handebol Junior no ano de 2004 na cidade de Cascavel-PR.
Previamente à coleta de dados, foi mantido contato com o treinador da equipe, e após a autorização do mesmo, foi enviado aos atletas um termo de consentimento livre e esclarecido, com a descrição do objetivo e procedimentos do estudo para a autorização na participação do estudo, além de que foram seguidos os procedimentos da resolução 196/96, que se refere à pesquisa com seres humanos.
2.2 AntropometriaForam mensuradas as seguintes variáveis em cada indivíduo: massa corporal - MC, estatura - EST, nove dobras cutâneas (biciptal - BI, triciptal - TRI, subescapular - SE, suprailíaca - SI, peitoral - PEIT, axilar média - AX, abdominal - ABD, medial da coxa - CX e panturrilha - PANT), dois perímetros musculares (braço - PBR e perna - PP) e três diâmetros ósseos (umeral - DOUM, biestiloidal - DOB e femoral - DOFEM).
A massa corporal foi mensurada através de uma balança plena digital com precisão de 100 gramas. Para a medida de estatura foi utilizada uma escala métrica vertical com escala em milímetros e alcance máximo de 2 metros. A espessura de dobras cutâneas foi aferida através de um compasso científico tipo Lange com precisão de 0,5 milímetros. Os perímetros foram medidos com o auxílio de uma fita métrica Cardiomed com precisão de 1milímetro, e os diâmetros com um paquímetro ósseo com precisão de 1 milímetro.
Através do quociente da massa corporal pela estatura ao quadrado calculou-se o índice de massa corporal - IMC. Para o cálculo do percentual de gordura - %GORD utilizou-se a equação predita por SIRI (1961). O somatotipo foi calculado pelo método proposto por Heath & Carter (1967).
2.3. Tratamento estatísticoO tratamento dos dados foi através de estatística descritiva, com valores de média, desvio padrão, valores mínimos e máximos (Statistic for Windows versão 6.0).
3. ResultadosA média, o desvio padrão e os valores mínimo e máximo das variáveis idade, massa corporal, estatura, índice de massa corporal, dobras cutâneas, somatória das 9 dobras cutâneas, percentual de gordura, perímetros e diâmetros coletados neste estudo estão referidos na tabela 1.
Na tabela 2 são indicados à média, o desvio padrão, os valores mínimo e máximo dos valores do somatotipo divididos em seus compartimentos (endomorfia, mesomorfia e ectomorfia).
4. DiscussãoOs atletas de handebol apresentam uma grande variação na massa corporal (76,00 kg a 98,50 kg), somatório de dobras cutâneas (62,00 mm a 149,00 mm), percentual de gordura (5,21 a 18,41) (tabela 1). Essa grande variação deve-se ao fato de que não foram levadas em consideração a posição de cada atleta em quadra.
Os dados da literatura apontam um IMC normal entre os valores 20,1-25 kg/m2, e de acordo com os valores encontrados no presente estudo, os atletas de handebol da seleção brasileira estão dentro da normalidade, porem com uma leve tendência ao excesso de peso (25,1-30,0). Apesar dos atletas apresentarem uma leve tendência ao excesso de peso, os valores demonstram baixo percentual de gordura (média = 9,98; DP = 3,68) (tabela 1) (Pollock & Wilmore, 1993). A análise do somatotipo demonstra um componente baixo para a endomorfia (3,25), baixo para a mesomorfia (4,68) e alto para a ectomorfia (6,43) (tabela 2). Portanto, conforme a classificação do somatotipo (tabela 2), os atletas da seleção brasileira participante do campeonato sulamericano de handebol junior de 2004 podem ser classificados como mesoectomorfos (3,25-4,68-6,43).
Quando comparado este estudo com um estudo desenvolvido por Gobbo et al (2002) com atletas da canoagem, verifica-se que em todas as variáveis antropométricas os atletas do presente estudo se encontram com valores superiores (Gobbo et al., 2002). Com relação ao somatotipo, nota-se que os atletas do handebol também se encontram com valores superiores aos da canoagem, sendo que os canoístas foram classificados como mesomorfos (Gobbo et al., 2002), enquanto os handebolistas foram classificados como sendo mesoectomorfo.
Pode-se dizer que as medidas de perímetros podem ser utilizadas como um referencial para o acompanhamento das modificações provocadas nos componentes muscular adiposo durante períodos de treinamento, de forma geral, os maiores perímetros se relacionam, via de regra com a massa muscular (Gobbo et al., 2002).
5. ConclusãoCom base nos resultados obtidos conclui-se que as equipes participantes do Campeonato Sulamericano de Handebol Junior apresentaram valores esperados para as variáveis analisadas, dando ênfase à variável %GORD onde os participantes apresentam valores relativamente baixos, corroborando desta forma no melhor desempenho. Com relação ao somatotipo verificou-se uma predominância meso-ectomorfo.
Referências bibliográficas
Gobbo, Luís Alberto, Papst, Rafael Raul, Carvalho, Ferdinando Oliveira, Souza, Carine Ferreira de, Cuattrin, Sebastián Ariel, Cyrino, Edilson Serpeloni. Perfil antropométrico da seleção brasileira de canoagem. Ver Brás Cien Mov, v.10, n.1, 2002.
Heath, B.H. & Carter, J.E.L. A modified somatotype method. American Journal of Physical Anthropology, 27(1): 57-74, 1967.
Hyugens W, Claessens AL, Thomis M, Loos R, Van Langerdonck LV, Peeters M, et al. Body composition: estimations by BIA versus antropometric equations in 1 body builders and other power athletes. J Sports Med Phys Fitness 2002;42:45-55.
Malina, R. M. & Bouchard, C. (1991). Grownth, maturation and physical activity. Human Kinetics. Champaign, Illinois.
Monteiro, A. B. & Fernandes Filho, J. (2002). Análise da composição corporal: uma revisão de métodos. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, 4(1), 80-82.
Parizkova, J. et al. Body composition, aerobic capacity, ventilatory threshold and food intake in different sports. Annals of Sports Medicine, 3: 171-177, 1987.
Pollock, M.L., Wilmore, J.H. Exercícios na saúde e na doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 2. ed. Medsi: s.n., 1993. p.233-262.
Sadly, S.P. & Freedson, P.S. Body composition and structural comparisons of female and male athletes. Clinical Sports Medicine, 3: 755-757, 1984.
Steen, S.N. Nutrition for young athletes: special consideration. Sports Med Aukland, v.17, n.3, p.152-162, 1994.
revista
digital · Año 11 · N° 101 | Buenos Aires, Octubre 2006 |