O mundo-vida da criança na prática do esporte escolar 1 The world-life of the child in the practice of the school sport El mundo-vida del niño en la práctica del deporte escolar |
|||
*Mestrado em Educação/Educação Motora - UNIMEP - Piracicaba/SP Doutorado em Educação - UNIMEP - Piracicaba/SP Professor Adjunto N/B - Universidade Estadual de Maringá - Paraná Pesquisador Cadastrado no CNPQ **Mestrado em Educação/Educação Motora - UNIMEP - Piracicaba/SP Doutorado (em realização) em Ciências da Educação - Faculdade de Motricidade Humana - Universidade Técnica de Lisboa - Lisboa - Portugal. Professora Assistente N/D - Universidade Estadual de Maringá - Paraná Pesquisadora Cadastrada no CNPQ - Brasil |
Prof. Dr. Dourivaldo Teixeira* Profa Doutora Roseli Terezinha Selicani Teixeira** dteixeira@uem.br (Brasil) |
|
|
|
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 99 - Agosto de 2006 |
1 / 1
Neste estudo viso realizar uma reflexão sobre o mundo-vida da criança na prática do desporto escolar a partir do olhar sobre treinos e jogos, e do diálogo com os sujeitos participantes (aluno-atleta, professor-técnico, pai de aluno-atleta e diretor de escola) do contexto da modalidade futsal das escolas públicas e privadas da cidade de Maringá - Paraná. Este movimento se justifica na proposta geral de avançarmos na compreensão do fenômeno desportivo escolar a partir do mundo-vida do sujeito participante e, mais especificamente, no entendimento de que nesta região de inquérito as certezas se limitam, conforme afirma Molina Neto (1996, p.27), ao "fato de que ainda precisamos caracterizar, com maior clareza, o esporte escolar [...]". Para esta reflexão será fundamental e determinante a consideração da questão norteadora do estudo: O que é isto, o desporto futsal na escola?
Com esta questão penso atingir a profundidade e a amplitude necessárias para poder seguir o "caminho mais contornado e mais laborioso" (RICOEUR, 1978, p. 9) da interpretação, pois é desta forma que a pluralidade dos sentidos deste fenômeno pode se manifestar.
O objetivo geral deste estudo é investigar o mundo-vida de sujeitos participantes da prática da modalidade futsal na escola. Os objetivos específicos são: a)- descrever as vivências no mundo-vida de sujeitos participantes, por meio da observação de treinos e de jogos; b)- identificar a estrutura constitutiva da prática da modalidade futsal na escola; e, c)- descrever o entendimento dos sujeitos participantes, interpretando os significados atribuídos a esta prática, bem como a intencionalidade dos sujeitos. Tais objetivos espero atingir com o retorno ao próprio fenômeno na realidade do ensino fundamental das escolas públicas e privadas do município de Maringá, observando, descrevendo e interpretando seu contexto sistêmico.
O universo da pesquisa se restringe ao ensino fundamental (1a a 8a séries) das 41 escolas públicas e 15 escolas privadas2 do município de Maringá, e o fato de a modalidade de "futsal" ser amplamente praticada nestas escolas orientou a opção para o desenvolvimento da investigação em 83 escolas que possuíam a prática desta modalidade.
Para a definição das 8 escolas considerei aquelas que mantinham a prática do desporto futsal em treinamentos regulares e/ou em participações em competições oficiais promovidas pelas instituições desportivas. Os sujeitos participantes a que venho me referindo são aqueles que potencialmente estão mais diretamente implicados na prática do desporto futsal na escola, ou seja, os alunos-atletas, os professores-técnicos, os pais dos alunos-atletas e os diretores de escola.
Os subsídios essenciais para a descrição do fenômeno desportivo escolar foram buscados diretamente no mundo-vivido dos sujeitos participantes na modalidade de futsal, por meio de dois movimentos.
No primeiro movimento realizo as observações de "forma livre", o que, segundo Triviños (1987, p.152), "satisfaz as necessidades principais da pesquisa qualitativa, como, por exemplo, a relevância do sujeito [...]". A meta não é descobrir dados ou captar dados preconcebidos, mas descrever as vivências dos sujeitos participantes na prática do futsal no contexto desportivo escolar. Tomando por base Bogdan; Biklen (1994, p.115), as observações são realizadas de duas formas: durante os treinos de "forma objetiva", ou seja, com a permissão e a consciência dos sujeitos que estavam sendo observados; e durante os jogos de "forma dissimulada", sem a consciência de estarem sendo observados, embora tivessem permitido previamente.
Com este tipo de observação busco o princípio de continuidade que caracteriza o processo dinâmico das vivências, o que permite estabelecer maior clareza nas relações entre os sujeitos envolvidos na prática de treinos e de jogos, aqui considerados, como elementos constitutivos da modalidade de futsal no mundo da prática desportiva escolar.
O objetivo com esta ação, no ambiente real, é registrar a complexidade das vivências no contexto do desporto escolar, entendendo, como Bicudo (1997, p. 18), que "a realidade é o compreendido, o interpretado e o comunicado.
A partir das observações de cada treino e de cada jogo, eram realizadas as descrições, nas quais procurava captar uma imagem por palavras do local, das pessoas, das ações e conversas. Os detalhes aqui saltavam aos meus sentidos e deles eram transmitidos, a partir da percepção, via linguagem escrita para o papel.
Durante a pesquisa foram observados 6 treinos e 19 jogos, que, uma vez transcritos, constituem a descrição do mundo-vivido dos sujeitos. Do total coletado são utilizadas 6 descrições de treinos e 6 descrições de jogos nos processos de descrição e compreensão (interpretação) característicos da trajetória fenomenológico-hermenêutica em pesquisa.
No segundo movimento, num contato mais próximo e visando à descrição na linguagem própria do sujeito, utilizo como instrumento metodológico a "entrevista individual", tendo como elemento central a questão norteadora do estudo: O que é isto, o desporto futsal na escola? Por meio desta interrogação, considerada como um "instrumento essencial para o desenvolvimento desta pesquisa" (MACIEL, 1994, p. 205), pretendo compreender como os sujeitos participantes percebem suas vivências no contexto de prática do desporto futsal na escola.
Na realização das entrevistas procuro proporcionar condições para que os sujeitos atinjam "a liberdade e a espontaneidade necessárias" (TRIVIÑOS, 1987, p. 146) às narrativas. Neste sentido entrevistei 7 alunos-atletas, 10 professores-técnicos, 10 pais de alunos-atletas e 08 diretores de escola, sendo que, no processo interpretativo foram considerados 4 sujeitos de cada grupo, totalizando 16 sujeitos.
Nos dois movimentos realizados no campo de pesquisa a questão norteadora do estudo (O que é isto, o desporto futsal na escola?) esteve sempre presente, pois considero esta interrogação uma procura que, observando-se e dialogando-se com o próprio sujeito em seu mundo-vivido no desporto futsal, possibilita a descrição e, a partir dela, a compreensão da essência do desporto escolar.
Neste caminhar no mundo-vida dos sujeitos participantes do futsal escolar deixo-me levar pela reflexão, que, no entendimento de Bicudo (2000, p. 58), é "um movimento em busca do imaginário", e este imaginário
não se fecha no pensamento objetivo que se movimenta nos limites do que é tematizado, do possível e do evidente, mas investiga os atos efetuados nesse pensamento, recolocando-os no seu contexto. Portando, a reflexão transcende os limites do pensamento objetivo, conectando-o ao existencial, pois é a experiência vivida nesse nível, que investe energia naquele pensamento.
Em um primeiro movimento apresento as "proposições afirmativas4", que, por meio da variação imaginativa5, foram extraídas das "análises ideográficas gerais" dos treinos e jogos observados e descritos6, bem como dos diferentes tipos de sujeitos participantes entrevistados7. Faço isso tendo como o pano de fundo minha percepção, sobre a qual podem ou não se mostrar determinadas perspectivas do fenômeno, me propondo a desenvolver minha habilidade de adentrar o círculo hermenêutico, lugar onde buscarei nas partes a definição do todo, considerando o todo para a compreensão destas mesmas partes (ESPÓSITO, 1993). No segundo movimento procuro discutir as "proposições afirmativas" colocadas sobre a realidade investigada com base em alguns estudos e propostas já realizados sobre o desporto escolar e mais especificamente sobre o futsal praticado na escola.
Proposições possíveis sobre uma prática situada: esporte, escola e mundo infantilCom as "proposições afirmativas" não pretendo demonstrar verdades generalizáveis a outros "universos" de prática de futsal, muito menos de outras modalidades vivenciadas no mundo da escola; pretendo, sim, dar indicativos para reflexões possíveis sobre a realidade do mundo-vida dos sujeitos participantes no contexto investigado.
O treinamento regular da modalidade de futsal na escola é...
uma exigência provocada pela inserção da escola pública e particular no sistema desportivo institucionalizado, na condição de uma "entidade de prática" do desporto de rendimento.
um campo de relacionamento interpessoal complexo, envolvendo, prioritariamente, o professor-técnico e alunos-atletas em situações de amizade, disciplina, desafio, respeito, conflito, competitividade, vitória, derrota, aprendizagem, embate corporal, combate corpo-a-corpo, prazer, frustração, alegria, tristeza, jogo de intenções.
um processo racional linear que, tendo por objetivo principal o aperfeiçoamento e a especialização técnico-tática do aluno-atleta, pode levar à especialização precoce.
marcado pela complexidade das vivências à medida que são recreativas e lúdicas, racionalizadas, especializadas, fragmentadas e controladas, e à medida que as crianças demonstram indicativos de alegria, euforia e prazer na prática.
um momento de inter-relação que pode contar com a presença de pais.
uma vivência escolar que não conta com a presença do diretor, mas quando presente, ele representa a autoridade e a disciplina.
A participação em jogos oficiais promove uma vivência onde...
as instituições escolares, públicas e privadas, filiadas ou não, se tornam "entidades de prática desportiva" totalmente inseridas no "sistema desportivo institucionalizado".
a escola corrobora com a hegemonia do modelo desportivo de rendimento, em um contexto marcado por sérias diferenças estruturais entre as instituições competidoras.
a instituição escolar, pública ou particular, do ensino fundamental, reproduz os regulamentos e normas oficiais iniciando/estimulando crianças e adolescentes de 5 a 14 anos à prática/consumo de atividades e produtos esportivos.
a ausência do diretor da escola nos locais de competição, restringindo sua presença à participação nas cerimônias de abertura e encerramento, gera um distanciamento com os outros participantes, além de vincular a imagem do diretor, direta e exclusivamente, às glórias e conquistas, ou seja, aos resultados.
o aluno-atleta se constitui em um elemento do sistema desportivo institucionalizado, e isso o afasta da experienciação do futsal como uma vivência possuidora de significados educativos e de características lúdicas, socioafetivas, culturais e de atividade voltada para a saúde devido aos excessos da competição.
o professor-técnico (profissional especializado, voluntário não remunerado - escola pública, ou contratado e remunerado - escolas particulares) pode ser considerado o maior responsável pelo projeto de participação da escola em competições oficiais.
a presença dos pais nos locais de jogos oficiais ocorre com maior freqüência nas categorias mamadeira (5-6 anos de idade), fraldinha (7-8), pré-mirim (9-10) e mirim (11-12), sendo que a partir da categoria infantil (13-14 anos de idade) diminui na escola particular e quase não acontece na escola pública.
o envolvimento dos pais e familiares do aluno-atleta na competição pode gerar um clima tenso e estressante.
se manifesta uma falsa perspectiva pedagógica, pois não estando centrada no sujeito, mas na competição, visa mais ao vencer do que ao participar, ao experienciar e ao aprender.
o rigor das regras oficiais e, principalmente, a exacerbação da competição exige movimentos, deslocamentos, gestos, ações, comportamentos e condutas pré-treinadas e padronizadas.
No entendimento do "aluno-atleta" o esporte futsal na escola é...
uma prática séria e regular por meio da experienciação de atividades prazerosas e saudáveis importantes para a aprendizagem e o desenvolvimento escolar, auxiliando também no afastamento da ociosidade das ruas e das drogas.
um mundo de convívio e de lazer, que estimula o relacionamento social, utilizando a competição como fonte e parâmetro de rendimento pessoal e social.
na escola pública, uma atividade prática ministrada por um professor-técnico voluntário e não-remunerado, que viabiliza, inclusive, a estrutura física e o material necessário.
na escola particular, uma atividade prática que conta com uma estrutura privilegiada e é ministrada por um professor-técnico remunerado especificamente para isso.
No entendimento do "professor-técnico" o esporte futsal na escola é...
uma prática desportiva originalmente brasileira, que surgiu a partir da adaptação do futebol e possui técnica com movimentos e deslocamentos belos e velozes.
parte da estrutura escolar, como importante conteúdo educacional, e sua prática, ao fomentar a competitividade no ensino fundamental, é utilizada no processo educacional, valorizando o desenvolvimento global da criança.
um momento da especialização do futuro jogador profissional de futebol, consolidando-se, portanto, como um importante instrumento de manutenção e promoção do modelo do desporto de rendimento.
utilizado para estimular, em treinamentos, a partir das categorias iniciais, o desenvolvimento motor, afetivo e social, visando ao aperfeiçoamento e à especialização técnica e tática.
a modalidade mais requisitada pelos alunos, que traz grande popularidade para o professor-técnico que seleciona os melhores para representar a escola nas competições oficiais.
uma possibilidade de parceria da instituição escolar com outras instituições públicas, e de patrocínio da equipe da escola por empresas privadas.
No entendimento do "pai do aluno-atleta" o esporte futsal na escola é...
uma vivência essencial à vida escolar, porque solicita a interação e a cooperação entre os alunos-atletas e promove a integração entre os participantes e destes com a comunidade escolar.
o afastamento dos alunos-atletas do círculo vicioso: ociosidade nas ruas - consumo de drogas - insucesso escolar - problemas de relacionamento familiar.
um grande aliado da família, pois permite a experienciação prática de atividades que possibilitam vivências corporais, disciplina, dedicação, aplicação, que auxiliam na formação infantil.
uma prática que recebe pouco apoio da direção e pouco acompanhamento dos pais.
No entendimento dos "diretores de escola" o desporto futsal na escola é...
uma responsabilidade da escola, e sua prática em jogos oficiais significa a inserção e a submissão dessa instituição ao sistema desportivo institucionalizado, adaptando-se ela às normas e regulamentos, na condição de "entidade de prática".
uma preferência entre as opções de prática desportiva e se constitui em um importante integrante do processo educativo, sendo essencial para o envolvimento dos alunos-atletas no mundo escolar.
uma forma apropriada para a vivência, a discussão e o entendimento das regras, das normas e das leis que orientam o convívio social, podendo ser considerado uma verdadeira educação para a cidadania.
um meio de treinar, educar e formar os alunos-atletas, visando, além da melhoria do condicionamento físico e da saúde, a sua socialização, reconhecendo a competição como parte da vida humana, portanto, dela decorrente.
Refletindo sobre as "proposições afirmativas", considero, com base na conceituação dada por Abbagnano (2000) aos verbetes sistema (p. 908-910) e estrutura (p. 376-377), que a vivência no desporto futsal escolar se constitui em experiências dos sujeitos (aluno-atleta, professor-técnico, pai de aluno-atleta e diretor da escola) em uma unidade elementar do sistema desportivo institucionalizado. O macrossistema desportivo, mundialmente institucionalizado, integra em sua estrutura a pluralidade de dimensões do desporto, entre elas a dimensão do desporto escolar e, por decorrência, o futsal e outras modalidades esportivas praticadas na escola, como elementos que se relacionam e, ao mesmo tempo, se constituem em subsistemas susceptíveis, dentro de certos limites, de variações mais ou menos autônomas. Neste sentido, o fenômeno futsal escolar é uma estrutura constituída por elementos que se relacionam em uma ordem hierárquica com o objetivo de garantir o êxito de sua função e sua própria conservação nas condições que discutirei adiante.
O esporte escolar como uma estrutura hierárquicaO sistema desportivo institucionalizado internacional é adaptativo, funcional e hierárquico e, no Brasil, sua estrutura pode ser esboçada a partir do enunciado da Lei Federal n.o 9.615, de 24 de março de 1998, regulamentada pelo Decreto n.o 2.574, de 29 de abril de 1998, citada e comentada por Krieger (1999, p. 37-50). Esse diploma legal, em seu Capítulo IV - Do sistema Brasileiro do Desporto, Seção I, Art. 4o, estabelece que o Sistema Brasileiro do Desporto compreende: o Ministério Extraordinário dos Esportes, o Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto8; o Conselho de Desenvolvimento do Desporto Brasileiro. Mais especificamente no item IV, denomina, conceitua e aponta os objetivos, as finalidades e a funcionalidade do Sistema Nacional do Desporto e dos Sistemas de Desporto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que são "organizados de forma autônoma e em regime de colaboração, integrados por vínculos de natureza técnica específicos de cada modalidade desportiva" (Ibid, p. 38).
O Sistema Nacional do Desporto tem como meta a promoção e o aprimoramento do desporto de rendimento e pode congregar "pessoas físicas e jurídicas de direito privado com ou sem fins lucrativos, encarregadas da coordenação, administração, normalização, apoio e prática do desporto, bem como as incumbidas da Justiça Desportiva" (KRIEGER, 1999, p. 45). Mais especificamente, é constituído pelos Comitês Olímpico e Paraolímpico Brasileiros; "as entidades nacionais de administração do desporto; as entidades regionais de administração do desporto; as ligas regionais e nacionais; e, as entidades de prática desportiva, filiadas ou não àquelas" (Ibid, p. 45-46) já referidas.
Destarte, a escola que participa do desporto oficial e institucionalizado se insere neste sistema como uma "entidade de prática" desportiva filiada; e o sujeito participante, mais especialmente o aluno-atleta, pode ser caracterizado como uma unidade bipolar, ora ocupando a primeira, ora a "última" posição no sistema. Quando focalizado sob uma perspectiva pedagógica, o aluno-atleta é fator primordial, e para ele tudo deve ser direcionado no sentido de favorecer seu desenvolvimento integral. Quando focalizado pela perspectiva da instituição desportiva especializada, que é a responsável oficial pela regulamentação do desporto, este se torna um mero receptáculo e um reprodutor das regras e normas criadas para as competições profissionais e de alto rendimento, que estão, sempre mais, sendo direcionadas como espetáculo de massa.
A partir destes dados e considerando as "proposições afirmativas" entendo que a estrutura que envolve o futsal na escola manifesta uma ordem hierárquica com as seguintes características:
Relação hierárquica entre instituições:
a instituição escolar está submetida à instituição desportiva, podendo ter apoio por meio de parcerias e/ou patrocínios de instituições públicas e empresas privadas;
Relação hierárquica entre sujeitos:
nos treinos: o aluno-atleta se submete à autoridade do professor-técnico, que se submete à direção da escola e aos pais;
nos jogos: o aluno-atleta se submete diretamente à autoridade dos árbitros oficiais, sob a orientação e cobrança do professor-técnico e da torcida dos pais, que estimulam e exigem performance na disputa com o adversário.
Diferentes perspectivas para se olhar o esporte escolarNo que se refere a olhar o fenômeno desportivo como um sistema desportivo institucionalizado, é importante e ilustrativo apresentar a posição de Sttiger (2002), que em sua obra "Esporte, lazer e estilo de vida: um estudo etnográfico" define, considerando as obras de vários estudiosos, três perspectivas de abordagens do fenômeno desportivo. A primeira perspectiva apresentada, com base nos estudos de Bouet (1968); Brohm (1976, 1978); Guttmann (1978); Mandell (1986) e Guay (1993), é denominada de "Uma visão institucional e homogênea do fenômeno desportivo"; a segunda, a partir de Elias e Dunning (1992), recebe a denominação de "Esporte num processo histórico de longa duração"; e, a terceira, a partir de estudos de Pociello (1981); Bourdieu (1990); Bento (s.d.); e Padiglione (1995), é identificada como "Em busca da heterogeneidade do esporte".
Na seqüência Sttiger avança em sua análise sintetizando estas três abordagens em duas perspectivas diferenciadas de compreensão do fenômeno desportivo. Identifica a primeira com as obras de Bouet; Brohm; Guttmann; Mandell; Guay, dizendo que esta perspectiva,
[...] ao privilegiar aspectos estruturais da sociedade, e tendo como opção metodológica a busca de aspectos que caracterizam o esporte como uma realidade cultural específica -, encaminha para uma visão homogeneizada desta prática. Segundo este ponto de vista, o esporte já estaria até certo ponto suficientemente explicado, na medida em que tanto as suas características (reproduções objetivas da sociedade mais ampla) como as críticas que delas decorrem se repetem, de certa forma, nas interpretações que fazem os autores. (p. 36-37)
O autor entende que sob esta visão institucional homogeneizada o fenômeno desportivo é "identificado como uma forma monolítica que dá prioridade às regularidades e continuidades, sem levar em conta as possíveis descontinuidades na realidade das suas práticas concretas" (p.26). As conseqüências desta visão pode estar na possibilidade de que sua transposição direta acabe se configurando em um determinante para outras manifestações do fenômeno desportivo, podendo levar à "[...] desconsideração das diferentes possibilidades de manifestação do esporte e ao obscurecimento de uma heterogeneidade possivelmente existente na relação que o esporte possa vir a ter com os seus praticantes concretos, o que se expressa nas práticas cotidianas" (p. 27).
Na segunda perspectiva, Sttiger enquadra as obras de Elias & Dunning; Bourdieu; Bento; Padiglione e afirma que esta
[...] volta-se para aspectos individuais e subjetivos dos atores sociais e encaminha a reflexão para a heterogeneidade das manifestações esportivas, além de demonstrar a sua insatisfação em relação à pretendida posição passiva dos protagonistas do esporte. Para estes autores, o esporte poderia ser visto como uma prática social passível de ser apropriada de forma diferente pelas pessoas comuns, em diversas realidades específicas, em que características distintivas, inserem-se nos seus estilos de vida.
Aqui o olhar incide diretamente na heterogeneidade de sentidos atribuídos ao fenômeno desportivo, demonstrando suas diversidades, nas quais convivem diferentes significações sociais. O ponto importante desta perspectiva é o fato de ela estar voltada para a compreensão e não para a simples explicação do fenômeno desportivo, aspecto decisivo para analisar a prática de determinada modalidade desportiva, como: um sistema de prática constitutivo dos estilos de vida das pessoas; um sistema de preferência de cada grupo social definido com base na relação: espaço de prática / espaço de posição social / escolha do praticante; um fenômeno antropológico com sentido plural, multidimensional, de sentido não previsível e com princípios para serem identificados; e, neste caso, também comporta o entendimento de que, mesmo na condição de um desporto estruturado com regras, valores e cenário simbólico, poderá permitir a reformulação para a forma lúdica e consciente, visando ao atendimento da realidade dos sujeitos.
Refletindo, a partir destes indicativos, sobre as "proposições afirmativas", percebo que as proposições apontadas sobre os "jogos" apresentam mais aspectos negativos sobre a prática do futsal na escola, do que aquelas apontadas sobre os "treinos", e posso dizer que naquelas levantadas nos discursos dos sujeitos participantes a negatividade da prática desportiva vivenciada pelos sujeitos em seu mundo-vida diminui ainda mais. Dizendo de outra forma, a prática de futsal na escola pode representar ser mais negativa para o aluno-atleta à medida que o pólo reflexivo se afastar dos próprios sujeitos envolvidos e se aproximar da competição oficial.
A discussão de Sttiger (2002) contempla este estudo, quando afirma que a perspectiva monolítica do desporto como um sistema institucional homogeneizado pode impedir a visão sobre as diferentes possibilidades de relacionamentos que os sujeitos participantes concretos podem ter em suas vivências cotidianas concretas. Ou seja, neste caso, quando levanto as "proposições afirmativas" sobre os treinos e os jogos observados, faço uso de minha vivência no desporto, e esta me faz perceber, devido ao meu envolvimento afetivo, as nuanças positivas de sua prática; mas, por outro lado, também faço uso de minha formação acadêmico-científica, que possui um vasto referencial teórico-crítico sobre o desporto em geral ou sobre experiências específicas realizadas no desporto escolar. Como pesquisador, é este referencial teórico-crítico que direciona o meu olhar, desde a observação no mundo-vida dos sujeitos participantes do contexto do futsal na escola até o processo interpretativo das descrições dos treinos e dos jogos; ao passo que, a partir das falas dos sujeitos participantes, as "proposições afirmativas" tendem a refletir mais os sentimentos e as preferências dos próprios sujeitos sobre as suas vivências concretas, e neste caso específico apresentam mais aspectos positivos do que negativos das vivências no contexto do futsal na escola.
A perspectiva de olhar o fenômeno desportivo como um sistema institucionalizado, homogeneizado e hierarquizado permite certa autonomia em cada um de seus níveis. A partir dessa autonomia, na proposição do futsal no contexto escolar, o professor-técnico, nas escolas públicas, e o diretor ou a coordenação de Educação Física e Desporto, nas escolas particulares, poderiam exercê-la de uma forma que respeitasse a realidade específica daquele contexto, por exemplo: as peculiaridades de cada escola e, principalmente, do aluno-atleta, que é o principal sujeito dentro do processo de vivência do desporto escolar.
Penso que, se o olhar daqueles que propõem e vivenciam o desporto futsal na escola incidisse sobre a heterogeneidade de sentidos atribuídos ao fenômeno desportivo, focando e demonstrando suas diversidades e as diferentes significações sociais que nele convivem, o desporto seria utilizado de uma forma mais adequada à criança nas diferentes faixas etárias que definem as categorias envolvidas nesta prática no ensino fundamental. Penso, também, que com tal perspectiva não seria difícil fazer a proposição do desporto "da" escola ao invés do desporto "na" escola, como propõe o Coletivo de Autores (1992) e Castellani Filho (1998) - proposta que é considerada quase como um sacrilégio desmistificador, ou melhor, quase como um movimento contrário ao poderio do sistema desportivo institucionalizado mundialmente.
No desporto "na" escola, são considerados os objetivos da instituição desportiva, que podem ser resumidos no desenvolvimento da modalidade desportiva específica e na promoção do desporto de rendimento como espetáculo de massa, sendo o aluno-atleta considerado como um mero praticante reprodutor e consumidor do desporto modelado no alto rendimento, ou seja, o desporto se constitui em um fim em si mesmo e o aluno-atleta em um meio, um objeto, ou ainda, um instrumento para a promoção do professor-técnico, do diretor e da escola.
Na prática do futsal observada nos treinos e nos jogos pesquisados no ensino fundamental de escolas públicas e particulares do município de Maringá, ficou identificado que tudo isso ocorre sob o acompanhamento e aprovação do pai do aluno-atleta, que, ilusoriamente, vê seu filho como prestigiado e milionário craque do futuro. Sob este modelo de prática do desporto, apoiado na mídia, que promove a "estereotipização" do praticante desde as primeiras séries do ensino fundamental, a escola envolve alunos com idade entre 7 e 14 anos, que corresponde às categorias fraldinha, pré-mirim, mirim e infantil, fortalecendo esta ilusão e auxiliando na idealização prematura de um "craque em potencial", estimulando os pais a exigirem além das capacidades momentâneas dos seus filhos.
Independentemente da perspectiva da qual se olhe o desporto futsal, se "na" ou "da" escola, é um absurdo ver nos ginásios e nas quadras desportivas de clubes, associações ou empresas, mas principalmente nas escolas, a exposição de crianças, das categorias fraldinha (7-8 anos), pré-mirim (9-10 anos) e mirim (11-12 anos), às mais ferrenhas competições. "Crianças" que saem de casa para "jogar" futsal e ficam sentadas no banco de reservas, sem entrar no jogo, pois a equipe é composta por 12 competidores, e as regras oficiais definem que somente cinco poderão estar dentro da quadra ao mesmo tempo, o que coloca a maioria na espera enquanto a minoria joga; outras ainda, que, por serem mais habilidosas, são exigidas física e emocionalmente ao extremo em função da busca da vitória; outras que, devido à tensão provocada pelos árbitros, pela rigorosidade das regras, pelas orientações do professor-técnico cobrando performance, pelas exigências dos pais como torcedores, vêem suas iniciativas no jogo frustradas.
E o que não dizer das propostas de competições oficiais envolvendo equipes nas categorias "chupetinha" (3-4 anos) e "mamadeira" (5-6 anos)". Eu diria, como Freire (1989, p. 150), que "a competição, como atividade de jogo, sempre existiu. Isto, contudo, não justificaria por si só sua manutenção. Uma doença qualquer que nos acompanhe há séculos, nem por isso adquire o direito de não ser combatida". Ou melhor, eu digo: as competições oficiais, propostas e organizadas pela instituição desportiva para crianças menores de 12 anos, com árbitros oficiais, sob as regras oficiais, caracterizando a criança como vencedor ou vencido, como titular e reserva, craque e perna-de-pau, etc., deveriam ser combatidas dentro e fora da escola.
Por outro lado, no esporte "da" escola devem ser considerados os fundamentos e os objetivos norteados por uma perspectiva pedagógica e, neste sentido, a prática de qualquer modalidade desportiva deverá ter como primado o sujeito participante, mais especificamente o aluno-atleta. Nesta caracterização o esporte escolar passa da condição de fim para a condição de meio e o aluno-atleta sai da condição de instrumento e objeto para a condição de início, meio e fim, ou seja, é considerado em sua subjetividade dentro do processo de ensino-aprendizagem.
No desporto escolar prevalece o imediatismoNo contexto pesquisado o desporto futsal está inserido na hierarquia do sistema desportivo como uma "entidade de prática", e nesta condição tanto a escola pública quanto a particular propõem a prática do desporto futsal de uma forma racionalizada e tecnicista, que utiliza os treinos para abreviar o tempo de aprendizagem, aperfeiçoamento e especialização das crianças praticantes, para que estas representem a escola nas competições oficiais. A preocupação maior não é com uma formação de longo prazo, mas, sim, para o resultado imediato, a vitória naquele campeonato. Não importa a conscientização no sentido de uma atividade física ou da prática permanente do desporto, o que vale é o título, é a vitória e os prêmios, e o reconhecimento que deles advirá.
Neste contexto a escola se nivela a clubes, associações e empresas e, seguindo o modelo destes, se adapta à lógica da competição e do rendimento, funcionando como uma fonte alimentadora do principal "recurso" ali envolvido: o ser que pratica. Tal nivelamento em princípio não seria problemático, se o desporto praticado, independentemente de sê-lo dentro ou fora da escola (em clubes, na rua, associações, empresas, etc.) fosse proposto com base na heterogeneidade de manifestações esportivas e na pluralidade de seus significados abertos a uma pedagogia imbuída de humanismo.
Isto quer dizer que a proposta do desporto, seja no clube seja na associação, na empresa e na escola, usando uma metáfora proposta por Bento (1998, p. 129), deverá ter em conta que "[...] o edifício mais alto, o monumento mais proeminente e a estátua mais bela é o ser humano. É o homem como pessoa. É nesta construção que vale verdadeiramente investir e é ela que deve mobilizar os criadores e arquitectos de vanguarda". Ou seja, a proposta do futsal na escola no ensino fundamental deve priorizar a criança como criança, e não fazer dela um objeto a ser moldado ou um animal a ser adestrado, ou treinado como um adulto em miniatura. Deve, sim, contribuir para a formação, privilegiando a expressividade corporal, para que esta possa se comunicar e ser participativa e criativa, possibilitando a exposição de seus pensamentos e opiniões e, ainda, a participação nas decisões coletivas, estimulando o respeito e a solidariedade com os companheiros; e por fim, para que possa aprender a gostar do futsal, bem como de outras modalidades possíveis. Neste sentido, o compromisso de qualquer proposta para o desporto na escola, mesmo que em treinamentos fora das aulas de Educação Física, deverá ser de colocar "o desporto para o aluno-atleta" e não "o aluno-atleta para o desporto".
Observadas as "proposições afirmativas" sobre a prática do futsal nos treinos e nos jogos, seria difícil dizer que o desporto não está para o aluno-atleta, mas se forem focalizadas as "proposições afirmativas" sobre os discursos dos sujeitos, especialmente os discursos dos alunos-atletas, seria ainda muito mais difícil negar isto. Na visão e no entendimento do aluno-atleta - e é ele quem mais deve pesar - na prática do futsal há um convívio prazeroso e estimulador de socialização; no entendimento do professor-técnico, a prática do desporto futsal na escola deve ocorrer, devido à maciça solicitação dos alunos; os pais das crianças envolvidas consideram esta prática essencial para a vida escolar, principalmente, por afastar seus filhos das drogas; e os diretores entendem-na como uma responsabilidade institucional da escola, pois é fundamental para a promoção de uma educação cidadã.
Para atender estes anseios o fenômeno desportivo deve ter sua integração ao contexto escolar fundamentada em perspectivas pedagógicas contempladoras de metodologias que ofereçam vivências com experiências crítico-reflexivas, na esperança de favorecer o despertar de consciências críticas que venham a compreender o desporto como fenômeno sociocultural, pois foi criado pelo e para o ser humano situado cultural e socialmente. Esse fenômeno, pela sua complexidade, requer atitude reflexiva e crítica permanente no mundo-vida do sujeito, pois o sujeito participante está situado no tempo e no espaço, no seu tempo e espaço, que, embora promotores de intersubjetividades, são diferentes, não são o tempo e o espaço do outro.
Nos treinos e jogos de futsal na escola foram observadas e descritas vivências que, posteriormente, foram interpretadas como: excessivamente dependentes da mestria e "expertez" do professor-técnico; seletivas e segregacionistas; pouco ou nada estimuladoras da participação dos alunos nas decisões; limitadas aos conteúdos técnicos e táticos do futsal; voltadas exclusivamente para o aperfeiçoamento e rendimento técnico; promotoras da especialização precoce; voltadas, enfaticamente, aos resultados nas competições oficiais, etc. Tais vivências, do ponto de vista da formação do indivíduo, do cidadão e da pessoa do aluno, podem ser consideradas quase inócuas, por se repetirem da mesma forma, sob os mesmos princípios e objetivos em todas as faixas etárias (categorias) de praticantes.
Evidentemente estes são indicadores alarmantes sobre a prática do desporto como uma vivência escolar desejada. Digo desejada, pois sintetizando o pensamento dos participantes sobre o que é o desporto futsal no contexto escolar, posso afirmar que nenhum dos sujeitos pode visualizar a escola sem esta prática, que, entre outros efeitos: promove a integração; estimula a atenção e a concentração dos alunos; é um excelente meio para envolver os alunos no mundo escolar; valoriza o desenvolvimento integral; é uma prática de origem nacional; é importante para a aprendizagem e o desenvolvimento escolar; e tem a competição como fonte e parâmetro de rendimento pessoal e social.
Como é possível encontrar um quadro com as características apresentadas nos treinos e nos jogos observados depois de tantos alardes realizados ao longo dos últimos anos sobre a necessidade de um encaminhamento pedagógico que ajuste o desporto aos fins que se espera que ele cumpra perante o ser praticante? Causa espanto sim, porque Belbenoit (1974) escreveu, nos alertando, que a inclusão do desporto na escola deveria levar em conta o tipo de escola em que este seria introduzido, pois é do clima educativo da escola em seu todo e dos objetivos pedagógicos por ela fixados que dependerá o desporto "ser um instrumento de libertação e de conquista, ou uma 'disciplina' a par das outras, e estéril como as outras, nem mais, nem menos" (p. 132).
Este estudo, que tratou, fundamentalmente, da relação esporte-criança no mundo-vida do aluno-atleta nos treinos e nas competições oficiais, não pode ser considerado uma novidade. A originalidade pode estar na perspectiva a partir da qual este fenômeno foi aqui olhado, um olhar diferente do habitual, em que novas perspectivas do fenômeno passam a ser admiradas. Dentro desse novo olhar, técnica e tática, presenças constantes nas discussões aqui trazidas, passam a ser substituídas por reflexões como esta: o que é isto, o desporto futsal na escola, para a criança e o pré-adolescente que a experiencia? Talvez por admitir a impossibilidade de buscar uma compreensão mais ampla do fenômeno desportivo, busquei a redução do foco para a prática da modalidade de futsal na escola, tentando refletir pedagogicamente para encontrar um processo em que a tematização do desporto me leve a uma perspectiva que vá além do saber- fazer de uma modalidade desportiva, mas nunca esquecendo o sabor de saber e de fazer esta modalidade.
Notas
Este artigo tem como base a tese de doutorado defendida em fevereiro/2003 no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba/SP.
Pesquisar nas escolas públicas e privadas se faz necessário devido ao fato de que no mundo do desporto escolar competitivo estes dois tipos de escolas se inter-relacionam e interagem, principalmente, nas competições oficiais em que participam.
Não houve um planejamento procurando definir a priori um número ideal de escolas ou de jogos e treinos a serem observados, simplesmente fui efetuando as observações, e quando senti que as informações começaram a se tornar repetitivas entendi que poderia interromper as observações. Assim, também, ocorreu com as entrevistas aos sujeitos.
Entendendo "proposições afirmativas", com base em Abbagnano (2000), como o ato de intencionalmente enunciar os conteúdos expressivos e afirmativos das vivências dos sujeitos, no mundo de prática do futsal observado, contidos nas análises ideográficas gerais, apresentadas nos Capítulos III e IV de Teixeira (2003).
Variação imaginativa, a partir de Fini (1997), entendida como a tentativa do pesquisador de se colocar na perspectiva dos sujeitos participantes do contexto de prática do futsal na escola e indagar, a partir das situações experienciadas em treinos e jogos, sobre os seus significados.
Foram utilizadas 6 descrições de treinos e 6 descrições de jogos.
4 sujeitos de cada grupo (4 alunos-atletas, 4 professores-técnicos, 4 pais de alunos-atletas e 4 diretores de escola) totalizando 16 sujeitos.
Órgão público extinto no Governo FHC e substituído pela Secretaria Nacional do Desporto.
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução da 1a edição brasileira coordenada e revista por Alfredo Bosi; revisão da tradução e tradução dos novos textos Ivone Castilho Benedetti. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
BELBENOIT, Georges. O desporto na escola. Tradução de António Pescada. Portugal: Editorial Estampa, 1974.
BENTO, Jorge Olímpio. Desporto e humanismo: o campo do possível. In: GONZÁLEZ VALERO, M. ; ARECES GAYO, A. Deporte e humanismo en clave de futuro: atas. A Coruña: INEF Galicia, 1998.
BICUDO, Maria Viggiani. Fenomenologia: confrontos e avanços. São Paulo: Cortez Editora, 2000.
CASTELLANI FILHO, Lino. Política educacional e educação física. Campinas: Autores Associados, 1998 (Coleção polêmicas do nosso tempo; 60).
ESPÓSITO, Vitória H. Cunha. A escola: um enfoque fenomenológico. São Paulo: Editora Escuta, 1993.
FINI, Maria Inês. Sobre a pesquisa qualitativa em educação, que tem a fenomenologia como suporte. In: SOCIEDADE DE ESTUDOS E PESQUISAS QUALITATIVOS. Pesquisa qualitativa em educação: um enfoque fenomenológico. Organizado por Maria Aparecida V. Bicudo e Vitória Helena C. Espósito. Piracicaba: Editora Unimep, 1997.
FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Editora Scipione Ltda, 1989.
KRIEGER, Marcilio C. R. Lei Pelé e legislação brasileira anotadas. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
MOLINA NETO, Vicente. A prática do esporte nas escolas do 1o e 2o graus. 2. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1996.
RICOEUR, Paul. O conflito das interpretações: ensaios de hermenêutica. Tradução de Hilton Japiassu. Rio de Janeiro: Imago Editora LTDA, 1978.
SOARES, C.; TAFFAREL, C.; VARJAL, E.; CASTELLANI FILHO; et al. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1992.
STTIGER, Marco Paulo. Esporte, lazer e estilos de vida: um estudo etnográfico. Campinas, SP: Editora Autores Associados, Chancela Editorial Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), 2002. (Coleção educação física e esportes)
revista
digital · Año 11 · N° 99 | Buenos Aires, Agosto 2006 |