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Trampolim acrobático: um pouco
de história e de competição

   
*ULBRA
**UFC
(Brasil)
 
 
Doralice Orrigo da Cunha Pol*
dorapol@terra.com.br  
Felipe Steigleder**
felipetramp@hotmail.com  
Alexandra da Silva Nickele Dornelles*
dorapol@terra.com.br  
José Carlos Negrine Padilha*
 

 

 

 

 
Resumo
    O presente estudo buscou apresentar a história do Trampolim Acrobático como também a realidade dos atletas participantes no I Campeonato Sul Brasileiro desta modalidade. O objetivo desta pesquisa foi diagnosticar a realidade dos atletas de Trampolim Acrobático em nível nacional e verificar as condições oferecidas a estes. O estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva. A população foi composta por atletas que participaram do campeonato com uma amostra de 64 atletas. Para a coleta de dados foi utilizado como instrumento o questionário adaptado de Moreno (1996) que busca coletar dados sobre a faixa etária, cidade e clube que o atleta representa, formação educacional, experiências no treinamento da modalidade, número de horas de treinamento diário, suas dificuldades e facilidades para a prática do esporte, assim como o trabalho de compensação e lesões. Como resultados, verificou-se que a maior delegação a participar do evento foi a do clube Minas Tênis Club que foi representado por 16 atletas, seguidos do Clube Macaé com 11, Academia Tatiana Figueiredo e Vasco da Gama com 09 atletas respectivamente; Escola Salto Três com 08; Dom Bosco e Gama Filho com 07 atletas e Santo Agostinho com 06. Identificou-se que a forma de acesso ao esporte para 52,1% foi por meio participação em clubes sociais, 23,9% por meio de colegas; 15,5% pelo acesso à academia e 8,5% pelo incentivo da família. Em relação ao tempo de permanência no esporte encontrou-se resultados que perfizeram 58,5% entre um e quatro anos, 20,0% entre quatro e oito anos, 12,9% menos de um ano e 8,6% com mais de oito anos; reportando-se ao número de horas diárias de treinamento observou-se que 73,6% treinam quatro horas e 26,4% entre quatro e seis horas diárias. Os atletas revelaram com 49,3% que o Duplo Mini Trampolim é a modalidade de maior dificuldade de realização seguida de 26,0% o Trampolim, 21,7% o Tumbling e com 3,0% a cama elástica. Investigando-se as lesões provocadas pela prática do Trampolim, os atletas mencionaram o joelho com 36%, pé 28,0%, coluna 14,0%, perna, coxa e punho 6% para cada segmento e 4,0% para os braços e cotovelos. Neste sentido, conclui-se que a modalidade Trampolim Acrobático não é oferecida nas escolas formais dos estados apresentando-se com maior ênfase nos clubes e academias não sendo aproveitada neste momento como objetivo de recreação ou de lazer às crianças.
    Unitermos: História. Trampolim Acrobático. Brasil.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 98 - Julio de 2006

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Introdução

    Este artigo fundamenta-se em apresentar a história do Trampolim Acrobático, como também a realidade dos atletas que participaram do I Campeonato Brasileiro realizado na região Sul do Brasil, especificamente na Universidade Luterana do Brasil na cidade de Canoas, (RS).

    Pesquisando como surgiu o primeiro tipo de Trampolim encontrou-se o que foi planejado e feito primeiramente pelos esquimós, nos quais costumavam brincar de jogar-se uns aos outros no ar sobre uma pele de morsa, algo parecido com o que os bombeiros utilizam para resgatar as pessoas que estão pulando de janelas de casas ou prédios, na busca de socorro.

    Neste sentido, o estudo apresenta como objetivo maior, diagnosticar a realidade dos atletas de Trampolim Acrobático em nível nacional e verificar as condições oferecidas a estes atletas para desenvolverem o esporte.

    Justifica-se a opção pelo mesmo por entender que um campeonato de tal proporção deve ser configurado no mundo acadêmico, sendo que este foi um excelente momento para que os atletas do Brasil fossem investigados, de certa forma, proporcionando a população um conhecimento maior sobre a prática deste esporte.


Um pouco da história...

    A história apresenta-nos, que o surgimento do Trampolim ocorreu a centenas de anos, contudo não se pode precisar a sua origem, sabe-se que na Idade Média os acrobatas de circo, utilizavam tábuas de molas nas suas apresentações e os trapezistas realizavam novos saltos a partir do impulso realizado da rede de segurança.

    Estas podem ou não ser as verdadeiras origens do Trampolim, mas é certo que no inicio desse século havia apresentações que usavam uma "cama de pular" para entreter as platéias. A cama de pular era, na realidade, um pequeno Trampolim coberto com roupas de cama sobre o qual os artistas desempenhavam a maior parte de seus atos.

     Por outro lado, o Trampolim em si, na história circense, foi desenvolvido primeiramente por um artista chamado Du Trampolin, que viu a possibilidade de usar a rede de segurança do trapézio como uma forma de propulsão e aparelho de decolagem e a experimentou com diferentes sistemas de suspensão, finalmente reduzindo a rede a um tamanho prático para performances em separado.

     No começo dos anos 30, o norte-americano George Nissen fez um Trampolim na sua garagem e o usou para ajudá-lo em suas atividades de queda e mergulho. Ele então percebeu que podia entreter platéias e também deixar as pessoas participarem de suas demonstrações. O Trampolim como esporte, então, foi criado por George Nissen em 1936 e foi institucionalizado como modalidade esportiva nos programas de Educação Física em escolas, universidades e treinamentos de militares. Recentemente está muito praticado nas academias do mundo inteiro. Desta forma, nascia então o novo esporte.

    Na segunda guerra mundial, também se utilizou o Trampolim. A escola da marinha e aeronáutica dos E.U.A. aplicou o uso do Trampolim no treinamento de seus pilotos e navegadores. Oportunizando-lhes à prática concentrada em orientação, de uma forma que nunca fora possível de ser trabalhada antes. Depois da guerra, o desenvolvimento do programa espacial trouxe novamente o Trampolim, para contribuir no treinamento tanto de astronautas americanos quanto de soviéticos, dando a eles a experiência de posições corporais variadas em vôo.

    Em Londres na década de 60 ocorreram as primeiras competições internacionais, mais de 54 países já disputaram vinte e um campeonatos mundiais.

    Em 1975 o Trampolim Acrobático chegou ao Brasil trazido pelo professor José Martins de Oliveira. Em 1990, na Alemanha, o Brasil participou pela primeira vez de um Mundial, desde então, o país já possui seis participações nessa importante competição.

    Em 1997 o (COI) incluiu o Trampolim como modalidade olímpica. Assim o esporte participou pela primeira vez na Olimpíada de Sidney, Austrália.

    Para conhecer melhor o Trampolim, ele provém de uma atividade natural, fácil e rítmica, e o poder da cama elástica é propiciar diversão aos participantes proporcionando-lhes a satisfação de pular mais alto do que poderia normalmente conseguir e a desempenhar atividade especial, como aterrisar sobre os pés, sentado, de frente ou costas, e também decolar fazendo uso dessas posições de aterrisagem.

    Essa modalidade é dividida em três categorias: Trampolim que é o mais popular, conhecido por cama elástica, o Duplo mini-Trampolim como o próprio nome diz, o aparelho desta categoria é menor que o Trampolim e o Tumbling que é composto por três séries de oito exercícios acrobáticos variados, similares aos do solo da ginástica olímpica. Eles são executados em linha reta e sobre a pista.

    Nos E.U.A., foi facilmente percebido, pelos professores de Educação Física, que o Trampolim tinha algo a oferecer as pessoas que praticaram. Essa percepção se deu a partir da observação dos benefícios físicos os quais essa atividade havia produzido durante os anos de guerra e também do entusiasmo daqueles que participaram, desta forma, e o Trampolim foi introduzido nos programas de Educação Física escolares.

    Houve muitas críticas afirmando que a atividade era perigosa e que reduzia a força das pernas por causa do auxílio da elasticidade da cama no salto. Entretanto, a necessidade de condicionamento físico requerido é tão baixa que quase qualquer pessoa pode subir em uma cama elástica e fazer algo que é divertido, aerobicamente efetivo, e provém o mais alto nível de habilidade e coragem de que alguém é capaz. É particularmente popular entre os mais jovens, que agora têm algo além da cama de casal dos pais para pular em cima, embora muitos pais reclamem que seus filhos acabam pulando ainda mais sobre suas camas, com o objetivo de reproduzir a diversão que têm na ginástica. Também é uma forma de Plyometrics a última forma de treinamento em força.

    Convém ressaltar neste momento, que as primeiras competições aconteceram em faculdades e escolas nos E.U.A. e Europa, e o primeiro campeonato mundial aconteceu em Londres em 1964. Kurt Baechler, da Suíça e Ted Blake, da Inglaterra, foram os pioneiros europeus.

    Logo após a primeira competição mundial, o encontro inaugural de trampolinistas importantes ocorreu em Frankfurt, a fim de explorar a formação de uma federação internacional desse esporte. Em 1965, em Twickenham, a federação foi formalmente reconhecida, porém seu reconhecimento como uma modalidade esportiva ocorreu em 1998 e a Federação Internacional de Ginástica oportunizou sua estréia nos Jogos Olímpicos de Sydney, dois anos mais tarde. O esporte se divide em quatro modalidades: individual (única olímpica), sincronizado, tumbling e duplo mini Trampolim.

    No Brasil, o esporte obteve repercussão quando o atleta carioca Rodolfo Rangel conquistou o 1º lugar na prova de duplo mini Trampolim do campeonato Mundial de Sun City, na Nova Zelândia, estabelecendo um novo recorde de pontuação no aparelho.

    Os excelentes resultados do Brasil em nível internacional levou à organização do I Campeonato Sul Brasileiro de Trampolim Acrobático, realizado no mês de novembro de 2001 no complexo esportivo da Universidade Luterana do Brasil/Canoas, contando com a participação de categorias pré-infantil, infantil e elite, sendo esta última, com representantes do melhor nível do esporte nacional.


Metodologia

    O estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva, visto que pretendeu verificar a realidade do atleta de trampolim Acrobático.

    A população do estudo foi composta por atletas que participaram do Campeonato e a amostra foi composta por 64 atletas.

    Para a coleta de dados foi utilizado como instrumento o questionário adaptado de Moreno (1996) que busca coletar dados informações dos atletas no que se refere a faixa etária, cidade e clube que representa, formação educacional, experiências no treinamento da modalidade, número de horas de treinamento diário, suas dificuldades e facilidades para a prática do esporte, o trabalho de compensação realizado pelos atletas na coluna vertebral oferecido pelos treinadores e lesões.


Resultados

    Como resultados encontrou-se: 70,4% dos atletas cursam o ensino fundamental, portanto, possuem entre onze e treze anos de idade a sua maioria: 46,6% dos atletas são cidade do Rio de Janeiro, 31,5% de Belo Horizonte (MG), 15,1% de Macaé (RJ) e 6,8% de Campo Grande (MS).

    A maior delegação ficou com o Minas Tênis Club que foi reapresentado por 16 atletas, seguidos do Macaé com 11, Tatiana Figueiredo 11 atletas (RJ), Vasco da Gama com 9 atletas; Salto Três (RJ) com 8; Dom Bosco (MS) e Gama Filho (RJ) com 7 e Santo Agostinho (MG) com 6 atletas.

    Os atletas manifestaram-se em 75,4% que o seu nível de desenvolvimento técnico em relação aos seus concorrentes é de igual qualidade. A forma de acesso ao esporte foi de 52,1% através do clube, 23,9% pela escola; 15,5% pela academia e 8,5% pela família.

    O tempo de permanência praticando o esporte resultou em 58,5% estão entre um a quatro anos, 20,0% entre quatro e oito anos, 12,9% menos de um ano e 8,6% com mais de oito anos.

    O número de horas diárias de treinamento ficou estabelecido em 73,6% para quatro horas e 26,4% entre quatro e seis horas diárias. Apresentando suas experiências anteriores os atletas expressaram 55,2% experiências que se dividiam em 27,6% com nenhuma experiência anterior e também como praticante de escolinhas, e os demais 17,2 % expressaram outras informações.

    As modalidades que apresentaram maior dificuldade de realização pelos atletas foi o Duplo Mini Trampolim com 52,3%, Trampolim 26,1%, o Tumbling com 18,5% e com 3,1% o sincronizado. Quanto ao trabalho de compensação realizado na coluna vertebral, oferecido pelos treinadores, os atletas expressaram em 88,1% que é realizada esta pratica diária, mas 11,9% afirmam que este trabalho não é realizado.

    Em relação aos programas desenvolvidos pelos atletas, o mais importante para eles em sua maioria é o Trampolim competitivo, depois o Trampolim que se referem à aprendizagem com a cama elástica, para depois citarem o recreativo.

    Observando-se as lesões provocadas pela prática do Trampolim os atletas citaram joelho com 36%, pé 28,0%, coluna 14,0%, perna, coxa e punho 6% para cada segmento e 4,0% para os braços e cotovelos.

    Referindo-se quanto ao grau satisfação ao praticar este esporte os atletas na sua maioria mencionaram que gostam muito da sua relação com os demais praticantes, apreciam o funcionamento das instituições que representam, têm uma boa comunicação com seus superiores e, por outro lado, demonstraram que não estão nada satisfeitos quanto à remuneração econômica, pois os quais não recebem nenhum apoio financeiro das instituições.


Considerações finais

     O estudo constatou que: o Trampolim Acrobático é muito praticado na região Central do Brasil , sendo que foi verificado através dos resultados deste estudo que o Sul, Norte e Nordeste poderiam oferecer e desenvolver mais esta modalidade. Observou-se também que o esporte não é oferecido nas escolas formais dos estados apresentando-se com maior ênfase nos clubes e academias e que os portadores de necessidades especiais não têm acesso.

    Compreendeu-se também que Trampolim acrobático não é visto como uma prática de lazer, de recreação e que poderia ser aproveitado nas escolas com este objetivo em primeiro lugar, fazendo com que as crianças adquirissem o gosto pela atividade e futuramente pudessem iniciar a técnica da modalidade. Constatou-se na pesquisa que crianças pequenas e com poucos anos de prática já estão competindo no esporte em nível alto e verificou-se também que alguns profissionais não se preocupam com a saúde dos seus atletas, como deveriam, pois, sabe-se que eles estão praticando para serem os melhores, mas acredita-se que não se pode descuidar da saúde das crianças principalmente.

    Os atletas expressaram que o Duplo Mini trampolim é a modalidade de maior dificuldade de realização, portanto, deve ser o último a ser praticado e sugere-se, neste sentido, de que a iniciação ocorra pela cama elástica, pois foi considerada a modalidade de mais fácil execução.

    E, para finalizar, os atletas de Trampolim Acrobático de forma geral estão satisfeitos com sua formação técnica, com companheirismo dos colegas e professores, que a comunicação entre eles é satisfatória e quanto ao funcionamento geral das instalações que representam, a sua maioria está de acordo. Acreditam que poderiam ser mais valorizados em relação ao incentivo financeiro, pois a maioria dos atletas sustenta a prática do seu esporte e muitas vezes estão representando instituições de grande porte, e não possuem nenhum tipo de apoio financeiro.


Referências bibliográficas

  • WALKER, Rob. The history of trampolining. Information booklet, 2000.

  • BOMPA, Tudor O. Periodização: Teoria e Metodologia do Treinamento. 4 ed. Rio de Janeiro: Phorte Editora, 2001.

  • MORENO, M.J.A. Relacion oferta-demanda de las instalaciones acuáticas cubiertas: Bases para um programa motor en actividades acuáticas educativas. Valencia, 1996.

  • www.tramp.com.pt

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