Medidas e contribuições da equipe de gestão educacional para as questões de infra-estrutura relativas à disciplina de Educação Física na escola Medidas y contribuciones de la gestión educacional para las cuestiones relacionadas a la infraestructura propia a la asignatura de Educación Física en el ámbito escolar Measures and contributions of educational management to questions related to the infra-structure necessary to Physical Education discipline in school context |
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*Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Brasil) |
Eduardo da Costa Sousa eduardocoyote@ig.com.br Rafael Guimarães Botelho rafaelgbotelho@ig.com.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 98 - Julio de 2006 |
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Introdução
A introdução deste artigo tem como objetivos descrever uma breve revisão histórica, política e social sobre o tema em tela, identificar o problema que gerou este estudo, traçar os objetivos a serem alcançados, enunciar as questões a investigar, apresentar a justificativa social, consignar o objeto de estudo e indicar o referencial teórico escolhido. Atualmente podemos olhar para as práticas educacionais e ver que se caminhou muito pouco em termos pedagógicos no contexto da Educação Física no ambiente escolar.
Como podemos observar, o problema da infra-estrutura é um dos que mais afeta esta disciplina, com colégios que não têm nem quadras esportivas, e mesmos os que têm, às vezes se limitam a dar só alguns minutos de Educação Física, sem antes passar um embasamento teórico sobre o proveito que se pode ter acerca dessas atividades, que transmitem contribuições significativas nos três domínios da aprendizagem: cognitivo, afetivo e psicomotor. Marcelo da Cunha Matos (2005, p. 71) chama a atenção para o estudo do espaço físico cedido à Educação Física, pois "[...] os espaços - sejam eles campos, quadras, piscinas, salas de dança e lutas etc - são dimensões importantes no aprendizado motor, afetivo e cognitivo do aluno [...]".
Em condições precárias as escolas desenvolvem seus programas de Educação Física. Porém, se recebessem do Estado todos os equipamentos oficiais: tabelas de basquetebol com altura do aro de 3,05 m.; redes de voleibol com altura 2,43 m. para o sexo masculino e 2,24 m para o sexo feminino; balizas para a prática do futsal com as dimensões de 3x2 m., bolas oficiais e todos os outros equipamentos, não atenderiam adequadamente a grande parcela de alunos, principalmente aqueles que se encontram na fase pré-puberal. Assim, não devemos esquecer que as referências do desporto oficial, para o estabelecimento das regras e das dimensões dos equipamentos desportivos, se encontram em populações anormais, ou seja, nos atletas. (FARIA JUNIOR; FARIA, 1999, p. 358).
Esta assertiva é reforçada por Rafael Guimarães Botelho (2005a, p. 41) quando menciona que:
A Educação Física dentro da escola ainda é considerada frívola, por isso tem uma carga horária diminuída, sendo prejudicada, também, em organização de espaço, infraestrutura (quadras sempre descobertas), na distribuição de material (incluindo o livro didático e literatura infantil) e na organização da biblioteca escolar.
O autor (ibid., p. 41) sugere que:
[...] outros grupos pedagógicos, como os pedagogos e o(a) professor(a) de classe, percebam este problema atribuído à Educação Física e, neste momento, um juízo de valor favorável à esta disciplina vai fazer a diferença na sua inclusão e aceitação dentro da escola.
Por isso, a equipe de gestão de uma escola precisa direcionar seu trabalho pedagógico, em função dos seus alunos e professores. Ela necessita ter um "campo visual" abrangente, para conseguir melhorias em seu colégio. O gestor deve observar e mudar o que não está sendo produtivo, e continuar e aperfeiçoar o que está dando benefícios pedagógicos na sua gestão.
No sistema público é preciso seguir regras, estabelecidas dos atuais governos constituídos. No sistema particular, o dono da escola, geralmente, quer mandar em todos os segmentos do ambiente escolar.
O que a equipe de gestão escolar pode fazer para que no meio de todas essas dificuldades, possa ser desenvolvido um trabalho pedagógico que resolva o problema de infra-estrutura na Educação Física?
Por isso, este estudo teve como objetivo geral analisar as medidas e contribuições da gestão educacional para as questões relacionadas à infra-estrutura próprias à disciplina de Educação Física, no contexto escolar.
Para auxiliar a consecução do objetivo geral foram propostos os seguintes objetivos específicos:
Identificar a infra-estrutura em duas escolas no município de São João de Meriti;
Discutir na literatura os problemas associados à infra-estrutura no desenvolvimento de aulas de Educação Física;
Investigar, por meio de legislação específica, qual a organização espacial e a infra-estrutura cedidas à disciplina de Educação Física.
A Educação Física deve proporcionar ao aluno, o conhecimento sobre as vantagens de vivências das atividades corporais com objetivos vinculados ao lazer, saúde, e bem-estar de cada indivíduo. Estes objetivos precisam ser garantidos a todos os alunos, pois permitirá uma plena satisfação no usufruto das práticas da Educação Físicas.
A Educação Física precisa ser passada com uma estrutura que analise o meio social de cada cidadão, depois de todo o seu conhecimento adquirido, dos diferentes campos a serem questionados pela gestão educacional, é preciso mostrar as formas de ser praticar a própria Educação Física. Existe um conjunto de práticas a serem seguidos e uma série de conceitos desenvolvidos pela Educação Física que devem ser assegurados, promovendo discussões sobre as manifestações dessas práticas como reflexos da sociedade em que vivemos, pensando criticamente em seus valores.
É preciso preparar os alunos para compreenderem as necessidades de adquirirem esses conceitos, deve-se valorizar os conteúdos que propiciem ao pensamento crítico de cada aluno.
O gestor junto com o professor de Educação Física precisa conseguir direcionar o trabalho pedagógico em virtude de ensinar para seus alunos, os conceitos básicos da atividade física, da promoção da saúde, visando melhoras na educação e saúde dos alunos.
Os investimentos federais, estaduais, distritais e municipais devem contemplar:
A Conferência Nacional do Esporte (2004), 'Esporte, lazer e desenvolvimento humano', apresenta as seguintes questões com relação à infra-estrutura:
aquisição de material esportivo, implementos para-desportivos e cadeiras de rodas para-desportivas;
construção, restauração, manutenção, ampliação e conclusão de infra-estrutura necessária à Educação Física, ao esporte educacional e ao lazer, nas escolas e em espaços municipais urbanos e rurais com a consulta ao profissional de Educação Física;
assegurar transporte para alunas e alunos de zonas rurais e periféricas;
aproveitamento de espaços físicos já existentes nos municípios e estados, com parcerias públicas e privadas que promovam a ampliação da oferta da prática esportiva alunas e alunos das escolas públicas e comunidades em geral no país com a consulta ao profissional da Educação Física.
O espaço físico e a infra-estrutura próprias à disciplina de Educação Física na escola caracterizam-se como o objeto de estudo deste artigo.
É necessário mencionar que algumas discussões realizadas no âmbito da Educação Física sobre o espaço físico destinado à esta disciplina na escola não contemplam a visão da gestão educacional.
Ressalta-se que a inexistência de um levantamento da infra-estrutura própria da disciplina de Educação Física poderá: (a) dificultar o desenvolvimento desta disciplina; (b) restringir a Educação Física somente ao modelo de "desportivisação"; (c) afastar a Educação Física de outros espaços pedagógicos; (d) separar a Educação Física das outras disciplinas que compõem o currículo escolar. Por isso, espera-se que este estudo tenha os seguintes indicadores de relevância: (a) que a equipe de gestores seja sensibilizada com a questão da infra-estrutura da disciplina de Educação Física; (b) que ocorra um trabalho conjunto entre o corpo docente desta disciplina e a equipe de gestão.
De forma preliminar, os(as) principais autores(as) e idéias que fundamentaram este artigo, na área de Educação Física, foram Alfredo Faria Junior (1972; 1999; 2005), Rafael Guimarães Botelho (2005), Marcelo da Cunha Matos (2005); na área de Gestão Escolar, Heloísa Luck (2000) e, ainda, os documentos do Fundo de Fortalecimento da Escola - FUNDESCOLA (PORTADORES..., 1997; CENTRO..., 1999; ESPAÇOS..., 2002.)
A parte textual deste artigo foi redigida conforme as orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Revisão da literaturaGestão educacional: algumas questões
"Uma visão atualizada da Administração Educacional requer que se faça uma análise do presente estágio dessa função em nossas escolas e isso implica colocar no centro de nossas considerações o modelo de escola que temos hoje [...]" (VEIRA; ALMEIDA; ALONSO, 2003, p. 25).
Analisando todo o contexto educacional atual, é que se poderá efetuar as mudanças certas na administração escolar, evitando assim, ações errôneas, feitas sem planejamento.
Heloísa Lück (2000, p. 7) apresenta um conceito que sintetiza alguns objetivos sobre gestão escolar: A gestão escolar constitui uma dimensão e um enfoque de atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino, orientados para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a torná-los capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento. Por efetiva, entende-se, pois, a realização de objetivos avançados, de acordo com as novas necessidades de transformação socioeconômica e cultural, mediante a dinamização da competência humana, sinergicamente organizada.
Analisando o papel do gestor escolar, segundo o artigo de Heloísa Lück (1981, p. 48), existem algumas diretrizes a serem seguidas:
Organização e articulação de todas as unidades e componentes da escola;
Controle dos aspectos materiais e financeiros da escola;
Articulação da escola - comunidade;
Articulação da escola com o nível superior de administração educacional;
Formulação de normas, regulamentos e adoção de medidas condizentes com os objetivos e princípios propostos;
Supervisão e orientação a todos aqueles a quem são delegadas responsabilidades;
Dinamização e assistência dos membros da escola para que promovam ações condizentes com os princípios educacionais propostos;
Liderança e inspiração no sentido de enriquecimento desses objetivos e princípios;
Promoção de um sistema de ação integrada e cooperativa;
Manutenção de um processo de comunicação claro e aberto entre os membros da escola e a comunidade;
Estimulação a inovação e melhoria do processo educacional.
A autora coloca com precisão os princípios para termos uma administração, que leve o gestor a desenvolver um papel educacional satisfatório, descrevendo as funções que precisam ser feitas com qualidade pelo gestor como supervisionar, administrar e organizar todo o ambiente escolar.
Destacamos, neste artigo, a necessidade da equipe de gestão escolar dialogar com todas as disciplinas e proporcionar um espaço equânime para a discussão entre o corpo docente. Para isto, toda os problemas, características e prioridades, de todas as disciplinas, devem ser respeitadas.
A escola é entendida como um ser vivo, que precisa de cuidados especiais para se tornar ativa, e progredir; ela é dinâmica e viva, portanto, busca a interação social e a organização do ensino. (LÜCK, op. cit.).
Adequação de edificações escolares: uma introduçãoA Gestão Escolar deve considerar algumas orientações sobre edificações escolares:
"A implantação do edifício escolar está condicionado a três fatores: o programa arquitetônico, a viabilidade econômica e financeira e as características físicas locais." (ESPAÇOS..., 2002, p. 30).
Uma boa implantação deve respeitar e manter as características peculiares de clima e paisagem de cada lugar, por meio da conservação da natureza do solo, da forma do relevo e da manutenção da vegetação nativa. Nos grandes centros urbanos é fundamental minimizar os efeitos negativos do microclima. (ibid., p. 30).
"É recomendável que o terreno selecionado para a construção do prédio escolar permita a implantação desde em um único pavimento, pelas seguintes vantagens:
Economia da construção;
Inexistência de escadas ou rampas;
Maior facilidade para solução dos problemas de iluminação e ventilação;
Ligação harmoniosa "sala de aula X jardim" e possibilidade de ensino ao ar livre; intimidade da escola." (ibid., p. 30).
"Por sua vez, o levantamento topográfico tem por objetivo representar as características do relevo e dos pontos singulares de uma região: rios, árvores, elementos naturais, edificações existentes, ruas, confrontações, rede de água, energia elétrica, telefonia, e outros." (ibid., 67).
"Um bom projeto tira partido dos fatores da topografia e deve levar em consideração, entre outros, os seguintes aspectos:
Adequar as edificações à topografia natural do terreno;
Preservação das árvores existentes;
Proteção contra fontes externas de ruídos e/ou provenientes dos diversos ambientes do edifício escolar;
Alternativas de cortes ou aterros do terreno, visando à economia e à facilidade de execução [...];
Solução de escoamento de águas pluviais, sempre que possível." (ibid., p. 67).
A preocupação com a natureza é primordial, pois se não houver investimentos financeiros para melhorias das escolas com a preocupação do ambiente, os gastos poderão ser maiores no futuro, e mesmo assim não se conseguirá voltar à topografia inicial.
O espaço físico e o plano de estudo e pesquisa sobre instalações desportivas para a Educação Física na escolaMarcelo da Cunha Matos (2005, p. 71), discutindo o espaço físico cedido à Educação Física na escola, ressalta que:
A presença da disciplina Educação Física na escola depende, em parte, da existência, da diversidade das instalações, bem como de sua acessibilidade. Cabe a cada instituição de ensino pensar em sua organização, adequando as suas demandas para que o corpo discente não seja prejudicado no aprendizado.
O autor (ibid., p. 71) em seu discurso utiliza o vocábulo infra-estrutura, questão discutida nesta monografia:
A infra-estrutura de uma escola é um fator importante para um bom desempenho do aluno nas aulas de Educação Física, seguindo critérios de distribuição harmoniosa e de qualidade estética, de forma a responder às necessidades dos diversos tipos e níveis de prática esportiva.
Alfredo Faria Junior e Eduardo Faria (1999) apresentam algumas reflexões para a questão da infra-estrutura:
A inadeqüabilidade dos equipamentos desportivos com dimensões oficiais em relação a crianças pré-púberes, se apresenta dividida em dois aspectos: primeiro, pelo ponto de vista fisiológico, pois tais materiais se encontram mais relacionados com a formação e desenvolvimento da instituição desportiva do que com as necessidades dos alunos. Segundo, por impor a essas crianças graus de dificuldades que são incongruentes com um adequado processo de ensino. (ibid., p. 358).
Reforçando a assertiva acima, apresenta-se o seguinte trecho:
Associado ao problema de infra-estrutura está a questão do horário. Sabemos que em países como o nosso, de clima tropical, o calor é um obstáculo à consecução das aulas, principalmente as de Educação Física. Não é demais lembrar que lugares como Duque de Caxias, São Gonçalo, Madureira, Cascadura, Bangu, por exemplo, têm a temperatura elevadíssima. Nesta perspectiva, soma-se a questão de as quadras ou espaços para aulas de Educação Física serem desprovidos de qualquer cobertura, facilitando assim a exposição dos alunos aos raios ultravioletas do sol, podendo levar, naquele momento, a problemas como insolação e epistaxe (hemorragia nasal) e, a longo prazo, a doenças como o melanoma. Algumas estratégias podem ser utilizadas para minimizar este problema: como as diminuições do tempo e da intensidade da aula; refrescar, com água, o ambiente e os alunos, utilizando, para isso, um pulverizador. (BOTELHO, 2005, p. 102-103).
É preciso que seja revisto todo o processo de infra-estrutura da disciplina de Educação Física. É inadmissível o descaso de autoridades e de alguns gestores com relação a esse assunto, pois trata-se de uma atividade que é de suma relevância para todos os alunos da escola. Depois que forem atendidas as reivindicações apresentadas neste capítulo, é que poderemos chegar a satisfatório aproveitamento. Marcelo da Cunha Matos (op. cit., p. 73) ressalta que:
[...] a sociedade escolar ao saber organizar e usar os espaços de ensino, explorados não só pela Educação Física, mas pelas diversas disciplinas, poderá obter diversos ganhos pedagógicos e ser mais coerente com a própria LDB e o PCN da Educação Física. Infelizmente, o que vemos atualmente é um desinteresse pela maioria das escolas em analisar essa necessária questão. Podemos corroborar tal fato ao observarmos a criação de diversos colégios em casas e edifícios - comprados ou alugados - que, na época de sua construção, não tinham o objetivo e nem características funcionais e arquitetônicas para abrigar uma escola. Por isso, tal estudo pretende explicitar suas conseqüências para a Educação Física.
O texto nos mostra a importância da escola, como sendo a prestadora de serviços educacionais, que todos os discentes têm direitos iguais, a qualidade de ensino tem que atingir a todos e não só a uma pequena parcela da sociedade.
Maria Beatriz Brandão 2004 (apud Matos, loc. cit.) destaca três aspectos fundamentais no ambiente escolar: mobiliário escolar, espaço escolar e material didático.
O documento 'Centro Desportivo para o Ensino Fundamental' (CENTRO1999, p. 6) relata que "a iniciativa do Projeto de Educação Básica para NORDESTE/MEC de investir por meio de informações sobre critérios, esquemas e conjuntos esportivos para o ensino fundamental visa justamente compatibilizar e otimizar soluções para os seguintes aspectos":
"1º- Importância da correta iniciação da criança no que se refere à Educação Física em geral, tendo em vista as características essenciais que distinguem as áreas destinadas ao atendimento de alunos do ensino fundamental (1ª à 4ª série e 5ª à 8ª série)." (ibid., p. 6).
"2º- Condições reais de disponibilidade de espaços físicos nas escolas situadas em centros urbanos." (ibid., p. 6).
"3º- Determinação de áreas para instalações esportivas e as várias possibilidades de ocupação delas por meio da disposição dos setores específicos e equipamentos necessários." (ibid., p. 6).
"4º- Soluções para utilização múltipla de espaços destinados aos alunos do ensino fundamental." (ibid., p. 6).
"5º- Execução de projetos-modelo de centros desportivos que possam atender a três ou mais escolas do ensino fundamental que não disponham de áreas para práticas esportivas em suas unidades." (ibid., p. 6).
"6º- Padronização dos módulos de apoio (vestiários, depósitos, sala de professor, primeiros socorros e sala para atividades físicas polivalente), que possibilita a integração de cada instalação." (ibid., p. 6).
"7º- Adequação das instalações desportivas e seus equipamentos às normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR 9050 no que diz respeito à edificação e equipamento urbano para pessoa deficiente." (ibid., p. 6).Alguns critérios para o cálculo de instalações esportivas podem ser observados nas duas figuras abaixo:
(CENTRO..., 1999, p. 19)
(CENTRO..., 1999, p. 20)Demais informações sobre o processo técnico de instalações desportivas confira a publicação intitulada 'Centro Desportivo para o Ensino Fundamental' (1999).
Outro aspecto a ser refletido é o relacionado à questão do livre acesso e locomoção. Neste contexto, Nunes (1998, p. 109 apud BOTELHO, 2005, p. 131) chama a atenção para as dificuldades encontradas pelos portadores de necessidades educativas especiais, especificamente os deficientes físicos:
Historicamente a sociedade reservou às pessoas identificadas como portadoras de deficiências um status diferenciado, marcado pela discriminação e segregação. A Educação Especial, voltada para o desenvolvimento das competências de pessoas com necessidades educativas especiais nas mais diversas esferas de suas vidas, tem na integração social desses indivíduos uma de suas metas prioritárias, devendo se voltar tanto para a determinação dos melhores ambientes educacionais quanto dos procedimentos mais adequados para alcançá-la.
Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria dos alunos portadores de necessidades educacionais especiais foi (e ainda é) excluída das aulas de Educação Física. A participação nessa aula pode trazer muitos benefícios a essas crianças. (PARÂMETROS..., 2000).
Outro ponto negativo que favorece a exclusão desses alunos nas escolas são as seguintes condições:
Degraus, meios-fios e calçadas demasiado estreitos; escadas, meios-fios e calçadas muito inclinados;
Portas demasiado estreitas ou difíceis de abrir;
Deficiência de espaço para cadeiras de rodas em auditórios e instalações de esportes;
Passagens estreitas em locais, tais como lanchonetes, bibliotecas e auditórios;
Boxes de banheiros demasiado pequenos ou cujas portas se abrem para dentro;
Telefones, bebedouros, máquinas automáticas de venda, interruptores e alarmes de incêndio que estão fora de alcance;
Calçadas de circulação muito polidas, ou escorregadias quando molhadas;
Elevadores que não permitem acesso por causa de suas dimensões ou de desenho. (PORTADORES..., 1997, p. 33).
Para maiores discussões sobre o tema da acessibilidade dos portadores de necessidades educacionais especiais, especialmente dos deficientes físicos, confira a referência 'Portadores de deficiências físicas: acessibilidade e utilização dos equipamentos escolares' (PORTADORES..., 1997).
Materiais e métodosSegundo Triviños (1987, p. 110), o estudo descritivo "[...] pretende descrever 'com exatidão' os fatos e fenômenos de determinada realidade".
Os estudos descritivos exigem do pesquisador uma série de informações sobre o que se deseja pesquisar. Por exemplo, se um pesquisador deseja pesquisar sobre os interesses de formação e aperfeiçoamento dos professores de uma comunidade, ele deve saber, verbi gratia, que existem regimes de trabalho, diferentes tipos de escolas, que os professores se diferenciam pela idade, sexo, estado civil etc. O estudo descritivo pretende descrever "com exatidão" os fatos e fenômenos de determinada realidade. (TRIVIÑOS, 1987, p. 110).
"A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo [...]" (MARCONI; LAKATOS, 1999, p. 73). Esta pesquisa diz respeito ao conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas obras. Tem como base fundamental conduzir o(a) leitor(a) a determinado assunto, tema, produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa. Portanto, constitui o ato de ler, selecionar, fichar, organizar e arquivar tópicos de interesse para a pesquisa em pauta, sendo, assim, a base para as demais pesquisas e tipos de estudos. (FACHIN, 2001).
Além da pesquisa bibliográfica, ainda foi utilizada a técnica de observação sistemática, onde foi identificada a infra-estrutura de educação física em duas escolas.
ResutadosO espaço físico das Escolas visitadas
A primeira escola visitada foi uma particular, Centro Educacional José de Anchieta, situado em Éden, município de São João de Meriti, Estado do Rio de Janeiro. Esta funciona desde a Educação Infantil até o Nível Médio, portanto, compreende toda a Educação Básica.
Cada turma tem dois tempos de 50 minutos em um único dia da semana para a prática de Educação Física.
A Educação Física é realizada fora dos horários das outras disciplinas, o aluno que estuda pela manhã, faz Educação Física na parte da tarde, e o aluno que estuda a tarde, faz Educação Física na parte da manhã.
A quadra não tem o tamanho oficial para a prática de esportes. A escola tem uma piscina, que é usada pelo professor de Educação Física. Ele aplica alguns exercícios dentro da piscina, mas o uso da piscina é raro.
A escola tem um vestiário com dois chuveiros e quatro vasos sanitários, com esta mesma composição para o banheiro dos alunos e das alunas.
A quadra está em perfeito estado, mas é pouco aproveitada pelos estudantes; os alunos não praticam muitos esportes e nem fazem muitos exercícios físicos, sendo apenas aplicado uma única modalidade de esportes a cada bimestre.
Observa-se, neste caso, que a gestão da escola não está muito preocupada com a disciplina de Educação Física, pois existia uma quadra dentro do estabelecimento e ela foi desativada para criação de mais salas de aulas.
O diretor passou a Educação Física para uma quadra (que é de sua propriedade) a uns 500 metros do Centro Educacional.
As turmas são em média de 40 alunos, com isso, sobra pouco tempo na quadra para cada um praticar atividade física. Além disso, não existe nenhuma aula teórica de Educação Física.
A segunda escola visitada, Colégio Estadual Professor Alfredo Maurício Brum, situado em Éden, funciona de quinta à oitava série do ensino fundamental, nos turnos manhã, tarde e noite, no município de São João de Meriti, Rio de Janeiro.
Esta escola apresenta um espaço muito reduzido, conseqüentemente, não tem nem quadra para a prática da Educação Física e de esportes; esta disciplina é praticada em um pátio muito pequeno, não tem como os alunos fazerem práticas mais específicas de atividade física, acabam praticando "ping e pong", em mesas da própria sala de aula, que são colocadas naquele pátio.
A professora levava vídeos explicativos de práticas esportivas e de Educação Física, mas não consegue desenvolver na prática o que ensina na teoria, pois não há quadra na escola, ela só consegue dar o tênis de mesa, como "ping e pong", isso em mesas da sala de aula e com bolas que ela compra com o dinheiro dela.
O horário de Educação Física é de dois tempos por semana, de cinqüenta minutos cada tempo.
Observei que a gestão desta escola não da a mínima importância para a gravidade deste fato, e que a professora luta sozinha e quase sem forças para mudar esta situação, pois ela já está lá há oito anos e pouca coisa foi mudada até o momento atual.
Infelizmente não tem como comentar muito sobre a Educação Física neste colégio, pois não tem quase nada referente à esta disciplina.
Mas uma vez observa-se o quanto a disciplina de Educação Física é deixada de lado pelos gestores escolares, pois dedicam mais atenção às outras disciplinas, esquecendo a importante contribuição que a Educação Física pode dar a cada individuo na sua formação educacional.
Algumas ações da equipe de gestão educacional para as questões de infra-estrutura da disciplina de Educação FísicaO gestor junto com o professor de Educação Física precisa conseguir direcionar o trabalho pedagógico em virtude de ensinar para seus alunos, os conceitos básicos da atividade física, da promoção da saúde, visando com isso melhorias na educação e saúde dos alunos.
Tanto na escola particular quando na pública, os docentes da disciplina de Educação Física, a gestão escolar e os órgãos que dominam as organizações educacionais precisam buscar alternativas que levem a solução dos problemas atuais, porque com o descaso de um ou de todas as partes envolvidas ficará impossível amenizar estas dificuldades cotidianas da prática da disciplina de Educação Física.
A equipe de gestão de uma escola precisa direcionar seu trabalho pedagógico em função dos seus alunos e professores. O gestor escolar deve observar e mudar o que não está sendo produtivo, e aperfeiçoar o que está dando certo no ambiente escolar.
Os estabelecimentos de ensino precisam dar a seus docentes, especialmente os de educação física, o suporte necessário para que consigam passar da melhor forma possível tudo que aprenderam a seus alunos, e sempre busquem o aprimoramento de novos conceitos pedagógicos.
Conclusões e recomendaçõesÉ necessário direcionar a gestão educacional para resolver as dificuldades relacionadas à infra-estrutura na disciplina de Educação Física. Espera-se, com isso, que a equipe de gestão analise a estrutura administrativa do momento, direcionando os recursos financeiros para a Educação Física e resolvendo, assim, a infra-estrutura caótica e deficitária imposta aos professores desta disciplina.
Por isso, a equipe de gestão de uma escola precisa direcionar seu trabalho pedagógico, em função dos seus alunos e professores. Ela necessita ter um "campo visual" abrangente, para conseguir melhorias em seu colégio. O(a) gestor(a) deve observar e mudar o que não está sendo produtivo, e continuar e aperfeiçoar o que está dando benefícios pedagógicos na sua gestão.
É preciso preparar os alunos e toda a equipe escolar para compreenderem os conceitos-chave da Educação Física.
O espaço físico cedido, nas escolas investigas, à prática da disciplina de Educação Física precisa ser rediscutido. O(a) professor(a) não tem um mínimo de estrutura desejável, muitas vezes limita-se ao uso de uma quadra, em um único horário na semana, muitas vezes no pior momento do dia, com um sol escaldante.
Nesta perspectiva, a Educação Física fica limitada a poucos exercícios físicos, sem ser dado nenhum embasamento teórico.
A prática da Educação Física deve, em nossa opinião, ser realizada no mesmo turno das outras disciplinas e no ambiente escolar.
Outro ponto a ser considerado é o excessivo número de alunos e, conseqüentemente, de turmas direcionadas a um único professor de Educação Física. Este contigente precisa diminuir, para não sobrecarregar o docente e melhorar a qualidade das aulas.
A dificuldade será grande e árdua, mas a vitória certamente virá. O otimismo tem que prevalecer, cada um precisa se empenhar ao máximo para que, ao final, a disciplina de Educação Física tenha seu lugar reconhecido e seja, realmente, equiparada às outras disciplinas escolares.
Referências
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro: ABNT, 1990.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
BOTELHO, Rafael Guimarães. Livro da disciplina "Tendências Atuais do Ensino de Educação Física" da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense - UERJ. Duque de Caxias, RJ: UERJ, Faculdade de Educação da Baixada Fluminense; Niterói, RJ: IEG, 2005.
BOTELHO, Rafael Guimarães. Processos de estereótipos, preconceitos e discriminações atribuídos à Educação Física na escola. In: BOTELHO, Rafael Guimarães. Livro da disciplina "Tendências Atuais do Ensino de Educação Física" da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense - UERJ. Duque de Caxias, RJ: UERJ, Faculdade de Educação da Baixada Fluminense; Niterói, RJ: IEG, 2005. p. 21-44.
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BOTELHO, Rafael Guimarães. Educação Física adaptada / especial: aspectos conceituais. In: BOTELHO, Rafael Guimarães. Livro da disciplina "Tendências Atuais do Ensino de Educação Física" da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense - UERJ. Duque de Caxias, RJ: UERJ, Faculdade de Educação da Baixada Fluminense; Niterói, RJ: IEG, 2005. p. 131-136.
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FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
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revista
digital · Año 11 · N° 98 | Buenos Aires, Julio 2006 |