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A atividade física e alterações nos
padrões de tomada de decisão

   
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis - SC
Laboratório de Neurociências do Esporte e Exercício - LANESPE
(Brasil)
 
 
Luciano Bertol Teixeira
psyluciano@yahoo.com.br  
Emílio Takase
takase@cfh.ufsc.br
 

 

 

 

 
Resumo
    Através da revisão de estudos em áreas do conhecimento que consideram os aspectos biológicos, do sistema nervoso em seus propósitos, como a Neurociência, hipotetisou-se que algumas modalidades desportivas poderiam, pela característica de exigirem grande esforço físico, fazer seus praticantes virem a sofrer alterações em seus padrões de escolha para situações de tomada de decisão durante a atividade. Este exercício de articulação entre as informações destas áreas, teve o propósito apresentar um possível fenômeno do contexto desportivo ainda um tanto obscuro e a relevância de também consideramos este tipo de enfoque aos objetos de estudo da Ciência do Esporte.
    Unitermos: Córtex pré-frontal. Tomada de decisão. Esporte. Exercício.
 
Abstract
    Through the revision of studies in areas of the knowledge that consider the biological aspects, of the nervous system in their purposes, like Neurocience, it was created the hypothesis that some sport modalities were able to, for the characteristic of they demand great physical effort, to do their apprentices to come to suffer alterations in their choice patterns for situations of decision making during the activity. This articulation exercise among the information of these areas, had the purpose to present a possible phenomenon of the sport context still an obscure amount and the relevance of we also considered this focus type to the objects of study of the Science of Sport.
    Keywords: Pre-frontal cortex. Decision making. Sport. Exercise.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 98 - Julio de 2006

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Introducción

    Este estudo constituiu-se de uma revisão que buscou aproximar alguns conhecimentos das neurociências, neuropsicologia, neurofisiologia do esporte e exercício como contribuintes, não só à saúde de forma geral, mas também em seu relacionamento com as práticas desportivas. Descreve-se, inicialmente, uma situação peculiar ao desporto e em seguida apresentam-se informações das áreas de conhecimento citadas em uma possível contribuição para a identificação, ou melhor compreensão dos fenômenos desportivos colocados em questão.


A atividade física e alterações nos padrões de tomada de decisão

    No contexto desportivo o xadrez, por exemplo, costuma ser caracterizado como uma prática de grande atividade mental, mas de pouca exigência física. É possível, no entanto, especular sobre muitas modalidades que conjugariam estes aspectos, ou seja, a exigência de grande atividade física e também, considerável atividade cognitiva. Este poderia ser o caso das modalidades esportivas como o futsal, basquete, vôlei de praia, entre tantas.

     Sobre estes praticantes, especialmente em contextos profissionais, de atletas de alta-performance, seria conveniente um bom preparo físico, pois as expectativas para seus rendimentos são muito altas. Também seria oportuno que estes jogadores expressassem, como alguns técnicos e torcedores poderiam dizer: certa "inteligência". De outra forma, esperar-se-ia que tomassem suas decisões, ao longo da partida, de forma a favorecer a vitória de sua equipe. Devem ser constantes a estes jogadores (no caso do futsal, por exemplo) as seguintes questões: "a quem eu passo a bola?", "driblo ou recuo?" "O goleiro está mal posicionado, arrisco um chute ou faço a jogada combinada?". Mas então, que decisão tomar?

     Sobre estes tipos de decisão suscitados pelas questões acima, Goldberg e Podell (1999) comentam que correspondem àquelas que ocorrem na maioria das situações de nossas vidas. Caracterizam-se por não terem uma solução única, tacitamente inequívoca. Seriam questões ambíguas. Estas questões, segundo o autor, mobilizam sobremaneira o funcionamento do córtex frontal de nosso cérebro, responsável pela função cognitiva de tomada de decisão. Haveria então uma relação entre o funcionamento do córtex frontal e as escolhas que os jogadores podem tomar ao longo de uma partida.

    Propõem-se, então, o pensamento para as implicações nas tomadas de decisão, caso o funcionamento desta região encontre-se prejudicado ou impossibilitado nestes atletas. O que se conhece, segundo Goldberg e Podell (1999), é que lesões em regiões diferentes do córtex frontal trarão efeitos diferentes em homens e mulheres para a tendência com que costumam dar respostas àquelas situações ambíguas, representadas anteriormente. No homem, quando a lesão é em um hemisfério produz-se um tipo de tendência para a escolha, quando no outro se apresenta outra tendência. Para as mulheres, independente do hemisfério, os efeitos alteram-se de independente de contexto para dependente de contexto (considera-se o contexto) (GOLDBERG, 1995, 2002).

     Cabe ressaltar que, estes estudos referenciados, envolviam pessoas lesionadas naquelas regiões cerebrais do córtex frontal. Não representam, portanto, a realidade da maioria destes desportistas. No entanto, outros pesquisadores, Dietrich; Phillip e Sparling (2004) observaram que a atividade física, quando praticada em alta intensidade e duração produz um efeito de desativação nesta mesma região do cérebro, no córtex frontal. Esta sim seria uma condição preocupante para os atletas, visto que suas modalidades de esporte exigem grande esforço e, visto também, a relação apresentada entre funcionamento do córtex frontal e tomada de decisão.

    A partir destas informações pode-se pensar que pela prática destas atividades, estes atletas podem estar sofrendo uma desativação da área frontal, e com isto possivelmente estar alterando a tendência com que tomam decisão, a forma como respondem àquelas questões ambíguas, como as colocadas anteriormente, e conseqüentemente alterarão seu desempenho em quadra. Neste raciocínio, mesmo aqueles jogadores que tendem a agir regularmente, após certo tempo em atividade de maior intensidade (contexto naturalmente encontrado em suas práticas desportivas) poderão exibir outro padrão de comportamentos. Este tipo de conhecimento parece ser relevante a técnicos e treinadores que ao conhecerem estes fenômenos terão mais elementos, variáveis intervenientes, a considerar quando traçam suas estratégias a fim de favorecer seu atleta ou equipe.


Desenvolvimento do problema

    Quando se adota uma perspectiva cognitivista para abordar estas questões, pode-se pensar a cognição como função de um cérebro. Os cérebros de uma mesma espécie apresentam, normalmente, o mesmo número de estruturas o que lhes assegura compartilharem um grande número de funções cognitivas, mas existem algumas diferenças particulares entre indivíduos e também entre gêneros, e é claro, entre os próprios hemisférios cerebrais em um indivíduo (GOLDBERG, 2002).

     Muitos cientistas vêm tentando mapear, desde os frenologistas, a correspondência entre funções cognitivas e regiões cerebrais. Atualmente, muito já se conhece. Sobre a tomada de decisão, por exemplo, pode-se classificá-la como uma função executiva, típica do córtex pré-frontal. Segundo Goldberg e Podell (1999) o córtex pré-frontal tem papel central na formação de planos, na habilidade de organização para guiar o comportamento por metas e objetivos internamente gerados. Assim, o córtex pré-frontal estaria na condição de sede da intencionalidade, previsão e planejamento (FRITH e FRITH 1999; GOLDBERG, 2002; FUSTER, 2000). Para falar metaforicamente de sua função, Miller e Cohen (2001), Goldberg (2002) a assemelham a um diretor de uma orquestra conduzindo e integrando vários sons em uma sinfonia.

    Outros esclarecimentos podem se dar quando Goldberg se refere a importância das funções dos lobos frontais, que vem possibilitar ao homem importantes tarefas:

Para evocar uma representação interna do futuro, o cérebro precisa ter a capacidade de tomar certos elementos de experiências anteriores e configurá-los novamente (...) Para que este desempenho tenha sucesso, o organismo dever ir além da mera capacidade de formar representações internas, ou modelos do mundo exterior. Ele deve adquirir a capacidade de manipular e transformar estes modelos (GOLDEBERG, 2002).

    Na citação é possível reconhecer além das características funcionais que se atribuem ao córtex pré-frontal, os movimentos tidos como necessários para a tomada de uma decisão, ficando evidente sua complexa integração com a função cognitiva que responde pela área do córtex pré-frontal. A tomada de decisão pode ser compreendida, como sugerem Ernest e Paulus (2005), a partir de uma extensa revisão de estudos que a abordaram em neurociências, em o processo de formar uma preferência, selecionar e executar uma ação e avaliar os resultados.

    Com o apresentado, fica evidente a relação entre cérebro e mente, córtex pré-frontal e tomada de decisão. Neste sentido, é importante o conhecimento desta região cerebral que possibilita a função executiva de tomada de decisão. Saber, por exemplo que esta região pode diferenciar-se entre homens e mulheres pode, também, suscitar a possibilidade da existência de diferenças em suas funções cognitivas.

    Sobre as características desta região cerebral está de fato documentada a existência de importantes diferenças entre homens e mulheres. Algumas, morfológicas, listadas por Goldeberg (2002) são: a protuberância do pólo frontal direito sobre o pólo frontal esquerdo, mais pronunciado nos homens. A espessura cortical dos lobos frontais esquerdo e direito é similar em mulheres, mas diferente em homens (o direito mais espesso que o esquerdo). Diferenças bioquímicas nos lobos frontais também são encontradas entre homens e mulheres. Receptores de estrogênio são simetricamente distribuídos através dos lobos frontais nas mulheres e assimetricamente distribuídos em homens.

    De maneira geral poderíamos dizer que esta região do córtex, a frontal, é mais diferenciada no homem do que na mulher. Possivelmente este fato esteja correlacionado a observação de maior incidência de psicopatologia dos lobos frontais em homens (GOLDBERG e PODELL, 1995). Psicopatologias associadas aos lobos frontais e com predominância em homens seriam: a esquizofrenia, síndrome de Tourette e o distúrbio de hiperatividade e déficit de atenção (ERNEST e PAULUS, 2005; GOLDEBERG; 2002). Com esses antecedentes, parece mesmo provável que os lobos frontais sejam funcionalmente diferentes em homens e mulheres, mas menos diferentes, funcionalmente, em mulheres.

    A fim de investigar estes aspectos Goldberg realizou pesquisas utilizando o procedimento, por ele desenvolvido, chamado: Tarefa de Tendência Cognitiva¹ (GOLDBERG, PODEL, HARNER, LOVELL e RIGGIO, 1994). Um sujeito vê um desenho geométrico em um cartão (alvo), então dois outros cartões com desenhos são apresentados (escolhas). O sujeito olha o alvo e, logo em seguida, deve escolher uma das duas figuras apresentadas. As escolhas podem considerar o alvo anterior e assim as respostas tendem a variar ou as escolhas podem seguir um outro critério como a predileção por uma cor ou forma.

    Ficou demonstrado que homens tendem a escolher de forma mais dependente do contexto, considerando o alvo anterior. As mulheres tendem a escolher independentemente do contexto.

    Em outras pesquisas (GOLDEBERG e PODELL, 1999. SHIMOYAMA et al 2004) verificaram que estas tendências cognitivas podiam se intensificar ou alterar em pacientes com lesões nos lobos frontais. Homens com lesão no lobo esquerdo do córtex pré-frontal comportavam-se de maneira extremamente independente de contexto e com lesão no lado direito de maneira extremamente dependente de contexto.

    No entanto, mulheres com lesão, independentemente de sua localização, no lado esquerdo ou direito do córtex pré-frontal, apresentavam comportamentos extremamente dependentes de contexto (GOLDBERG e PODELL, 1995).

    Ainda segundo os autores, uma lesão em qualquer parte do cérebro produz efeitos de ondulação interferindo com a função do lobo frontal. A sensibilidade dos lobos frontais pode ser evidenciada, segundo eles, de várias maneiras. Citam uma pesquisa onde se observou que independentemente da localização de um tumor, encontrava-se rupturas do fluxo sanguíneo cerebral nos lobos frontais. O córtex pré-frontal está altamente conectado com as demais regiões do cérebro, sendo assim, lesões em qualquer outra região afetam de forma importante o desempenho das funções do córtex pré-frontal.

    Esta sensibilidade do córtex pré-frontal a lesões, para as quais decorrem alterações nos padrões com que as pessoas tomam decisão se dá pois o funcionamento normal do cérebro fica alterado. No entanto, é possível que não somente a lesão seja capaz de alterar o funcionamento do cérebro, mas é visto que a atividade física também é capaz de acarretar alterações nos processos cognitivos.

     Algumas pesquisas têm demonstrado que a atividade física pode influenciar o desempenho das funções cognitivas analisadas através de imageamentos, atividade electrocortical, análises histológicas, testes específicos dos quais se tem conhecimento quanto a região que mobilizam no cérebro, ou de forma ainda mais indireta, através da avaliação dos estados subjetivos propiciados por algum tipo de ativação cerebral (LARDON, 1996; KERR e KUK, 2001; COTMAN e NICOLE, 2002; BODIN e HARTIG, 2003; COLCOMBE e KRAMER, 2003; MOLTENI et al 2004; BLANCHARD et al 2004; DIETRICH e SAPARLING, 2004; CRABBE e DISHMAN, 2004).

     Em uma possível revisão das metodologias de pesquisas desta natureza, ou com já fizeram extensivamente Berger e Motl (2001), perceberemos que os resultados variam em relação a algumas características principais da atividade como: 1) a intensidade da atividade para qual se deve observar, por exemplo, a freqüência cardíaca e consumo de oxigênio dos sujeitos; 2) a duração da atividade que para apresentar alguns efeitos parece ser necessário que a atividade perdure por pelo menos 30 minutos; e por fim, 3) a regularidade da prática da atividade.

     As pesquisas de Dietrich e Sparling (2004) mostram que o desempenho de funções executivas (córtex frontal) é afetada por exercícios cardiovasculares de duração igual a 60 minutos e consumo de oxigênio Vo2 em 80%. Tais condições segundo Berguer e Motl (2001) classificam os exercícios como de alta intensidade e alta duração. Estas pesquisas atestariam, então, o fenômeno descrito Dietrich (2003) da hipótese de transição hipofrontal: o cérebro teria uma capacidade limitada de processamento de informação, a medida que os exercícios se intensificam um balanço entre custos e benefícios entraria em funcionamento e direcionaria a concentração das atividades cerebrais de regiões como a do córtex frontal para regiões subcorticais como o hipotálamo, responsável pelo controle das atividades basais.

     Este efeito, de desativação dos lobos frontais poderia assemelhar-se ao de uma lesão de um dos lobos frontais, que segundo as pesquisas de Goldberg e Podell (1999) promoveria o comportamento dependente de contexto. Mesmo se um exercício de grande intensidade e duração pudesse interferir, reduzir, a ativação de apenas uma das regiões do córtex, ainda assim, pela grande conectividade de córtex pré-frontal com outras regiões do cérebro (RAJKOWSKA e GOLDMAN-RAKIC, 1995; ANDERSON et al 1999; GOLDEBERG, 2003) este seria possivelmente afetado, recorrendo na mesma situação de promoção de comportamentos dependentes de contexto.

     Pode-se, então, hipotetizar (faltam verificações experimentais) que pessoas submetidas a atividade de alta intensidade e grande duração, estarão por algum período, logo após a realização da atividade como sugerem Dietrich e Sparling (2004) em um estado de baixa ativação dos lobos pré-frontais. Se este efeito encontrado assemelhar-se ao de muitas lesões, no que se relacionam ativação do córtex pré-frontal, conseqüentemente o padrão de respostas destas pessoas se alterará, o que poderia ser verificado em testes que avaliem a tendência cognitiva.

     Se estas hipóteses se confirmassem, consideraria-se, por exemplo, que tendo uma atleta de futsal jogado intensamente, sem substituição, uma partida, teria nos momentos finais do jogo alterado a forma com que, em comparação a outras condições, toma decisão. Nesta ocasião se houvesse ocorrido uma falta perto da área e esta jogadora fosse a responsável pela cobrança, ela poderia realizar uma jogada ensaiada para esta situação, ou fazer um chute direto, tendo observado que a goleira do time adversário parece estar mal colocada. Se o técnico quisesse se assegurar de que a jogada ensaiada fosse executada deveria deixar esta atleta cobrar a falta ou pedir que "Joana", jogadora há pouco tempo em quadra, tornasse-se responsável pela cobranca? Deixa-se suspensa esta questão, instigando o interesse do leitor em, também considerar as informações deste artigo, para pensar uma solução ao caso.


Considerações finais

    Outros conhecimentos que podem residir em áreas próximas das de nosso específico interesse podem prestar importantes esclarecimentos ou suscitar outras relevantes variáveis a considerarmos em nossos estudos. Muitas perguntas podem ser levantadas ao fazermos o exercício de relacionar tais informações. O que pode auxiliar-nos na percepção de problemas de pesquisa ainda não suficientemente explorados.

    No caso específico deste artigo, a área de conhecimento requerida já vem sendo proposta a reflexão quanto a importância de suas contribuições às ciências do esporte (FOZA et al 2005). Pretendemos ter colaborado para a concepção de que tais conhecimentos são relevantes e pertinentes para suscitar futuras pesquisas, inclusive experimentais na área.

    Sobre as inferências realizadas durante o artigo salientamos que advêm de hipóteses que necessitam de comprovação. Para tanto, sistematizando estes pontos e encorajando possíveis pesquisadores destacamos que: pressupôs-se que exercício de maior intensidade, afeta o funcionamento dos lobos frontais de forma semelhante às lesões físicas destas áreas e que dadas às descrições de Goldberg (2002) sobre a fragilidade dos lobos frontais espera-se que estes sejam sensíveis aos efeitos produzidos pela atividade física.


Nota

  1. A avaliação de tendência cognitiva através de uma tarefa (cognitive bias task, CBT) proposto por Goldberg e Podell (1994), diferencia-se dos demais testes utilizados para avaliar as funções cognitivas como o Wisconsin Card Sorting Test e Stroop Test. Para o CBT não existem respostas intrinsecamente corretas. Trabalha-se intencionalmente com a ambigüidade. Pois, segundo os autores é na condição de ambigüidade que o processo de tomada de decisão esta demandando, sobremaneira, da ativação, funcionamento da região do córtex frontal e não quando existe uma alternativa correta a escolha, o que foi demonstrado por pesquisas citadas por Goldberg e Podell (1999) que envolviam pessoas com lesões nos lobos frontais. Estes sujeitos apresentavam resultados diferentes de sujeitos saudáveis mas quando direcionava-se a atividade, sugerindo, no caso, que escolhessem procurando a figura mais parecida, os resultados aproximavam-se aos dos sujeitos saudáveis


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revista digital · Año 11 · N° 98 | Buenos Aires, Julio 2006  
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