Concepções de qualidade de vida de idosos asilados de Penápolis-SP |
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*Formado em Ed. Física em 1987 - Licenciatura Plena Pós Graduado em Treinamento Desportivo em 1999 - Lato Sensu Pós Graduado em Educação Infantil em 2005 - Lato Sensu Mestrado em Pedagogia do Movimento e Corporeidade Humana em 2003 - Stricto Sensu Coord. do Curso de Ed. Física do Centro Universitário Toledo de Araçatuba-SP Professor de Metodologia da Pesquisa Científica e Pesquisa e Prática Pedagógica |
Manoel Ferreira Santos-Jr* ef-toledo@uol.com.br Renata Aparecida Moreira Santos (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 97 - Junio de 2006 |
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"A família, a sociedade e o estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida".
(Artigo 230 da Constituição Federal)Introdução
O nome terceira idade foi proposto pelo francês Huet, em uma revista chamada Informations Sociales (1962), que dedicava o número aos aposentados, logo o nome terceira idade ganhou aceitação e adeptos, e com isso, hoje podemos nos referir as pessoas idosas, sem menosprezá-las.
Entendemos que as pessoas que estão na terceira idade devem ser chamadas de idosas, pois é um termo bem mais suave e a palavra "velha" deve ser ignorada por ser carregada de aspectos negativos.
Para designar as pessoas que estão na terceira idade é melhor utilizar a palavras idoso, quando se falar da última fase do ciclo vital "velhice" e "envelhecimento" para tratar do processo de mudanças físicas, psicológicas e sociais que se acentuam a partir dos 45 anos.
Existe um número grande de termos que designam as pessoas que já viveram mais tempo, são eles: adulto maduro, idoso, pessoa idosa, pessoa na meia idade, maturidade, idade madura, maior idade, melhor idade, idade legal e, o mais comum, terceira idade. Muitas pessoas não gostam de ser chamadas de velhas ou idosas.
"Adulto maduro" e "idade madura" são expressões comumente usadas num sentido positivo, e apontados como preferíveis a "idoso" e "velhice", termos tidos por muitos como pejorativos.(NERI & FREIRE, 2000: p.12)
É importante compreender o idoso, não julgá-lo como um objeto, mas sim entendê-lo como fonte de experiências. E é essa experiência de vida que o idoso pode estar passando para os mais jovens e inexperientes. Apesar de estar "velho" e "gasto" o ser humano existe e continua existindo tendo muito a contribuir para o nosso crescimento.
Deixamos com isso de ver as pessoas por aquilo que elas são, por aquilo que podem transmitir, nos fazendo crescer e, apenas as vemos como livros velhos que devem ficar guardados na estante. (NETO, 2002: p.5).
O envelhecimento pode ser apresentado sob dois aspectos. Inicialmente indicamos as questões (estéticas) onde o processo de envelhecimento denota uma mudança da visão que o idoso tem de si, num processo individual e diferenciado e, ainda reconhecendo que assim como em todos os seres vivos, o envelhecimento é visível e inevitável, sendo muito fácil de identificar. Outro aspecto relevante é o biológico, onde nos apoiamos nas afirmações.
Biologicamente falando, o envelhecimento compreende os processos de transformação do organismo que ocorrem após a maturação sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de sobrevivência.(NERI, 2001: p.27)
O envelhecimento é um fenômeno biológico e psicológico que gera influência em nível familiar e social.(MARCHAND, 2003).
O envelhecimento é a manifestação de eventos biológicos que ocorrem ao longo de um período em ritmos diferentes para cada pessoa. Representa as perdas na função normal que ocorrem após a maturação sexual e continuam até a longevidade máxima.(LENDZION, 2002).
As pessoas envelhecem de forma diferenciada, dependendo de como organizam sua vida, das circunstâncias históricas, culturais, econômicas, sociais em que vivem e viveram, da ocorrência de problemas de saúde durante o processo do envelhecimento e da interação entre fatores genéticos e ambientais, de forma a facilitar sua adaptação às mudanças ocorridas em si e no mundo que os cerca.
O processo de envelhecimento ocorre em diferentes pessoas e grupos. Muitos ainda pensam que envelhecer é deixar de desenvolver-se, adoecer e afastar-se de tudo. Na verdade há como o indivíduo continuar vivendo bem e com uma boa qualidade de vida.
O envelhecimento por fim afeta a todos, não há como escapar. O que o idoso pode estar fazendo para permanecer ativo na terceira idade é oferecer ajuda as outras pessoas, passeando com elas, ajudando deficientes físicos a sentirem-se melhores consigo mesmos; aprender novas habilidades, manter a mente ativa para permanecer lúcido; ser produtivo, empenhando-se em atividades que ainda estão aptos a realizar; e praticar atividades físicas regularmente.
O corpo do idosoNa Mídia o corpo deixou de ter caráter saudável e deu lugar aos modelos corporais juvenis, e com isso não há espaço para o corpo envelhecido. O idoso com o seu corpo envelhecido não se inclui mais nos padrões de beleza e eficácia, fragilizando-se ao envelhecer, porque para os fracos não existe lugar na sociedade de produção.
Não lhes é permitido errar e nem ter defeitos, a sociedade as vezes esquece que o jovem de hoje em poucas décadas se tornará um velho. A velhice é desvalorizada e com ela segue o seu corpo, que é considerado feio, gasto e inútil.
O corpo deve ser cuidado constantemente. E somente com a certeza de que o corpo pode realizar inúmeras coisas é que o idoso terá consciência de seu valor nessa fase da vida. Na medida em que o corpo envelhece, a agilidade diminui, a coordenação é prejudicada pela falta de ritmo, o gesto motor se deprecia, isso tudo causa no idoso uma insatisfação pessoal e um sentimento de inutilidade.
Se o idoso se propuser a iniciar qualquer atividade física, com vontade, fazendo o melhor possível dentro de suas limitações, ele não terá sentimento de inutilidade.
As atividades podem ser adaptadas de acordo com as necessidades e interesses dos idosos. Os profissionais devem orientá-los, incentivando-os para poderem cumprir os objetivos da tarefa, pois poderá haver uma insatisfação com seu próprio desempenho. A prática regular de atividade física certamente minimiza as degenerações e favorece o bem estar geral do idoso.
Após os 60 anos a perda de fibras musculares se acelera nos seres humanos, isso os torna mais fracos, e há também a perda de 1% por ano da capacidade aeróbica que começa a partir dos 20 anos, a maioria das pessoas praticam menos exercícios quando começam envelhecer. Mas hoje todas as pessoas são estimuladas a praticar exercícios e, agora, tanto jovens quanto idosos estão aderindo aos exercícios.
Os exercícios devem ser atraentes, diversificados, com intensidade moderada, de baixo impacto realizado de forma gradual, e promover a aproximação social, sendo desenvolvidos de preferência coletivamente, respeitando as individualidades de cada um, sem estimular atividades competitivas.
É importante lembrar que exercícios físicos adequados para cada fase da vida desempenham papel importante para se alcançar uma boa qualidade de vida na terceira idade.
Vem sendo divulgado pela mídia um número cada vez maior de matérias sobre pessoas idosas, e com isso está havendo um aumento no número de pessoas idosas praticando exercícios, como ginástica, dança e musculação.
Uma forma de estimular o idoso a buscar o seu espaço na comunidade é estar proporcionando atividades como: palestras educativas (auto-estima, cidadania, integração), oficinas (sucatas, flores, retalhos, embalagens), atividades de lazer (passeios, caminhadas, dança, recreação), atividades sociabilizantes, culturais (festa junina, páscoa) e dinâmicas grupais.
Os idosos sofrem com transtornos psicológicos, e por um problema chamado depressão psíquica. Essa depressão é caracterizada por tristeza, redução da auto-estima e desespero. Seus sintomas são: fadiga, irritabilidade e pensamentos de suicídio. Comportamento este, ligado a alguma perda, que pode ser a afetiva, aposentadoria, o afastamento de atividades profissionais, atividades sociais e familiares, isso tudo pode levar o idoso a ter problemas de saúde mental.
Às vezes o idoso não aceita a velhice, e essa recusa acaba levando-o a um quadro depressivo. Esse quadro depressivo pode ser atenuado quando possibilitamos a ele algo que ele gostaria de fazer, como iniciar alguma atividade física regular. Os exercícios físicos não só agem no tratamento de doenças crônicas como melhoram o bem estar geral. E a participação do idoso em atividades físicas e sociais previnem e até diminuem o estresse.
Segundo Marchand (2003), a prática de exercícios regulares, além dos benefícios fisiológicos, acarretam benefícios psicológicos, tais como: melhor sensação de bem estar, humor e auto-estima, assim como, redução da ansiedade, tensão e depressão.
Um programa de atividade física que é dirigido aos idosos pode melhorar o débito cardíaco, diminuição da freqüência cardíaca em repouso, redução do colesterol, maior aptidão cardiovascular, alem da força muscular, flexibilidade, mobilidade articular, coordenação, resistência e também melhora a auto-estima, reduzindo a ansiedade e a depressão.
A força dos membros inferiores é muito importante para prevenir as quedas e a força dos músculos abdominais e lombares são para a manutenção da estática corporal e do andar. A mobilidade articular está relacionada com amplitude do movimento e flexibilidade com sua qualidade. A resistência está ligada à freqüência com que o idoso se dedica a ocupações ativas. A redução desses fatores prejudica a performance de muitas atividades do dia a dia.
É importante que o idoso aprenda a lidar com as mudanças de seu corpo, que saiba prevenir e manter em bom nível sua plena autonomia. Para isso é necessário que eles procurem estilos de vida ativos, incluindo atividades físicas à sua vida diária.
Não se pode esquecer que para se saber as atividades mais aconselháveis e estabelecer restrições sobre o que se faz, é fundamental um controle médico regular para constatar possíveis problemas de saúde e confirmar se o idoso está apto ou não para realizar uma atividade física.
As atividades físicas alcançam níveis bastante satisfatórios no desempenho físico, gerando autoconfiança, satisfação, bem-estar psicológico e interação social. (LENDZION, 2002).
Sabe-se que o sedentarismo e a alimentação de baixa qualidade e hipercalórica favorecem o aparecimento de muitas doenças, que podem prejudicar e ou interromper a vida do idoso ou de qualquer outra pessoa.
O idoso deve ser conscientizado de que o seu corpo pode realizar e participar de diversas atividades. Os professores devem sempre estar elogiando os pequenos gestos feitos por eles, porque o que importa nessas atividades é a obtenção do prazer.
Idoso e sociedadeNo Brasil, contamos com o decreto 1948/96, que regulamenta a lei 8842/94, que estabelece a Política Nacional do Idoso. Estes marcos legais definem a idade de 60 anos como início do período convencionado como terceira idade.(VERAS,2001)
O Brasil, em 1997, contava com uma população de idosos equivalente a 13 milhões e, a previsão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,1998) é de que o país possa vir a contar com 36 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos em 2020. Especialmente na região sudeste, existe uma concentração de 6.518.218 pessoas idosas, sendo que 5.826.127 destes habitam a área urbana.
Segundo as novas projeções do IBGE até 2025 o Brasil será o sexto país mais velho do mundo com população de cerca de 34 milhões de idosos. Atualmente, existem aproximadamente 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos no país. Confirmando esta previsão, VERAS (2001) afirma que as projeções indicam que num período de 70 anos (1950 a 2020), enquanto a população brasileira estará crescendo 5 vezes, o grupo dos idosos estará se ampliando em 16 vezes.
A ONU estabeleceu os 60 anos como a idade que demarca o início da velhice nos países em desenvolvimento e 65 anos nos países desenvolvidos.(NERI & FREIRE, 2000, p.14)
A sociedade descrimina os idosos, por falta de conscientização com relação a essa fase da vida, pois os idosos enfrentam dificuldades principalmente em relação ao mercado de trabalho.(LENDZION, 2002).
Nas sociedades onde a produção era artesanal, ou voltada para agricultura, o idoso que não tinha mais condições de produzir era cuidado e respeitado pela família e era considerado como patrimônio de cultura e destaque social. Eles não perdiam o apoio familiar e nem o reconhecimento social. Vieram as revoluções industrial e burguesa e os modos de produção e de sobrevivência foram alterados.
As pessoas que não podiam mais produzir trabalho por causa da idade passam a ser consideradas ineficientes, improdutivas e foram sendo substituídas por outras forças de trabalho, que seriam capazes de continuar produzindo para que as empresas pudessem ter o ganho delas. E com isso surgiu o idoso, que era considerado desnecessário, não apto e que já não servia mais, mesmo com sua experiência e podendo ensinar aos mais novos, não serviam mais à produção das indústrias. Isto influenciou a família, caracterizando o idoso como um ser improdutivo. E o que é mais interessante é que ele um dia formou e sustentou uma família, e que agora o consideram como um peso que poucos estão dispostos a assumir.
A cada fase da vida, o ser humano adquire maneiras de se adaptar e encarar as situações. Adaptar-se, enfrentar ou vencer qualquer atitude frente a novas etapas, irá depender muito da personalidade de cada um. O idoso ao olhar-se no espelho se lembra da família, do trabalho, da saúde que possuía, com certeza não deve ser fácil enfrentar as novas fases.
É necessário ajudar o idoso a interagir com a sociedade ou com os próprios amigos idosos. Conforme Neto (2002: 40) participando de um grupo e tendo companheiros para poder conversar e estar, o idoso volta a se sentir parte de um grupo social que pode formar laços afetivos importantes.
É muito importante para o perfil psicológico do idoso participar de um grupo e podendo realizar atividades físicas, também se sentir motivado a vencer e ultrapassar limites. O idoso pode voltar a sentir-se um ser social que ainda tem muito que fazer, muito a participar e muito a oferecer, para si mesmo e para os outros.(NETO, 2002: 41)
Todos nós sabemos que eles têm muito a nos oferecer, não só a nós, mas ao mundo. Porque não dar ao idoso a oportunidade de mostrar o que ele tem para contribuir com nossa sociedade?
Podem ser feitas muitas coisas para que o idoso possa ter condições de desfrutar de ótimos momentos. Pode-se proporcionar uma qualidade de vida das mais variadas, onde ele poderá ter alegria e prazer suficiente para se sentir produtivo, ativo, amparado, amado, e mais ainda, se sentir vivo. A mídia e os meios de comunicação estão colocando que qualidade de vida é um alvo a ser alcançado para que sejamos felizes, em qualquer faixa etária ou classe social.
Os asilosNo período de 1960 a 1980 deu-se a institucionalização do atendimento ao idoso em várias modalidades, sendo predominantemente abrigos e asilos para pessoas idosas sem renda mensal ou com renda mensal até um salário mínimo. Destaca-se nessas iniciativas, particularmente as organizações ligadas a Igreja Católica ( principalmente os Vicentinos ) as organizações espíritas e inúmeras organizações não governamentais/não religiosas.
No campo da assistência social ao idoso, destacamos alguns itens específicos indicados pela SEAS (Secretaria de Estado de Assistência Social ) no Relatório Nacional Brasileiro Sobre o Envelhecimento da População Brasileira:
implantação e implementação das modalidades de atendimento aos idosos: Casa Lar, Centro Dia, Centro de Convivência, Atendimento Domiciliar, Atendimento Integral Institucional; Família Acolhedora, Família Natural;
ampliação e fortalecimento da rede de atendimento ao idoso;
revitalização da rede prestadora de serviços de atenção ao idoso (asilos, centros de convivência, centro dia, casa lar e outros);
normatização e definição de padrões mínimos de serviços de ação continuada para financiamento da rede prestadora de serviços.
A partir do dia 23 de setembro de 2003 a situação dos asilos no Brasil passa a ser regulamentada pelo Parecer 1301/03 (Estatuto do Idoso), mais especificamente nos artigos:
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pessoa idosa abrigada.
§ 1º No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de participação do idoso no custeio da entidade.
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada.
Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, observadas as normas de planejamento e execução emanadas do órgão competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei n° 8.842, de 1994.
Parágrafo único. As entidades governamentais e não governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos: oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
Art. 50. Constituem algumas (destaque nosso) obrigações das entidades de atendimento:
fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação suficiente;
oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade;
oferecer atendimento personalizado;
oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas;
proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso;
promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer;
propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças;
comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso portador de doenças infecto-contagiosas;
manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento; manter no quadro de pessoal profissionais com formação específica.
Qualidade de vida do idosoQualidade de vida (QV) é a preservação do prazer em todos os aspectos, o prazer de ter um corpo saudável aceitando os seus limites, o prazer de interagir com a sociedade e o prazer de compartilhar e de aprender. Hoje o mais importante é poder melhorar a qualidade de vida de nossos idosos, proporcionando bem estar, saúde e equilíbrio.
A qualidade de vida na terceira idade pode ser definida como a manutenção da saúde. E uma boa contribuição é a prática regular de atividade física, que deverá ser feita sob orientação. A terceira idade traz consigo algumas limitações, já não se tem a mesma vitalidade, a rapidez dos movimentos e do raciocínio e nem a mesma coordenação motora.
A palavra quantidade para o idoso não tem muito significado, o que é importante para eles é a qualidade, pois só assim eles podem expor suas potencialidades, de produzir mudanças, de alterar valores e enfatizar os aspectos positivos do envelhecimento, e desmistificar que o idoso é dependente, inativo, que não serve mais pra nada, e que a sociedade insiste em estabelecer.
Viver bem não significa a somatória de anos vividos, mas sim da qualidade de vida satisfatória, o que impõe a necessidade de manter o corpo em atividades saudáveis e regulares.
A terceira idade pode ser sinônima de qualidade de vida em todos os níveis, e desabrochar a criança que permanece em nosso íntimo, independente do número de anos que se conte.
Qualidade de vida é compromisso em aperfeiçoar a arte de viver e de conviver. Qualidade de vida é também um conceito que deve ser aplicado a todas as idades do ser humano, e não apenas associado ao idoso.(MOREIRA, 2001: 25)
Se tivermos uma boa qualidade de vida podemos conseguir prolongar nossos dias. Muitas pessoas se preocupam com essa qualidade, se soubermos fazer bom uso da vida como: cuidar do corpo, da saúde, ter um bom relacionamento familiar pode acreditar que a vida será longa. Agora se gastarmos de forma extravagante, com certeza que ela será bem curta. E esse prolongamento da vida somente ocorrerá se cada um possuir uma boa saúde, tanto no aspecto físico quanto no psíquico.
Neste início de milênio se fala em qualidade de vida aliada à obtenção de saúde, melhores condições de trabalho, aperfeiçoamento da moradia, boa alimentação, uma educação satisfatória, liberdade política, proteção contra a violência, usufruir as horas de lazer, participar de atividades motoras e esportivas, necessidades de conviver com o outro ou então almejar uma vida longa, saudável e satisfatória.
MetodologiaEste estudo tem como objetivo analisar a concepção que o idoso asilado tem de sua qualidade de vida, através do questionário WHOQOL Bref (World Health Organization Quality of Life - abreviado), proposto pela Organização Mundial de Saúde para avaliar níveis de Qualidade de Vida, referente às duas últimas semanas vividas pelo avaliado.O estudo fundamentou-se na revisão de literatura baseada em livros, artigos e revistas impressos e de Internet associados à pesquisa de campo de corte transversal de cunho qualitativo, onde utilizamos o universo de 16 idosos de ambos os sexos, com idades entre 52 e 84 anos que residem no Lar Vicentino - asilo de administração pública - localizado na cidade de Penápolis-SP. Foi aplicado o questionário WHOQOL abreviado contendo 26 questões onde se analisa a qualidade de vida de cada um, bem como a saúde e outras áreas de sua vida referente ás últimas duas semanas vividas pelo avaliado.
Dos 60 idosos do Lar Vicentino, 24 eram pacientes ambulatoriais, 20 apresentavam problemas como: surdez, esclerose e amnésia e somente 16 idosos estavam aptos a responderem o questionário sobre qualidade de vida.
Resultados do questionárioOs resultados da aplicação podem ser visualizados nas tabelas de 1 a 7, onde são demonstrados as porcentagens de ocorrências em cada opção de escolha oferecida:
Tabela 1
Muito ruim (MR), Ruim (R), Nem ruim nem boa (NRNB), Boa (B), Muito boa (MB).
Tabela 2
Muito insatisfeito (MI), Insatisfeito (I), Nem satisfeito nem insatisfeito (NSNI), Satisfeito(S), Muito satisfeito (S).
Tabela 3
Nada (N), Muito pouco (MP), Mais ou menos (MN), Bastante (BS), Extremamente (E).
Tabela 4
Nada (N), Muito pouco (MP), Médio (ME), Muito (M), Completamente (C).
Tabela 5
Muito ruim (MR), Ruim (R), Nem ruim nem boa (NRNB), Boa (B), Muito boa (MB)
Tabela 6
Muito insatisfeito (MI), Insatisfeito (I), Nem satisfeito nem insatisfeito (NSNI), Satisfeito (S), Muito satisfeito (S),
Tabela 7
Nunca (N), Algumas vezes (AV), Freqüentemente (F), Muito freqüentemente (F) e Sempre (SE).
Considerações finais
Algumas pessoas ainda pensam que o idoso é um " velho " e não é, ele é um ser humano que necessita de cuidados especiais, não só da família mas também da sociedade. Será que alguém já parou para pensar na quantidade de informação que um idoso pode ter guardado? O idoso tem muito a ensinar aos mais jovens, e podendo passar as suas experiências eles se sentem muito importantes.
Devemos nos conscientizar que eles devem ser tratados com respeito, carinho e muita atenção, e que mesmo ele sendo uma pessoa idosa pode sim contribuir para o mundo moderno. Os idosos se sentem bem quando podem ajudar outras pessoas mais jovens ou até mesmo da mesma idade.
Antes de iniciarmos a pesquisa, o conceito que tínhamos sobre a qualidade de vida dos idosos que residiam no asilo é de que eles não eram bem cuidados, que eram tristes, que não faziam muitas atividades, que podiam ser depressivos, mau humorados, que não gostassem do asilo e que não estivessem satisfeitos. Mas com base nas respostas obtidas pelo questionário concluímos que: 43,8% avaliaram que a sua QV não é ruim e nem boa; 62,6% têm muitas oportunidades de atividades de lazer; 50% estão muito satisfeitos consigo mesmo; 56,3% estão satisfeitos com as condições do local onde moram e 50% têm, algumas vezes, sentimentos negativos como mau humor, desespero, ansiedade e depressão.
Ao analisarmos o asilo em estudo, observamos que são desenvolvidas várias atividades. São elas: caminhada, alongamento, atividades de recreação, grupos de música e dança, bordado, pintura em tecido, tv, vídeo, artesanato, maquilagem, depilação, pedicure e manicure, tricô, crochê, desenhos e oficina de arte. Os idosos também vão ao shopping center, cinema e ao centro da cidade.Todas as atividades são realizadas por profissional de educação física e assistente social. O asilo conta também com uma enfermaria, alguns enfermeiros e vários voluntários que cuidam dos idosos.
Com base nos resultados podemos concluir que a vida dos idosos do asilo analisado é satisfatória. Observa-se que, considerando a média geral dos asilados, eles estão satisfeitos com a qualidade de vida que possuem. No asilo existe um profissional de educação física, assistente social e enfermeiros cuidando dos idosos, além de alguns voluntários e podemos observar que esses profissionais cuidam bem dos idosos, e os mesmos estão muito felizes com o asilo.
Bibliografia
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http://www.senado.gov.br/web/relatorios/destaques/2003057rf.pdf Acesso em 10 de Outubro de 2003.
______. Relatório nacional brasileiro sobre o envelhecimento da população brasileira. Disponível em
http://www2.mre.gov.br/relatorio_envelhecimento.doc acesso 30 de Setembro de 2003.
LENDZION, et al. Envelhecimento e Qualidade de vida. Curitiba in revista pró-saúde.V1. N1, 2002.
MARCHAND,E.A.A. A influência da atividade Física sobre a saúde mental de idoso.2003; Disponível em
http://www.e-muitomais.com.br/web-pages/edfísica/artigos Acesso em 30 de março de 2003.
MOREIRA,W.W.(org).Qualidade de vida: Complexidade e educação. São Paulo: Papirus, 2001.
NERI, A.L. (org).Maturidade e velhice: Trajetórias individuais e socioculturais. São Paulo: Papirus, 2002.
NERI, A.L.; FREIRE, S. A. (org).E por falar em boa velhice.São Paulo: Papirus, 2000. NETO, M. P. O velho livro novo. Seminário da disciplina Qualidade de Vida do mestrado. Unimep, 2001.
VERAS, Renato Peixoto (Org). Velhice numa perspectiva de futuro saudável. Disponível em http://www.unati.uerj.br/crde/texto/unati2.pdf Acesso em 25 de setembro de 2003.
revista
digital · Año 11 · N° 97 | Buenos Aires, Junio 2006 |