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Perímetro antropométrico de membrohipertrofia muscular

   
* Pesquisador Associado da Universidade de Brasília.
Prof. de Massoterapia do Curso de Fisioterapia das Universidades Paulistas.
Diretor Geral do Instituto Latino-Americano de Atividade Física Terapêutica

** Prof. de Educação Física Hospitalar da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação.
Doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília
 
 
Dr. Ramón F. Alonso López*
M.Cs. Ana Claudia Raposo de Melo**

aft200153@uol.com.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    O objetivo deste artigo de caracter teórico - metodológico é um alerta aos profissionais de saúde e avaliadores físicos sobre um erro relacionado à determinação da hipertrofia muscular muito divulgada nas academias, clubes e demais lugares onde são ofertados serviços de atividade física. O problema está em que muitas vezes se fala de hipertrofia muscular apenas baseado nos dados dos perímetros de membro. Relacionar a hipertrofia apenas na medida de perímetro dos membros é um erro, pois sempre que se realiza a medição dos perímetros dos membros, se mede conjuntamente a gordura e pele. Este artigo tem a objetivo de auxiliar na minimização deste erro avaliativo, que é comumente cometido durante a avaliação física.
    Unitermos: Hipertrofia muscular. Perímetro antropométrico. Avaliação física.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 95 - Abril de 2006

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Introdução

    Nos tempos atuais, existe uma grande preocupação por parte dos profissionais de saúde, em especial dos profissionais da Educação Física, bem como a maioria da população em sobre a necessidade da hipertrofia muscular (HTM). Esta preocupação está relacionada á perdida, manutenção ou ganho de força muscular, que em algumas fases da vida, como na velhice pode determinar uma qualidade de ida melhor.

    Os métodos utilizados para determinar o componente de massa muscular humana são variados. Entre estes métodos podemos mencionar: a tomografia axial computadorizada (TCC), a ressonância nuclear magnética (RNN), o análises de ativação neutrônica (AAN), a absorciometria de fotones de dupla energía (DEXA). (Mitsiopouls e al, 1998; Wang, 1999).

    Mas, o custo de estes métodos, unido a seu aplicação in situ e o caráter invasivo de alguns deles, impossibilita seu uso generalizado. Em contra posição, a antropometria constitui ainda um método de eleição em grandes estudos populacionais e de campo ou terreno , devido a seu inocuidade, baixo custo e aceitável confiabilidade. (Lee, 2000).

    Praticamente em todas as academias que ofertam serviços de exercício físicos, incluem como rotina na avaliação inicial a determinação antropometrica da massa muscular, sinônimo de hipertrofia muscular. Inclusive existem vários programas de computação específicos para a avaliação física, onde são coletados todos os dados da avaliação e automaticamente informam ao professor e ao aluno sobre as alterações que ocorrem durante o programa desenvolvido de atividade física prescrito, ou qualquer outra atividade que é realizada nestas instalações de saúde.

    Segundo Robbins (1975), o térmo HIPERTROFIA, significa aumento de tamanho de um órgão ou tecido. Neste caso nos estamos referendo ao tecido muscular.

    Como é sabido, o acréscimo deste tecido produz um maior consumo de oxigeno e por tanto maior capacidade de trabalho, elemento importante tanto para saúde como para o esporte de alto nível. A partir disto pode-se verificar a importância do tema que estamos tratando: HTM.


Desenvolvimento

    Para ter uma idéia do que significa HTM, vale a pena relembrar a constituição anatômica do membro inferior (perna) a partir de um corte transversal realizado por uma tomografia computarizada.

    Como pode-se observar, existe uma área, bastante significativa, que não corresponde a tecido muscular nem osso.

    Esta situação observada no corte transversal de um membro, foi relatado em 1921, durante a analise feita por Mateigka, quando pela primeira vez se determinou a composição corporal a partir de medições antropométricas.

    Mateigka (1921), dividiu o peso corporal em quatro componentes (tecido gorduroso, tecido muscular, tecido ósseo e tecido remanescente (todos os tecidos que não sejam os já denominados) .

    Nas diferentes fórmulas que Mateigka utilizou para determinar cada componente, pode-se observar que ao determinar o componente muscular, realizou uma correção no perímetro do membro para "tirar ou limpar" a gordura que está sendo medida, minimizando assim a possibilidade de verificação de uma falsa hipertrofia muscular causada pelo aumento da massa gorda e não pela massa muscular.

    A fórmula utilizada por Mateigka para a determinação da magnitude absoluta do componente muscular foi idealizada a partir do Peso Corporal (Kg), segundo a formula:


Onde: M - Magnitude absoluta do tecido muscular (em kg).
L - Estatura (em cm).
r - Media dos perímetros do braço, antebraço, coxa e perna nos lugares de
maior desenvolvimento muscular, menos as dobras cutâneas desses pontos.
K - Constante igual a 6,5

    A magnitude dos perímetros das seguintes medidas se determina pela fórmula:

    e se calcula da seguinte forma:


Observação: As dobras cutâneas na região do braço se mede na parte do bíceps e tríceps,
e se determina a media de ambos; e igualmente se faz com o perímetro do braço relaxado e contraído.

    O método de Mateigka, foi validado por Fernández (2001), junto a outros 6 métodos antropometricos que estima a massa muscular humana, utilizando como método de referência a dissecção de 21 cadáveres. Este autor chegou a conclusão que o método de Mateigka obtive as maiores correlações (0,943) e os menores erros standards de estimação (2,52 kg) quando se comparou com o método de referência (cadáveres).

    Já mais recente, Heath-Carter (1967), quando publicaram a metodologia de determinação da somatotípia, para calcular o segundo componente (mesomorfia), inicialmente estes autores fizeram a correção para as medidas dos perímetros. Segundo Fernández (2000) e Ross (1999), entre os métodos antropometricos que ilustra o nível de muscularidade se encontram: o componente mesomorfico do somatotipia de Heath-Carter, a massa livre de gordura e as áreas musculares dos membros, todas elas com seus limitações inerentes em que se sustenta a avaliação antropometrica da massa muscular humana.

    Essas correções tinha como proposta a tentativa de excluir o tecido adiposo das medidas dos perímetros, buscando representar melhor o desenvolvimento osso-muscular, sendo isto efetuado através da subtração dos valores dos perímetros membros aferidos do braço contraído e da perna ou panturrilha, nas respectivas medidas de dobras cutâneas obtidos nas regiões tricipital e da perna (medial). Para efetuar este cálculo é imprescindível converter valores obtidos nas dobras cutâneas que são aferidas em milímetros (mm) para centímetros (cm).

    As fórmulas sugeridas por Heath-Carter para realizar estas correções são:


Onde:
Bc = Perímetro do Braço Corrigido.
Pc = Perímetro da Perna Corrigido.

    Após da correção dos perímetros dos membros a determinação do componente de mesomorfia, se realizar, utilizando a equação:


Onde:
U= Diâmetro biepicondilar do úmero (cm).
F= Diâmetro biepicondilar do fêmur (cm).
Bc= Perímetro corrigido do braço contraído (cm).
Pc= Perímetro corrigido da perna (cm).
E= Estatura do atleta avaliado (cm).

    Como pode ser observado, os autores Heath-Carter e Mateigka, realizam uma avaliação do desenvolvimento ósseo-muscular de cada sujeito avaliado, realizando também uma correção nos perímetros de cada membro aferido, na tentativa de minimizar ou até eliminar o erro biológico comumente cometido por avaliadores físicos. Este erro está intimamente relacionado a aferição da gordura subcutânea conjuntamente com a hipertrofia muscular, sendo a somatória da medida de gordura e massa muscular utilizada como medida de hipertrofia muscular como é amplamente utilizada nos conceitos da educação física.

    Com objetivo facilitar a determinação da HTM, com o menor de erro biológico possível, propomos a seguinte fórmula:


Onde:
HTM = Hipertrofia Muscular (cm).
P = Perímetro (braço, antebraço, coxa ou perna).
DC = Dobra Cutânea (braço, antebraço, coxa ou perna).
/ 10 = Se divide entre 10, devido a que as DC tem como unidade de medida o
milímetro e o perímetro se mede em centímetro.

    Parece ser obvia a necessidade de utilização de uma fórmula que subtrais os valores de dobra cutânea, ou seja o valor da gordura, quando formos aferir a hipertrofia muscular, porem infelizmente existem profissionais de saúde, Professores de Educação Física, pesquisadores e avaliadores físicos que falam de HTM sem realizar a correção da gordura que está implícita no perímetro do membro.

    Alguns autores como Muñoz, Sanches & Díaz (2003), Villanueva & Nicolás (2005), Cattrysse et al (2002); Melo e López (2004), demostraram como em indivíduos ativos podem aumentar o perímetro e reduzir as dobras cutâneas; assim como o contrário (indivíduos sedentários), pode haver redução dos perímetros e aumento das dobras cutâneas.


Conclusão

    Conforme estabelecido desde o século anterior, quando se começou a estudar antropométicamente ao homem, que para falar de HTM (na concepção de perdida, manutenção ou ganho de massa muscular), se faz necessário a redução de gordura quando realiza-se à medição do perímetro membro, realizando assim a aferição corrigida destes perímetros, tanto inferiores quanto superiores .

    Por este motivo, esperamos que a partir das explicações, sugestões e razoamentos realizados neste artigo, este erro biológico seja excluído das avaliações físicas, pois a aferição correta da hipertrofia muscular fornecerá aos profissionais da Educação Física resultados mais fidedignos do trabalho que está sendo realizado por seus alunos.


Bibliografia

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  • Villanueva, F. U & Nicolás, A. P. V. (2205). La evaluación de la aptitud física desde un punto de vista normativo en alumnos/as de E.S.O. de la Comunidad Autónoma de Murcia. Capturado em http://feadef.iespana.es/murcia/c%206.doc

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