efdeportes.com
Atividades aquáticas e hidrocefalia:
um estudo de caso

   
CEFD - UF Santa Maria - RS
(Brasil)
 
 
Fernanda Panzenhagen Borges
Luciana Erina Palma

fepborges@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
    Analisou-se a importância das atividades aquáticas para a qualidade de vida de um aluno com hidrocefalia com 16 (dezesseis) anos que participou de atividades aquáticas em uma clínica da cidade de Santa Maria/RS e no complexo de piscinas térmicas do CEFD/UFSM/RS. O aluno, além da hidrocefalia apresentava diabetes insípido, hemiplegia no lado esquerdo e escoliose. Antes de iniciar as atividades, foi realizada uma avaliação, para verificar o desenvolvimento motor do aluno para então desenvolver atividades baseadas nas características individuais do mesmo. A avaliação foi desenvolvida para que pudesse ser verificado como o aluno se mostrava em relação ao seu desenvolvimento motor. Esta avaliação propiciou a identificação de déficits em seu desenvolvimento e desta forma, o direcionamento das atividades visando sanar ou minimizar os mesmos. Com o desenvolvimento das aulas, observou-se melhoras nos comprometimentos respiratórios, posturais, de motricidade fina e marcha, contribuindo assim, para a sua qualidade de vida. Neste estudo, é importante ressaltar que durante as aulas desenvolvidas foram obtidos alguns resultados no que se refere ao equilíbrio e controle da respiração, bem como com relação à questão social.
    Unitermos: Atividades aquáticas. Hidrocefalia. Qualidade de vida.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 95 - Abril de 2006

1 / 1

Introdução

    A partir de perspectivas e de estudos de que as atividades aquáticas beneficiam os indivíduos e que são capazes de dinamizar o potencial da pessoa envolvida, é que este estudo surgiu através de uma experiência com atividades aquáticas.

    Sendo assim, estudar sobre atividades aquáticas e a hidrocefalia, que significa popularmente "água na cabeça", foi além de um desafio, foi uma necessidade. O que realmente acontece é que nas pessoas com hidrocefalia o Líquido Cefalorraquidiano (LCR), que circula na massa encefálica, não consegue ou não é drenado normalmente, ocasionando o crescimento da caixa craniana e comprometimentos de forma geral. O tratamento mais utilizado é a intervenção cirúrgica, onde é colocado um sistema valvular na cabeça da pessoa até o coração ou intestino para drenar o LCR, onde este será absorvido pela corrente sangüínea.

    Este foi um estudo que não envolveu somente a hidrocefalia, mas também o diabetes insípido, a hemiplegia e a escoliose, pois a hidrocefalia neste caso específico foi de origem adquirida pelo diabetes do tipo insípido, ocasionando mais tarde, após a cirurgia para a colocação da válvula (derivação), hemiplegia e escoliose.

    Pretendeu-se então, através deste estudo de caso, contribuir para o desenvolvimento geral do aluno, e também para a área da Educação Física, através da ampliação do conhecimento nesta sub-área específica - Educação Física Adaptada -, e buscar o aprofundamento e transformação deste conhecimento, com novos estudos e um conhecimento específico para atuar com estes alunos.

    Desta forma, o objetivo deste estudo foi analisar a importância das atividades aquáticas para a qualidade de vida em um aluno com hidrocefalia.


Atividades aquáticas e o aluno com hidrocefalia

    É unânime a opinião sobre os benefícios das atividades aquáticas e como afirmam Skinner e Thomson (1985),

"As atividades físicas em piscinas são utilizadas na melhora de muitos distúrbios neurológicos. A tepidez e a sustentação da água ajudam a aliviar alguns dos sintomas desses indivíduos, oferecendo maior possibilidade de flutuação e mobilidade articular e uma progressão graduada dos exercícios é valiosa para os alunos cujos músculos estão fracos ou paralisados".

    A temperatura da água é um fator importante na execução das atividades, pois estas se tornam mais prazerosas e a musculatura fica mais relaxada, proporcionando maior mobilidade do aluno e do professor, facilitando desta forma a execução das atividades, tornando-as também mais agradáveis.

    Segundo Skinner e Thomson (1985), "a água quente faz com que o professor mova o aluno mais facilmente do que em terra. Como em outras condições, esses fatores melhoram ao mesmo tempo a confiança e a moral do mesmo".

    As atividades aquáticas adaptadas têm como um de seus objetivos proporcionar às pessoas com necessidades educacionais especiais algumas habilidades na água para ajudá-los nas atividades de vida diária.

    Neste sentido, concorda-se com Gomez, Miguel e Fernández (2000) que falam sobre os benefícios das atividades aquáticas para pessoas com necessidades especiais, e neste caso, pode-se repassar para os com hidrocefalia, da seguinte forma:

"La natación es una de las mejores formas para mejorar la movilidad y la capacidad física del minusválido. Las propiedades del agua de hacer que un cuerpo "pierda" peso y que flote, reduce la deficiencia y da la posibilidad de moverse más o menos en el agua. Además, la práctica de la natación incrementa la capacidad física, lo que a su vez da mayor estabilidad psíquica. Com una mejor condición física y psíquica, crece nuestra confianza teniendo mayores posibilidades de afrontar el trabajo cotidiano. Y si además el agua está a una temperatura agradable el baño se convierte en bálsamo para cuerpo y alma".

    Por isso, a oportunidade de movimento que a atividade física, especialmente as atividades aquáticas propiciam também às pessoas com hidrocefalia, é extremamente auxiliadora e benéfica em seu desenvolvimento, sua aprendizagem e em sua educação.

    Desta maneira, fica clara a responsabilidade de trabalhar com esta população, intensificando assim a importância de profissionais de Educação Física capacitados para oferecer tarefas que melhorem a qualidade de vida das pessoas com hidrocefalia, pois assim, estarão intervindo e influenciando no desenvolvimento dos mesmos.

    A hidrocefalia é um termo médico bastante antigo. Para o Coletivo de Autores (2001), a hidrocefalia é o "aumento das cavidades ventriculares e malformações do aqueduto de Sylvius, conseqüente ao aumento do volume de LCR que geralmente está ou esteve sobre pressão aumentada. Considera-se não como uma doença, mas sim como uma condição patológica com múltiplas causas".

    A hidrocefalia pode ocorrer em qualquer idade e é devida, quase sempre pela obstrução do fluxo de LCR nos ventrículos ou no espaço subaracnóideo, de origem congênita ou adquirida. O que causa a hidrocefalia é uma impossibilidade do LCR ser drenado para o sistema sanguíneo. O tratamento habitual é a introdução de uma derivação (implantação de uma válvula para drenar o LCR dos ventrículos até o abdome para ser absorvido pela corrente sangüínea). Porém, esta derivação não cura a hidrocefalia.

    Por este estudo ter envolvido também outros termos como o diabetes insípido, a hemiplegia e a escoliose, houve a necessidade de fazer esclarecimentos teóricos breves sobre estes.

    Sendo assim, diabetes insípido é o nome dado a diversas doenças caracterizadas pelo acentuado aumento de secreção urinária, de fome e de sede intensas.

    De acordo com a Enciclopédia Saúde (2003), este tipo de diabetes é

"doença rara, que às vezes está ligada a uma afecção do diencéfalo e do lobo posterior da hipófise, que não produz quantidade suficiente de hormônios antidiuréticos, a vasopressina. Essa doença é, pois, essencialmente diferente do diabetes sacarino".

    Com relação à hemiplegia, Bittar (2001), sustenta que "é o comprometimento de ambos os membros de um lado". Conforme Netto e Gonzalez (1996), hemiplegia é a "perda da sensibilidade em um dos lados do corpo podendo ocorrer sua recuperação momentânea com resgate parcial ou total".

    Por outro lado, a escoliose é um termo da antigüidade que, de acordo com Cailliet (1979), foi "usado a primeira vez por Hipócrates e define curvatura anormal da coluna".

    Para Fischinger (1982), "escoliose (do grego: inclinado) é o desvio lateral da coluna e provoca uma modificação muscular, ligamentar, do tecido conjuntivo, dos discos e dos ossos, podendo até comprometer a medula, pulmões, coração, diafragma e a pelve".


Metodologia

    Esta pesquisa caracterizou-se por ser um estudo de caso, conforme Santos (2001), que considera que "as pesquisas deste tipo têm por objetivo selecionar um objeto de pesquisa restrito, com o objetivo de aprofundar-lhe os aspectos característicos". Fez parte deste estudo, um aluno com hidrocefalia com dezesseis (16) anos de idade. As características do aluno eram: apresentava hidrocefalia decorrente do diabetes insípido, teve uma hemiplegia no lado esquerdo, o que lhe originou também uma escoliose com inclinação para a esquerda.

    As atividades foram desenvolvidas na piscina de uma Clínica onde o aluno freqüentava e no complexo de piscinas térmicas do CEFD/UFSM/RS, duas (02) vezes na semana - uma (01) em cada local - com duração de 30 minutos cada sessão.

    Os instrumentos utilizados foram: ficha de identificação do aluno; roteiro de entrevista com os pais do aluno, com a professora da Clínica e com a fisioterapeuta da Clínica (Baseada em Gil, 1999 e Santa'anna, 1995); diário de campo: registro cursivo das atividades e/ou das aulas; ficha de avaliação do aluno, que contemplava os domínios do comportamento humano - social, afetivo, cognitivo e psicomotor (Baseada em Bueno e Resa, 1995) e ficha de observações (Adaptada de Singer e Dick, 1980)

    Antes de iniciar a análise dos dados é importante ressaltar que a sistemática do trabalho desenvolvido foi realizada por dois monitores. Desta forma, foi necessário o auxílio de um monitor (acadêmico do curso de Educação Física) sempre presente nas aulas para sustentar/segurar o aluno.


Apresentação dos dados

    Durante as entrevistas foram coletadas informações a respeito da história de vida do aluno relacionada ao seu diagnóstico, bem como aspectos característicos da hidrocefalia, a sua participação em atividades no meio líquido desde seu ingresso na Clínica e as suas necessidades e possibilidades motoras. Primeiramente entrevistou-se a mãe do aluno, para conhecer a história de vida do mesmo relacionada ao seu diagnóstico encontrado na Clínica (hidrocefalia e diabetes insípido.

    Outra entrevista foi realizada com a professora de Educação Física da Clínica, para identificar aspectos característicos da hidrocefalia e as atividades aquáticas, pois foi ela que desenvolveu primeiramente atividades aquáticas com este aluno, logo que ele ingressou na Instituição.

    Entrevistou-se também a fisioterapeuta da Clínica - com o intuito de desenvolver um trabalho interdisciplinar - para identificar quais eram as reais necessidades e possibilidades do aluno no início do estudo.

    A avaliação foi elaborada considerando as características individuais do aluno. Foi elaborada visando as suas reais necessidades e potencialidades. Esta avaliação foi importante para que pudéssemos fazer um reconhecimento das capacidades e habilidades motoras do aluno, para poder então, elaborar e desenvolver atividades baseadas nas capacidades e habilidades mais deficitárias.

    Pela necessidade apresentada na avaliação, com relação às atividades desenvolvidas, estas tinham o objetivo de trabalhar o fortalecimento muscular, bem como atividades respiratórias, de equilíbrio postural e atividades de motricidade fina e ampla, de modo geral, explorar aspectos motores, afetivos, cognitivos e sociais.

    A primeira aula desenvolvida tinha o objetivo de fazer uma readaptação, um contato entre aluno/professora e aluno/meio líquido como também, uma adaptação entre aluno/monitor. Nesta aula, foram observados aspectos afetivos, sociais, cognitivos e psicomotores do aluno, para após desenvolver aulas baseadas nestes aspectos. De forma geral, as aulas foram desenvolvidas de acordo com as observações feitas na avaliação, ou seja, observou-se que ele necessitava de exercícios respiratórios e esta necessidade estava sendo sanada através de exercícios de soprar a água, bem como na educação da respiração com exercícios de inspiração/expiração. Também foi observado suas dificuldades no controle postural, onde foram desenvolvidas atividades de equilíbrio. Em relação a sua motricidades fina, foram aplicadas atividades de pegar objetos pequenos e manuseá-los.

    Na última aula e na avaliação final o aluno demonstrou melhora em seu equilíbrio e também no que se refere à sua respiração, pois ele conseguiu ficar sentado sobre as pernas do monitor sem qualquer apoio e ainda estando sob o efeito de "ondas" da água da piscina, apresentou um equilíbrio não demonstrado nas aulas anteriores. Sua postura dentro da piscina também estava melhor, pois ele próprio corrigia-se.

    É importante salientar que tanto as atividades realizadas na Clínica, quanto às na UFSM eram praticamente as mesmas, havendo diferença apenas no que se refere às atividades de fortalecimento muscular, pois a piscina do CEFD/UFSM por ser maior e mais profunda facilitou o desenvolvimento das atividades de caminhar, pois era mais fácil de conduzi-lo.

    Quanto aos domínios do comportamento humano observados durante o desenvolvimento das aulas pôde-se inferir que: quanto ao domínio social, o aluno demonstrou relacionar-se muito bem com a professora e monitor, sempre conversando, contando histórias. Da primeira até a última aula, o aluno demonstrou estar com sua auto-estima elevada. As atividades aquáticas foram estimulantes, propiciando alegria e confiança ao aluno.

    No que se refere ao domínio afetivo, o aluno aceitou todas as atividades propostas, acredita-se que tenha sido pelo fato de que ele sabia que eram importantes para o seu desenvolvimento geral e também porque as atividades não eram cansativas.

    Quanto ao domínio cognitivo, demonstrou lembrar ao final de cada aula as atividades realizadas durante a mesma. Com relação ao domínio psicomotor, o aluno, na maioria das aulas teve estímulo auditivo e percebeu-se que quanto mais estimulado desta maneira, mais ele prestava atenção nas atividades propostas. De forma geral, o aluno caminhava na piscina, sendo segurado pelas mãos da professora e apoiado pelo monitor. Fazia exercícios de bater pernas, de "andar de bicicleta" - estes ele fazia sentado nas pernas do monitor. Também desenvolvia exercícios de empurrar e puxar. Fazia exercícios de adução e abdução de braços, flexão e extensão de punhos, além de realizar atividades respiratórias com e sem o canudo para formar "bolhas" na água, pegar objetos pequenos, jogá-los e também atividades de equilíbrio e postura, onde ele ficava sentado nas pernas do monitor sem o apoio das mãos.

    As observações feitas a respeito desses domínios serviram de suporte para que pudéssemos saber se as atividades desenvolvidas estavam satisfazendo as necessidades do aluno, se elas foram cansativas, se agradaram e se estavam beneficiando o aluno.

    É importante destacar também que a avaliação foi desenvolvida para que pudéssemos verificar como o aluno se mostrava em relação ao seu desenvolvimento motor, o qual acreditávamos ter tido conseqüências negativas e pelas seqüelas apresentadas após a cirurgia realizada.

    De certa forma, esta avaliação propiciou a identificação de déficits em seu desenvolvimento, o que nos levou a buscar direcionar as atividades visando sanar ou minimizar os mesmos. Também proporcionou a observações em relação a melhorias nos comprometimentos respiratórios, posturais, de motricidade fina e marcha, contribuindo assim, para a sua qualidade de vida.


Considerações finais

    Com este estudo, pôde-se conhecer um pouco mais sobre o aluno, suas características, suas possibilidades, potencialidades e necessidades e assim, desenvolver atividades aquáticas que estivessem contribuindo para sua saúde e qualidade de vida. Desta forma, o trabalho realizado proporcionou um estudo detalhado sobre as deficiências e características apresentadas e assim poder ampliar o aprendizado com esta população específica, através de momentos de atividade física aquática.

    É importante ressaltar novamente que durante as aulas desenvolvidas foram obtidos resultados no que se refere principalmente ao equilíbrio e controle da respiração. Outro ponto positivo esteve relacionado à questão social, pois o aluno demonstrou ter facilidade em relacionar-se com pessoas as quais ele conhecia e outras que não tinha tido qualquer contato.

    Acredita-se também que este estudo tenha sido essencial para a ampliação do conhecimento na área específica - Educação Física Adaptada -, bem como para a formação acadêmica e profissional.

    Também para que outros profissionais da Educação Física possam usufruir e ainda acrescentar conhecimentos em trabalhos com alunos com necessidades especiais, especialmente para alunos com hidrocefalia.


Referências bibliográficas

  • BITTAR, A. Jornada de Esporte Educacional. Curso de Capacitação de Recursos Humanos no Esporte/Portadores de Deficiência-Inclusão. Editora da Ulbra, 2001.

  • BUENO & RESA. Educacion Física para niños y niñas con necesidades educativas especiales. Ediciones Aljibe, 1995.

  • CAILLIET, R. Escoliose: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Manole, 1979.

  • COLETIVO DE AUTORES. Hidrocefalia. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Enfermagem. Centro Biomédico. Disciplina de Saúde da Criança. Turma 98/2. outubro de 2001. Disponível em www. br.geocities.com/ Acesso em 01 de abr. de 2004.

  • ENCICLOPÉDIA BARSA. Diabetes insípido. Volume 6, 1994.

  • ENCICLOPÉDIA SAÚDE. Diabetes insípido. Disponível em www.rafe.com.br/ Acesso em 06 de abr. de 2003.

  • FISCHINGER, B. A Escoliose vista por uma fisioterapeuta: uma visão didática. Caxias do Sul. UCS, 1982.

  • GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.

  • GOMEZ, J.M.; MIGUEL, R.P.; FERNÁNDEZ, J. - La Natación Adaptada como medio de integración para una persona con movilidad reducida. Revista Digital - http://www.efedeportes.com/ - Buenos Aires. Ano 5, nº 28. 2000.

  • NETTO, F.C.; GONZALEZ, J.S. Desporto Adaptado para Portadores de Deficiência: Natação. Porto Alegre: UFRGS, INDESP, 1996.

  • SANTA'ANNA, I. Por que avaliar? Como avaliar?: critérios e instrumentos. Petrópolis: Vozes, 1995.

  • SANTOS, A.R. Metodologia científica: a construção do conhecimento. Rio de Janeiro: DP&A, 2001, 4ª edição.

  • SINGER & DICK. Ensinando Educação Física. Uma abordagem sistêmica. Porto Alegre: Editora Globo, 1980.

  • SKINNER, A. T. e THOMSON, A M.. Duffield: Exercícios na água. Editora Manole, 1985.

Outro artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
http://www.efdeportes.com/ · FreeFind
   

revista digital · Año 11 · N° 95 | Buenos Aires, Abril 2006  
© 1997-2006 Derechos reservados