Capacidades físicas e de treinamento para diferentes posições das praticantes da modalidade de voleibol |
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*Centro Universitário Moura Lacerda Curso de Educação Física - Ribeirão Preto - SP **Centro Universitário Toledo de Araçatuba UNITOLEDO - Curso de Educação Física |
Vivian Prudêncio* Prof. Ms. Sérgio Tumelero** tumelero.prof@toledo.br (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 94 - Marzo de 2006 |
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Introdução
A preparação física assumiu nos últimos tempos uma grande importância no treinamento de alta competição, evidenciando inclusive uma certeza de que os grandes resultados desportivos serão sempre correlacionados com condicionamentos físicos de padrões elevados e serão sempre com a aplicação de programas atualizados nas concepções científicas mais modernas (TUBINO, 1993).
TUBINO (1993), acredita que além da utilização da aplicação de testes no início do treinamento, deverá ocorrer em datas previstas no planejamento a reaplicação desses mesmos testes para que o andamento da preparação possa ser controlado e avaliado, e os necessários "feedbacks" efetuados.
A criatividade, o apuro técnico - tático e a ação coletiva definem o possível vencedor, pois o nível das equipes nacionais ou internacionais tem apresentado-se dentro de um plano homogêneo altamente atlético, dificultando definir antecipadamente qualquer resultado (BORSARI, 1996).
Fisicamente, o atleta deve ter estatura privilegiada, com muita coordenação, possibilitando ataques de bolas altas, rápidas e bloqueios nos vários pontos da rede, sem muito desgaste físico. Além de força, agilidade, raciocínio e reações rápidas, deve ser dotado de grande resistência, pois os jogos podem durar duas ou mais horas (BORSARI, 2001).
Tecnicamente, não é permitido ser mau jogador, pois as regras são rigorosas; deverá executar todos os fundamentos com perfeição e ser eclético, facilitando a preparação tática e a finalização dos lances (BORSARI, 2001).
Para BORSARI (2001), a avaliação inicial de todos os aspectos, quer físico, técnicos ou psicológicos, além de anotações complementares, tais como táticas, condições sociais, pretensões a médio e longo prazos, facilitarão a análise e posterior definição do planejamento a ser traçado, para que os objetivos propostos possam ser atingidos.
O desenvolvimento físico deve ser estimulado no sentido de favorecer o alongamento muscular, a amplitude de movimentos, a movimentação natural e tecnicamente correta. A ampliação do potencial de resistência geral, a resistência localizada, a mobilidade articular e a agilidade devem ser trabalhadas de forma repetitiva, objetivando-se a criação do hábito e ampliação da naturalidade (BORSARI, 2001).
As formas específicas de trabalho, com cargas contínuas ou intervaladas, devem ser dosadas e o posturamento programado dentro do nível e intensidade compatíveis com as condições físicas e a etapa do treinamento em que se encontram os atletas.
No aspecto individual em que cada atleta é diferente em sua formação, características e reações, maiores cuidados devem ser tomados, pois o desenvolvimento e assimilação das propostas são diferentes, carecendo de posicionamento diferenciados e produtivos
As ações do voleibol ocorrem em períodos curtos, intensidade máxima e intervalos reduzidos. Identificou-se a influência da prática do voleibol no consumo máximo de oxigênio no metabolismo do lactato e lipoproteínas, nas mudanças hormonais, nos tipos de fibra muscular e nas alterações na freqüência cardíaca (BORSARI, 2001).
A intensidade e a duração com que o voleibol é praticado provocam alterações fisiológicas que ativam o sistema oxidativo para a produção de energia.
Assim sendo, o objetivo da preparação física de um treinamento de alta competição é levar os atletas ao chamado picos da forma física.
Objetivos
Avaliar as diferenças de treinamento aplicadas as diferentes posições de jogadores de voleibol.
Avaliar e comparar a condição física de atletas de voleibol das posições: líbero, levantadoras, atacantes de meio e de entrada.
Verificar as diferenças de treinamento aplicadas especificamente a cada posição de jogo.
Metodologia
Participaram do trabalho oito atletas da equipe de voleibol feminino de Recreativa de Ribeirão Preto, com faixa etária de 16 á 18 anos. As baterias de teste foram realizadas em três datas diferentes, uma inicial, após 60 e após 135 dias.
Os materiais utilizados foram: cronômetro, frequêncimetro, esfignomanômetro, compasso de dobras cutâneas, colchonete e uma tábua de 1.50m de comprimento por 30 cm de largura marcada em cm.
Os testes foram realizados na quadra poliesportiva e na pista de atletismo do Centro Universitário Moura Lacerda.
Estas baterias de teste envolveram avaliações cardiorrespiratória, neuromuscular e antropométricas:
avaliação da aptidão cardiorespiratória:
- Teste de Cooper (12' min.)
avaliação neuromuscular:
- Teste Abdominal, com número de repetições de 1 minuto.
avaliação neuromuscular:
- Salto vertical
avaliação antropométrica:
- Dobras cutâneas, protocolo de FAULKNER
ResultadosO gráfico I, representa os valores das dobras cutâneas, medidas no tríceps, para todas as jogadoras avaliadas. Estes valores correspondem a média das avaliações realizadas e apresentam diferenças estatisticamente significantes quando comparamos a avaliação inicial para a avaliação dos 135 dias para as levantadoras e para as atacantes de meio.
Gráfico I: Medidas de dobras cutâneas.No gráfico II estão representados os valores de dobras cutâneas, medidas na escapular e apresentam diferenças estatisticamente significantes quando comparamos as avaliações inicial e de 60 dias para avaliação de 135 dias para as atacantes de entrada.
Os valores da avaliação das dobras cutâneas da supra ilíaca apresentam valores significantes somente quando comparamos a avaliação de 60 para 135 dias para as atacantes de entrada e que estão representados no gráfico III. Estes valores correspondem a média das avaliações realizadas.
Gráfico II: Valores de dobras cutâneas para subscapular
Gráfico III: Medidas de dobras cutâneas para supra ilíaca.
No gráfico IV, estão representados os valores de dobras cutâneas para abdome, onde verificamos diferenças estatisticamente significantes quando comparamos as avaliações inicial e de 60 dias para a avaliação de 135 dias para as jogadoras das posições de líberos, atacantes de meio e de entrada.
Para os valores de VO2 máx. e que estão representados no gráfico V, encontramos valores significativamente mais altos quando comparamos as avaliação inicial e a avaliação de 60 dias com a avaliação de 135 dias, para as jogadoras da posição de levantadoras. Para as outras posições os valores também apresentam-se melhores, porém sem significância.
Na realização dos exercícios de abdominal, durante 60 segundos observamos melhoras quando comparamos as avaliações, porém, estas melhoras não apresentam valores estatisticamente significantes e que estão representados no gráfico VI.
Para a avaliação dos saltos verticais realizados observamos que todas as atletas tiveram seus índices melhorados, porém não apresentando diferenças estatisticamente significantes. Estes valores estão representados no gráfico VII.
Para os valores de pressão arterial média, em repouso, (gráfico VIII) e pressão arterial média em exercício (gráfico IX), observamos algumas diferenças mas que não apresentaram significância estatística.
Para os valores de freqüência cardíaca em repouso, observamos que os valores para a avaliação de 135 dias é significativamente mais baixa, comparada com a avaliação inicial para as jogadoras da posição de atacantes de meio. Estes valores estão representados no gráfico X.
Para os valores de freqüência cardíaca em atividade, observamos valores significativamente mais baixos quando comparamos as avaliações iniciais com as avaliações de 135 dias para as jogadoras das posições: líberos, atacantes de entrada e atacantes de meio. Estes valores estão representados no gráfico XI.
Para o Teste de Cooper as levantadoras e as líberos apresentaram valores significativamente mais altos para a avaliação de 135 quando comparamos as avaliações iniciais e que estão representados no gráfico XII.
Conclusões
Para as avaliações de dobras cutâneas observamos, valores significativamente mais baixos para a segunda e a terceira avaliação, para todas as atletas, confirmando a eficácia da atividade física na diminuição de dobras cutâneas.
Com relação a realização de exercícios abdominais, observamos uma melhora bastante significativa, quando comparamos o início com as avaliações subsequentes.
Na variável VO2 máximo, observamos uma melhora significativa, principalmente para as levantadoras.
Para o Teste de Salto vertical observamos melhoras, porém não significativas da primeira para as outras avaliações para todas as atletas.
As jogadoras das posições de Líbero e Levantadoras apresentaram, para o Teste de Cooper valores significativamente melhores quando comparamos as avaliações de início com a de 135 dias.
Para os valores de PAM, tanto em repouso, quanto em atividade, observamos algumas alterações, porém sem apresentarem-se estatisticamente significantes.
Com relação a FC houve uma diminuição significativa, principalmente em exercício, para todas as jogadoras das posições de Levantadoras, Líberos e Atacantes de Entrada.
Reforçamos, mais uma vez, a necessidade de treinamentos específicos para cada jogadora de cada posição.
Durante este período de treinamento, as jogadoras tiveram preparação específica para cada posição, ou pelo menos, treinos específicos para o desenvolvimento de suas habilidades dentro da posição de jogo que ocupavam, influenciando os resultados alcançados ao final das avaliações.
Referências bibliográficas
BARBANTI, V.J. Treinamento Físico - Bases Científicas. 2ª ed. São Paulo, Ed. CLR Balieiro, 1988.
BORSARI, José Roberto. Volibol - Aprendizagem e Treinamento. Um desafio constante . 2 ª ed. São Paulo : E.P.U.,1996.
CARNAVAL, Paulo Eduardo. Medidas e Avaliação em ciências do esporte. 3 ª ed. Rio de Janeiro : Sprint ,1998.
FERNANDES, José Filho. A Prática da Avaliação Física. Rio de Janeiro: Shape, 1999.
MARINS, J.C.B.;GIANNICHI, R.S. Avaliação & Prescrição de Atividade Física - Guia Prático. Rio de Janeiro : Shape,1996.
MATVEEV, L.P. Preparação Desportiva, 1ª ed. São Paulo. F.M.U. 1986.
STANGANÉLLI, L.C.R. Aeróbico ou Anaeróbico? As características fisiológicas do voleibol. Revista Vôlei Técnico, Rio de Janeiro, ano 2, nº 05, p.21-31,1995.
TUBINO, Gomes. Metodologia Científica do Treinamento Desportivo. 11 ª ed. São Paulo : Ibrasa,1993.
VERKHOSHANSHI, Y.V. Treinamento Desportivo - Teoria e Metodologia. Coleção Kinesis. Porto Alegre, 2001.
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digital · Año 10 · N° 94 | Buenos Aires, Marzo 2006 |