Evolução da potência dos membros inferiores durante um ciclo de treinamento de pliometria no basquetebol masculino |
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*Faculdade de Ed. Física de Americana-SP (FAM). Faculdade de Ed. Física, Pontifícia Universidade Católica de Campinas - SP (PUCC) Grupo de Pesquisa em Ciências do Esporte - PUCC **Professor do Curso de Pós Graduação da Universidade Metodista de Piracicaba - SP (UNIMEP) |
Anderson Marques de Moraes* Dr. Ídico Luis Pellegrinoti** ander_marques@ig.com.br (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 94 - Marzo de 2006 |
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Introdução
Sabe-se que nos últimos anos, o basquetebol obteve uma rápida evolução transformando-se num dos esportes de grande evidência na cultura brasileira. Paralelamente houve uma evolução do próprio indivíduo quanto ao seu desempenho atlético (BOMPA, 2002); isso fez com que os atletas passassem a executar movimentos rápidos e precisos, com grande habilidade e raciocínio, o que possibilitou a utilização das técnicas com maior economia do desgaste físico.
O Basquetebol competitivo tem mostrado um grande equilíbrio entre as equipes, sendo que a qualidade dos atletas tem evoluído muito, e por esse motivo à preparação física tem sido reconhecida como um fator determinante nas diferenças técnicas e táticas de uma equipe durante a partida.
Atualmente, no que diz respeito à condição física, foi necessário desenvolver metodologias de treinamento desportivo necessárias para a prática do jogo, que devem ser aplicadas com ênfase no desenvolvimento de todas as capacidades motoras, e devidamente sustentadas pelo treinamento de resistência, força, coordenação, flexibilidade, velocidade, que são fundamentais para a sustentação da condição física ideal para que o atleta possa suportar o jogo até o seu final (DELECLUSE, ROELANTES e VERSHUEREN, 2003).
Dentro do processo de treinamento das capacidades físicas do basquetebol, o desenvolvimento da potência muscular está correlacionado com o jogo. Portanto grande parte do trabalho físico desenvolvido nos treinamentos está baseada no desenvolvimento da força de explosão, através de saltos aliados aos trabalhos de velocidade.
Para que se possa planificar e periodizar o treinamento dessas capacidades físicas envolvidas no jogo, o técnico ou preparador físico pode utilizar-se de testes e retestes para verificar se o programa de treinamento está sendo eficaz ou não.
Balbino (1993) discorre que para o desenvolvimento completo dos atletas, a programação e organização do treinamento necessitam do conhecimento sobre a natureza do processo de treinamento, dos fatores que determinam à estrutura e a modificação da sua orientação envolvendo também os conhecimentos científicos que são capazes de explicar como o treino influi sobre a personalidade e sobre o organismo do atleta. Para tanto esses conhecimentos devem ser sistematizados, garantindo a solução prática dos problemas da programação e organização do processo de treino.
Os programas de preparação física em modalidades que requer velocidade, força explosiva, têm se utilizado de treinamentos de saltos (BOMPA, 2004) e de velocidade (DINTIMAN, WARD e TELLEZ, 1999) e combinados força e treinamento geral (LAURENTINO e PELLEGRINOTTI, 2003) como formas de melhorar a potência física e conseqüentemente o rendimento em várias modalidades esportivas.
A capacidade de saltar é uma das mais importantes para o aprimoramento físico no basquetebol (CESARE, 2000), esse tipo de capacidade aprimorada permite que o atleta tenha chances maiores de ser bem sucedido, por exemplo: no rebote, no arremesso (% de acerto), bandeja e bloqueio, e porque não, também nos sistemas aplicados ao basquete em geral. (MORAES, 2003)
Embora as capacidades de salto e velocidade sejam limitadas em cada jogador, pode-se aprimorá-las com um programa cientificamente elaborado para desenvolver a força e potência dos músculos envolvidos. Para tanto é preciso que cada vez mais o treinamento físico e técnico, seja o mais próximo possível da realidade do jogo.
Nota-se, porém que trabalhos realizados em grandes centros de treinamento e divulgados na literatura são poucos. Os trabalhos científicos na área específica da preparação física do Basquetebol devem aproximar-se cada vez mais dos conhecimentos científicos do treinamento desportivo e à prática desse treinamento, para que se tenha evolução à aplicabilidade, correções e discussões sobre o trabalho realizado. Há muitas controvérsias quanto à utilização de aparelhos ou saltos para melhoria neuromuscular de atletas de basquetebol, contudo os saltos quando exigidos próximos da dinâmica do esporte apresentam resultados significativos na força de membros inferiores (BOSCO, 1996).
Para a elaboração de programas de saltos, com especificidade no basquetebol, é necessário que os mesmos sejam executados dentro dos padrões de volume, intensidade, empenho e motivação, para melhor aproveitamento do tempo de treino, favorecendo assim a sua dinâmica de execução.
Galdi (1999) expõe que nesse contexto as Ciências do Esporte tem avançado muito nas últimas décadas. O treinamento desportivo vem se tornando cada vez mais científico e, novos métodos têm surgido, dando melhor direcionamento e entendimento dos efeitos do exercício físico sobre o corpo. As repetições sistemáticas de movimentos provocam adaptações morfológicas e funcionais no organismo, e, para se verificar como o organismo se adapta ao treinamento físico e também para avaliar o seu desempenho, são utilizados diferentes testes motores, os quais relacionam parâmetros do desenvolvimento do trabalho com o treinamento, em bases cientificamente comprovadas.
Portanto o propósito deste estudo foi aplicar um programa de treinamento de saltos e de velocidade, como meios para melhorar a capacidade neuromuscular dos atletas.
Objetivo geralPropor uma aplicação do trabalho de pliometria dentro das sessões de treinamento no Basquetebol.
Objetivo específicoConsistem em um programa de treinamento de saltos aliados com o desenvolvimento da velocidade, para a melhora da performance neuromuscular, observando a melhora da potência dos membros inferiores, por meio dos testes de RAST (Running-based Anaerobic Spring Test - Teste baseado na corrida anaeróbia de curta duração).
Procedimentos metodológicos
AmostragemOs indivíduos (10 atletas) pertenceram à equipe de Basquetebol masculino do Clube Campineiro de Regatas e Natação, Categoria infantil.
No período de desenvolvimento da pesquisa, a equipe estava participando das fases de classificação, primeiro play-off e segundo play-off, do Campeonato Estadual promovido pela Federação Paulista de Basquetebol. Os atletas da equipe são todos nascidos em 1987 (com média de idade de 15,4 ± 0,34). Os voluntários foram informados dos procedimentos de exclusão dos testes: 1) não poderiam estar em recuperação de lesões; 2) estar sentindo dores em conseqüência da prática do jogo. Após as explicações do trabalho e do tempo de duração do treinamento concordaram em participar da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O presente estudo teve o parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa CEP - UNIMEP, conforme resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil.
Procedimentos dos testesLocal dos testes: os testes de RAST foram realizados em quadra externa com piso de cimento.
Materiais: foram utilizados três cronômetros da marca Casio Spotwash HS - 30 W, e uma trena de 30 metros da marca Fiberglass Tape Great Wall.
Descrição do teste de RASTO teste de RAST foi desenvolvido na Universidade de Wolverhampton (Reino Unido), para testar o desempenho anaeróbio de um atleta. O RAST proporciona para os treinadores medidas de potência e índice de fadiga. (www.brianmac.co.uk - acessado em 10/03/2003)
O teste apresenta uma maior especificidade para o Basquetebol por ser feito com corrida; utilizando-se a quadra de treinamento como laboratório, proporcionando maior adaptação às condições básicas do jogo.
O RAST. consiste em o atleta percorrer 6 (seis) tiros de 35 metros na maior velocidade possível, sendo que ocorre um intervalo entre os tiros de 10 segundos. Os atletas iniciaram o teste na posição em pé e respondiam ao comando: "preparar" "vai".
A potência produzida para cada corrida de curta distância é calculada usando as equações:
Potência = Peso x Distância2 / Tempo3
OBS: Para o cálculo da Potência Relativa divide-se o resultado pelo peso corporal.
Foram utilizados três avaliadores cada um com um cronômetro, sendo que um ficou posicionado no meio da distância a ser percorrida, para marcar os tempos dos tiros (pesquisador); os outros dois (técnico e auxiliar) cada um de um lado na linha final dos 35 metros para marcar os 10 segundos de descanso. Para cálculo da potência relativa dividimos os resultados pelo peso corporal nas fórmulas.
Programação de treinamentoA equipe desenvolveu durante o primeiro semestre, treinamentos basicamente técnicos e táticos. Os atletas retornaram para os treinos após 15 dias de férias, quando foi proposta a estruturação do presente estudo.
O modelo experimental foi estruturado a partir de uma série de informações coletadas na literatura desportiva especializada, portanto devidamente adaptado no presente estudo levando-se em conta o nível físico, técnico e tático dos atletas, além da faixa etária que requer uma atenção especial na adequação dos conteúdos e cargas a serem aplicadas durante o treinamento.
Oliveira (1998) descreve alguns critérios para um modelo de Estrutura Geral de Treinamento sendo eles: a representação prévia de um modelo de construção do processo de treinamento, verificação através de controles desenvolvidos cronologicamente nas diferentes etapas, a coerência entre o modelo planejado e a dinâmica das adaptações das diversas capacidades condicionais e a aplicabilidade do Modelo em Bloco.
A programação de treinamento foi composta por três períodos classificados em A, B e C, distribuídos em um Programa de Treinamento composto por 4 (quatro) meses (agosto a novembro), tendo um total de 17 (dezessete) semanas (Tabela 1).
Esta programação objetivou a participação da Equipe no Campeonato Paulista de Basquetebol (F.P.B.). Foram executados microciclos de controle e recuperação nas semanas 1,7, 13,17.
Tabela 1. Modelo de estruturação dos dias de treinamento.Utilizou-se o treinamento pliométrico como base para o desenvolvimento do estudo por ter seu reconhecimento e ser aceito pelos treinadores, que permitem o desenvolvimento desse tipo de treino em seus atletas como forma de desenvolver a força explosiva em curtos períodos de tempo (BLAKEY e SHOUTHARD, 1987; POOLE e MANERVAL, 1987).
A primeira Etapa de Treinamento "Período A" desenvolveu-se em um período de sete semanas, caracterizadas pelo desenvolvimento de força e de velocidade dando-se maior ênfase no volume (número de repetições), para obter uma adaptação do complexo neuromuscular utilizado.
A segunda etapa de treinamento "Período B" desenvolveu-se em um período de seis semanas, onde se procurou desenvolver o aumento das capacidades de força e velocidade do atleta diminuindo-se o volume e aumentando-se a intensidade do treinamento para intensificar o nível de tensão muscular e ativar o sistema neuromuscular gerando assim uma maior excitabilidade no músculo com a perspectiva de aperfeiçoar os componentes específicos da capacidade explosiva.
Na terceira etapa de treinamento "Período C" procurou-se nos treinamentos aplicar um volume menor e uma intensidade mais alta para que o treinamento se torne mais específico à modalidade. Os exercícios de desenvolvimento de saltos e velocidade tinham o objetivo de otimizar o complexo de potência da musculatura visando à rapidez de transição do trabalho excêntrico para o concêntrico, diminuindo o tempo de contato dos pés com o solo.
Nos microciclos de recuperação e controle foram feitos os testes de controle. A bateria de testes para o presente estudo foi escolhida de tal forma a medir as capacidades físicas exigidas para a prática do basquetebol.
Pesquisas que utilizam o método de bloco (OLIVEIRA, 1998; VERKHOSHANSKY, 2001) evidenciaram, em atletas de alto nível, uma diminuição no nível das capacidades condicionais, idealizou-se um modelo de estrutura do microciclo de "recuperação e de controle" (Figura 1), com o intuito de possibilitar a realização da bateria de testes em condições de supercompensação.
Figura 1 - Exemplo de um microciclo de recuperação e de controle para a aplicação da bateria de testes.Foram aplicados um total de 68 (sessenta e oito) sessões de treinamento divididas da seguinte forma:
Período ADuração: vinte e oito sessões de treinamento
Número de saltos por sessão: 116
Número de sessões com saltos por semana: 2 vezes
- Saltos sobre barreira - 30 saltos (3 séries de 10 saltos com tiro de 18 metros)
- Saltos em extensão com as duas pernas - 20 saltos (2 séries de 10 saltos)
- Saltos sêxtuplo unilateral - 36 saltos (3 séries cada perna)
- Saltos laterais usando um estágio de plinto - 15 saltos e velocidade 9.3.6.3.9 quadra de voleibol
- Saltos usando um estágio de plinto na largura - 15 saltos e velocidade 9.3.6.3.9 quadra de voleibol
Período BDuração: vinte e quatro sessões de treinamento
Número de saltos por sessão: 72
Número de sessões de salto por semana: 2 vezes
- Saltos sobre barreira e tiro de velocidade 20 metros - 24 saltos (3 séries de 8 saltos)
- Saltos em profundidade (contra-lateral com fase subseqüente) 1 - 2 - 3 - estágios do plinto - 4 saltos por passagem
- Saltos em profundidade (contra-lateral com fase subseqüente) 3 - 2 - 1 - estágios do plinto - 4 saltos por passagem
- Dinâmica Positiva - sem aproximação - 12 saltos
- com aproximação - 12 saltos
Período CDuração: dezesseis sessões de treinamento
Número de saltos por sessão: 45
Número de sessões de saltos por semana: 2 vezes
- Saltos em profundidade com fase subseqüente de definição de arremesso - 2º estágio de plinto - 18 saltos (3 séries de 6 saltos)
- Saltos sobre barreira com velocidade e bandeja - 12 saltos (4 séries de 3 saltos com velocidade 9.3.6.3.9 quadra de voleibol).
- Saltos laterais sobre dois estágios de plinto e tiro velocidade de 15 metros com parada para arremesso - 15 saltos
Plano estatísticoO plano estatístico foi desenvolvido através de análises dos resultados utilizando-se, média, desvio padrão e porcentagem. Para o teste de variância estatística foi utilizado o método de ANOVA ("P" < do que 0,05).
ResultadosAnálise das Variáveis de Estudo de Acordo com as Etapas do Treinamento e Significância Estatística.
Os resultados de Potência Máxima, média e mínima, absolutas (PA) e relativas (PR), bem como o índice de fadiga (IF) em % e Watts, obtidos nos Testes quatro testes de RAST (T1), (T2), (T3) e (T4) respectivamente, estão descritos na Tabela 2.
Tabela 2 - Resultado das Médias, Desvio Padrão e Índice de Fadiga, obtidos no teste de RAST.
*Asterisco indica diferença significativa (p<0,05) entre os testes
As Figuras 2, 4 e 5 representam os valores de Potências Máximas e Mínimas absolutos, onde se observa que para essas duas variáveis a análise de variância demonstrou, no resultado da potência máxima uma melhora estatisticamente significativa entre os testes T1 x T4, T2 x T3 e T2 x T4, porém ao analisarmos a potência mínima verificou-se um resultado de p<0,05 apenas entre os testes T1 x T4 e T2 x T4. Observa-se também que no T2 houve uma queda dos resultados em relação ao T1.
As Figuras 3, 6 e 7 mostram que, nas potências relativas máximas, observou-se um resultado de P<0,05 entre os testes T1 x T4, T2 x T3 e T2 x T4, enquanto que na potência relativa mínima apenas a variância entre os testes T1 x T4 e T2 x T4 foi estatisticamente significativa.
Figura 2 - Resultados das Potências Absolutas Máximas e Mínimas obtidas nos testes de RAST
Figura 3 - Resultados das Potências Relativas Máximas e Mínimas obtidas nos testes de RAST
Figura 4. Boxplots da Variância Significativa dos Testes de RAST analisando a Potência Máxima Absoluta.
Figura 5. Box plots da Variância Significativa dos Testes de RAST analisando a Potência Mínima Absoluta.
Figura 6. Box plots da Variância Significativa dos Testes de RAST analisando a Potência Máxima Relativa.
Figura 7. Box plots da Variância Significativa dos Testes de RAST analisando a Potência Mínima Relativa.
Discussão
Analisar as funções e reações musculares é de grande importância na ciência do movimento, principalmente na área das Ciências do Esporte a qual procura uma adequação dos programas de treinamento aos indivíduos. Estas análises têm sido feitas através de testes e retestes, os quais nos fornecem subsídios para a progressão dos esforços.
O basquetebol é uma modalidade esportiva com habilidades e capacidades bem definidas, sendo que os trabalhos feitos podem ser quantificados. As capacidades de Velocidade, Salto e Potência estão intimamente ligadas ao jogo, e por essa razão, os programas de treinamento devem usar testes para mensurar essas capacidades durante o treinamento da modalidade. Nessa direção o trabalho observou a performance neuromuscular nos testes de RAST.
Sobre potência Powers e Howley (2000) dispõem que seu conceito é importante para descrever a velocidade com que o trabalho está sendo executado, essa variável descreve a intensidade com que o exercício está sendo executado.
O teste de RAST visa obter informações sobre a potência desenvolvida pelo atleta utilizando-se a corrida.
O estudo demonstrou que, ao observar a potência média absoluta desenvolvida pelos atletas quanto a variância significativa o valor obtido foi de "P" 0,000, mostrando que os resultados obtidos são estatisticamente significativos, no entanto ao relacionar os testes entre si, T1 x T4 (P<0,005), T2 x T3(P<0,033) e T2 x T4 (P<0,002) foram significantes estatisticamente. Ao avaliarmos a potência média relativa observou-se um "P" de 0,001, sendo estatisticamente significativo também. Na comparação entre os testes verificou-se variância significativa entre os testes T1 x T4 (P<0,007), T2 x T3 (0,010) e T2 x T4 (P<0,000), comprovando a diferença.
Bompa (2002) descreve que em esportes de características de velocidade e potência, a fadiga se torna perceptível para quem possui uma visão experiente. Os atletas reagem mais lentamente às atividades explosivas e demonstram um prejuízo na coordenação e aumento da fase de contato (solo).
Não se utilizou no trabalho, um treinamento específico para desenvolver a capacidade aeróbia devido ao período de competição que a equipe se encontrava, Nesse sentido, Hoffmann et al (1999) examinaram o efeito da capacidade aeróbia no desempenho, na fadiga, e na recuperação cardíaca que se segue ao exercício anaeróbio de alta intensidade, em jogadores de basquetebol. Foram executados testes de VO2máx, Wingate e corrida de 143 metros. Os autores relataram uma relação moderada entre o VO2máx. e o Wingate (r=0,57). Porém, nenhum relacionamento significativo foi encontrado entre o VO2máx. e o IF (r=-0,23) ou na corrida de 143 metros. Esses resultados demonstram pouca relação entre a capacidade aeróbia e os índices de recuperação de exercícios de alta intensidade no basquetebol.
Harris et al. (2000) estudaram três diferentes métodos de programas de treinamento para avaliar as variáveis do desempenho do atleta. Foram utilizados os testes de SV, Margaria-Kalamen, Corrida de 30 m, Shuttle run e SH. Os resultados demonstraram que o grupo de treinamento combinado obteve valores significativos em sete variáveis enquanto que, o grupo de força melhorou significativamente em quatro variáveis e o grupo de potência melhorou em cinco variáveis. Isso demonstra a importância da combinação de treinamentos para desenvolver as capacidades de força e de velocidade para a melhoria do desempenho do atleta, tal fato também ocorreu no presente estudo.
Teoricamente esse tipo de treinamento é melhor para o desenvolvimento da velocidade e da força, pois o movimento específico desenvolvendo a potência produz altos resultados para desenvolver a força, promovendo estímulos intra e intermusculares que melhoram a coordenação durante os movimentos de velocidade e explosão. (HAFF et al, 1997; STONE, 1993).
Os resultados do presente estudo estão em conformidade aos estudos descritos acima, pois se demonstrou que o treinamento de salto combinado com o de velocidade melhora a performance da potência dos membros inferiores em atletas de basquetebol.
Considerações finais
O basquetebol por ser uma modalidade com característica intermitente, em que, percebe-se uma alta intensidade de esforços, necessitando, assim, de um planejamento de treinamento organizado para desenvolver as capacidades físicas necessárias para a sua execução. Dentro dessa perspectiva, o treinamento de saltos combinado com o de velocidade demonstrou ser eficiente para elevar os níveis de performance da potência muscular dos atletas.
As análises feitas das alterações funcionais ocorridas demonstraram que esse tipo de treinamento promove um incremento suficiente das capacidades físicas de força, velocidade e potência no atleta, e conseqüentemente em seu nível de jogo.
O programa mostrou bastante sensibilidade sobre a capacidade de potência dos atletas, onde se observou uma diminuição nos resultados do T2, mostrando o efeito dos estímulos de treinamentos aplicados. Após a adaptação percebeu-se que houve uma supercompensação dos atletas sobre essa variável.
Observou-se através do estudo, que para a otimização dos níveis da performance da potência muscular, o período especificado dentro do programa deve respeitar as condições necessárias para o desenvolvimento dessas capacidades, pois o estudo demonstrou no segundo teste (7ª semana) um decréscimo nos resultados de alguns testes (RAST), isso se justifica pela resposta (adaptação) do sistema neuromuscular aos estímulos propostos na primeira etapa de treinamento. Esse decréscimo era esperado, pois no período de treinamento na etapa "A", os atletas estavam em condições iniciais de treino, portanto reagindo de forma mais acentuada aos estímulos aplicados pelo treinamento.
O programa de saltos e velocidade aplicados aos jogadores de basquetebol apresentou-se adequado para a fase de competição. Porém estudos concomitantes de força e potência aeróbia devem ser realizados para comparações futuras.
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digital · Año 10 · N° 94 | Buenos Aires, Marzo 2006 |