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Análise do ângulo de flexão do
joelho na virada no nado crawl

   
Universidade do Estado de Santa Catarina
Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos
Laboratório de Pesquisas em Biomecânica Aquática
(Brasil)
 
 
Luciana Gassenferth Araujo
Suzana Matheus Pereira
Elinai dos Santos Freitas
Caroline Ruschel
Helio Roesler

lugassen@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
    Objetivou-se analisar os ângulos de flexão de joelho durante a virada no nado Crawl de nadadores de diferentes níveis técnicos e categorias. Compuseram a amostra 38 nadadores, escolhidos intencionalmente, tendo domínio da técnica de execução da virada no nado Crawl. Cada nadador realizou 8 viradas. Para a aquisição do ângulo de flexão do joelho utilizou-se uma câmera filmadora acoplada a uma caixa estanque posicionada dentro da água. Foram utilizados marcadores em pontos anatômico. Os dados foram analisados e tratados pelos softwares Adobe Premiere 6.5. e Corel Photo-Paint 10. Obteve-se o valor médio de ângulo de flexão de joelho de 78,34 graus. As características da flexão de joelho apresentaram bastante variação angular, observando-se que execuções com ângulos entre 110° e 120° resultaram em viradas mais rápidas. Os resultados confirmam a teoria de Wiktorin e Nordin (1986), em que o torque máximo de extensão dos joelhos é obtido com 110° a 120° de flexão, e ainda concordam com o estudo de Takahashi (1982), que sugere ângulos ótimos de flexão de joelho de 120° durante a virada. Os nadadores especialistas em provas de velocidade apresentaram maiores valores de ângulo de flexão do joelho durante a fase de impulsão da virada no nado Crawl, ocasionado viradas mais rápidas. A identificação de valores ótimos de ângulos de flexão do joelho durante a fase de impulsão, aliado a outros fatores, pode ser determinante para a performance de virada no nado Crawl e, conseqüentemente, pode influenciar o tempo total de uma prova de natação.
    Unitermos: Biomecânica. Natação. Virada do nado crawl.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 93 - Febrero de 2006

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Introdução

    A determinação de um ângulo ótimo de flexão dos joelhos durante a fase de impulsão na borda da piscina é um ponto polêmico de discussão entre técnicos e atletas envolvidos com a Natação. Isto se deve, principalmente, aos resultados contraditórios apresentados nas pesquisas realizadas nesta área. Takahashi (1982), sugere um ângulo de flexão dos joelhos de 120º graus. Já para Maglischo (1999), este ângulo deve ser maior que 90º graus. Counsilman (1978) afirma que ângulos de flexão entre 50º e 60º graus aumentam significativamente a força dos extensores do quadril. Wiktorin e Nordin (1986), sugerem que o torque máximo de extensão dos joelhos é obtido com 110° a 120° de flexão.

    Este estudo teve como objetivo analisar o ângulo de flexão do joelho durante a virada no nado Crawl de nadadores de diferentes níveis técnicos e categorias.


Método

    Compuseram a amostra 38 nadadores integrantes da equipe de natação do Clube Doze de agosto da cidade de Florianópolis/SC, federados junto à Federação Aquática de Santa Catarina (FASC). Os sujeitos foram escolhidos de forma intencional, tendo domínio da técnica de execução da virada do nado Crawl.

    Apresentam média de idade de 18,2 ± 3,2 anos (idade mínima de 13 anos e máxima de 26 anos), média de massa corporal de 63,8 ± 11,4Kg (menor valor de massa corporal de 47,7Kg e maior valor de 88,2Kg), média de estatura de 1,70 ± 0,1m (menor valor de estatura de 1,53m e maior valor de 1,89m), conforme Tabela 1:

Tabela 1: Características dos sujeitos da pesquisa


(n) = número de sujeitos, () = média, (s) = desvio padrão, (CV%) = coeficiente de variação

    Para a aquisição dos dados foi utilizada uma câmera digital Mini-DV Mega Pixel 3CCD, com freqüência de aquisição de 60Hz acoplada a uma caixa estanque para filmagem subaquática, posicionada dentro da água, com vista de baixo para cima, na parede em que os nadadores realizam a virada.

    Para determinar o ângulo de flexão de joelho (AJ) foram usados marcadores em pontos anatômicos, confeccionados com fita Super Tape de cor preta e vermelha, de maneira que fossem reconhecidos na análise das imagens. Foram marcados os pontos anatômicos bilaterais da coxa (trocanter maior), do joelho (epicôndilo lateral) e do tornozelo (maléolo lateral, parte proeminente).

    O tempo gasto pelos nadadores para realizar a virada foi cronometrado a partir do 7,5m anteriores à virada até retorno ao mesmo ponto após a execução da virada.

    A coleta de dados foi realizada nas dependências da piscina do Clube Doze de Agosto (Florianópolis, SC), inserida na sessão de treinamento estabelecida pelo técnico, mantendo uma situação real de treino à qual os nadadores já estavam familiarizados. Os nadadores foram numerados de 1 a 38, sendo esta ordem estabelecida para a realização das viradas. Ao comando do técnico, o nadador correspondente à ordem estabelecida iniciou o nado, partindo de dentro da piscina, na borda oposta à de virada, em velocidade crescente até os 12 metros. Ao atingir a velocidade máxima neste ponto. A partir deste ponto até seu retorno, manteve-se nadando em velocidade máxima, realizando a virada e mantendo a velocidade até seu retorno aos 12m, reduzindo até chegar ao local de partida. Cada nadador realizou 8 tiros de 50m com o intervalo de, aproximadamente, 12 minutos entre cada tiro.

    Os dados obtidos foram gravados em fitas mini-DV, sendo analisados e tratados, primeiramente, com a utilização do software de edição de imagens Adobe Premiere 6.5. As viradas foram separadas e arquivadas por nadador, de acordo com sua numeração, sendo selecionado o quadro em que o nadador apresenta a máxima flexão de joelho durante o impuslo na borda da piscina (Figura 1):


Figura 1. Quadro ilustrativo de um nadador realizando a máxima flexão do joelho durante a virada.

    Posteriormente, os arquivos foram exportados e analisados no software de edição de imagens Corel Photo-Paint versão 10, sendo obtida a variável ângulo de flexão do joelho (AJ), conforme a Figura 2.


Figura 2. Quadro ilustrativo de um nadador com a marcação do ângulo de flexão do joelho.

     Para a caracterização dos dados foi utilizada a estatística descritiva com média (), desvio padrão (s) e coeficiente de variação (CV%).


Resultados e discussão

    Foram analisadas 304 viradas, obtendo-se o valor médio do ângulo de flexão do joelho de 78,34 graus, desvio padrão de 24,4 graus e coeficiente de variação de 31,4%.

    Observou-se que execuções com ângulos entre 110° e 120° resultaram em viradas mais rápidas. Os resultados confirmam a teoria de Wiktorin e Nordin (1986), em que o torque máximo de extensão dos joelhos é obtido com 110° a 120° de flexão, e ainda concordam com o estudo de Takahashi (1982), que sugere ângulos ótimos de flexão de joelho de 120° durante a virada.

    O maior valor para o ângulo de flexão de joelho foi de 161 graus, obtido pelo nadador n° 13, da categoria Sênior, especialista nas provas de 50m e 100m nado Livre, atual Campeão Brasileiro da prova de 100m nado Livre. O menor valor do ângulo foi de 29 graus, obtido pelo nadador nº 7, da categoria Juvenil I, especialista nas provas de 400m e 800m nado Livre. Estes resultados refletem a tendência observada quando da comparação entre os ângulos de flexão máxima dos joelhos de nadadores especialistas em provas de velocidade e de nadadores especialistas em provas de fundo: os velocistas apresentam maiores valores de ângulo de flexão do joelho, enquanto os fundistas apresentam menores valores. Segundo Maglischo (1999), nas provas de nado Livre os nadadores gastam de 20% a 38% do tempo total de prova realizando viradas, em distâncias que variam, respectivamente, de 50 a 1500 metros. Portanto, a representatividade deste percentual é diferente conforme a distância nadada. Nadadores velocistas devem executar viradas mais rápidas ocasionadas, neste estudo, quando da realização de execuções com ângulos de flexão de joelho maiores que 110º.


Considerações finais

    Os nadadores especialistas em provas de velocidade apresentaram maiores valores de ângulo de flexão do joelho durante a fase de impulsão da virada no nado Crawl, ocasionado viradas mais rápidas.

    A identificação de valores ótimos de ângulos de flexão do joelho durante a fase de impulsão, aliado a outros fatores, pode ser determinante para a performance de virada no nado Crawl, podendo influenciar no tempo total de uma prova de natação.


Referências bibliográficas

  • COUNSILMAN, J. E. A natação - ciência e técnica para a preparação de campeões. Rio de Janeiro: Livro Ibero - Americano , 1978.

  • MAGLISHO, E. Nadando ainda mais rápido. Rio de Janeiro: Guanabara, 1999.

  • TAKAHASHI, G. Propulsive forces generated by nadadors during a turning motion. In: Symposium of biomechanics in swimming, [s.l]. Anais... [s.l]: Human Kinetic Publishers, 1982. p.192-198, 1982.

  • WIKTORIN, Christina V. H.; NORDIN, Margareta. Introduction to problem solving in biomechanics. New York, USA: Lea & Febiger, 1986. p.177.

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revista digital · Año 10 · N° 93 | Buenos Aires, Febrero 2006  
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