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Causas de lombalgia em grupos de pessoas
sedentárias e praticantes de atividades físicas

   
Centro Universitário Toledo - UNITOLEDO - Araçatuba, SP
Curso de Educação Física
(Brasil)
 
 
Gisele Torres de Jesus
Profª. Ms. Ildélia de Souza Fusco Marinho

tumelero.prof@toledo.br
 

 

 

 

 
Resumo
    Neste trabalho estuda-se quais as causas da lombalgia, os motivos e os meios de prevenção. Foram aplicados 3 instrumentos: a mobilidade da coluna segundo Grahane, medindo a distância da ponta dos dedos médios ao chão, com o avaliado em posição ereta e inclinando-se para frente tentando encostar suas mãos ao solo sem flexionar os joelhos; a postura foi avaliada de acordo com Tachdjian em quatro graus: A postura excelente ou quase perfeita, B postura boa mas não ideal, C postura deficiente mas não a pior possível, D postura ruim e muito possivelmente causadora de sintomas; e ainda um questionário com 10 perguntas quanto as queixas diárias de dores lombar. Participaram destes testes 23 mulheres, ente 16 e 50 anos divididas em 3 grupos sendo eles: Grupo A pessoas sedentárias; Grupo B pessoas que praticam atividades físicas há 2 meses, duas vezes por semana; Grupo C avaliados praticando atividades físicas há mais de 6 meses, 5 vezes por semana. Tendo em vista os resultados obtidos, pode-se observar que a prática de atividade física contínua e bem orientada contribui para uma melhor postura e menor incidência de dores lombar.
    Unitermos: Lombalgia. Motivos. Prevenção.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 92 - Enero de 2006

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Introdução

    A lombalgia é um dos maiores problemas de saúde pública. Há em média um gasto com esta patologia de 30 bilhões de dólares/ano, sendo cerca de 80% dos custos referem-se a pacientes com dores crônicas nas costas. Isto leva a um grande impacto socio-econômico fazendo com que haja uma necessidade de incentivar os meios de prevenção como exercícios de alongamento e correção postural para que se obtenha uma melhor condição de vida (AN - 1995).

    Em uma pesquisa feita em São Bernardo dos Campos para identificar os motivos que mais causam licença médica com afastamento do trabalho, tiveram como causas:

  • 1º depressão e estresse físico

  • 2° lombalgia

    Os números citados pela literatura são assustadores, cerca de 80% da população geral sofrerão dores nas costas, porém apenas 2-3% sofrerão dor ciática (AN - 1995).

    A idade média de aparecimento é ao redor dos 35 anos de idade, sendo incomum abaixo dos 20 anos e acima dos 60 anos. O disco herniado em crianças é raro, mas o deslizamento de todo o disco e placa terminal vertebral ou o deslizamento das apófises vertebrais podem mimetizar os discos herniados. A hérnia de disco em idosos é também incomum, mas pode estar associado à estenose espinhal. A relação entre os sexos é igual, mas as mulheres se apresentam uma década mais tarde, na média. São numerosas as etiologias das lombalgias, incluindo as condições metabólicas, congênitas e outras não relacionadas com patologia vertebral (AN - 1995).

    Já a dor lombar em população de atletas é bastante comum em levantadores de peso, ginastas, mergulhadores, dançarinos, bailarinas, lutadores, porém não muito freqüente em nadadores (NYSCA - 2000). Nos atletas o diagnóstico diferencial deve ser feito com Doença de Schuerman, trauma ligamentar e muscular, hérnia discal, lesões em articulações facetárias, tumores, infecções e espondilólise (NYSCA - 2000).

    Com este conhecimento, compreende-se por 90% das pessoas, ao menos uma vez na vida, sofrerão dor lombar (LEITÃO - 1995).

    O comprimento médio da coluna vertebral é em torno de 71 cm no sexo masculino. Deste comprimento, a parte cervical mede 12,5 cm, a torácica, cerca de 28 cm, a lombar, 18 cm, e o sacro e o cóccix, 12,5 cm. A coluna do sexo feminino tem cerca de 61 cm de comprimento (GRAY - 1998).

    A coluna é formada por uma série de trinta e três a trinta e quatro pequenos ossos superpostos chamados vértebras, separados uns dos outros por vinte e três discos unidos por fortes ligamentos e trinta e um pares de nervos espinhosos. As vértebras sacrais e coccígenas são fundidas em peça única não apresentando disco intervertebral (MIRANDA - 2000). Existem cento e quarenta músculos ligados a coluna, uma grande número de ligamentos e tendões (NIEMAN - 1999).

    A coluna vertebral é dividida em 5 regiões, sendo:

  • cervical com 7 vértebras

  • torácica com 12 vértebras

  • lombar com 5 vértebras

  • sacral com 5 vértebras, podendo variar de 4 a 6 .

  • coccígena com 4 vértebras rudimentares, podendo variar de 5 a 3 (GRAY - 1998).

    Nas três regiões mais craniais da coluna as vértebras permanecem distintas durante toda a vida e são conhecidas como vértebras verdadeiras ou móveis; as da região sacral e coccígena, por outro lado, são denominadas vértebras falsas ou fixas, pelo fato de estarem unidas entre si no adulto para formar dois ossos, cinco formando o sacro, e quatro o osso terminal ou cóccix (GRAY - 1998).

    Uma vértebra típica constitui-se de duas partes essenciais: um segmento ventral, o corpo, e uma parte dorsal o arco vertebral (arcus vertebralis; arco neural), que envolve o forame vertebral. Quando os corpos das vértebras estão unidos ou articulados por meio de discos fibrocartilaginosos intervertebrais,vêm formar um potente pilar para sustentar a cabeça e o tronco.

    Localizados entre o arco vertebral (lâmina e pedículos) e o corpo vertebral está o forame vertebral, que forma através da justaposição das vértebras e discos um tubo, o canal vertebral (MIRANDA - 2000). De cada lado, e localizado entre os pedículos, está o forame de conjugação. Dentro do canal vertebral, está o sistema nervoso. Na região lombar-sacra, ele é constituído pela cauda equina e dentro dos forames de conjugação estão as raízes nervosas (GRAY - 1998).

    O corpo vertebral é a porção mais volumosa da vértebra, constituído basicamente de tecido ósseo esponjoso.

    Entre um corpo vertebral e outro, temos o disco intervertebral que serve como um sistema hidráulico completo que absorve choques e ajuda a distribuir a carga de maneira suave e uniforme (MIRANDA - 2000).

    Os dois componentes básicos do disco são:

  • o anel fibroso, externamente

  • o núcleo pulposo, internamente

    O núcleo pulposo é um gel semifluido compreendendo de 40% a 60% do disco. Sua composição tem de 70% a 90% de água, com o proteoglicano constituindo 65% do peso seco e o colágeno 20% do peso seco. O núcleo pode ser deformado sob pressão, participando na absorção de choques e equilibrando essas cargas (COHEN - 2003).

    A coluna, na sua porção lombo-sacra é constituída por vértebras, pelo osso sacro e pelo coccix. As vértebras relacionam-se entre si através das articulações interapofisárias, na porção posterior, e dos discos intervertebrais, na porção anterior. Elementos importantes são os ligamentos, composto pelo supraespinhoso, o interespinhoso e o amarelo, posteriormente, e os longitudinais anterior e posterior, na porção anterior da coluna.

    Os músculos que atuam sobre a coluna lombar podem ter suas inserções na coluna, denominados intrínsecos ou extrínsecos ou, fora dela como alguns músculos pélvicos.


A postura e seu desenvolvimento

    No útero, o feto está em uma posição de flexão, com uma curva convexa da coluna repousando contra a curva da parede uterina. Após o nascimento o desenvolvimento da postura é afetado pelas forças constantes exercidas pela gravidade.

    O recém-nato repousa em uma posição quase horizontal, incapaz de suportar sua cabeça ou tronco. Quer na posição prona quer na supina, a força gravitacional é exercida em um plano horizontal e tende a retificar a cifose adotada no período intra uterino.

    Quando a criança é capaz de sustentar a cabeça e começa a sentar-se, o peso da cabeça. Combinado com a atitude em flexão persistente dos quadris e da flexão associada da pelve sobre a coluna, produz uma longa curva convexa em toda a coluna. No estágio de ficar em pé, esta curva convexa total do dorso é normal.

    Na posição em pé, a força da gravidade é exercida em uma direção vertical, causando uma lordose lombar exagerada e um abdômen protuberante. Com o crescimento e desenvolvimento adicional, a criança melhora sua postura e torna-se mais ágil em andar e correr.

    A coluna vertebral do adulto não deve apresentar nenhuma curvatura no plano coronal, se houver a mesma é chamada de escoliose e é considerada uma patologia (MIRANDA - 2000). Já GRAY (1998), afirma que a coluna vertebral tem uma leve curvatura lateral cuja convexidade se dirige para o lado direito. Esta pode ser produzida por ação muscular; a maioria das pessoas usa mais o braço direito do que o esquerdo, sobretudo ao exercerem um esforço contínuo, quando o corpo se curva para o lado direito. Reforçando esta explicação, foi observado que em indivíduos canhotos a convexidade se dirige para o lado esquerdo. Outros acham que esta curvatura é produzida pelo arco aórtico e parte superior da aorta torácica descendente, um ponto de vista apoiado pelo fato de que quando há transposição de vísceras e a aorta está do lado direito a convexidade da curva está dirigida para o lado esquerdo.

    Já no plano sagital (vista lateral) a coluna vertebral apresenta várias curvas que correspondem às suas diferentes regiões, denominadas cervical, torácica, lombar e pélvica. A curva lombar é mais marcada na mulher do que no homem; inicia-se no meio da última vértebra torácica e termina no ângulo sacrovertebral. É convexa ventralmente, com convexidade das três vértebras mais caudais bem maior do que das duas craniais. As curvas torácica e pélvicas são denominadas curvas primárias, pois só elas estão presentes na vida fetal. A cervical e a lombar são curvas de compensação ou secundárias, e aparecem depois do nascimento, a primeira quando a criança já pode sustentar a cabeça (aos três ou quatro meses) e sentar-se ereta (aos nove meses), e a segunda aos doze ou dezoito meses, quando a criança começa a andar (MIRANDA - 2000).

    A postura de cada pessoa pode ser alterada por vários fatores, por exemplo:

  • Contratura fascial e musculotendinosa- A contratura das estruturas dos tecidos moles, especialmente a fáscia lata, músculos isquiotibiais, cápsula anterior do quadril e peitorais afetam a postura.

  • Força muscular- Particularmente importante é a força do glúteo máximo, músculos abdominais, eretores da coluna e adutores da escápula.

  • Inclinação pélvica- A pelve é a base sobre a qual repousa a coluna vertebral. Qualquer alteração correspondente na posição da quinta vértebra lombar em relação ao sacro, o que, a seu turno, altera a postura de toda a coluna. A inclinação da pelve é usualmente controlada pelos músculos situados próximos ao quadril. Ela é acentuada pela contração dos extensosres do quadril; glúteos, isquiotibiais e porção posterior dos adutores dos quadris, e é diminuída pela contração dos flexores do quadril; iliopsoas, reto femoral, pectíneo e a porção mais anterior dos adutores do quadril. A coluna é fletida pelos músculos iliopsoas e abdominais e é estendida pelo eretor da coluna. Os músculos abdominais atuam sinergergicamente com os glúteos, o último diminuindo a inclinação pélvica e o primeiro reduzindo a lordose lombar. A mobilidade da coluna vertebral é maior na região lombar; na coluna torácica a rotação é de considerável magnitude, mas a flexão e a extensão são limitadas. Os músculos da respiração produzem um efeito secundário na postura por haver alguma extensão da coluna dorsal a cada inspiração.

    Na postura normal, o peso do corpo é levado para a frente sobre as "bolas" dos pés (região do hálux), os membros inferiores estão alinhados com os quadris e joelhos em extensão neutra, a inclinação pélvica é de cerca de 60° com a vertical, o abdômen está retraído, os ombros estão nivelados e horizontais e a cabeça está mantida ereta. A linha do centro da gravidade do corpo vai do processo mastóide à junção cervicodorsal, atravessando os corpos vertebrais na junção dorsolombar e caindo imediatamente anterior à articulação sacroilíaca e levemente posterior à articulação do quadril; ela passa através da porção anterior do joelho e termina em frente ao talo no tornozelo (GRAY - 1998).

    A coluna lombar tem a características de suportar uma carga extremamente alta, devido a superposição do peso do corpo com forças adicionais como levantamento de pesos e outras atividades que envolvem forças de potentes grupos musculares.As vértebras lombares são as mais freqüentemente envolvidas nos processos dolorosos; por suportarem a maior da carga do corpo.

    A carga que a coluna lombar suporta também está relacionada ao alinhamento da coluna, seja no plano sagital, em que o grau da lordose varia de acordo com o biotipo, com a ação dos músculos lombares e abdominais e eventuais desvios.

    A idade influi na mobilidade da coluna pois, com o envelhecimento, ocorre o enrijecimento das articulações fato que, associado a uma diminuição na potência muscular e perda da massa óssea, pode reduzir a função da sustentação (GRAY - 1998).

    Anatomicamente, o termo "Síndrome da dor lombar baixa" é aplicado à dor apresentada na região lombossacral, entre a primeira vértebra lombar (L1) e a primeira vértebra sacral (S1). O local mais comum indicado de lombalgia é o segmento lombar entre a quarta vértebra lombar (L4) e a quinta vértebra lombar (L5) (NIEMAN - 1999).

    A coluna lombar, funcionalmente, está intimamente relacionada com os movimentos das articulações coxofemorais, assim como o posicionamento da pélvis.

    Os principais fatores envolvidos na "síndrome da dor lombar" são a fraqueza muscular, principalmente na região adbominal e a baixa flexibilidade articular no dorso e nos membros inferiores. Os exercícios de força e flexibilidade são comumente prescritos para prevenir e reabilitar um indivíduo com esta patologia (KATCH - 1996).

    A dor pode surgir em decorrência de movimento comuns, após espirro, exercícios, esforços violentos, traumas ou até mesmo por causas extrínsecas não relacionadas com a coluna lombar (LEITÃO - 1997).

    As principais causas de dor lombar são:

  • postura viciosa

  • aumento do peso corporal tais como obesidade, gravidez, ptose abdominal.

  • o uso constante de saltos altos é , na realidade uma agressão, tanto para os pés como para a coluna vertebral

  • desequilíbrios musculares

  • fraqueza dos músculos retroversores da pelve

  • aumento da tensão dos músculos psoas ilíaco, reto femoral, tensos da fáscia lata e eretores da espinha (MIRANDA - 2000).

    Com o estudo dos movimentos corporais, verificou-se que a coluna vertebral desempenha importante papel, devido à estratégia localização no centro do corpo. Ao realizar um movimento com o membro superior ou inferior, a coluna participa fornecendo estabilidade e magnificação a este movimento. Por exemplo: ao chutar uma bola, ou arremessar, precisamos da coluna para absorver o impacto.

    A utilização de exercícios contra resistência, se realizado de forma adequada, tal treinamento proporciona um excelente meio de fortalecimento dos músculos do abdome e da região lombar, de modo a sustentar e proteger a coluna vertebral. Entretanto, como freqüentemente ocorre, muitos indivíduos que tentam ganhar força muito rapidamente podem realizar exercícios de forma errada como resultado grupos musculares adicionais são recrutados, a coluna vertebral é alinhada de forma inadequada, principalmente com arqueamento da região lombar, o que coloca uma sobrecarga nessa região. Um exercício a princípio simples, como um abdominal se feito inadequadamente com os membros inferiores estendidos, a região lombar arqueada e a cabeça para trás, pode impor uma sobrecarga muito grande à região lombar (abdominais devem ser sempre realizados com os joelhos flexionados e o queixo no peito). Exercícios de extensão ou flexão de braços com pesos, se realizados com hiperextensão excessiva da região lombar, podem causar uma sobrecarga muscular ou pressão na coluna vertebral, podendo desencadear dor lombar (KATCH - 1996).

    Na academia os exercícios podem causar dor lombar quando:

  • realizados por pessoas que estão iniciando uma atividade física, que apresentam uma postura incorreta durante ou após a execução do exercício. A dor pode ser no momento do exercício ou pode se instalar após o mesmo.

  • exercícios de treinamento com sobrecarga

  • musculação

  • exercícios que ao estar em decúbito dorsal movimentem a parte inferior dos membros

  • abdominal com joelhos estendidos

  • alongamentos com postura incorreta de extensão, flexão e flexão lateral do tronco

  • se o atleta apresenta dor lombar determinados tipos de exercícios podem agravar o quadro inflamatório.

    As pessoas que estão iniciando uma atividade física devem ser orientadas e supervisionadas pelo seu treinador físico quanto a sua postura durante a execução de todos os exercícios e o sincronismo com a respiração.

    Os exercícios de treinamento com sobrecarga que são trabalhados com repetições em blocos usando halteres, tornozeleiras ou barras com anilhas deve-se tomar cuidado com a capacidade física de cada atleta, lembrando das categorias iniciante, intermédio e avançado. Determinados tipos de exercícios só podem ser realizados quando o aluno já tiver um bom tonus da musculatura abdominal e uma postura já corrigida, para que não haja sobrecarga na coluna.

    Por essas razões, aqueles que iniciam um programa de exercícios de força estão obrigados a realizá-los corretamente, da forma prescrita (KATCH - 1996).

    Use sempre a técnica adequada. Nunca sacrifique a execução correta da série, levantando um peso maior por conta própria ou aumentando mais repetições. O peso extra levará com técnica errada não fortalecerá a musculatura e ainda causará leões musculares e na coluna lombar (KATCH - 1996). Inicialmente, deve-se pesquisar a história, a localização e a freqüência da dor, o tempo de queixa da dor e os fatores de melhora e piora. Saber se a dor ocorre durante o repouso durante alguma atividade, ou se algum movimento provoca dor.

    O exame físico inicia no momento em que o paciente entra no consultório, por meio de observação de seu comportamento e aspecto geral.

    O exame físico deve ser feito com o paciente utilizando somente roupa íntima, e subdividido em inspeção palpação, movimentos, exame neurológico e teste especiais. Os exames da marcha, dos quadris, da bacia e dos membros inferiores devem ser rotineiramente realizados devido à íntima relação de sintomas localizados nesses segmentos do esqueleto com a coluna vertebral.

    A inspeção deve ser realizada com o paciente na posição ereta e despido, examinando-se a face anterior, posterior e lateral da superfície corporal.

    A pele é inspecionada a procura de cicatrizes, escoriações ou hematomas, lesões de manchas "café-com-leite". Leões ou manchas na pele, localizadas na linha média, sugerem a presença de lesões neurais ocultas ou anomalias do mesoderma.

    No plano sagital, o alinhamento da coluna é globalmente inspecionado, observando-se a postura do paciente e a relação, entre si, das curvas sagitais da coluna vertebral. O aumento ou redução da lordose lombar devem ser observados, e essas alterações podem estar relacionadas a problemas localizados na coluna lombar ou secundárias a deformidade presente na articulação do quadril ou segmentos mais altos da coluna vertebral (OSVANDIÉLEDI - 2001).

    No plano frontal é observado o alinhamento vertical da coluna vertebral, o alinhamento horizontal das cristas ilíacas, a simetria do contorno lateral da cintura e do triângulo do talhe, que é formado pelos membros superiores e face lateral do tronco. O desvio da coluna no plano frontal (escoliose) pode estar relacionado com a diferença de comprimento dos membros inferiores, contraturas em adução ou adbução das articulações dos quadris, escoliose idiopática, escoliose neuromuscular congênita e também, a processos álgicos da coluna lombar, nos quais a escoliose é devida a uma contratura reflexa da musculatura para vertebral. Esse tipo de contratura reflexa geralmente provoca um aplainamento da lordose lombar, acompanhada de escoliose.

    A postura lordótica nas mulheres é mais acentuada do que nos homens. O aumento da lordose lombar está diretamente relacionado com a inclinação da pelve anteriormente (anteversão da pelva) (OSVANDIÉLEDI - 2001).

    A avaliação da hiperlordose lombar é feita no plano sagital. O avaliado fica de lado para o avaliador. Observar o aumento da curva lombar e anteversão da pelve (MIRANDA - 2000).

    O exame dos movimentos da coluna lombar é mais complexo do que aparenta e tem sido descrito na maioria dos textos de semiologia. A amplitude da flexão na coluna lombar varia de 40° a 60°, a extensão de 20° a 35°, a inclinação lateral de 15° a 20° e a rotação de 3° a 18° (OSVANDIÉLEDI - 2001).

    O exame deve considerar a avaliação da amplitude dos diferentes movimentos da coluna lombar, o aparecimento de dor espasmo muscular, rigidez e bloqueio.

    Durante o exame do movimento de flexão do tronco, deve ser avaliado se este está sendo realizado na coluna lombar, pois se é possível tocar o solo com as mãos sem que haja movimento nesse segmento vertebral. Durante a realização do movimento , deve ser observado se ocorre inversão da lordose lombar, cuja concavidade inicial em situações normais apresenta forma convexa no final do movimento.

    A mobilidade da coluna lombar deve ser pesquisada. Na flexão, o paciente inclina-se anteriormente o mais que puder, tentando tocar os pés, mantendo os joelhos entendidos. Nesse movimento, o ligamento longitudinal anterior é relaxado e o complexo ligamentar posterior (ligamento longitudinal posterior, ligamento amarelo, ligamento supra e espinhoso) é tensionado.

    A postura em hipercifose torácica geralmente vem acompanhada de contratura da musculatura dos isquitibiais, como mostrado pela limitação da elevação da perna esticada e na habilidade de tocar o solo na flexão ventral da coluna.

    Os pacientes com dor lombar apresentam retificação da lordose lombar devido a um espasmo da musculatura para-espinhal, que pode ser visualizado no exame físico assim como nas radiografias.

    A limitação do movimento de flexão ou aparecimento de dor é freqüentemente devido a irritação do nervo ciático por hérnia de disco, mas pode ocorrer em outras situações. Por outro lado, a dor ocasionada pela extensão pode ser também um achado não específico, mas está intimamente relacionada com espondilólise ou espondilolistese nos pacientes jovens e estenose do canal e artrose facetária nos mais idosos (ARIYOSHI - 1999).

    A observação da maneira como o movimento de retorno à posição ereta é realizado após a flexão é também muito importante. Deve ser observado se o paciente realiza o movimento de modo suave, ou se inicialmente estende a coluna lombar e fixa-a na posição de lordose para, a seguir, realizar a extensão dos quadris até alcançar a posição ereta. Esse modo de realizar o movimento pode ser observado em pacientes que apresentam artrose das facetas articulares.

    Na reabilitação da dor lombar estão incluídos:

  • a musculatura abdominal estando fortalecida leva a menor sobrecarga lombar.

  • fortalecimento da musculatura paravertebral

  • fortalecimento da musculatura glútea

  • fortalecimento da musculatura da coxa e perna

  • alongamento da musculatura paravertebral

  • alongamento do quadríceps

  • alongamento dos ísquio tibiais (hamistrings)

  • alongamento do tríceps sural

  • alongamentos logo ao acordar

  • atividade física regular

  • correção da postura

  • correção do modo de deitar

  • modo de carregar peso (KATCH - 1996).


Objetivo

    Identificar as causas da lombalgia, os motivos e assim os meios de prevenção.


Metodologia

Foram 23 avaliados, do sexo feminino , tendo a idade média de 32,7 anos, sendo a menor idade de 16 e a maior idade de 50 anos divididas em 3 grupos sendo eles:

Grupo A - 05 pessoas (n=5), com idade média de 34,8 anos, sendo pessoas sedentárias.
Grupo B - 08 pessoas (n=8), com idade média de 36,8 anos, sendo pessoas praticando atividades físicas há 2 meses, duas vezes por semana.
Grupo C - 10 pessoas (n=10), com idade média de 28,4 anos, praticando atividade física há mais de 6 meses, 5 vezes por semana.

As mesmas examinadas quanto as suas queixas, mobilidade da coluna lombar e postura.

    O desconforto diário foi aferido através de um questionário, demonstrado no quadro 01, baseado nas queixas diárias. (quadro 01). As respostas S (sim) foram atribuídas com resultados desfavoráveis indicando dor ou desconforto, sendo expressado através de seu percentual. As respostas N (não) foram atribuídas com resultados favoráveis indicando ausência de dor ou desconforto, sendo expressado através de seu percentual.

    A mobilidade da coluna foi aferida, segundo Grahame, medindo a distância da ponta dos dedos médios ao chão, com o paciente em posição ereta e inclinando-se para frente tentando encostar suas mãos ao solo sem flexionar os joelhos.

    A postura foi avaliada de acordo com Tachdjian em quatro graus:

  1. postura excelente ou quase perfeita

  2. postura boa mas não ideal

  3. postura deficiente mas não a pior possível

  4. postura ruim e muito possivelmente causadora de sintomas.

    Na postura excelente (A), a cabeça e os ombros estão centrados sobre a pelve, quadris e tornozelos, com a cabeça ereta e o mento retraído. O esterno é a parte do corpo mais anterior, o abdômen está encolhido e plano e as curvas vertebrais estão dentro dos limites normais. Na postura ruim (D), a cabeça está mantida para frente em um grau acentuado, o tórax está deprimido, o abdômen está completamente relaxado e protuberante, as curvas vertebrais estão exageradas e os ombros estão mantidos atrás da pelve.


Resultados

    Quanto as queixas diárias o grupo A, apresentou 40% (18 respostas positivas) das respostas desfavoráveis traduzindo um desconforto acentuado nas atividades do dia a dia (quadro 03).

    Já o grupo B, apresentou 45% (33 respostas positivas) das respostas desfavoráveis, sendo que apenas uma paciente (12,5%) apresentou dor durante a realização dos exercícios (quadro 03).

    O grupo C, apresentou 10% (09 respostas positivas) das respostas desfavoráveis, porém 50% (5 pessoas) apresentavam dores ao realizar exercícios para membros inferiores em decúbito dorsal (quadro 03).

    O teste para avaliar a mobilidade da coluna obteve a melhor média no grupo C (4,45 cm), a pior média no grupo A (14,6 cm) e um valor intermediário no grupo B (10,25) (quadro 02).

    O grupo A apresentou nenhuma ótima postura (A), 40% (02 pessoas) das pacientes com boa postura (B), 40% (02 pessoas) das pacientes com postura deficientes (C) e 20% (01 pessoa) com postura ruim (D) (quadro 04).

    O grupo B apresentou nenhuma ótima postura (A), 37,5% (03 pessoas) das pacientes com boa postura (B), 50% (04 pessoas) das pacientes com postura deficientes (C) e 12,5% (01 pessoa) com postura ruim (D) (quadro 04).

    O grupo C apresentou 70% (07 pessoas) com ótima postura (A), 20% (02 pessoas) das pacientes com boa postura (B), 10% (01 pessoa) das pacientes com postura deficientes (C) e nenhuma com postura ruim (D) (quadro 04).


Discussão

    O grupo C foi o grupo que apresentou melhores resultados quando as queixas diárias (10% de respostas desfavoráveis), melhor média no teste da mobilidade da coluna (4,45 cm) e melhor graduação da postura (70% com ótima postura, 20% das pacientes com boa postura, 10% das pacientes com postura deficientes e nenhuma com postura ruim). Isto traduz que a atividade física leva a uma melhora nos principais fatores envolvidos na "síndrome da dor lombar" que são a fraqueza muscular, principalmente na região adbominal e a baixa flexibilidade articular no dorso e nos membros inferiores (KATCH - 1996).

    Porém 50% das pessoas do grupo C referiram dor na coluna lombar durante a execução de atividades para membros inferiores em decúbito dorsal, isto foi atribuído a uma sobrecarga ou execução errada de exercícios conforme observamos na literatura (cite autores). Os exercícios de treinamento com sobrecarga deve-se tomar cuidado com a capacidade física de cada atleta e só podem ser realizados quando o aluno já tiver um bom tônus da musculatura abdominal e uma postura já corrigida, para que não haja sobrecarga na coluna. Durante sua execução também deve ser observada a posição, grupos musculares recrutados para que não haja ação compensatória causando dano lombar.

    O grupo A e B apresentaram resultados semelhantes quanto as queixas diárias (40% grupo A e 45% grupo B) e quanto a graduação da postura ( grupo A - postura A 0%, postura B 40%, postura C 40%, postura D 20% - grupo B - postura A 0%, postura B 37,5%, postura C 50%, postura D 12,5% ). Isto foi atribuído a formação dos grupos. O grupo A foi escolhido aleatoriamente, sem correlação com queixas lombares, apenas se preocupando com o sedentarismo. O grupo B é um grupo que pratica atividades físicas há apenas 2 meses com freqüência de duas vezes por semana, sendo que a maioria procurou praticar esporte por orientação médica ou mesmo por dores constantes no corpo. Estes grupos serão acompanhados e será feito um novo trabalho, para ver se o tempo de prática desportiva vai melhorar as queixas clínicas das pacientes do grupo B, mesmo praticando aulas com freqüência de 2 vezes por semana.

    A melhora da elasticidade da coluna foi melhor nos grupos praticante de atividade física devido a execução de exercícios de alongamentos, e nos grupos B e C não demonstram uma correlação elasticidade/idade e sim elasticidade/atividade física. Já no grupo das sedentárias (grupo A) o a elasticidade está proporcional a idade, provando que na evolução natural há um enrijecimento das articulações que, associado a uma diminuição na potência muscular e perda da massa óssea, pode reduzir a função da sustentação e causar dor lombar (KATCH - 1996).


Conclusão

    A prática de atividade física contínua e bem orientada contribui para uma melhor postura e menor incidência de dores lombares.


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  • NYSKA, M. CONSTANTINE N.,CALÉ BENZOOR M. BACH. Z. KHNE G. MANN G. Spondylolysis as a kcause of low back pain in syimmers; Int. j. Sports Medi; (5 :375-9 julho 2000).

  • OSVANDIÉLI, F.B.E.P.T.-Exame físico em Ortopedia 1a edição editora Souvies 2001.

  • TACHJIAN - Ortopedia Pediátrica 2º Edição Editora Manole 1995.

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revista digital · Año 10 · N° 92 | Buenos Aires, Enero 2006  
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