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Análise da importância atribuída aos nutricionistas
desportivos pelos administradores de academias
de ginástica do distrito federal

   
* Graduada em nutrição pela Universidade Católica de Brasília (UCB).
* Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB)
e docente do curso de Pós-Graduação Strito-Sensu em Educação Física e
da graduação em Educação Física da Universidade Católica de Brasília (UCB).
*** Mestre em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília (UCB)
e docente dos curso de graduação em Educação Física, Nutrição,
Enfermagem e Farmácia da Universidade Católica de Brasília (UCB).
 
 
Amanda Mota e Silva*
Adriana Giavoni**
Gislane Ferreira de Melo***

gmelo@pos.ucb.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    Apesar do crescente interresse pela atividade física relacionada à busca de saúde e outros benefícios nota-se grande desinformação, além de disseminação de idéias errôneas entre estes indivíduos. O nutricionista desportivo é o profissional habilitado a fornecer orientação nutricional e formular dietas específicas para este grupo. Desta forma, este estudo teve como objetivo analisar a importância do profissional de nutrição desportiva para os administradores de academias esportivas. Para tanto a amostra foi composta por 26 administradores de academias localizadas em Brasília/DF. Os resultados demonstraram que 57,7% das academias possuem nutricionistas desportivos, sendo que daquelas que não possuem (42,3%), 81,8% gostariam de tê-lo atuando diretamente sobre os alunos. Das academias que possuem nutricionistas somente em uma o profissional atua diretamente na academia, sendo que os demais atuam em seus próprios consultórios. Com esta constatação, pode-se observar também, que não existe troca de informações entre o profissional de Nutrição e Educação Física, caracterizando a falta de relacionamento entre estes profissionais na busca de um melhor atendimento ao aluno. Conclui-se, que o profissional de nutrição é importante para os administradores de academias, porém o estudo visualiza a necessidade deste estar atuando diretamente na academia em conjunto com o educador físico.
    Unitermos: Nutricionista desportivo. Academias esportivas.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 90 - Noviembre de 2005

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Introdução

    Nesta última década, a busca por melhor condicionamento físico e o forte apelo da forma física, tem levado pessoas de todas as idades à prática de várias modalidades de exercícios físicos. A qualidade de vida, a recuperação e/ou manutenção da saúde, a prática regular de exercícios físicos, a estética, o ganho e a definição de massa muscular, a perda de peso, as relações interpessoais, o treinamento para competições (amadoras e profissionais), entre outros, são alguns dos motivos que vem levando as pessoas a procurar cada vez mais as academias 3.

    Presumi-se que os indivíduos que freqüentam academias de ginástica estejam preocupados com a saúde, nutrição e qualidade de vida, e em sua grande maioria, desconheçam os conceitos básicos de Nutrição. Por estarem diretamente vinculados às academias, os profissionais de Educação Física vem sendo requisitados a orientar dietas e/ou na utilização de suplementos e recursos ergogênicos. Entretanto, cabe a estes profissionais este tipo de orientação? 2.

     Infelizmente, as manias de dietas e o abuso de suplementos alimentares são estimulados pelo desconhecimento no que diz respeito à nutrição. A prova mais concreta dessa falta de informação é a grande lacuna que existe entre a orientação nutricional saudável para os atletas, ou seja, aquela comprovada cientificamente e os hábitos alimentares reais de muitos esportistas 1 .

    Cabe ao nutricionista, principalmente aquele dedicado à nutrição esportiva, orientar e elaborar uma dieta específica para pessoas que praticam atividade física. Devem ser considerados fatores importantes, tais como: necessidades específicas decorrentes de doenças prévias (caso existam), novas demandas impostas pela atividade física e o objetivo da prática de atividades físicas 4.

    Devido, portanto, ao crescente número de pessoas preocupadas com a saúde, imagem corporal e qualidade de vida e sendo do nutricionista o papel central de orientar dietas específicas que assegure a prefeita relação entre performance física, saúde e qualidade de vida, este trabalho visou averiguar a percepção dos administradores das academias em relação ao nutricionista desportivo e sua função, bem como, verificar o número de academias que já trabalham com este profissional.


Material e método

     Esta investigação caracterizou-se como uma pesquisa descritiva exploratória, fazendo uso de questionários para coletar informações de uma amostra específica.

    A amostra foi composta por 26 administradores de academias esportivas localizadas no Plano Piloto, Brasília/DF - entendido neste estudo como, Asa Norte e Sul, Lago Norte e Sul, Sudoeste, Octogonal e Cruzeiro - as quais ofereciam atividades físicas diversas (natação, hidroginástica, lutas, danças, fitness, personal, musculação e outros).

    Um questionário com 12 questões abertas e fechadas foi elaborado, a fim de detectar e esclarecer as percepções dos administradores das academias a respeito do nutricionista desportivo.


Metodologia

    Inicialmente, foi elaborado um questionário a fim de avaliar a importância do profissional de nutrição nas academias que oferecem atividades físicas. O questionário foi composto de 12 questões sobre o perfil da academia, a atitude da direção em relação ao nutricionista e a importância desta área no espaço onde a atividade física é predominante. A pesquisadora entrevistou pessoalmente cada representante das academias, assim denominados: 10 proprietários, 6 coordenadores, 8 professores, um diretor e um secretário.

     Os questionários formam preenchidos pela própria pesquisadora, a qual anotava as respostas emitidas pela amostra. A aplicação dos questionários teve a duração de duas semanas.


Resultados

    Uma análise exploratória foi realizada sobre os dados obtidos na amostra. Nenhuma variável apresentou casos faltosos (missing values).

    Os gráficos a seguir representam as características descritivas da amostra estudada.


Gráfico 1. Localização da amostra

    Através dos resultados apresentados no gráfico 1, pode-se perceber que pequena parte da amostra (11,5%) localiza-se na região do entorno do Distrito Federal, enquanto a maioria (88,5%) das academias avaliadas localiza-se nas Asas e Lagos (Norte e Sul), que, pelo fato de fazerem parte de uma região de poder aquisitivo de médio para alto, pode explicar a alta porcentagem da presença de nutricionistas desportivos nestas regiões (57,7%) apresentado no gráfico 2.

    Quando questionados quanto à importância do profissional de nutrição desportiva dentro das academias, 23,1% da amostra o relacionaram com o oferecimento de um serviço de melhor qualidade para os alunos, 38,5% acreditam que a nutrição deve ser complementar à atividade física, 23,1% relatam que, com a participação da alimentação adequada os alunos atingirão resultados mais eficazes, 7,7% enfatizaram a importância do trabalho em equipe e 7,7% referiram à melhora do rendimento e à importância da educação nutricional.


Gráfico 2. Parceria com nutricionistas

    Entretanto, das academias que possuem nutricionista desportivo, apenas um profissional esta trabalhando dentro do espaço da academia, o restante possui parceria com este profissional (que possui seu próprio consultório), ou seja, somente em um caso há nutricionista contratado por tais empresas.

    Dos nutricionistas que atendem as academias, 73,3% atendem quando há hora marcada com os alunos interessados, enquanto em 26,7% encaminham seus alunos aos consultórios nutricionais. Isso pode estar ocorrendo devido à não contratação do nutricionista pela academia, sendo este um prestador de serviço a mesma. O nutricionista, por sua vez, além de atender em seu consultório e nas várias academias com que possui parceria, dificilmente conseguirá promover um acompanhamento adequado aos alunos, especialmente naquelas que atendem a uma população muito grande.


Gráfico 3. Necessidade do profissional de nutrição

    Dentre a população de academias avaliadas que não possuem nutricionista desportivo, a maioria (81,8%) gostaria de possuir este serviço (88,9% destes estão estudando a possibilidade de tê-los futuramente, enquanto 11,1% estão em processo de fechamento de contrato). Evidencia-se que, realmente, este profissional têm conquistado espaço e reconhecimento no mercado. As academias restantes, apenas duas não possuem nutricionista e também não têm interesse, sendo que uma delas, por oferecer apenas danças, acredita que em tal modalidade não se faz necessária a presença de um nutricionista desportivo e no outro caso, quando há interesse dos alunos, estes são encaminhados para a matriz a fim de marcar horário com o profissional que atua nesta.


Gráfico 4. Relação entre o profissional de nutrição e o profissional de Educação Física

    No que diz respeito à relação entre profissional de educação física e nutricionista desportivo, os resultados mostraram que em 60% dos casos há troca de informações entre os dois profissionais, porém, em 40% delas não há qualquer tipo de comunicação entre eles, principalmente porque a maior parte destes nutricionistas atuam em seus consultórios, sem ter contato com a academia. Apesar de não corresponder à maioria da amostra estudada, essa porcentagem é alta, pela importância que deveria ser dada à atuação da equipe de forma conjunta para, dessa forma, oferecer aos clientes um serviço mais efetivo. O nutricionista, necessariamente, precisa saber que tipo de treinamento seus clientes estão realizando, pois este é um dos aspectos em que a dieta deve se basear; alterações na intensidade, duração ou freqüência da atividade física, podem acarretar em necessidade de mudança na dieta do indivíduo. Além disso, pela falta de comunicação entre os dois profissionais e até mesmo por falta de ética de alguns profissionais da educação física, estes acabam fazendo recomendações nutricionais que julguem mais adequados, como, por exemplo, a indicação de suplementos ou alimentos que seriam mais "eficazes".


Conclusão e sugestões

     Através dos resultados encontrados, pode-se concluir que grande parte das academias entrevistadas já possui um contato com o profissional de nutrição desportiva, demonstrando a importância que, cada vez mais, têm sido atribuídas a tal profissional. Apesar de um grande número de academias já estarem trabalhando em parceria com este profissional, nenhuma tem por objetivo contratar um nutricionista, o qual estaria diariamente à disposição de seus alunos, oferecendo um serviço e acompanhamento mais adequado. Não seria interessante aos donos destas academias, repassarem o valor de um profissional de nutrição para a mensalidade de todos seus alunos e estarem diretamente ligados a este profissional?

     Outra pergunta que surge é: se há uma parceria da academia com um nutricionista, por que este administrador não promove uma interação entre este e o profissional de educação física? Como duas profissões de tão grande benefício à qualidade de vida do ser humano, podem estar sendo utilizadas em um mesmo recinto e não interagirem entre si?

     Sugere-se, em futuros estudos, que sejam estimuladas palestras para os profissionais atuantes nas academias, a fim de avaliar se seria possível a interação profissional destas duas atividades (nutrição e educação física).

    Além disso, deve-se ressaltar que não basta reconhecer a importância do nutricionista desportivo, este precisa ter mais espaço e presença dentro das academias a fim de que sua atuação seja mais eficaz.

Referências bibliográficas

  1. APPLEGATE, Liz. A mania das dietas e a utilização de suplementos na prática desportiva. Gatorade Sports Science Institute. Março/Abril, 1996.

  2. BROSSI, Fernanda et al. Orientação nutricional: Avaliação do conhecimento de estudantes de Educação Física quanto á Nutrição e Orientação Nutricional. Revista Nutrição em pauta. Julho/agosto, 2000.

  3. GARCIA JÚNIOR, Jair R. & VIVIANI, Maira Tatiana. Análise dos conhecimentos sobre nutrição básica e aplicada de profissionais de Educação Física e Nutrição. Revista Nutrição em Pauta. São Paulo, 2003.

  4. GARCIA JÚNIOR & RODRIGUES, Jair. Suplementos nutricionais na atividade física: Indispensáveis ou um excesso desnecessário? Revista Nutrição em pauta. Setembro/Outubro, 2000.

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