Análise da importância atribuída aos nutricionistas desportivos pelos administradores de academias de ginástica do distrito federal |
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* Graduada em nutrição pela Universidade Católica de Brasília (UCB). * Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB) e docente do curso de Pós-Graduação Strito-Sensu em Educação Física e da graduação em Educação Física da Universidade Católica de Brasília (UCB). *** Mestre em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e docente dos curso de graduação em Educação Física, Nutrição, Enfermagem e Farmácia da Universidade Católica de Brasília (UCB). |
Amanda Mota e Silva* Adriana Giavoni** Gislane Ferreira de Melo*** gmelo@pos.ucb.br (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 90 - Noviembre de 2005 |
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Introdução
Nesta última década, a busca por melhor condicionamento físico e o forte apelo da forma física, tem levado pessoas de todas as idades à prática de várias modalidades de exercícios físicos. A qualidade de vida, a recuperação e/ou manutenção da saúde, a prática regular de exercícios físicos, a estética, o ganho e a definição de massa muscular, a perda de peso, as relações interpessoais, o treinamento para competições (amadoras e profissionais), entre outros, são alguns dos motivos que vem levando as pessoas a procurar cada vez mais as academias 3.
Presumi-se que os indivíduos que freqüentam academias de ginástica estejam preocupados com a saúde, nutrição e qualidade de vida, e em sua grande maioria, desconheçam os conceitos básicos de Nutrição. Por estarem diretamente vinculados às academias, os profissionais de Educação Física vem sendo requisitados a orientar dietas e/ou na utilização de suplementos e recursos ergogênicos. Entretanto, cabe a estes profissionais este tipo de orientação? 2.
Infelizmente, as manias de dietas e o abuso de suplementos alimentares são estimulados pelo desconhecimento no que diz respeito à nutrição. A prova mais concreta dessa falta de informação é a grande lacuna que existe entre a orientação nutricional saudável para os atletas, ou seja, aquela comprovada cientificamente e os hábitos alimentares reais de muitos esportistas 1 .
Cabe ao nutricionista, principalmente aquele dedicado à nutrição esportiva, orientar e elaborar uma dieta específica para pessoas que praticam atividade física. Devem ser considerados fatores importantes, tais como: necessidades específicas decorrentes de doenças prévias (caso existam), novas demandas impostas pela atividade física e o objetivo da prática de atividades físicas 4.
Devido, portanto, ao crescente número de pessoas preocupadas com a saúde, imagem corporal e qualidade de vida e sendo do nutricionista o papel central de orientar dietas específicas que assegure a prefeita relação entre performance física, saúde e qualidade de vida, este trabalho visou averiguar a percepção dos administradores das academias em relação ao nutricionista desportivo e sua função, bem como, verificar o número de academias que já trabalham com este profissional.
Material e métodoEsta investigação caracterizou-se como uma pesquisa descritiva exploratória, fazendo uso de questionários para coletar informações de uma amostra específica.
A amostra foi composta por 26 administradores de academias esportivas localizadas no Plano Piloto, Brasília/DF - entendido neste estudo como, Asa Norte e Sul, Lago Norte e Sul, Sudoeste, Octogonal e Cruzeiro - as quais ofereciam atividades físicas diversas (natação, hidroginástica, lutas, danças, fitness, personal, musculação e outros).
Um questionário com 12 questões abertas e fechadas foi elaborado, a fim de detectar e esclarecer as percepções dos administradores das academias a respeito do nutricionista desportivo.
MetodologiaInicialmente, foi elaborado um questionário a fim de avaliar a importância do profissional de nutrição nas academias que oferecem atividades físicas. O questionário foi composto de 12 questões sobre o perfil da academia, a atitude da direção em relação ao nutricionista e a importância desta área no espaço onde a atividade física é predominante. A pesquisadora entrevistou pessoalmente cada representante das academias, assim denominados: 10 proprietários, 6 coordenadores, 8 professores, um diretor e um secretário.
Os questionários formam preenchidos pela própria pesquisadora, a qual anotava as respostas emitidas pela amostra. A aplicação dos questionários teve a duração de duas semanas.
ResultadosUma análise exploratória foi realizada sobre os dados obtidos na amostra. Nenhuma variável apresentou casos faltosos (missing values).
Os gráficos a seguir representam as características descritivas da amostra estudada.
Gráfico 1. Localização da amostraAtravés dos resultados apresentados no gráfico 1, pode-se perceber que pequena parte da amostra (11,5%) localiza-se na região do entorno do Distrito Federal, enquanto a maioria (88,5%) das academias avaliadas localiza-se nas Asas e Lagos (Norte e Sul), que, pelo fato de fazerem parte de uma região de poder aquisitivo de médio para alto, pode explicar a alta porcentagem da presença de nutricionistas desportivos nestas regiões (57,7%) apresentado no gráfico 2.
Quando questionados quanto à importância do profissional de nutrição desportiva dentro das academias, 23,1% da amostra o relacionaram com o oferecimento de um serviço de melhor qualidade para os alunos, 38,5% acreditam que a nutrição deve ser complementar à atividade física, 23,1% relatam que, com a participação da alimentação adequada os alunos atingirão resultados mais eficazes, 7,7% enfatizaram a importância do trabalho em equipe e 7,7% referiram à melhora do rendimento e à importância da educação nutricional.
Gráfico 2. Parceria com nutricionistasEntretanto, das academias que possuem nutricionista desportivo, apenas um profissional esta trabalhando dentro do espaço da academia, o restante possui parceria com este profissional (que possui seu próprio consultório), ou seja, somente em um caso há nutricionista contratado por tais empresas.
Dos nutricionistas que atendem as academias, 73,3% atendem quando há hora marcada com os alunos interessados, enquanto em 26,7% encaminham seus alunos aos consultórios nutricionais. Isso pode estar ocorrendo devido à não contratação do nutricionista pela academia, sendo este um prestador de serviço a mesma. O nutricionista, por sua vez, além de atender em seu consultório e nas várias academias com que possui parceria, dificilmente conseguirá promover um acompanhamento adequado aos alunos, especialmente naquelas que atendem a uma população muito grande.
Gráfico 3. Necessidade do profissional de nutriçãoDentre a população de academias avaliadas que não possuem nutricionista desportivo, a maioria (81,8%) gostaria de possuir este serviço (88,9% destes estão estudando a possibilidade de tê-los futuramente, enquanto 11,1% estão em processo de fechamento de contrato). Evidencia-se que, realmente, este profissional têm conquistado espaço e reconhecimento no mercado. As academias restantes, apenas duas não possuem nutricionista e também não têm interesse, sendo que uma delas, por oferecer apenas danças, acredita que em tal modalidade não se faz necessária a presença de um nutricionista desportivo e no outro caso, quando há interesse dos alunos, estes são encaminhados para a matriz a fim de marcar horário com o profissional que atua nesta.
Gráfico 4. Relação entre o profissional de nutrição e o profissional de Educação FísicaNo que diz respeito à relação entre profissional de educação física e nutricionista desportivo, os resultados mostraram que em 60% dos casos há troca de informações entre os dois profissionais, porém, em 40% delas não há qualquer tipo de comunicação entre eles, principalmente porque a maior parte destes nutricionistas atuam em seus consultórios, sem ter contato com a academia. Apesar de não corresponder à maioria da amostra estudada, essa porcentagem é alta, pela importância que deveria ser dada à atuação da equipe de forma conjunta para, dessa forma, oferecer aos clientes um serviço mais efetivo. O nutricionista, necessariamente, precisa saber que tipo de treinamento seus clientes estão realizando, pois este é um dos aspectos em que a dieta deve se basear; alterações na intensidade, duração ou freqüência da atividade física, podem acarretar em necessidade de mudança na dieta do indivíduo. Além disso, pela falta de comunicação entre os dois profissionais e até mesmo por falta de ética de alguns profissionais da educação física, estes acabam fazendo recomendações nutricionais que julguem mais adequados, como, por exemplo, a indicação de suplementos ou alimentos que seriam mais "eficazes".
Conclusão e sugestõesAtravés dos resultados encontrados, pode-se concluir que grande parte das academias entrevistadas já possui um contato com o profissional de nutrição desportiva, demonstrando a importância que, cada vez mais, têm sido atribuídas a tal profissional. Apesar de um grande número de academias já estarem trabalhando em parceria com este profissional, nenhuma tem por objetivo contratar um nutricionista, o qual estaria diariamente à disposição de seus alunos, oferecendo um serviço e acompanhamento mais adequado. Não seria interessante aos donos destas academias, repassarem o valor de um profissional de nutrição para a mensalidade de todos seus alunos e estarem diretamente ligados a este profissional?
Outra pergunta que surge é: se há uma parceria da academia com um nutricionista, por que este administrador não promove uma interação entre este e o profissional de educação física? Como duas profissões de tão grande benefício à qualidade de vida do ser humano, podem estar sendo utilizadas em um mesmo recinto e não interagirem entre si?
Sugere-se, em futuros estudos, que sejam estimuladas palestras para os profissionais atuantes nas academias, a fim de avaliar se seria possível a interação profissional destas duas atividades (nutrição e educação física).
Além disso, deve-se ressaltar que não basta reconhecer a importância do nutricionista desportivo, este precisa ter mais espaço e presença dentro das academias a fim de que sua atuação seja mais eficaz.
Referências bibliográficas
APPLEGATE, Liz. A mania das dietas e a utilização de suplementos na prática desportiva. Gatorade Sports Science Institute. Março/Abril, 1996.
BROSSI, Fernanda et al. Orientação nutricional: Avaliação do conhecimento de estudantes de Educação Física quanto á Nutrição e Orientação Nutricional. Revista Nutrição em pauta. Julho/agosto, 2000.
GARCIA JÚNIOR, Jair R. & VIVIANI, Maira Tatiana. Análise dos conhecimentos sobre nutrição básica e aplicada de profissionais de Educação Física e Nutrição. Revista Nutrição em Pauta. São Paulo, 2003.
GARCIA JÚNIOR & RODRIGUES, Jair. Suplementos nutricionais na atividade física: Indispensáveis ou um excesso desnecessário? Revista Nutrição em pauta. Setembro/Outubro, 2000.
revista
digital · Año 10 · N° 90 | Buenos Aires, Noviembre 2005 |