Proposta da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis na Disciplina de Educação Física |
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Mestre em Engenharia de Produção na área de Empreendedorismo, Licenciada em Educação Física. Coordenadora de Cultura do Movimento da Secretaria Municipal de Educação Coordenadora de Articulação de Pessoal da Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis. |
Chames Maria S. Gariba gariba@pmf.sc.gov.br (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 90 - Noviembre de 2005 |
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1. Introdução
A comunicação com o corpo é fundamental para as relações sociais. Nesse sentido Laban (1971, p.197) argumenta, "o homem se movimenta a fim de satisfazer uma necessidade", e a forma de satisfação das necessidades em cada sociedade específica, assume diferentes posturas corporais nos diversos momentos históricos.
Estes movimentos atendem aos mais variados fins que vão desde as formas primitivas de expressão até as lúdicas, elencadas por Vianna (1990 p.111):
"os exercícios lúdicos põem em xeque essa imagem construída na relação com o mundo exterior, brincar, saltar, pular, correr, livremente vão relevando emoções sentimentos e uma riqueza de gestos que muitas vezes perecem perdidos no tempo".
Percebe-se que uma das formas de liberação do movimento de acordo com Gariba (2002), se dá através da cultura corporal, que está presa a alguns vértices, como o desporto, à ginástica, à dança, o jogo, a psicomotricidade, etc...
Atividades corporais advindas destas possibilidades são elementos relevantes na educação infantil, conforme alerta Diem (1981, p.7): "Brincadeiras e o esporte1 são elementos relevantes na pedagogia..." da educação infantil... "e têm como objetivo transmitir `a criança confiança em si mesma, compreensão para seu meio ambiente e disposição à comunicação".
Também, no âmbito da motricidade infantil Neto (2001) considera a idade de 0 a 9 anos, fundamental para a aprendizagem motora. Quando a criança se movimenta ou é estimulada a isso tem oportunidade de desenvolver suas diferentes habilidades motoras fundamentais, ou seja, seu comportamento e desenvolvimento motor durante os momentos pontuais de sua vida, tais como: correr, saltar, agachar, arremessar, empurrar, etc...
Entretanto o desenvolvimento motor pode ser encarado como um processo contínuo que vai do nascimento a idade adulta. Isso implica à existência de especialistas devidamente formados para atender as características do crescimento e desenvolvimento motor.
Essa compreensão do movimento está associada ao universo pedagógico da Educação Física, que de acordo com Ferrari (2003, p.1), é indispensável para que o indivíduo entenda o que e porquê fazer o movimento, pois o movimento antes de tudo deve ser intencional.
Ao fazer alusão ao movimento consciente, Oliveira V. (2001, p.96) aponta que:
"É importante que as pessoas se movimentem tendo consciência de todos os gestos. Precisam estar pensando e sentindo o que realizam. É necessário que tenham a 'sensação de si mesmos', proporcionada pelo nosso sentido cinestésico (...), normalmente desprezado. Caso contrário, estaremos diante da 'deseducação física".
Desta forma, esta consciência situa o homem como um ser no mundo e esta interação de acordo com Nanni (1998, p.8), é "imprescindível para que o ser humano se torne sujeito de sua práxis no desvelar a sua realidade histórica, através de sua corporeidade."
2. Importância da Educação FísicaA atual proposta da Rede Municipal de Ensino-RME de Florianópolis considera a Educação Física como expressão da cultura socialmente transmitida, pois o homem é um ser pensante que age e se expressa numa sociedade dinâmica em constante transformação. Em tal contexto, os conteúdos da Educação Física devem estar inseridos nessa cultura do movimento.
A importância e o significado da Educação Física implicam em reflexões sobre a transformação do paradigma tradicional para o emergente, baseado na sua corporeidade. Entende-se que essa área deve contemplar múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos por esta sociedade, a respeito do corpo, assim como afirma Pinheiro (2004 p.32):
"A Educação Física desenvolvida de forma consciente, respeita as diferenças (...), ou seja, as individualidades de cada um e não dicotomiza o ser humano, não separando o corpo físico do mental, entendo que ambos funcionam de modo integral".
Para Giffoni (1973, p.15) a prática da Educação Física "(...) completa e equilibra o processo educativo. Portanto, pensar numa escola emancipadora é pensar em um espaço não apenas de escuta, mas de permanentes representações, construções e criações, tratando de interagir a prática pedagógica da Educação Física, através da linguagem corporal".
Este diálogo realizado com o corpo permitirá de acordo com Barros (2003, p.29) a otimização das "(...) possibilidades e potencialidades de movimento e a consciência corporal para atingir objetivos relacionados à educação, à saúde, à prática esportiva, à expressão corporal e artística".
3. Considerações finaisO corpo deve ser compreendido como possibilidade de estabelecer múltiplas relações com outras áreas do conhecimento analisando, discutindo, refletindo e contextualizando seu papel na contemporaneidade. Isso, passa a ser condição para quem trabalha com seres humanos, principalmente para quem trabalha com educação, em que a multiplicidade de corpos está presente nas salas de aula.
Estas discussões apontam para o compromisso que se deve ter enquanto educador, assumindo uma atitude consciente na busca de uma prática pedagógica mais coerente com a realidade levando o indivíduo a desenvolver sua capacidade criativa numa descoberta pessoal de suas habilidades, contribuindo de maneira decisiva para a formação de cidadãos críticos autônomos e conscientes de seus atos, visando uma transformação social.
Espera-se que essas reflexões levem os profissionais da área ao entendimento da complexidade, ou seja, conexões em rede, novas idéias, discussões, sobretudo do aprofundamento da Educação Física, contemplando também a atuação enquanto professor visando cada vez mais autonomia profissional, na busca de uma formação acadêmica coerente com a realidade do processo educativo de qualidade social.
Nota
Quando o autor emprega a palavra esporte, quer fazer uso da expressão popular para tudo que está ligado ao movimento regular.
Referências bibliográficas
BARROS, J. M. de C. Considerações sobre o estágio na formação do profissional de educação física In: E.F. n. 8, Rio de Janeiro: Conselho,2003 ano II, p.28-31.
FERRARI,G.B. Por Que Dança na Escola? Disponível em: http://www.fef.ufg.br/texto_pqdanca_na_escola.html, acesso em: 6 de agosto 2003.
DIEM, L. Brincadeiras e esporte no jardim de infância. Rio de Janeiro: Educação Física. 1981.p.7.
GIFFONI, M.A. C. Danças folclóricas brasileiras e suas aplicações educativas. 2ªed. São Paulo: Melhoramentos. 1973.p.15.
LABAN, R. Domínio do corpo. São Paulo: Summus , 1971. p. 51,197.
NANNI, D. Dança educação, princípios métodos e técnicas. 2.ed. Rio de Janeiro: SPRINT, 1998. p.8-
NETO, C. A .F. Motricidade e jogo na infância. 3 ed.Rio de Janeiro: SPRINT, 2001.p.15
OLIVEIRA, V. M. de. O que é Educação Física. São Paulo: Brasiliense, 2001. p.14-96.
PINHEIRO, D. R. V. O perfil do personal trainer na perspectiva de um treinamento físico orientado para saúde, estética e esporte. Disponível em: http.//www. Personaltraining.com.br/teseresumo.htm, acesso em 7 de fevereiro de 2004.
VIANNA, K. A dança. 2ª ed. São Paulo: Siciliana, 1990, p.35-111.
revista
digital · Año 10 · N° 90 | Buenos Aires, Noviembre 2005 |