Velocidade crítica, limiar anaeróbio e intensidade de nado na máxima fase estável de lactato sangüíneo em nadadores juvenis |
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1 Grupo de Estudo e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício. Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina. Londrina/PR 2 Faculdade de Educação Física. Universidade de Campinas. Campinas/SP 3 Departamento de Natação. Clube Regatas Guanabara. Rio de Janeiro/RJ *Bolsista do CNPq |
Juliana Cordeiro de Melo1,2* Leandro Ricardo Altimari 1,2 Marcus Vinicius Machado 1,3 Mara Patrícia Traina Chacon-Mikahil 2 Edilson Serpeloni Cyrino1 jullianamelo@hotmail.com (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 89 - Octubre de 2005 |
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Introdução
Nas últimas décadas o limiar anaeróbio (LAn) tem sido alvo de diversas investigações dentro da fisiologia do exercício, uma vez que é considerado um referencial extremamente interessante, superando inclusive o consumo máximo de oxigênio (VO2max) para a prescrição da intensidade do treinamento, controle dos efeitos do treinamento e predição de performance (SVEDAHL & MAcINTOSH, 2003).
Como nem sempre é possível a determinação do LAn a partir da resposta do lactato sangüíneo, vários são os estudos que têm procurado encontrar metodologias indiretas que possam estimar o LAn. Nesse sentido, a velocidade crítica (VC) tem sido proposta como um bom índice para a avaliação da performance aeróbia e predição do LAn na natação em diferentes populações tais como, atletas, crianças e adolescentes (HILL, STEWARD & LANE, 1995; KOKUBUN, 1996; WAKAYOSHI et al., 1992a; WAKAYOSHI et al., 1992b; WAKAYOSHI et al.,1993), visto que a VC parece não sofrer influência do nível de performance e da idade cronológica (DENADAI, GRECO & DONEGA, 1997; DENADAI, GRECO & TEIXEIRA, 2000; GRECO et al., 2002; GRECO et al., 2003). Além disso, vale ressaltar que a VC é um método não invasivo, que apresenta vantagens importantes, principalmente quando a população avaliada é composta por crianças e adolescentes, tais como, a facilidade na aplicação do método, o baixo custo operacional, a avaliação de grandes grupos de atletas, bem como a não exigência de coleta de sangue (GRECO et al., 2003).
O termo velocidade crítica (VC) tem sido proposto para a natação como sendo a velocidade de nado que teoricamente pode ser mantida por um longo período de tempo sem que ocorra a exaustão, tendo sua origem a partir do método de potência crítica (PC) (HILL, STEWARD & LANE, 1995; WAKAYOSHI et al., 1992a). O conceito de PC foi sugerido inicialmente para avaliar grupos musculares sinergistas (MONOD & SCHERRER, 1965), sendo posteriormente estendido para grandes grupos musculares (MORITANI et al., 1981). A PC é um conceito teórico que pressupõe a existência de uma potência máxima de exercício, que pode ser mantida indefinidamente. O conceito é baseado na relação hiperbólica entre a potência realizada (Wlim) e seu respectivo tempo de exaustão (tlim) (HILL & FERGUSON, 1999).
Apesar da existência de dados disponíveis na literatura comprovando a validade da VC na natação, poucos são os estudos que verificaram esta relação em crianças e adolescentes. Denadai, Greco e Donega (1997), investigando um grupo de nadadores treinados de 13 a 15 anos, encontraram uma alta correlação entre a VC e a velocidade de LAn de 4 mmoL.L-1(r=0,96; p<0,05), entretanto, constatou-se que a velocidade de LAn superestimou a VC (0,94 ± 0,12 m/s vs. 0,90 ± 0,13 m/s; p<0,05, respectivamente). Da mesma forma, estudos realizados em grupos de nadadores de 10 a 12 anos, apresentaram altas correlações (r=0,84 a r=0,96; p<0,05) entre a VC e a velocidade de LAn de 4 mmoL.L-1, independente do nível de treinamento e, concentrações de lactato sangüíneo na VC variando entre 2,71 ± 1,12 mmoL.L-1e 3,13 ± 0,41 mmoL.L-1(DENADAI & GRECO, 1997; DENADAI, GRECO & DONEGA, 1997; DENADAI, GRECO & TEIXEIRA, 2000; GRECO et al., 2002; GRECO et al., 2003).
Recentemente, Greco et al. (2003) também verificaram correlações elevadas (r=0,94; p<0,05) entre a VC e a velocidade de LAn de 4 mmoL.L-1em nadadores de 10 a 12 anos. Todavia, os dados apontaram que a velocidade de LAn de 4 mmoL.L-1superestimaou a VC (0,97 ± 0,12 m/s vs. 0,89 ± 0,18 m/s; p<0,05, respectivamente). Em contrapartida, neste mesmo estudo, para nadadores com idades entre 13 e 15 anos, a VC não se diferiu da velocidade de LAn de 4 mmoL.L-1(1,02 ± 0,14 m/s vs. 1,00 ± 0,11 m/s; p>0,05, respectivamente), sendo encontrada correlação de r=0,93; p<0,05. Estes dados parecem sugerir que a correlação entre a VC e o LAn pode ser dependente da distância empregada na determinação da VC e/ou da idade cronológica.
Entretanto, ainda não existe na literatura evidências de que a VC realmente representa a máxima fase estável de lactato sangüíneo (MLSS) em crianças e adolescentes. A MLSS é definida como a mais alta concentração de lactato sangüíneo e carga de trabalho que pode ser mantida por tempo prolongado sem que ocorra um contínuo acúmulo de lactato sangüíneo (BILLAT et al., 2003; WAKAYOSHI et al., 1993).
Estudo realizado por Wakayoshi et al. (1993) demonstrou que a VC correspondeu efetivamente à MLSS em um grupo de 8 nadadores treinados (18 e 20 anos). Nesse estudo, a MLSS foi encontrada a partir da aplicação de um protocolo onde os indivíduos nadaram 1600 m (4 x 400 m) em intensidade constante (100% da VC), apresentando na fase estável concentração de lactato sanguíneo de aproximadamente 3,2 mmoL.L-1. Similarmente, Kokubun (1996), encontrou MLSS em um grupo de 48 nadadores jovens que nadaram 2000 m (5 x 400 m) na intensidade correspondente a VC, com uma concentração de lactato sangüíneo média de 2,68 ± 1,05 mmoL.L-1na fase estável.
Contudo, além da dificuldade em determinar a MLSS em crianças e adolescentes, devido a falta de um consenso na literatura sobre qual o melhor método para a determinação da MLSS nessas populações, os estudos realizados com crianças e adolescentes têm produzido resultados conflitantes a cerca da concentração de lactato correspondente à MLSS. Enquanto Willians e Armstrong (1991) e, Almarwaey, Jones e Tolfrey (2003) sugerem para a corrida um valor fixo de 2,5 mmoL.L-1, Mocellin, Heusgen e Korsten-Reck (1990) e Mocellin, Heusgen e Gildein (1991), também durante a corrida e Beneke et al. (1996), no ciclismo, verificaram concentrações próximas a 5 mmoL.L-1e 4,5 mmoL.L-1como correspondentes à MLSS, respectivamente. Estas discordâncias provavelmente podem ser explicadas pelo tipo de exercício aplicado (STEGMANN et al., 1981), protocolos empregados para a determinação da MLSS (WILLIANS & ARMSTRONG, 1991; MOCELLIN, HEUSGEN & GILDEN, 1991; BENEKE et al., 1996) ou ainda, pela faixa etária analisada (GRECO et al., 2003).
Desse modo, o propósito deste estudo foi comparar a velocidade crítica e a velocidade correspondente ao limiar anaeróbio de 4 mmoL.L-1e, posteriormente, verificar a intensidade de nado correspondente à máxima fase estável de concentração de lactato sangüíneo em nadadores juvenis.
MetodologiaSujeitos
Seis atletas de natação estilo livre (1 velocista, 4 de meio fundo e 1 de fundo), do sexo masculino (15,6 ± 0,4 anos; 58,0 ± 7,4 kg; 170,0 ± 5,4 cm; 12,1 ± 3,6% gordura), de nível competitivo nacional, da categoria juvenil, com experiência prática na modalidade superior a quatro anos, participaram voluntariamente deste estudo. Os sujeitos estavam envolvidos em programa de treinamento de natação cinco vezes por semana, com volume médio semanal de 18.000 m. Todos se encontravam na fase de polimento durante a coleta de dados. Os responsáveis pelos indivíduos, após serem esclarecidos sobre as finalidades do estudo e os procedimentos aos quais seriam submetidos, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos.
MétodosAvaliação maturacional
A avaliação da maturação sexual foi baseada em estágios de desenvolvimento das características sexuais secundárias, como a genitália e pilosidade pubiana (TANNER, 1962). Os estágios de desenvolvimento foram determinados por meio de auto-avaliação. Para tanto, após explicações detalhadas sobre o uso das "pranchas com fotos", as crianças fizeram a identificação dos estágios de desenvolvimento maturacional das quais mais se aproximavam (MATSUDO & MATSUDO, 1991; SCHLOSSBERGER, TURNER & IRWIN, 1992).
Determinação do limiar anaeróbio (LAn)O LAn foi determinado por meio da metodologia proposta por MADER et al. (1976), utilizando-se uma concentração fixa de 4 mmoL.L-1de lactato sangüíneo. Para tanto, foram realizadas duas repetições submáximas de 200 m nado "crawl", sendo a primeira a 90% e a segunda a 95% da velocidade máxima para a distância de 200 m, com intervalo de 30 minutos entre as repetições. Após o primeiro, terceiro e quinto minuto da realização de cada tiro, foram coletados aproximadamente 25 L de sangue arterializado do lóbulo da orelha, com o auxílio de um capilar heparinizado e calibrado. A velocidade média correspondente a 4 mmoL.L-1foi determinada por interpolação linear entre a mais alta concentração de lactato de cada tiro e suas respectivas velocidades.
Determinação da velocidade crítica (VC)Para a determinação da VC foram realizados tiros máximos nas distâncias de 50, 100 e 200 metros nado "crawl", registrando-se os respectivos tempos. Os tiros foram realizados em ordem aleatória durante as sessões de treinamento, sendo uma tentativa por sessão, intervalada por 24 horas de recuperação. A VC foi determinada através do modelo distância-tempo, onde o grau de inclinação da reta e a intersecção no eixo Y foram considerados a VC e a CTAn, respectivamente (equação 1) (WAKAYOSHI et al., 1992b). A concentração de lactato sangüíneo correspondente à VC foi determinada por interpolação linear, a partir dos valores de lactato sangüíneo e de suas respectivas velocidades encontradas no teste de determinação do LAn (GRECO, 2002).
Distância = CTAn + (VC . tempo)
equação 1
Teste de verificação da máxima fase estável de lactatoPara verificação da máxima fase estável de lactato sangüíneo, cada indivíduo executou três testes em ordem aleatória com velocidades constantes correspondentes a 98, 100 e 102% da VC, utilizando cinco tiros de 200 m em nado "crawl", com pausas de 30 segundos entre os tiros para coleta de sangue, ao final do primeiro, terceiro e quinto tiros (figura 1). Nesses três momentos foram coletados aproximadamente 25 mL de sangue arterializado do lóbulo da orelha, com o auxílio de um capilar heparinizado e calibrado. Vale ressaltar que o período de repouso entre os testes correspondentes às diferentes intensidades foi de pelo menos 24 horas.
Figura 1 - Delineamento do teste para verificação da máxima fase estável de lactato nas intensidades correspondente a 98, 100 e 102% da VC.
Bioquímica SangüíneaAs amostras de sangue coletadas para dosagem do lactato foram imediatamente acondicionadas em tubos de polietileno de 1,5 mL, contendo 50 L de solução hemolisante (fluoreto de sódio, 1%) e armazenadas a -70º C. As concentrações de lactato sangüíneo foram determinadas em analisador eletroquímico YSL 1500 (STAT Yellow Spring Co., USA).
Tratamento estatísticoOs dados foram tratados inicialmente mediante recursos da estatística descritiva utilizando o programa STATISTICA 6.0® (STATSOFT INC., USA). Os valores médios das velocidades no LAn e VC foram contrastados mediante o teste "t" de Student, para amostras dependentes, com o mesmo número de elementos. A correlação de Pearson foi utilizada para examinar a relação entre os dois métodos (LAn e VC). Também foi determinado o grau de concordância entre as metodologias (LAn e VC), por meio do método de análise descrito por Bland e Altman (1986). As concentrações médias de lactato sangüíneo e a velocidade média de nado obtidas em cada tiro, nas diferentes intensidades, foram comparadas por análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas, após serem constatados os pressupostos exigidos para utilização da ANOVA (teste de normalidade de Shapiro Wilk's, e de homogeneidade de Levene's). O teste post hoc de Scheffé foi utilizado para a localização das diferenças entre as concentrações de lactato e a velocidade média de nado. O nível de significância adotado para todas as análises foi de p<0,05.
ResultadosA partir da avaliação da maturação sexual baseada nos estágios de desenvolvimento das características sexuais secundárias, dois indivíduos foram classificados dentro do estágio 3 e quatro dentro do estágio 4 de desenvolvimento genital e de pilosidade pubiana.
Os valores médios do tempo e da velocidade média nos tiros máximos de 50, 100 e 200 m durante o nado crawl, podem ser verificados na tabela 1.
Tabela 1 - Valores médios (± DP) do tempo e da velocidade média nos tiros máximos de 50, 100 e 200 m
durante o nado crawl utilizados na determinação da VC.
A tabela 2 contém dados referentes à VC e CTAn, acompanhado do coeficiente de determinação (r2) e da concentração de lactato sangüíneo correspondente à VC.
Tabela 2 - Valores médios (± DP) da velocidade crítica (VC), da capacidade de trabalho anaeróbio (CTAn),
coeficiente de determinação (r2) e concentração de lactato sangüíneo na VC.
Na tabela 3 são expressos os valores médios da VC e da velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1. Constatou-se que a velocidade média no LAn de 4 mmoL.L-1foi significativamente maior do que a VC (p<0,05). Por outro lado, o coeficiente de correlação de Pearson evidenciou uma relação bastante significativa entre a VC e a velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1(r=0,98; p<0,05) (figura 2).
Tabela 3 - Valores médios (± DP) da velocidade crítica (VC)
e da velocidade no limiar anaeróbio de 4 mmoL.L-1 (LAn).
Figura 2 - Coeficiente de correlação de Pearson obtido entre a velocidade crítica (VC) e a velocidade no limiar anaeróbio de 4 mmoL.L-1 (LAn).O resultado da análise de Bland-Altman da velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1e da VC, são apresentados na figura 3.
Figura 3 - Resultado da análise de Bland-Altman da velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1 e da VC. A diferença média (bias) é representada pela linha pontilhada (---) e o limite de concordância pelas linhas horizontais pretas (___).A diferença média entre a velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1 e a VC não foi significante, apenas 0,04% (intervalo de confiança de 95%). Contudo, esta diferença foi sistematicamente positiva (intervalo de concordância de 95% entre os dois métodos foi de 0,00 a +0,074%).
Na figura 4 são apresentados os resultados da concentração de lactato sangüíneo nos cinco tiros de 200 m, nas intensidades previstas para 98, 100 e 102% da VC. Na intensidade a 98% da VC observou-se aumento significante na concentração de lactato do primeiro para o terceiro tiro de 200 m, contudo, nenhuma modificação significante foi verificada entre o terceiro e o quinto tiro de 200 m. Para as intensidades de 100% e 102% da VC, a concentração de lactato aumentou significativamente do primeiro para o terceiro tiro, diminuindo de maneira significante do terceiro para o quinto tiro (p<0,05). A concentração de lactato no primeiro, terceiro e quinto tiro de 200 m foi significativamente maior nas intensidades de 100% e 102% da VC quando comparados aos três tiros a 98% da VC (p<0,05). Na intensidade equivalente a 102% da VC a concentração de lactato foi significativamente maior no terceiro e quinto tiro de 200 m quando comparados aos mesmos tiros a 100% da VC (p<0,05).
Figura 4 - Respostas do lactato sangüíneo nos cinco tiros de 200 m nas intensidades previstas para 98, 100 e 102% da VC.A tabela 4 apresenta a velocidade média dos cinco tiros de 200 m, nas intensidades previstas para 98, 100 e 102% da VC.
A velocidade média de nado na intensidade a 98% da VC se mostrou constante durante os cinco tiros de 200 m, contudo, para as intensidades de 100 e 102% da VC, a velocidade média de nado apresentou uma redução significante no terceiro e quinto tiro de 200 m em relação ao primeiro tiro (p<0,05).Tabela 4 - Valores médios (± DP) da velocidade média dos cinco tiros de 200 m nas intensidades previstas para 98, 100 e 102% da VC.
Quando comparada à velocidade média de nado entre os tiros nas diferentes intensidades, constatou-se que à velocidade média de nado a 98% da VC no primeiro tiro, foi significativamente menor que a intensidade correspondente a 100 e 102% da VC (p<0,05). Da mesma forma, a velocidade média de nado a 100% da VC no primeiro tiro, foi significativamente menor que a intensidade a 102% da VC (p<0,05). Por outro lado, a velocidade média de nado no terceiro e quinto tiro nas intensidades de 98, 100 e 102% foram semelhantes.
DiscussãoA busca de novos índices capazes de predizer o desempenho físico é extremamente interessante, uma vez que a partir deles é possível prescrever de maneira mais eficiente programas de treinamento, além do que favorecer a avaliação mais precisa dos efeitos do treinamento desenvolvido. Nesse sentido, a VC tem sido apontada como um bom indicador de avaliação da performance aeróbia e da predição do LAn na natação (WAKAYOSHI et al., 1992b). Alguns estudos realizados em nadadores adultos treinados, têm encontrado resultados semelhantes entre a VC e a velocidade de LAn, além de altas correlações (r=0,89 a r=0,94; p<0,01). Além disso, tem se observado que a VC corresponde a MLSS nesta população (KOKUBUN, 1996; WAKAYOSHI et al., 1992a; WAKAYOSHI et al.,1993).
Apesar de encontrarmos na literatura dados comprovando a validade da VC na natação, são poucos os estudos que constataram esta relação em crianças e adolescentes (DENADAI & GRECO, 1997; DENADAI, GRECO & DONEGA, 1997; DENADAI, GRECO & TEIXEIRA, 2000; GRECO et al., 2002; GRECO et al., 2003). Semelhante as investigações citadas anteriormente, constatou-se nesta pesquisa que a velocidade de LAn de 4 mmoL.L-1superestimou significativamente a VC (p<0,05). Do mesmo modo que a correlação entre os dois métodos, medida através do coeficiente de correlação de Pearson, se mostrou bastante expressiva e estatisticamente significante (r = 0,98; p<0,05).
Entretanto, como demonstrado por Bland e Altman (1986) em seu estudo sobre comparações de dois métodos de mensuração, mais importante do que a correlação, é a avaliação da concordância entre os métodos. Baseados na análise descrita por Bland e Altman (1986), os achados do presente estudo demonstram que a diferença média entre a velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1 e a VC não foi significante, apenas 0,04% (intervalo de confiança de 95%). Entretanto, foi observada diferença sistematicamente positiva (intervalo de concordância de 95% entre os dois métodos foi de 0,00 a +0,074%), violando o princípio de aleatoriedade da dispersão dos erros. Portanto, apesar de próxima, a VC demonstrou ser menor que a velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1. Assim, os resultados desta investigação sugerem que a VC não corresponde a velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1para os indivíduos estudados.
Vale destacar que os valores de VC e de velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1encontrados nos estudos de Denadai e Greco (1997), Denadai, Greco e Donega (1997), Denadai, Greco e Teixeira (2000), Greco et al., 2002, Greco et al. (2003), foram inferiores aos encontrados na presente investigação (VC = 1,22 ± 0,09 m/s e LAn = 1,26 ± 0,08 m/s). Essas diferenças podem ser explicadas pelo fato dos sujeitos participantes do presente estudo, serem de maior nível competitivo, além de possuírem uma maior experiência prática na modalidade, o que possivelmente contribuiu para que o desempenho nos testes fosse melhor e conseqüentemente os índices estudados apresentassem maiores valores.
O presente estudo encontrou ainda, uma concentração de lactato sangüíneo correspondente a VC de 3,24 ± 0,38 mmoL.L-1, o que indica, possivelmente, que a VC se aproxime mais da intensidade de MLSS, uma vez que, a concentração de lactato sangüíneo demonstrou estar mais próxima do valor fixo de 2,5 mmoL.L-1proposto por Willians e Armstrong (1991) e, Almarwaey, Jones e Tolfrey (2003), como referência para a determinação da intensidade de MLSS de lactato em crianças e adolescentes. Semelhantemente, estudos envolvendo crianças e adolescentes nadadores têm encontrado concentrações de lactato sangüíneo correspondentes a VC variando entre 2,71 ± 1,12 mmoL.L-1e 3,13 ± 0,41 mmoL.L-1(DENADAI & GRECO, 1997; DENADAI, GRECO & DONEGA, 1997; DENADAI, GRECO & TEIXEIRA, 2000; GRECO et al., 2002; GRECO et al., 2003). Essas variações na concentração de lactato podem ser explicadas, pelo menos em parte, pela resposta do lactato em crianças e adolescentes que aumenta com o avanço da idade cronológica, e está associada aos valores relativos do consumo máximo de oxigênio e a intensidade de esforço (ARMSTRONG & WELSMAN, 1994; PFITZINGER & FREEDSON, 1997a; TANAKA & SHINDO, 1985).
Sugere-se a partir da presente pesquisa, que a intensidade de nado na MSSL, parece ter ocorrido a 98% da VC (1,18 m/s), uma vez que não foram verificadas alterações no lactato sangüíneo entre o terceiro e o quinto tiro de 200 m (2,62 ± 1,07 mmoL.L-1vs 2,65 ± 0,99 mmoL.L1; p>0.05). Além disso, a velocidade média de nado durante o teste para determinação da MLSS, na intensidade de 98% da VC, se mostrou constante durante os cinco tiros de 200 m (p>0.05), o que possivelmente pode refletir o equilíbrio dinâmico entre produção e remoção de lactato sangüíneo, não permitindo um acúmulo acentuado de lactato nesta intensidade, evitando que os indivíduos se direcionassem ou atingissem o estado de exaustão. A intensidade de esforço submáxima mais alta, onde pode ser constatado o ponto de equilíbrio entre a produção e a remoção de lactato sangüíneo, tem sido proposta como sendo correspondente a MLSS (BILLAT et al., 2003; BENEKE, 2003).
No entanto, a comparação de dados publicados sobre a MLSS é dificultada pelo fato de serem utilizados diferentes metodologias para sua determinação. Essas dificuldades são ainda mais evidentes quando o grupo estudado é composto por crianças e adolescentes, uma vez que não existe um consenso na literatura sobre qual seria o melhor método para a determinação da MLSS. Alguns estudos envolvendo jovens atletas de natação encontraram uma concentração média de lactato sanguíneo na MLSS de 2,68 ± 1,05 mmoL.L-1(KOKUBUN, 1996) e 3,2 ± 0,08 mmoL.L-1(WAKAYOSHI et al., 1993).
Mais recentemente Almarwaey, Jones e Tolfrey (2003), demonstraram em um grupo de adolescentes (dezesseis meninos e nove meninas) com idade média de 16 anos que a velocidade de corrida, o percentual do VO2pico e da freqüência cardíaca pico na MLSS ocorreram próximos a concentração fixa de 2,5 mmoL.L-1(2,70 ± 1,30 mmoL.L-1para os meninos e 2,30 ± 0,50 mmoL.L-1para as meninas) durante um teste em esteira rolante. Esses achados são semelhantes aos encontrados por Tolfrey e Armstrong (1995) e Williams e Armstrong (1991), os quais constataram que o consumo de oxigênio e a freqüência cardíaca correspondente a 2,5 mmoL.L-1em crianças, não diferiram significativamente daquelas mensuradas na MLSS, sugerindo assim, a utilização da concentração fixa de 2,5 mmoL.L-1de lactato sangüíneo para a avaliação da aptidão aeróbia de crianças e adolescentes.
Em comparação com adultos, crianças e adolescentes são mais deficitários quanto ao metabolismo anaeróbio, diferença que parece ter determinantes fundamentais de natureza bioquímica, pois a concentração de lactato no músculo e no sangue desses é mais baixa do que no adulto da mesma forma que a taxa de glicólise anaeróbia (PFITZINGER & FREEDSON, 1997b; TOURINHO FILHO & TOURINHO, 1998). Desse modo, considerando os estágios de desenvolvimento das características sexuais secundárias observados nos indivíduos da presente pesquisa, os quais indicaram uma maturação continuada de cada característica, sugere-se que os baixos valores de lactato sangüíneo encontrados parecem estar relacionados à resposta do lactato nesta população em específico. Nesse sentido, Ericksson e Saltin (1974) demonstraram em indivíduos de 11 a 16 anos que a atividade das enzimas glicolíticas tende a aumentar concomitantemente com a redução da atividade das enzimas oxidativas, com o avanço da idade. Esse fato sugere a existência de uma menor proporção entre a atividade enzimática anaeróbia-aeróbia em crianças, a qual pode estar relacionada à redução na produção de lactato ou aumento da oxidação deste. Vale destacar que os estoques intramusculares mais elevados de lipídeos podem também contribuir para uma menor utilização de glicogênio durante o exercício. Da mesma forma que um maior fluxo sangüíneo encontrado em crianças também pode ser responsável pelos menores níveis de lactato acumulado, por aumentar a sua taxa de remoção (WILLIAMS & ARMSTRONG, 1991).
Em adição, o estudo de Ericksson (1980), com garotos de 16 e 17 anos, demonstrou que a atividade da fosfofrutoquinase (PFK), uma enzima reguladora da glicólise anaeróbia, apresentou-se de forma mais baixa na musculatura esquelética dos garotos quando comparados com adultos. Portanto, a atividade mais baixa da PFK nos garotos é uma das prováveis causas do pico de concentração de lactato ser mais baixo. Uma outra explicação para o comportamento dos níveis de lactato de crianças e adolescentes baseia-se na hipótese de uma relação entre o estado da maturação e a lactacidemia. Esta hipótese decorre de experimentação animal, tendo sido verificada uma associação direta entre a taxa de produção de lactato e a testosterona circulante (KROTKIEWSKI, KRAL & KARLSSON, 1980).
Observou-se ainda na presente investigação, que a concentração de lactato aumentou nas intensidades correspondente a 100% e 102% da VC (0,8 mmoL.L-1e 1,1 mmoL.L-1; respectivamente), do primeiro para o terceiro tiro, indicando uma possível perda no equilíbrio dinâmico acarretada pelo aumento da produção e/ou redução na taxa de remoção de lactato a partir desta fase do teste. Beneke (2003) sugere que o aumento na concentração de lactato sangüíneo acima de 1 mmoL.L-1depois do décimo minuto de teste caracteriza perda da MLSS. Contudo, alguns autores que desenvolveram métodos de determinação da MLSS, especialmente para crianças, baseados na suposição de que testes com durações relativamente curtas (10 a 20 minutos) parecem ser mais adequados a esta população especificamente, têm proposto valores que variam entre 0,04 a 0,1 mmoL.L. -1 min-1(BENEKE et al., 1996; MOCELLIN et al., 1990; WILLIANS & ARMSTRONG, 1991).
O aumento da concentração de lactato sangüíneo observado nas intensidades correspondente a 100% e 102% da VC não foi linear, de modo que houve redução na concentração de lactato do terceiro para o quinto tiro (p<0.05), o que teoricamente pode ser explicado pela queda na velocidade média nessas intensidades (100% e 102%), uma vez que os indivíduos não conseguiram manter as velocidades preconizadas inicialmente por terem sofrido desgaste excessivo durante os primeiros tiros. É possível que esta baixa intensidade de nado possa ter contribuído para remoção do lactato sanguíneo, e conseqüentemente, redução nos níveis desse na fase final do teste para as intensidades de 100% e 102%. Alguns estudos têm sugerido que o decréscimo nos níveis de lactato sanguíneo em esforços de baixa intensidade, subseqüentes a esforços de alta intensidade, ocorre por um aumento na remoção do lactato por meio da via metabólica oxidativa (BROOKS, 2000; BROOKS, 2001; BROOKS, 2002)
Os resultados do presente estudo sugerem ainda, que tanto a VC quanto a velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1, parecem superestimar a intensidade de nado supostamente correspondente a MLSS, de modo que a VC parece se aproximar mais da intensidade de MLSS encontrada na presente investigação, visto que a concentração de lactato encontradas na VC foi em média 3,24 ± 0,38 mmol.l-1. Esses achados estão de acordo com alguns estudos que têm indicado que em crianças e adolescentes a VC parece estar mais próxima da intensidade de MLSS (2,5 mmoL.L-1) (DENADAI & GRECO, 1997; DENADAI, GRECO & DONEGA, 1997; DENADAI, GRECO & TEIXEIRA, 2000; GRECO et al., 2002).
Contudo, Beneke et al. (1996), relatam variação da concentração de lactato sangüíneo em crianças na intensidade de MSSL entre 2,1 mmoL.L-1e 5 mmoL.L-1. Assim, a avaliação da aptidão aeróbia de crianças e adolescentes a partir da resposta do lactato sangüíneo, deve ser realizada com cautela, uma vez que a variabilidade interindividual do lactato é relativamente grande (BENEKE, 2003).
Dentre as limitações deste estudo devemos considerar as velocidades médias no teste de determinação da MLSS, que foram semelhantes em todas as intensidades (98, 100 e 102%) a partir do terceiro tiro de 200 m, o que pode ter influenciado na cinética do lactato sangüíneo nas diferentes intensidades, impossibilitando uma análise mais acurada, bem como o número reduzido de participantes no experimento (n=6). Outro fator que não pode ser desprezado é o protocolo adotado para determinar a MLSS (cinco tiros de 200 m) que teve o tempo de execução entre 14 e 15 minutos. Esse modelo foi adotado devido ao fato dos indivíduos estudados não conseguirem realizar testes mais duradouros para as intensidades propostas e, conseqüentemente, maior tempo de esforço, conforme constatado anteriormente em um estudo piloto.
ConclusãoConsiderando as características do presente estudo, os resultados demonstraram que apesar da correlação encontrada entre a VC e a velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1, não foi observada concordância entre os métodos a partir da análise proposta por Bland-Altman, indicando que a VC não corresponde a velocidade no LAn de 4 mmoL.L-1no grupo estudado. Constatou-se também que a intensidade de LAn de 4 mmoL.L-1superestimou a VC.
Observou-se ainda que tanto a VC como a velocidade de LAn de 4 mmoL.L-1, superestimaram a intensidade de nado supostamente correspondente a MLSS. Contudo, a VC demonstrou se aproximar mais da intensidade de MLSS, uma vez que as concentrações de lactato sangüíneo encontradas na VC foram de aproximadamente 3,24 ± 0,38 mmoL.L-1. Assim, a concentração de lactato sangüíneo na MLSS (2,65 ± 0,99 mmoL.L-1) na presente investigação, foi bem próxima do valor fixo de 2,5 mmoL.L-1proposto por Willians e Armstrong (1991) e Almarwaey, Jones e Tolfrey (2003), como sendo a concentração de lactato correspondente a MLSS em crianças e adolescentes.
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digital · Año 10 · N° 89 | Buenos Aires, Octubre 2005 |