Índice de massa corporal em escolares na faixa etária de 4 a 8 do Município de Mogi-Mirim - Sp |
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*Graduanda em Ed. Física da Faculdade de Esp. Santo do Pinhal-SP **Prof. Ms.c. das Faculdades de Ed. Física de Americana-SP (FAM) e PUCC-Campinas-SP; Grupo de Pesquisa em Ciências do Esporte - PUCC |
Helena Martiniano* helenamartiniano@ig.com.br Anderson Marques De Moraes** ander_marques@ig.com.br (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 88 - Setiembre de 2005 |
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Introdução
Atualmente considerada como um problema de saúde pública (ZAMBOM et. al., 2003), a obesidade é definida como um acúmulo excessivo de gordura provocado por um balanço de energia (MILLAR; STEPHENS, 1987; WHO, 1997) sendo caracterizada como uma verdadeira epidemia mundial (OLIVEIRA; FISBERG, 2003).
Muito se tem discutido nos dias de hoje sobre a obesidade infantil. Vários paises estão preocupados com o aumento de peso registrado nas crianças em diversas faixas etárias (STYNE, 2001; SILVA; MALINA, 2003), pois a incidência de obesidade na infância está aumentando em todo o mundo. Por esse motivo, vários órgãos governamentais, têm dedicado uma atenção maior a esses índices alarmantes, buscando soluções para controlar o sobrepeso em crianças.
No Brasil também está ocorrendo um aumento marcante de sobrepeso nas crianças (OLIVEIRA; FISBERG, 2003). Além das possíveis complicações clínicas decorrentes da obesidade, existe a implicação psicológica, como na auto-estima infantil, pois o padrão de estética valoriza sempre o magro.
Segundo Fisberg (1993) a obesidade infantil pode ocorrer em qualquer faixa sócio-econômica, a vida moderna tem criado condições para o desenvolvimento de obesidade em crianças. Existem alguns fatores que refletem o aumento de peso, desde a qualidade dos alimentos até o sedentarismo, que é um dos fatores que podem aumentar a prevalência da obesidade (BEUNEN et. al., 1983; MALINA et. al., 1995) bem como o tipo de atividade física que elas executam nos dias de hoje, na medida em que são impedidas de saírem de casa (por causa da violência) e, desta forma, deixam de correr nas praças, andar de bicicleta e participar de outras brincadeiras de boa atividade física interferindo diretamente no seu peso (BALLONE, 2003), esse decréscimo na atividade física leva a um balanço energético desfavorável (SCHILICKER; BORRA; REGAN, 1994)
O sobrepeso tem influência direta na qualidade de vida das crianças, e é nessa fase que começam a aparecer os problemas de saúde, que mais adiante podem afetar diretamente o modo de vida do adulto.
A obesidade contribui de forma significativa para a diminuição da expectativa de vida (SILVA; MALINA, 2003), aumentando a mortalidade por causas relacionadas a uma série de doenças, chamadas de patologias modernas (PARIZOTTO et. al., 2002), entre elas as cardiovasculares, especialmente no sexo masculino. (MUST, 1996)
Para que se possa detectar precocemente a obesidade na infância pode-se utilizar o Índice de Massa Corporal (IMC), que é um importante meio de se calcular o sobrepeso das crianças nas faixas etárias menores (BELLIZI; DIETTZ, 1999; GUILLAUNE, 1999; LEHINGUE, 1999)
ObjetivoEsse estudo tem como objetivo verificar o sobrepeso através do IMC em escolares na faixa etária dos 4 aos 8 anos do município de Mogi-Mirim - SP.
MetodologiaA população que participou do estudo constituiu-se de 48 crianças de ambos os sexos com idades entre 4 a 8 anos, que freqüentam o Colégio Carisma em Mogi-Mirim - SP, sendo N = 22 do grupo feminino e N = 26 do sexo masculino. A distribuição das crianças por faixa etária e sexo, bem como os valores percentuais estão expressos na Tabela 1.
Tabela 1 - Distribuição e quantificação amostral por idade e sexo.
A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro a novembro, no horário normal das aulas, porém de modo que não fosse após os horários de almoço e/ou lanches. As crianças encontravam-se com um mínimo de roupa possível e descalças.
Foram mensurados as variáveis antropométricas, estatura e peso, utilizando-se uma balança da marca Filizola com graduação em cm (estatura) e com divisões de 100g, com carga máxima de 150 kg (peso). O IMC foi calculado através da formula peso/estatura2. O sobrepeso foi calculado recorrendo-se aos pontos de corte, ajustados à idade e sexo, propostos por Cole et al. (2000) expressos na Tabela 2.
Tabela 2 - Pontos de corte para classificação do sobrepeso com base no IMC. (Cole et al, 2000)
ResultadosOs resultados foram submetidos à análise através da estatística descritiva: média aritmética e desvio padrão apresentados na Tabela 3.
Tabela 3 - Resultados das médias e desvios padrões obtidos de idade, peso, altura e IMC.
A Tabela 4 mostra o número de alunos e o nível de peso (%) obtido com o IMC.
Tabela 4 - Resultados do número de alunos e percentual dos níveis de peso obtidos com o IMC.
Os valores de IMC, peso e altura obtidos para os meninos estão demonstrados nos gráficos 1, 2 e 3 respectivamente.
Gráfico 1 - Representa os valores masculinos obtidos de IMC.
Gráfico 2 - Representa os valores masculinos obtidos de Peso.
Gráfico 3 - Representa os valores masculinos obtidos de Estatura.
Os resultados de IMC, peso e estatura obtidos para as meninas estão demonstrados nos gráficos 4, 5 e 6 respectivamente.
Gráfico 4 - Representa os valores femininos obtidos de IMC.
Gráfico 5 - Representa os valores femininos obtidos de Peso.
Gráfico 6 - Representa os valores femininos obtidos de Estatura.
Discussão e considerações finais
O IMC tem sido recomendado para se classificar o sobrepeso e a obesidade em adultos (WHO, 1997), mostrando uma correlação positiva com a gordura corporal, seja ela, expressa em % de gordura ou peso de gordura (GALLAGHER et. al., 1996; PIETROBELLI et. al., 1998; MORABIA et. al., 1999) mas é na classificação das crianças e adolescentes que tem sido bastante utilizado pela facilidade de sua aplicação.
A partir das análises dos resultados obtidos expressos na Tabela 4, pode-se observar que o total de crianças com sobrepeso e obesidade, foi de 27,9%, esse resultado é semelhante ao encontrado por Oliveira e Fisberg (2003) que estudaram as crianças em algumas cidades brasileiras e verificaram que o sobrepeso e obesidade correspondem a 30% das crianças de Recife - PE.
Em outro estudo, realizado por Costa et. al. (SD) foi encontrado os valores de 33,7% de sobrepeso e obesidade em escolares da cidade de Santos - SP, corroborando com o presente estudo.
Silva e Malina (2003) realizaram um estudo em adolescentes do município de Niterói e encontraram sobrepeso em 10,5% para os rapazes e 9,0% para as moças, o resultado do sexo masculino foi maior do que o obtido nesse estudo 6,25%, porém no feminino, foi menor do que o resultado encontrado 14,6% respectivamente.
No estudo de Souza Leão et. al. (2003) o autor encontrou uma prevalência de 15,8% de obesidade em escolares de Salvador mas não foram considerados os índices de sobrepeso, esse valor é maior que o encontrado no presente estudo 6,24%. O mesmo ocorreu nos estudos de Taddei (1998) que encontrou um nível prevalência de obesidade na região sul e sudeste de 9,6% e 9,3%.
Quanto ao restante do grupo pesquisado (72,91%) este se encontrava dentro dos limites de peso, corroborando com o estudo de Bankoff e Moutinho (2002) que avaliaram 80 crianças entre 4 a 6 anos.
Os resultados obtidos levam a refletir sobre a necessidade de esclarecimentos sobre a questão do sobrepeso (BANKOFF, MOUTINHO, 2002) para que se possa conscientizar a população de que o excesso de peso na infância pode trazer sérios riscos à saúde no futuro.
Diagnosticar e encontrar formas de prevenir a obesidade infantil, bem como abordar a necessidade de um tratamento precoce é de suma importância para evitar o aumento de casos em nosso país.
Os resultados sugerem que se deve haver uma intervenção com caráter educativo e informativo, no sentido de estimular a prática de atividades físicas combinadas com uma alimentação mais balanceada nas crianças com o intuito de promover um maior controle de sobrepeso na infância como fator de prevenção da obesidade adulta.
Referências bibliográficas
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