Crescimento físico e composição corporal de escolares de uma escola pública da cidade de Florinanópolis, SC |
|||
*Mestrando em Ciências do Movimento Humano CEFID/UDESC Bolsista CAPES Laboratório de Desenvolvimento e Aprendizagem Motora - CEFID/UDESC Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde - NUPAF/UFSC **Prof. Dr. DEF/CDS/UFSC Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde - NUPAF/UFSC |
Leandro Augusto Romansini* leandro_romansini@yahoo.com.br Adair da Silva Lopes** adair@cds.ufsc.br (Brasil) |
|
|
|
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 87 - Agosto de 2005 |
1 / 1
Introdução
Durante as primeiras fases da vida humana, a atividade principal do organismo é crescer e se desenvolver; estudos sobre esses fatores são de suma importância para observar as alterações ocorridas e os seus comportamentos. Quando se realiza uma avaliação do crescimento físico, o principal objetivo é verificar como os indivíduos estão evoluindo. Porém, sabe-se que tanto fatores externos quanto internos interferem. Assim sendo, quando os fatores ambientais são negativos existe um retardamento nesse processo e quando positivos tendem a incentivar o crescimento. Justifica-se assim a necessidade de estudos em populações específicas, para que se possa obter informações a respeito do crescimento físico (BOSCO, 1987).
A análise da composição corporal é um dos indicadores mais importantes para avaliar o estado de saúde. Isto porque o excesso de massa gorda caracteriza a obesidade, a qual está diretamente associada à doenças como: elevados níveis de colesterol sangüíneo, hipertensão, osteoporose, diabetes, acidente vascular cerebral, doenças coronarianas, além dos problemas psicológicos e sociais. Por outro lado, pouca quantidade de gordura corporal pode estar associada à desnutrição (BOUCHARD et al., 1991; NIEMAN, 1999).
Assim, parece evidente que analisar variáveis do crescimento físico e da composição corporal em crianças, constitui-se em um importante indicador de saúde dentro do contexto no qual estão inseridas. Além do fato de que um estudo com esta amplitude e características pode, conseqüentemente, estimular a promoção da saúde dentro desta população específica. Segundo LOHMAN, 1992 atitudes saudáveis na juventude podem favorecer a diminuição da obesidade na vida adulta.
Este estudo teve como objetivo analisar, por meio de abordagem transversal, variáveis do crescimento físico (massa corporal, estatura e índice de massa corporal - IMC) e composição corporal (percentual de gordura - %G, massa gorda - MG e massa corporal magra - MCM) de escolares, de uma escola da rede pública de ensino da cidade de Florianópolis (SC) e comparar os resultados com as tabelas normativas do NCHS (2002).
AmostraA amostra foi composta por 83 escolares (48 do sexo masculino e 35 do sexo feminino) do ensino básico compreendidos na faixa etária entre 7 e 12 anos de idade e estes foram divididos em três grupos conforme mostra a Tabela 1. Na constituição da amostra, a escola e os escolares foram selecionados de forma intencional, fazendo parte da amostra todos alunos presentes no dia da coleta.
Tabela 1. Freqüência das faixas etárias por sexo.
InstrumentosPara coleta dos dados antropométricos (estatura e massa corporal), foi utilizado o protocolo proposto por GORDON, CHUMLEA & ROCHE (1991).
O Índice de Massa Corporal (Índice de Quetelet) foi calculado através das medidas de massa corporal e estatura, através da equação: IMC = massa corporal (kg)/estatura (m) 2.
Para a coleta das dobras cutâneas tricipital e subescapular, foi utilizado um compasso específico (adipômetro) marca Sanny, com escala de 0,1 mm e pressão constante de 10g/mm2 independente de sua abertura. As medidas foram realizadas com base no protocolo proposto por HARRISON, et al. (1991).
Quanto ao percentual de gordura (%G), foi utilizada a fórmula sugerida por BOLEIAU et. al (1985) citado por PETROSKI (2003).
% G=1,35(TR + SE) - 0,012 (TR + SE)2 - 2,4 para o sexo feminino e
% G=1,35(TR + SE) - 0,012 (TR + SE)2 - 4,4 para o sexo masculino.Para a classificação do percentual de gordura utilizaram-se os critérios propostos por LOHMAN (1987) citado por PETROSKI (2003) onde para os meninos o %G menor que 10 foi classificado como um percentual BAIXO, entre 10 e 20 como ÓTIMO e acima de 20% classificado como SOBREPESO. Para as meninas o %G menor que 15 foi classificado como um percentual BAIXO, entre 15 e 25 como ÓTIMO e acima de 25% foi considerado SOBREPESO.
Tratamento estatísticoA análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva (médias, desvios padrões, análise freqüência e percentagens), análise de variância ANOVA One-Way, com a utilização do teste post hoc de Tukey (p<0,05) e teste t para amostras independentes. Para tabulação dos dados utilizou-se do programa Microsoft Excel e para análise estatística o programa SPSS 10.0. Resultados
Crescimento físicoCaracterizar o crescimento físico significa estabelecer indicadores referenciais, considerando uma população específica que, neste caso, são escolares do ensino médio de ambos os sexos. Esta caracterização objetiva verificar se estes encontram-se em um estágio normal de crescimento físico de acordo com as tabelas normativas da NCHS (2002).
A comparação da amostra com as tabelas normativas resultou que as médias das faixas etárias (massa corporal, estatura e índice de massa corporal) em ambos os sexos encontram-se próximo ao percentil adequado (P50), com exceção da estatura feminina na faixa etária 11 e 12 anos que encontra-se entre os percentis 10 e 25. Abaixo da média.
A Tabela 2 mostra os valores médios e desvios padrões da massa corporal, estatura e IMC, considerando a faixa etária e o sexo.
Tabela 2. Distribuição das médias e desvios padrões da massa corporal, estatura e IMC, por faixa etária e sexo.
* p<0,05 (entre as faixas etárias).
Os resultados evidenciaram que não ocorreram diferenças significativas entre sexos nas variáveis massa corporal, estatura e índice de massa corporal, porém entre as faixas etárias, as variáveis diferenciaram entre si em todos os grupos etários em ambos os sexos (p 0,05), com exceção do IMC na faixa etária 9 e 10 anos que não apresentou diferenças significativas com as demais.
Composição corporal
A Tabela 3 apresenta as médias e desvios padrões das variáveis da composição corporal. Os resultados mostram que as médias referentes ao %G, em todas as faixas etárias e em ambos os sexos, podem ser classificados como ótimo, de acordo com os critérios estabelecidos por LOHMAN (1987).
Tabela 3. Distribuição das médias e desvios padrões da massa gorda, massa corporal magra e do percentual de gordura, por sexo e faixa etária.
Médias com letras maiúscula diferentes foram estatisticamente diferenciadas pelo teste t de estudos para amostras independentes (p<0,05) entre os sexos.
Médias com letras minúsculas diferentes foram estatisticamente diferenciadas pelo teste de Tukey (p<0,05) entre as faixas etárias.
A MCM não apresentou diferenças entre os sexos, já entre as faixas etárias ocorreram diferenças significativas (p<0,05).
A MG e o %G apresentaram diferenças entre os sexos (p<0,05). Somente o %G feminino apresentou diferenças significativas entre as faixas etárias dos grupos 7 e 8 anos com o de 11 e 12 anos (p<0,05). A MG tanto no masculino quanto no feminino diferenciou entre os grupos de 7 e 8 anos com o de 11 e 12 anos (p<0,05).
A classificação do %G, separada por sexos e freqüência está apresentada na Tabela 4.
Tabela 4. Freqüência de acordo com a classificação do %G dos sexos.
Conclusões
Conclui-se que os escolares encontram-se com os indicadores de crescimento físico (massa corporal, estatura e índice de massa corporal) próximo ao percentil adequado (P50), com exceção da estatura feminina na faixa etária 11 e 12 anos que encontra-se abaixo da média entre os percentis 10 e 25.
Na composição corporal as meninas tenderam a apresentar valores mais altos de gordura corporal do que os meninos, entretanto não diferiram em relação a MCM. A MCM e a Massa de gordura tenderam a evoluir com o avanço da idade (7 a 12 anos). A MG (sexo masculino e feminino) e %G (sexo feminino) diferenciaram entre o grupo de 7-8 anos com o de 11-12 anos.
Os escolares apresentaram índices de gordura corporal dentro da faixa recomendada (15% a 25%), 57,1% das meninas e 60,4% dos meninos (10% a 20%). Entretanto, 12,5% dos meninos e 17,1% das meninas apresentam índices de gordura corporal acima dos valores recomendados, sendo assim, merecedores de cuidados, pois o excesso de gordura corporal nessa faixa etária pode causar problemas a saúde como elevados níveis de colesterol, hipertensão, osteoporose, diabetes, acidente vascular cerebral, doenças coronarianas, problemas psicológicos e sociais, além de possuírem uma maior propensão a se tornarem adultos obesos. Recomenda-se para estes, cuidados especiais e controle dos fatores que podem estar causando o acúmulo de gordura corporal. Ainda 27,1% dos meninos e 25,7% das meninas apresentaram baixos índices de gordura corporal podendo estar associados à desnutrição (15% a 25%).
Referências bibliográficas
BOUCHARD, C. et. al. The genes in the constellation of determinants of regional fat distribution. International Journal of Obesity v.15, n.1, p.9-18, 1991.
BOSCO, V. L. Relação entre Crescimento e Desenvolvimento Físicos e Erupção de Dentes Permanentes em Escolares de Florianópolis - Santa Catarina. UFSC, Florianópolis - SC: Dissertação de Mestrado, 1987.
GORDON, C.C. et. al. Stature, recumbent length, and weight. In: T.G. LOHMAN et. al. (Eds.). Anthropometric standardization reference manual. Abridged edition. Champaign, IL: Human Kinetics Books, 1991.
HARRISON, G. G.; BUSKIRK, E. R.; CARTER, J. E. L.; JOHNSTON, F. E.; LOHMAN, T. G.; POLLOCK, M. L.; ROCHE, A. F. & WILMORE, J. Skinfold thicknesses and measurement technique. In T. G. Lohman, A. F. Roche, R. Martorell (Eds). Antrhropometric standardization reference manual. (pp 3-8): Champaign, IL: Human Kinetics Books, 1991.
LOHMAN, T. G. Applicability of body composition techniques and constants for children and youth. Journal of Physical Education, Recreation and Dance, v.58, n.9, p.98-102, 1986.
NIEMAN, D. C. Exercício e saúde. São Paulo, SP: Ed. Manole Ltda., 1999.
PETROSKI, E. L. Antropometria: técnicas e padronizações. 2 ed. Porto Alegre: Pallotti, 2003.
revista
digital · Año 10 · N° 87 | Buenos Aires, Agosto 2005 |