Obesidade na adolescência | |||
Centro Universitário Toledo - Araçatuba, SP Curso de Educação Física (Brasil) |
Márcia Lílian Rodrigues Sapatéra Profª. Elaine Vaz Pandini videolap@terra.com.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 85 - Junio de 2005 |
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Introdução
A obesidade, segundo a O.M.S (Organização Mundial de Saúde), é uma doença causada pelo excesso de gordura no organismo. A obesidade é considerada um problema de saúde pública devido a sua alta incidência na população em geral. De acordo com os dados da O.M.S dos seis bilhões de habitantes do planeta 23,4% estão com excesso de peso. No Brasil, calcula-se que 40% da população estejam acima do peso normal.
O tecido adiposo é um tipo especial de conjuntivo onde se observa predominância de células adiposas (adipócitos). Essas células podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos no tecido conjuntivo comum, porém a maioria delas se agrupam no tecido adiposo espalhado pelo corpo.
Em pessoas de peso normal, o tecido adiposo corresponde a 20 - 25% do peso corporal na mulher e 15 - 20% no homem (JUNQUEIRA & CARNEIRO, l999).
O tecido adiposo é o maior depósito de energia (sob a forma de triglicerídeos) do corpo. As células hepáticas e o músculo esquelético também acumulam energia, mas sob a forma de glicogênio. Como a alimentação é feia a intervalos, e os depósitos de glicogênio são menores, é importante a existência dos grandes depósitos de triglicerídeos que são usados para fornecer entre as refeições. Além do papel energético, o tecido adiposo tem outras funções.
Localizando-se embaixo da pele, modela a superfície, sendo em parte responsável pelas diferenças de contorno entre o corpo da mulher e do homem. Forma também coxins absorventes de choques, principalmente na planta dos pés e na palma das mãos. Como as gorduras são más condutoras de calor, o tecido adiposo contribui para o isolamento térmico do organismo. Além disso preenche os espaços entre outros tecidos e auxilia a manter certos órgãos em suas posições normais (JUNQUEIRA & CARNEIRO, l999).
A obesidade pode resultar de fatores endógenos ou exógenos. A obesidade de origem endógena representa 5% ou menos dos casos na atualidade, podendo ser de origem hereditária/congênita, psicogênica, medicamentosa, neurológica e endócrina. Por outro lado, a obesidade exógena pode representar 95% ou mais dos casos, e sua origem está relacionada a fatores ambientais, culturais, sociais e emocionais, mas, principalmente, devido a hipoatividade (sedentarismo), e aos maus hábitos alimentares (inadequação entre qualidade, quantidade e alto consumo de fast-food) (DÂMASO, 2001).
Segundo DÂMASO (2001), a obesidade pode ser classificada em quatro tipos, de acordo com a distribuição dos depósitos de gordura:
TIPO I - Caracterizado pelo excesso de massa adiposa corporal total sem concentração particular.
TIPO II - Caracterizado pelo excesso de gordura subcutânea na região abdominal e do tronco, também conhecida como do tipo andróide ou obesidade do tipo "maçã", pois o aspecto corporal do indivíduo assemelha-se a esta fruta. A obesidade tipo II está associada ao aumento da fração LDL-C, estimulando o desenvolvimento de problemas cardiovasculares e a resistência à ação da insulina. Este tipo de obesidade manifesta-se sobretudo nos homens sob efeito hormonal da testosterona e de corticóides.
TIPO III - Caracterizado pelo excesso de gordura visceroabdominal, que também está associada a problemas cardiovasculares e a resistência à ação da insulina.
TIPO IV - Caracterizado pelo excesso de gordura glúteo-femural, também conhecida como do tipo ginóide ou obesidade do tipo "pêra". A obesidade do tipo IV pode estar mais suscetível a alterações nos períodos de gestação (principalmente repetidas) e desmame precoce. Este tipo de obesidade manifesta-se principalmente em mulheres sob efeito hormonal dos estrógenos, em geral a partir da puberdade.
A obesidade quanto ao padrão regional de gordura pode ser avaliada de acordo com a relação abdômen/quadril (McARDLE, l998).
Como obter a relação:
Medir a circunferência ao redor do abdômen ao nível do umbigo estando de pé e relaxado, sem encolher a barriga.
Medir a circunferência do quadril, sobre as nádegas onde a circunferência é maior.
Dividir a medida da cintura pela medida do quadril.
Relação de risco significativo para a saúde:
Homens: > 0,95cm*
Mulheres: > 0,80cm (McARDLE, 1998)* Alguns autores consideram a medida para homens > 0,90cm
A obesidade pode, ainda, ser classificada fisiologicamente, em hipertrófica, hiperplásica e hipertrófica/hiperplásica.
A obesidade hipertrófica está relacionada ao aumento no tamanho das células de gordura (adipócitos), e ocorre freqüentemente em adultos.
A obesidade hiperplásica representa o aumento no número de adipócitos, ocorrendo principalmente nos primeiros anos de vida, na adolescência e em períodos de gravidez (último trimestre da gravidez), tornando-se estes susceptíveis ao desenvolvimento de obesidade.
A obesidade hipertrófica/hiperplásica relaciona-se ao aumento tanto no número quanto no tamanho das células de adipócitos, e ocorre em períodos similares a hiperplásica (DÂMASO, 2001).
A obesidade quanto ao grau de morbidade pode ser classificada, entre outros, por meio de métodos antropométricos: IMC e medidas das dobras cutâneas.
O IMC (índice de massa corporal) é a medida de diagnóstico populacional mais utilizada para estudos epidemiológicos. Este é obtido, medindo-se o peso (kg) e a estatura (m) do indivíduo. A partir dos valores obtidos, calcula-se o IMC (kg/m2), dividindo-se o peso pela altura ao quadrado, podendo-se, então, identificar o grau de obesidade (DÂMASO, 2001).
Segundo McARDLE (2001), o IMC não leva em consideração a composição proporcional do organismo. Mais especificamente o numerador na equação do IMC é afetado por outros fatores além da gordura corporal excessiva, tais como massa óssea, muscular, (principalmente em atletas) e até mesmo a quantidade de volume plasmático. Em indivíduos relativamente magros com uma massa muscular excessiva em relação á estatura em virtude da constituição genética ou treinamento com exercícios, um IMC alto poderia dar origem a uma interpretação incorreta de gordura excessiva.
A lógica para a medida das pregas cutâneas se baseia no fato de que uma grande parte do conteúdo corporal total da gordura fica localizada nos depósitos adiposos existentes debaixo da nossa pele e ela está diretamente relacionada com a gordura total. Desta maneira, pode ser um bom subsídio para a predição da quantidade de gordura corporal (DOMINGUES FILHO, 2002).
A grande vantagem de se utilizarem ás medidas de espessura das dobras cutâneas no estudo da composição corporal está no fato de que, além de se obterem informações quanto à estimativa da quantidade do componente de gordura total, torna-se possível conhecer o padrão de distribuição do tecido subcutâneo pelas diferentes regiões do corpo, o que se denomina topografia da gordura subcutânea.
A técnica de espessura do tecido subcutâneo, é aplicável devido sua relativa facilidade quanto à utilização em condições de estudo de campos e de levantamentos em grande número de sujeitos, associada às menores restrições culturais. Por se tratar de medidas externas das dimensões corporais, a possibilidade de treinamento de pessoal e a obtenção de reprodutibilidade das medidas elegeram a técnica antropométrica por meio das medidas de espessura de dobras cutâneas, como a de maior aplicabilidade quando do envolvimento de crianças e adolescentes.
Uma maneira de analisar as medidas de espessura das dobras cutâneas é a utilização do somatório dos valores observados em varias regiões anatômicas, junto a fórmulas (protocolos) ou tabelas.
Protocolo de Guedes para Crianças e adolescentes brasileiros de (7 a 18 anos). Seguindo a fase de maturação.
Fonte: GUEDES (l997)
%G = porcentagem de gordura
= soma das dobras cutâneas (Tríceps e Subescapular)
2= soma ao quadrado das dobras cutâneas (Tríceps e Subescapular)Porcentagem de gordura corporal em crianças e adolescentes de 7 a 17 anos
Fonte: Bristish Journal of Nutrition, v. 63, n. 2, 1990 E = Excessivamente; M = ModeradamenteConforme DOMINGUES FILHO (2002), os pontos anatômicos mais utilizados para avaliação são:
Peitoral (pt): é uma dobra diagonal a ser medida a meia distância entre a linha axilar anterior e o mamilo (homens), e a um terço da distância da linha anterior numa posição equivalente (mulheres).
Biciptal (bi): é determinada paralelamente ao eixo longitudinal do braço, na sua face anterior, no ponto de maior perimetria aparente do ventre muscular do bíceps.
Triciptal (tr): é determinada na face posterior do braço, mas também paralelamente ao eixo longitudinal, sendo o ponto no meio do caminho entre o acrômio e o olecrânio. Um detalhe: o braço deve estar em extensão e relaxado.
Subescapular (sb): está localizada a dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula.
Axilar média (am): está localizada no ponto de articulação entre a 5a e 6a costela e ligeiramente acima da ponta inferior do processo xifóide.
Supra-ilíaca (si): obtida na metade da distância entre a crista ilíaca e o último arco cotal, sobre a linha axilar média. Um detalhe importante é que o indivíduo afaste levemente o braço direito para trás, para permitir a medida.
Abdominal (ab): é obtida a dois centímetros à direita da borda lateral da cicatriz umbilical.
Coxa (cx): é determinada sobre o músculo retofemural, a dois terços da distância do ligamento inguinal e a borda proximal da rótula.
A equação do equilíbrio energético estabelece que o peso corporal se mantém constante quando a ingestão calórica é igual ao gasto de energia. Como mostrado na figura 2, qualquer desequilíbrio no lado tanto da produção quanto do influxo de energia nessa equação gera uma mudança no peso corporal (MCARDLE, 1998).
Para McARDLE (1998), se a ingestão calórica ultrapassa a produção em apenas l00 kcal por dia, o excesso de calorias consumidas em um ano seria de 365 dias x 100 kcal, ou 36.500kcal. Como 0,45 kg de gordura corporal contém aproximadamente 3.500 kcal, isso equivale a um aumento anual de aproximadamente 4,7kg de gordura.
Por outro lado, se a ingestão diária de alimento for reduzida em apenas 100 kcal e se o gasto energético for aumentado em 100kcal trotando 2.200 metros por dia, nesse caso o déficit calórico anual será equivalente a aproximadamente 9,5 kg de gordura corporal (McARDLE, 1998).
A obesidade na adolescência está associada a vários problemas, sendo mais prevalentes as conseqüências deletérias na área psicossocial e a persistência de obesidade na idade adulta, acompanhada de suas comorbidades. Alguns estudos revelam que 50% das crianças obesas aos 6 meses de vida e 80% daquelas aos 5 anos, serão sempre obesas. Um adolescente obeso tem mais de 70% de vir a ser um adulto obeso (VIUNISKI, 2000).
Adolescentes, segundo a O.M.S, são pessoas com idade entre l0 e l9 anos e representam 20 % da população global. Cerca de 84% dos adolescentes estão em países em desenvolvimento. E apesar de sua porcentagem em relação a outros grupos etários estar aumentando, pouca atenção tem sido dada à sua nutrição. Nos Estados Unidos, em apenas três anos, entre l988 e l99l, a prevalência de obesidade na adolescência aumentou em 6%.
Segundo a O.M.S, em l975 tínhamos no Brasil, um pouco mais de 8% de crianças e adolescentes subnutridos e cerca da metade, 4% de obesos. Esse quadro se inverteu e atualmente os dados apontam para 9% de obesidade e somente 3% de subnutridos (VIUNISKI, 2000).
A presença da obesidade pode ocasionar diversas alterações metabólicas e associações com vários tipos de doenças tais como: hipertensão, diabetes, doenças coronarianas, problemas respiratórios, além de diminuir a longevidade. De acordo com estatísticas da O.M.S, somente 60% dos obesos chegam aos 60 anos, em comparação a 90% das pessoas magras. Apenas 30% dos obesos chegam a atingir 70 anos, enquanto 50% dos magros o fazem. A idade de 80 anos é alcançada por apenas l0% dos obesos, comparando-se a 30% dos magros, perfazendo-se a razão de um para três.
A independência crescente dos adolescentes, aumento da participação na vida social e programas atarefados influencia seus hábitos alimentares. Freqüentemente, comem rápido e fora de casa. Na adolescência ocorre um aumento no consumo de carboidratos, gorduras e proteínas e menor consumo em vitaminas, minerais, fibras, devido a modificações comportamentais e ambientais da própria idade, a substituição das refeições tradicionais, por lanches ricos em carnes, queijos, a troca das frutas por sorvetes, doces e refrigerantes, às preferências caseiras.
A influência da propaganda de alimentos pouco nutritivos e a necessidade de estarem sempre testando novidades os levam a escolhas erradas. Os padrões de refeições dos adolescentes são freqüentemente caóticos. Os adolescentes deixam de fazer mais refeições em casa, conforme se tornam mais velhos, freqüentemente deixando de tomar o café da manhã e de almoçar (KRAUSE, l994).
O novo conceito de tratamento para obesidade, baseia-se em quatro pontos: a reeducação alimentar, a prática de atividades físicas prazerosas, a mudança de pensamento em relação à obesidade e em alguns casos a adoção de remédios mais recentes, que em vez de diminuir a fome, aumentam a saciedade e diminuem a absorção da gordura (SATO, 2001).
A atividade física vem sendo utilizada ao longo dos anos como um dos principais recursos para combater e controlar a obesidade. O estilo de vida moderno, no entanto, que tem como característica básica à inatividade física, não favorece em nada para que o índice de obesidade no mundo possa diminuir (DÂMASO, 2001).
A atividade física não necessariamente é programada, levar o cachorro para passear, andar de bicicleta, subir escadas, são atividades diárias importantes para o desenvolvimento físico e motor do adolescente, se praticadas regularmente.
Na adolescência, as mudanças corporais e psicológicas, reforçam a necessidade de uma atividade física, principalmente durante o estirão, pois estimula a proliferação dos chamados osteoblastos (células que contribuem para o crescimento do tecido ósseo) (BODY, l997).
De acordo com a O.M.S, os pais têm uma importante responsabilidade na vida ativa dos seus filhos, pois:
se a mãe pratica atividade física, o filho é 2 vezes mais ativo;
se o pai pratica atividade física, o filho é 3,5 vezes mais ativo;
se o pai e a mãe praticam atividades físicas, o filho será 6 vezes mais ativo.
As duas áreas de prioridade nas estratégias de prevenção, controle e tratamento da obesidade são o incremento do nível de atividade física e a melhora na qualidade da dieta. O mais importante em termos de incremento do nível de atividade física é o estímulo para evitar os hábitos sedentários e a adoção de um estilo de vida ativo. Para BODY (l997), existem várias evidências científicas apontando que o controle da ingestão alimentar associado ao exercício físico ou atividade física regular é mais efetivo no controle do peso corporal.
A atividade estimula o desenvolvimento das fibras musculares que compõem os diversos músculos do corpo.
Conforme pesquisas realizadas por GUEDES (l997), adolescentes envolvidos regularmente em programas de atividades físicas apresentam menor quantidade de gordura corporal e maior proporção de massa magra, com flutuações diretamente relacionadas com o estímulo do esforço a que são submetidos.
Um controle alimentar pode não ser suficiente, nem a solução para a reversão do estado de maior adiposidade em jovens, uma vez que alterações na dieta nessas idades podem causar deficiências na ingestão de importantes nutrientes ao próprio crescimento e ao estado de saúde. A par disso, desde que a maior causa da obesidade na adolescência seja o baixo nível de prática de atividade física, talvez investir na tentativa de reverter esse quadro de inatividade física possa ser a melhor e a mais saudável opção na diminuição da quantidade de gordura (GUEDES, l997).
A freqüência cardíaca de adolescentes ativos torna-se menor, tanto em repouso como durante todos os níveis de exercícios físicos, além de demonstrar uma recuperação pós-esforço físico mais rápido do que adolescentes não-ativos.
Os exercícios devem ser realizados regularmente cerca de três a cinco sessões por semana. Apesar de os programas envolvendo níveis de intensidade e duração suficientes produzirem algumas melhorias cardiorrespiratórias, em vigência de uma freqüência de treinamentos inferior a três dias na semana, são mínimas ou inexistentes as perdas ponderais e da gordura corporal observadas. Além disso, as melhorias no endurance cardiorrespiratório variam somente entre mínimas e modestas, nos programas que prevêem um número inferior a três sessões por semana (geralmente abaixo de l0%). Os participantes de programas cuja freqüência varia entre uma a duas sessões por semana freqüentemente se queixam de que suas sessões de exercício são muito espaçadas, quebrando a continuidade do treinamento. Uma outra queixa comumente ouvida é a seguinte: "É como se eu estivesse sempre reiniciando o programa a cada sessão." A experiência dos autores demonstra que tais impressões freqüentemente levam à desistência (POLLOCK, 1993).
O esquema de dias alternados é o mais freqüentemente recomendado, pois o tempo de descanso entre as sessões deve ser preciso para que as adaptações fisiológicas e musculoesqueléticas ocorram e os indivíduos não sofram lesões, entre em fadiga muscular ou perca condicionamento físico por sessões muito espaçadas (POLLOCK, l993).
Um tema relacionado ao conceito da intensidade dos exercícios, sobre o qual muito pouco se conhece, é a função do treinamento de resistência nos programas de controle de peso. Parece realmente claro que o treinamento de resistência pode auxiliar os jovens a melhorarem sua força muscular e resistência, desta maneira auxiliando seu desempenho e participação futura em esportes e atividades de dança. Como o treinamento de força, em geral, envolve levar os grupos musculares durante todo o tempo ou próximos à falha momentânea, ele é de alta intensidade, mesmo quando a energia global não seja tão alta quanto nas sessões de treinamento aeróbio. A alta intensidade dos exercícios, e os aumentos resultantes de tecidos musculares (massa magra), podem levar a alterações favoráveis da composição corporal (BOUCHARD, 2003).
A partir das considerações feitas até o momento, sugerimos a seguinte proposta de atividades a serem desenvolvidas pelos respectivos profissionais atuantes no tratamento da obesidade, de forma multiprofissional e de acordo com suas respectivas necessidades, mediante estudos diagnósticos prévios e avaliações periódicas do estado de saúde do indivíduo obeso (DÂMASO, 2001).
De acordo com DÂMASO (2001), em todas as propostas de atividades, além do respeito à atuação multiprofissional na estruturação das mesmas, o profissional envolvido deve estar atento às seguintes considerações:
respeitar a individualidade biológica;
respeitar o quadro clínico e a gravidade de qualquer desordem que a pessoa apresente.
respeitar a fase do desenvolvimento motor, fisiológico e intelectual.
ObjetivosVerificar a porcentagem de gordura corporal, preferência e freqüência de atividades físicas em uma escola de basquete e em uma escola pública de ensino básico na cidade de Araçatuba S/P.
MetodologiaForam aplicados questionários e análise da composição corporal (GUEDES, l997) em 36 adolescentes, com faixa etária de 10 a 12 anos, sendo 21 masculino (grupo 1) estudantes de escola particular e l5 feminino (grupo 2) estudantes de escola pública. Os recursos utilizados foram: balança Filizola com carga máxima de l50kg, estadiômetro metálico e adipômetro Lange Skinfold Caliper.
ResultadosVerificamos que 60% dos adolescentes do grupo 1 estavam com a porcentagem de gordura corporal acima do normal. No grupo 2 nenhum adolescente apresentou porcentagem acima do normal.
Os avaliados do grupo 1 têm aulas de Educação Física nas escolas em que estudam, com a seguinte freqüência:
53% dos alunos tinham apenas uma aula de Educação Física por semana;
27% dos alunos tinham duas aulas de Educação Física por semana;
Somente 20% dos alunos tinham três aulas de Educação Física por semana.
Por outro lado na escola pública todos os alunos praticavam três aulas de Educação Física por semana.
Quanto à preferência de atividades físicas foi escolhido por parte dos alunos do grupo 1 o basquete e o futebol.
Na escola pública as preferências ficaram no vôlei e no futebol.
O gráfico abaixo relata o percentual de gordura corporal nos adolescentes do grupo 1.
ConclusõesAvaliando os resultados desta pesquisa podemos concluir que, a procura por atividade física recreativa ou extra curricular se dá a partir da necessidade de diminuir o peso corporal.
De acordo com entrevista feita com a professora da escola de basquete, os alunos já entraram para a atividade com sobrepeso ou obesidade por indicação dos pais, que procuraram incluir o filho obeso em atividades em que ele pudesse ser aceito com o objetivo de diminuir o peso corporal. Em outros esportes como futebol, alunos obesos geralmente são colocados de goleiro, pois eles têm dificuldade em correr. O basquete é um jogo que exige força para arremessar a bola e a quadra é bem menor do que o campo de futebol, talvez por isso eles se identificam mais com esse esporte, conseguindo resultados melhores em relação à composição corporal, além de aumentar sua auto-estima, pois conseguem realizar a aula com sucesso.
Referências bibliográficas
BODY, Understanding the Human. Folha de São Paulo, 27 de novembro de 1997. Caderno especial Mexa-se página 3.
BOUCHARD, C. Atividade física e obesidade. Barueri: Manole, 2003.
DÂMASO, A. Nutrição e Exercício na Prevenção de Doenças. Rio de Janeiro: Medsi, 2001.
DOMINGUES FILHO, L. A. Manual do Personal Trainer Brasileiro. São Paulo: Ìcone, 2002.
GUEDES, D. P; GUEDES, J. E. R. P. Crescimento, Composição Corporal e Desempenho Motor de Crianças e Adolescentes. São Paulo: CLR Baliero, 1997.
JUNQUEIRA & CARNEIRO. Histologia Básica. 9a edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
MAHAN, L. K.; ARLIN, M. T. K. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: Roca, l994.
McARDLE, W. D; KATCH, F. I; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 4a . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
McARDLE, W. D; KATCH, F. I; KATCH, V. L. Nutrição para o desporto e o exercício. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
NEUTZLING et. al. Pesquisa Nacional Sobre Saúde e Nutrição. International Journal of Obesity; 2000.
POLLOCK, M. L; WILMORE, J. H. Exercícios na Saúde e na Doença. 2a edição. Rio de Janeiro: Medsi, 1993.
SATO, E. E. Mudança de Atitude, Arma Contra Obesidade. Jornal folha da região; Araçatuba. Caderno Vida, 26 de agosto de 2001.
VIUNISKI, N. Obesidade Infantil. Caxias do Sul: EPUB, 2000.
revista
digital · Año 10 · N° 85 | Buenos Aires, Junio 2005 |