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Capacidade de VO2 máximo para indivíduos
fumantes e não fumantes durante o exercício físico

   
Centro Universitário Toledo
Curso de Educação Física
(Brasil)
 
 
Anderson Luis Nunes Correa
Prof. Ms. Sérgio Tumelero

tumelero.prof@toledo.br
 

 

 

 

 
Resumo
    A predominância do tabagismo é baixa entre as pessoas que praticam exercícios. Em repouso e, numa menor extensão, durante o exercício, a nicotina da fumaça do cigarro aumenta a freqüência cardíaca e a pressão arterial, diminui o débito sangüíneo cardíaco e aumenta e demanda de oxigênio pelo músculo cardíaco. No exercício, a nicotina também aumenta os níveis de lactado no sangue, porém, não existem evidências conclusivas de que o exercício auxilia as pessoas a interromper o hábito de fumar, mas a maioria dos programas de interrupção incluem o exercício como componente vital. Objetivo foi quantificar a capacidade de VO2 máximo durante a realização do teste de 12 minutos, onde participaram 9 indivíduos fumantes e não fumantes. Quanto aos resultados: para os fumantes existe uma relação entre o tempo em que foi fumado o último cigarro com o exercício e que a capacidade de VO2 máximo é menor do que no indivíduo não fumante.
    Unitermos: Tabagismo. Exercício físico. VO2 máximo.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 85 - Junio de 2005

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Introdução

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os diversos estudos clínicos, epidemiológicos e de laborátorio têm demonstrado claramente que o consumo de tabaco é um fator etiológico importante em diversas enfermidades incapacitantes e inclusive mortais, em particular a isquemia cardíaca, o câncer de pulmão, a bronquite crônica e o efisema, No entanto, a demonstração da relação causa/efeito tem sido muito difícil, pois os efeitos nocivos do consumo de tabaco à saúde só começam a manifestar-se ao longo de vários anos e por conseguinte, nem sempre são relacionados com o hábito de fumar.

    Os principais riscos à saúde são: coronariopatia e outras formas de doença vasculares periférica, bronquite crônica e efisema, câncer e efeitos deletérios na gravides. As principais substâncias químicas isoladas da fumaça relacionadas com estes efeitos nocivos podem ser classificados em quatro grupo essenciais: nicotina monóxido de carbono, substâncias irritantes da mucosa respiratória e compostos com ação cancerígena (NEIMAN, 1999).

    Quando o fumante dá uma tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões, chegando ao cérebro geralmente em 9 segundos.

    Os principais efeitos da nicotina no Sistema Nervoso Central são: elevação leve no humor(estimulação) e diminuição do apetite. A nicotina é considerada um estimulante leve, apesar de um grande número de fumantes relatarem que se sentem relaxados quando fumam. Essa sensação de relaxamento é provocada pela diminuição do tônus muscular (NEIMAN, 1999).

    Essa substância, quando usada ao longo do tempo pode provocar o desenvolvimento de tolerância, ou seja a pessoa tende a consumir um número cada vez maior de cigarros para sentir os mesmos efeitos que originalmente eram produzidos por doses menores.

    Para OGA (1996), alguns fumantes, quando suspendem repentinamente o consumo de cigarros podem sentir fissura (desejo incontrolavel por cigarro), irritabilidade, agitação prisão de ventre, dificuldade de concentração sudorese, tontura, insônia e dor de cabeça. Esses sintomas caracterizam a síndrome de abstinência, desaparecendo dentro de uma ou duas semana.

    Para NEIMAN (1999), atolerância e a síndrome de abstinência alguns dos sinais que caracterizam o quadro de dependência provocado pelo uso tabaco.

    A nicotia produz um aumento no batimento cardíaco, na pressão arterial na freqüência respiratória e na atividade motora. Quando uma pessoa fuma um cigarro, a nicotina é imediatamente distribuída pelos tecidos. No sistema digestivo provoca a queda da contração do estômago, dificultando a digestão. Há um aumento da vasoconstrição e na força das contrações cardíacas.

    O tabagismo e os esportes não combinam e atualmente é muito raro encontrar atletas de elite que fumam. Estudos demonstraram que a predominância do tabagismo é baixa entre as pessoa que praticam exercícios.

    O monóxido de carbono está presente em grande quantidade de fumaça do cigarro e entra rapidamente na corrente sangüínea, combinando-se com a hemoglobina no eritrócitos. Normalmente, a hemoglobina transporta oxigênio para os músculos e para as células do organismo. Quando há presença do monóxido de carbono da fumaça do cigarro, cerca de 5 por cento da hemoglobina e capturada por mais de cinco horas. Isso diminui a liberação de oxigênio para os músculos durante o exercício intenso, fazendo com que todos os esforços pareçam mais difíceis do que o normal (OGA, 1996).

    Em repouso e, numa menor extensão, durante o exercício, a nicotina da fumaça do cigarro aumenta a freqüência cardíaca e a pressão arterial, diminui o débito sangüíneo cardíaco e aumenta e demanda de oxigênio pelo músculo cardíaco. Durante o exercício, a nicotina também aumenta os níveis de lacta no sangue, substância que pode fazer com que a pessoa se sinta cansada ou que abandone o exercício quando atinge um nível elevado. Nos estudos com animais, observou-se que a nicotina diminuiu a capacidade da realização de exercícios de longa resistência como a natação ou a corrida (OGA, 1996).

    Após fumar, ocorre um aumento da resistência ao fluxo respiratório nas vias pulmonares, tornando-se mais difícil a libertação de ar e oxigênio aos pulmões durante o exercício intenso. Em algumas pessoas, o fumo pode desencadear sintomas de asma, tornando quase impossível a prática de exercícios ate que ocorra a diminuição dos sintomas (NEIMAN, 1999).

    Ainda não existe evidências conclusivas de que o exercício auxilia as pessoas a interromper o hábito de fumar, mas a maioria dos programas de interrupção incluem o exercício como componente vital.

    Quase todos os fumantes admitem que seu hábito aumenta o risco de morte precoce por câncer ou doença cardíaca, apesar de que muitos não desejam parar por medo de ganhar peso. O uso do fumo como uma estratégia de controle de peso, apesar do risco, parece ser uma motivação poderosa para a continuidade pro muitas pessoas. Num estudo nacional australiano, os ex-fumantes frequentemente classificam o ganho de peso como a desvantagem número um da interrupção de fumar

    O exercício pode auxiliar o ex-fumante a melhorar a aptidão física diminuir o risco de doenças crônicas, combater o ganho de peso e auxiliar no combate dos sintomas da abstenção. Embora a solução ainda não tenha sido estabelecida pelas pesquisas detalhadas a maioria dos médicos acredita que o exercício regular é particularmente importante para as pessoas que estão deixando de fumar. Antes de tudo, o fumante deve procurar um médico para ser liberado para iniciar e manter um programa seguro de exercícios. Existe quatro boas razões para encorajamento dos exercícios entre os ex-fumante (OGA, 1996).

    Melhoria da aptidão física: tipicamente os fumantes apresentam níveis ruins de aptidão física e a pratica de um programa regular de exercícios pode melhorar a função cardíaca e a pulmonar e aumenta a força e a resistência muscular

    Diminuição do risco de doença relacionadas com o tabagismo: O exercício regular pode diminuir os níveis de vários fatores de risco e reduzir o risco de doenças cardíacas e alguns tipos de câncer, auxiliando no combate contra algumas conseqüências patológicas negativas do tabagismo.

    Combate ao ganho de peso: A queima extra de calorias pro meio dos exercícios pode auxiliar o ex-fumante a evitar o ganho de peso típico. A caminhada diária de aproximadamente 4,8 quilômetros queima a mesma quantidade de calorias que um pacote de cigarros por dia (mas sem os efeitos desagradáveis e negativos sobre a saúde). Portanto se um ex-fumante começa um programas de caminhada diária ao mesmo tempo que evita alimentos ricos em gorduras ou açucares, existe toda a razão para acreditar que o ganho de peso pode ser evitado. Embora dois em cada três fumantes que param com o hábito engordam, um não faz. Um programa de exercícios pode melhorar as possibilidades da pessoa não engordar (NEIMAN, 1999).

    Combate ao estresse: Muitos indivíduos utilizam o fumo como um método de combate ao estresse e acham o hábito relaxante.

    O tabagismo pode ser um dos melhores prognósticos de coronariopatia e o risco está relacionado diretamente ao número de cigarros fumados. A probalidade de morte por doença cardíaca nos fumantes é quase duas vezes maior que nos não-fumantes. Os centros para o Controle e a Prevenção das Doenças estimam que cada cigarro fumado rouba sete minutos da vida de um fumante. Quando mais se fuma (ou fica exposto à fumaça do cigarro) quanto mais profundamente se inala e quanto mais rico for cigarro em termos de alcatrão e de co-produtos nocivos maior será o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Quando esses fumantes relativamente jovens sofrem um ataque cardíaco existe uma probabilidade de 80% de que o tabagismo tenha sido a causa; a probabilidade percentual quase de 70% para os que estão em sua sexta década de vida e 50% para aqueles que estão em sua sétima e oitava décadas. Além disso, os fumantes comportam um probabilidade quase cinco vezes maior de terem um acidente vascular cerebral que não-fumantes e aqueles que fumam um maço ou mais por dia comportam uma probabilidade 11 vezes maior de sofrerem um tipo específico de acidente vascular cerebral brusco e fatal que tende a acometer homens e mulheres mais jovens. Supreendentemente, esse risco, devido ao fumo, está associado com mais mortes que a taxa de mortalidade excessiva dos fumantes devida ao câncer de pulmão (NEIMAN, 1999).

    Em geral, observa-se que o risco do fumo agre independentemente dos outros fatores de risco. Contudo e ao mesmo tempo se existem outros fatores de risco o tabagismo acentua sua influência. O tabagismo pode facilitar a cadiopatia através de seu efeito sobre as lipoproteínas sérias; os indivíduos que fumam apresentam níveis mais baixos de colosterol HDl, em comparação com os não-fumantes. Entretanto, ao parar de fumar o HDL e o risco de cardiopatia retornam aos níveis dos não-fumantes (OGA, 1996).


Objetivos

- Quantificar a capacidade de VO2 máximo durante a realização do teste de 12 minutos de indivíduos fumantes e não fumantes, ativos e sedentários.

- Verificar a respostas de variáveis cardiorrespiratórias de fumantes e não fumantes durante a realização de exercício físico.


Metodologia

    Participaram 9 indivíduos fumantes e não fumantes, ativos e sedentários, com idades entre 18 e 42 anos, que realizaram o teste dos 12 minutos, onde foram avaliados parâmetros como freqüência cardíaca inicial e final, pressão arterial inicial e final e cálculo do VO2 máximo alcançado.

    Todas as avaliações foram realizadas na Ativa Academia e sempre no mesmo horário do dia.

    Os indivíduos fumantes foram avaliados até 2 horas, após 6 e 12 horas do último cigarro.


Resultados

    Quando da realização da avaliação, constatamos que os voluntários não fumantes e classificados como ativos, conseguiram percorrer, em 12 minutos a distância de aproximadamente 2500m. As menores distâncias percorridas foram no que se refere aos sedentários fumantes após até duas horas de fumar e os sedentários fumantes após 6 horas após fumar., enfatizando assim, a melhora observada neste curto período de tempo sem fumo. Estes valores estão representados no gráfico 1.

    Com relação a frequência cardíaca inicial observamos valores superiores nas avaliações, para o grupo de sedentários fumantes após duas horas e para o grupo de ativos fumantes após 6 horas. Os menores valores para a frequência cardíaca foram observados para o grupo de ativos não fumantes, confirmando, assim, o efeito do exercício físico sobre a diminuição da frequência cardíaca, tanto em repouso, quanto em atividade, principalmente de intensidade leva a moderada. Estes valores estão representados no gráfico 2.


Gráfico 1: Distância percorrida no período de 12 minutos.


Gráfico 2: Frequência cardíaca inicial, para o grupo de avaliados

    No gráfico 3, estamos representando os valores para a frequência cardíaca ao final dos 12 minutos de atividades, onde constatamos que os valores foram muito semelhantes para todos os grupos, com superioridade para o grupo de sedentários fumantes após 2 horas e de menores valores para os ativos fumantes após 2 horas. Contudo vale ressaltar as diferenças de distância e velocidade conseguidas no mesmo período comparando-se os grupos.


Gráfico 3: Frequência cardíaca final, para o grupo de avaliados

    Quando analisamos os valores da pressão arterial, no início dos 12 minutos, tanto sistólica, quanto diastólica avaliadas constatamos que: os maiores valores para a pressão arterial siatólica, e que estão representados no gráfico 4 foram para os grupos de sedentários fumantes, após 2 horas e para o grupo de ativos fumantes após 6 horas, os menores valores foram para as ativos não fumantes e para os ativos fumantes após 12 horas. Já para a pressão arterial diastólica observamos que os valores superiores ficaram para o grupo de ativos fumantes após 6 horas e para os sedentários fumantes também após 6 horas. Para as ativos fumantes após 12 horas houve o menor valores de pressão arterial diastólica.


Gráfico 4: Pressão arterial, sistólica e diastólica para o início da atividade.

    Ao final dos 12 minutos, foram avaliados os valores para a pressão arterial sistólica e os valores foram superiores para o grupo de sedentários fumantes após 2 horas e os menores valores para os ativos fumantes após 2 horas. Já para os valores da pressão arterial diastólica observamos que os maiores valores foram para o grupo de ativos não fumantes e de menores valores para o grupo de sedentários fumantes após 2 horas. Vale ressaltar que a distância percorrida pelos grupos foi completamente diferente, onde os indivíduos ativos não fumantes conseguiram percorrer uma distância significativamente maior que os outros grupos. Estes valores estão representados no gráfico 5.


Gráfico 5: Pressão arterial sistólica e diastólica para o final da avaliação

    Quando calculamos os valores máximos de VO2 alcançados, observamos que: os valores estatisticamente significantes foram alcançados para o grupo de ativos não fumantes e os valores mais baixos para o grupo de sedentários fumantes após até 2 horas e de sedentários fumantes após 6 horas. Neste sentido enfatiza-se os benefícios da atividade física regular quanto aos benefícios para o VO2 máximo. Estes valores estão representados no gráfico 6.


Gráfico 6: Cálculo do VO2 Máximo para o grupo de indivíduos analizados.


Conclusões

  • Quanto a distância percorrida - os indivíduos não fumantes ativos percorreram maior distância quando comparados aos demais grupos, enfatizando que o fumo é prejudicial a realização de atividades físicas. Com relação aos fumantes ativos observou-se que o desempenho, após 12 horas do último cigarro é significativamente superior as demais avaliações para o indivíduo.

  • Quanto a frequência Cardíaca inicial - os melhores valores para a frequência cardíaca foi observada para os indivíduos ativos não fumantes, quando comparados aos demais grupos, sendo atribuído ao bom nível de condicionamento físico do indivíduo. Para o indivíduo sedentário fumante, até 2 horas após o último cigarro observou-se valores superiores aos demais grupos, confirmando que a nicotina e resíduos químicos elevam a frequência cardíaca. Porém para este mesmo indivíduo, quando ele passa um período maior de tempo sem fumo os valores da frequência cardíaca também são menores, em comparação com o valor até 2 horas de último cigarro.

  • Quanto a frequência Cardíaca final - apesar das frequências cardíacas serem semelhantes o que difere nestas condições é que o indivíduo ativo não fumante conseguiu manter um ritmo mais elevado e constante em relação aos demais avaliados, chegando por exemplo a percorrer os 12 minutos num mesmo ritmo, diferentemente dos indivíduos sedentários fumantes que depois de 3 a 4 minutos do início da atividade já estavam entrando em fadiga muscular, sendo necessário diminuição do ritmo e intensidade da atividade.

  • Quanto a pressão arterial inicial - os indivíduos ativos não fumantes apresentam valores inferiores, tanto para pressão sistólica quanto diastólica e o grupo que apresenta valores superiores aos demais é o grupo de sedentários fumantes que realizaram a atividade até duas horas após o último cigarro, enfatizando, mais uma vez, o efeito da nicotina e de resíduos químicos sobre estes valores. Quanto ao grupo de indivíduos ativos fumantes após 12 horas observou-se que os valores, tanto de pressão arterial sistólica, como diastólica foram inferiores as demais avaliações do grupo, chegando a valores muito próximos do grupo de ativos não fumantes, mostrando a influência do exercício físico sobre a pressão arterial.

  • Quanto a pressão arterial final - apesar da intensidade e o ritmo ser menor para o grupo de indivíduos sedentários fumantes até duas horas do último cigarro, observamos valores para a pressão arterial superiores, quando comparados aos demais grupos, os menores valores foram registrados para o grupo de ativos fumantes até duas horas do último cigarro, neste sentido uma explicação possível seria uma menor intensidade e ritmo da atividade física e enfatizando que o nível de condicionamento destes indivíduos também pode ser um dos fatores desta alteração.

  • Quanto a VO2 Máximo Atingido - o grupo de indivíduos ativos n~]ao fumantes conseguir um melhor desempenho de VO2 máximo, sendo estes valores significantes em relação aos demais grupos. Assim, enfatiza-se o benefício da atividade física com relação aos valores de VO2 máximo. Para os indivíduos fumantes, tanto sedentários quanto ativos, se os mesmos realizarem testes para capacidade de VO2 máximo depois de determinado período após o último cigarro fumado estes valores também são melhores quanto comparados com um tempo menor da último cigarro fumado.


Referências bibliográficas

  • http://www.cdof.com.br/med6.htm, acessado em outubro de 2003.

  • http://www.saude.kit.net/fumo.htm, acessado em setembro de 2003.

  • NEIMAN, Dr .PH. David, Exercício e Saúde; Editora Manole, 1ª. Edição 1999.

  • OGA, Seizi, Fundamentos de Toxicologia, São Paulo: Editora Ateneu, 1996

Outro artigos em Portugués

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