Efeitos do treinamento resistido sobre a capacidade cardiorrespiratória de indivíduos idosos |
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Universidade Católica de Brasília, UCB-DF (Brasil) |
Ricardo Moreno Lima Ricardo Jacó de Oliveira Valter Abrantes Pereira da Silva ricardom@pos.ucb.br | rmorenopersonal@bol.com.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 84 - Mayo de 2005 |
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Introdução
Com o avanço da industria farmacêutica aliada à evolução da medicina, a expectativa de vida no Brasil vem aumentando progressiva e significativamente, sendo esta uma tendência mundial (RAMOS, 1993). A conseqüência natural desse fenômeno foi o aumento da vida média do homem, que hoje se situa em torno dos 66 anos de idade (20 anos a mais do que em 1950) (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - SBGG, 1999). O aumento da expectativa de vida despertou o interesse dos estudiosos com relação às alterações fisiológicas decorrentes do avançar da idade, as quais são caracterizadas por um processo contínuo durante o qual ocorre redução de diversas funções orgânicas. Estes declínios se associam significativamente com a autonomia dos idosos em realizar as atividades de vida diária (BAUMGARTNER et al., 1998), e também a altos índices de doenças observados nesta população (PAFFENBARGER, 1991; BLAIR et al., 1995), tendo como resultado um dramático aumento dos custos assistenciais de saúde, além de importante repercussão social e com grande impacto na economia (SBGG, 1999).
A capacidade aeróbia máxima, por exemplo, é uma função fisiológica que é notadamente afetada com o envelhecimento. O consumo máximo de oxigênio (VO2max) decresce a partir da segunda década de vida, e chega a atingir a magnitude de 1% ao ano (MCARDLE et al.,1998; SBGG, 1999). Por outro lado, os níveis de VO2max apresentam relação inversa e estreita com o risco cardiovascular, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial e morbi - mortalidade (BLAIR et al., 1995).
A capacidade de tolerar esforços submáximos é também uma qualidade física que deve ser observada nos idosos, pois, GURALNIK et al. (1996) mostraram que a performance de endurance relaciona-se inversamente com a capacidade dos indivíduos mais velhos de realizar as atividades da vida diária. No Brasil, estima o Centro Nacional de Estatística para a Saúde, que cerca de 84% das pessoas com idade igual ou superior a 65 anos sejam dependentes para realizar as suas atividades do dia-a-dia.
Uma vez que a maioria das evidências demonstra que a forma mais adequada para promover a saúde no idoso consiste em reduzir seus problemas médicos, fica nítida a necessidade de se implantar estratégias preventivas (especialmente não medicamentosas) no sentido de minimizar os efeitos deletérios do envelhecimento. Tem sido comprovado que a prática regular de exercício físico consiste em um tratamento eficaz na melhora da capacidade funcional dos indivíduos com idade avançada, sendo assim, sua ação preventiva tem importante implicação no que diz respeito à saúde por reduzir a probabilidade de doenças, incapacidades, e mortalidade dessa população (MANCINI et al., 1991).
O treinamento resistido (TR), que é hoje uma modalidade de exercício recomendada para idosos e cardiopatas pelo Colégio Americano de Medicina Desportiva (ACSM), tem demonstrado eficiência em retardar o aparecimento de certas disfunções ocasionadas pelo envelhecimento (FIATARONE et al., 1990; HAGERMAN et al., 2000; VINCENT et al. 2002). Entretanto, no que concerne em influenciar no consumo máximo de oxigênio e na tolerância ao esforço de idosos, as adaptações causadas por esses exercícios precisam ser melhor esclarecidas. Sendo assim, esta revisão propõe-se a discutir a influência do treinamento resistido sobre a capacidade cardiorrespiratória de indivíduos com idade avançada, bem como buscar os mecanismos que propiciam essas possíveis adaptações.
O treinamento resistidoO TR consiste em uma atividade voltada para o desenvolvimento das funções musculares através da aplicação de sobrecargas (FRONTERA et al, 1988), podendo esta ser imposta através de pesos livres (halteres, barras e anilhas), máquinas específicas, elásticos ou a própria massa corporal.
Os exercícios resistidos são regidos pelos princípios do treinamento e, portanto, são prescritos em volume e intensidade apropriados aos objetivos pretendidos. O volume é geralmente expresso em número de séries e repetições enquanto que a intensidade é representada por um determinado percentual da maior carga possível de ser vencida em uma única repetição (1-RM).
Muito já se especulou a respeito do TR, mas só nas duas últimas décadas é que a comunidade científica passou a demonstrar maior interesse por esse tipo de treinamento. Embora o TR há muito tempo seja aceito como eficaz no desenvolvimento ou na manutenção da força, da potência e da massa muscular, benefícios relacionados a indicadores de saúde e a doenças crônicas só recentemente foram reconhecidos (POLLOCK et al., 2000). Antes de 1990, o TR não fazia parte da recomendação em programas de exercício físico e reabilitação nem pelo American Heart Association (AHA) nem pelo American College of Sports Medicine (ACSM). Em 1990 o ACSM reconheceu pela primeira vez o TR como importante componente em programas de exercícios físicos voltados para adultos de todas as idades e atualmente já se tem um melhor entendimento dos seus benefícios relacionados à saúde, sendo este recomendado por organizações internacionais de saúde (AHA, ACSM) para grande parte da população, inclusive adolescentes, adultos, idosos, e indivíduos portadores de doenças cardiovasculares e neuromusculares (KRAEMER & RATAMESS, 2004).
De forma geral, esse tipo de atividade, quando orientado por profissionais capacitados, reveste-se de níveis adequados de segurança (POLLOCK et al., 2000), sendo inclusive compatível e aconselhável mesmo para idosos com mais de noventa anos de idade (FIATARONE et al., 1990).
Determinantes da capacidade cardiorrespiratória e seus aspectos em indivíduos idososA performance cardiorrespiratória tem sido avaliada pela capacidade do organismo de captar, transportar e utilizar o oxigênio proveniente do ar atmosférico (MCARDLE et al., 1998). Assim, o consumo máximo de oxigênio (VO2max) é tradicionalmente aceito como um bom indicador da capacidade para o exercício prolongado (COSTILL et al., 1973).
Esta variável declina com o avanço da idade a partir da segunda década de vida, sendo sua magnitude dependente de fatores genéticos, bem como dos níveis de atividade física realizado pelo indivíduo (FLEG et al., 1988). A redução no VO2max observada com o envelhecimento pode estar relacionada tanto à diminuição do débito cardíaco máximo, como da absorção de oxigênio pelos tecidos (diminuição da diferença arterio-venosa de O2) (FLEG et al., 1995). Com o envelhecimento, a modulação da função cardíaca pelo sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) diminui, ocorrendo declínio na resposta à estimulação adrenérgica do coração senescente, repercutindo em menor cronotropismo e inotropismo. Esse processo tem como conseqüência redução da freqüência cardíaca máxima e do volume sistólico, ficando o idoso incapaz de gerar valores altos de débito cardíaco máximo, já que este é o produto da freqüência cardíaca máxima pelo volume sistólico máximo. A diminuição da diferença arterio-venosa pode ser atribuída a um menor fluxo sanguíneo para os músculos ativos (devido à redução da relação capilar/fibra muscular) e/ou deterioração da capacidade oxidativa muscular. Em um estudo transversal, o declínio da capacidade aeróbia decorrente do envelhecimento, foi, em parte, atribuído à redução da massa muscular (FLEGG & LAKATTA, 1988).
Uma vez que níveis baixos de VO2max estão relacionados com baixa capacidade funcional e também ao desenvolvimento de doenças do sistema cardiovascular (BLAIR et al., 1995; PAFFENBARGER et al., 1991), intervenções que aprimorem esta variável como por exemplo o exercício físico, podem ter papel relevante em diminuir a probabilidade de doenças, dependência e mortalidade em pessoas idosas (MANCINI et al., 1991).
Embora bom indicador da capacidade aeróbia, o VO2max por si só não retrata com perfeição a condição de o indivíduo tolerar esforços submáximos (COSTILL et al., 1973). Nesse sentido, Hickson et al. (1980) após a aplicação de treinamento resistido, relataram aumento do tempo até a exaustão durante o exercício submáximo, entretanto, sem encontrar nenhum incremento no VO2max da amostra. Corroborando com este estudo, Marcinik et al. (1991), encontraram melhora na performance de endurance de seus voluntários sem nenhuma alteração significativa da capacidade aeróbia máxima. Nesse estudo, foi observado que para uma mesma intensidade absoluta, menores níveis de lactato sanguíneo foram acumulados quando comparados os dados pré e pós-intervenção. Adicionalmente, Fiatarone et al. (1990) demonstraram que, embora a caminhada seja um tipo de exercício aeróbio, nos idosos existe uma alta correlação entre a velocidade de caminhada com a força muscular dos membros inferiores.
A performance de endurance, ou seja, a capacidade de tolerar esforços submáximos pelo maior tempo possível, é uma qualidade física que se relaciona diretamente com a capacidade do idoso em realizar suas atividades de vida diária (GURALNIK et al., 1996). Uma vez aprimorada a performance de endurance do idoso, é provável que suas atividades rotineiras sejam realizadas numa menor ativação do sistema anaeróbio (MARCINIK et al., 1991), o que proporciona um maior conforto e a possibilidade de uma duração maior. Certamente tal adaptação vai interferir positivamente na qualidade de vida desta população.
O treinamento resistido no aprimoramento da capacidade cardiorrespiratória dos idososTradicionalmente os exercícios aeróbios são tidos como único meio de aumentar a capacidade cardiorrespiratória. De fato, é consenso na literatura que exercícios cíclicos, envolvendo grandes grupos musculares, sejam eficazes em incrementar o VO2max tanto de jovens como de idosos (MACARLDE et al., 1998). Entretanto, pouco se estudou a respeito dos efeitos do TR no condicionamento cardiovascular e potencia aeróbia de indivíduos idosos. Há estudos que apontam o TR como uma modalidade capaz de alterar favoravelmente tal qualidade física (HARGERMAN et al, 2000; VINCENT et al., 2002), a temática, porém, ainda é controversa. Em se tratando de indivíduos idosos, alguns aspectos específicos precisam ser observados, e sendo assim, será demonstrada nessa revisão uma discussão sobre as possíveis interferências do TR na aptidão cardiorrespiratória desta população. Para tal, o VO2max e a performance de endurance serão discutidas separadamente.
VO2maxA eficiência do TR em promover aumentos no VO2max de indivíduos jovens, embora controverso, parece não acontecer. O fato foi observado por Marcinik et al. (1990), que embora sua amostra obtivera significativa melhora da performance de endurance, não constatou alterações significativas de VO2max em 18 indivíduos com idade variando entre 25 e 34 anos submetidos 12 semanas de TR. Resultados semelhantes foram encontrados por Hickson et al. (1980), os quais estudaram o efeito de 10 semanas de TR sobre indivíduos com idade média de 23 anos, entretanto, ao analisar as alterações do VO2max em valores absolutos (L / min), os autores constataram pequeno (4%), mas significativo aumento da capacidade aeróbia máxima.
A resposta aos exercícios de força estratificada por sexo foi o foco da pesquisa de Wilmore et al. (1978), na qual foram observados resultados interessantes: aumentos significativos de VO2max foram observados apenas nas mulheres, sendo este dado atribuído aos menores níveis iniciais de aptidão apresentados por esse grupo. Este é o pressuposto de que em idosos a capacidade aeróbia máxima pode ser aprimorada pelo TR, já que estes geralmente apresentam baixos níveis de aptidão física.
Com relação aos idosos as pesquisas envolvendo o tema em questão são muito escassas, mas já são disponibilizados alguns dados. Observando 62 indivíduos de ambos os sexos e com idade variando entre 60 e 83 anos, Vincent et al. (2002) encontraram significativo incremento no VO2max em decorrência do TR. No protocolo de treinamento proposto, um grupo executou o TR de baixa intensidade (50% 1RM), enquanto que outro grupo se exercitara em alta intensidade (80% 1RM), ambos com duração total de seis meses e com freqüência semanal de três vezes, sendo que os dois grupos que sofreram a intervenção apresentaram aprimoramentos significativos, enquanto que no grupo controle a capacidade aeróbia máxima não foi modificada. Neste estudo os autores correlacionaram esta adaptação com o aumento de força muscular e identificaram significativo resultado, o que sugere uma possível relação de causa e efeito.
Após 12 semanas de TR, três vezes por semana, numa intensidade de 80% de 1RM, Frontera et al. (1990) reforçaram a possibilidade do TR aprimorar o VO2max de idosos, pois em uma amostra de 12 homens (idade variando entre 60 e 72 anos) obtiveram resultados significativos. Os achados foram acompanhados de aumento de 15% na quantidade de capilares por fibra e de 38% na atividade da citrato sintase, importante enzima que participa do metabolismo oxidativo. Corroborando com esses achados, Hargerman et al. (2000) observaram significativo incremento de VO2max ao aplicar TR em indivíduos com idade variando entre 60 e 75 anos. O estudo teve duração de 4 meses, numa freqüência de 2 vezes por semana, e em uma intensidade de 85 a 90% de 1RM. O grupo que não se exercitou (grupo controle) não apresentou nenhuma alteração significativa de VO2max. Tornando o tema controverso, Ades et al. (1996) não demonstraram em sua pesquisa alterações de VO2max após 12 semanas de TR, num estudo cuja amostra foi composta por 24 indivíduos com 65 anos de idade ou mais, entretanto, na metodologia não foram detalhados os critérios de mensuração do VO2max, e a relação volume x intensidade do treinamento se mostrou desequilibrada no início da intervenção. Esses fatos podem estar explicando divergências com resultados dos outros estudos mencionados anteriormente.
Os mecanismos que norteiam essas possíveis adaptações ao TR ainda não são claros. É possível que, durante o teste de esforço para detecção do VO2max, o idoso não consiga atingir seu limite cardiovascular devido a uma fadiga muscular precoce (VINCENT et al, 2002). Nesse sentido, Shephard (1997) comenta que os indivíduos mais velhos têm dificuldade em alcançar o VO2max por conta de uma fraqueza muscular, sendo este fenômeno exacerbado quando a avaliação é realizada em cicloergometro. Fleg & Lakatta, (1988) sugerem que o declínio da capacidade aeróbia relacionada ao envelhecimento pode ser explicado em parte pela concomitante redução de massa muscular, sendo assim, é possível que o TR propicie ao idoso adquirir força muscular suficiente para atingir ou pelo menos se aproximar mais do seu real limite cardiovascular.
É também possível que o aumento da capacidade aeróbia de idosos que se submeteram ao TR seja, em parte, explicado pelo aumento da capacidade oxidativa muscular. De fato, Frontera et al. (1990) relataram que o incremento do VO2max foi acompanhado de aumento na densidade capilar do músculo, bem como de uma importante enzima do metabolismo oxidativo, a citrato sintase. Ademais, Hagerman et al. (2000) atribuíram o aprimoramento do VO2max a um aumento proporcional das fibras tipo IIa quando comparadas as fibras musculares do tipo IIb. Vale salientar que as fibras IIa apresentam maior capacidade oxidativa que as do tipo IIb. Entretanto, são postulados que precisam ser melhor esclarecidos.
Embora evidências demonstrem a possibilidade de o TR alterar favoravelmente a Capacidade Aeróbia Máxima de indivíduos idosos, os resultados precisam ser vistos com cautela. Observou-se que alguns dos estudos (FRONTERA et al., 1990; HAGERMAN et al., 2000; VINCENT et al., 2002) não utilizaram o critério de platô para identificação do VO2max, ou seja, não pode se afirmar com certeza que aquele foi o limite máximo do sistema cardiorrespiratório. Adicionalmente, os aprimoramentos de VO2max verificados na literatura como efeito do TR são discretos quando comparados com àqueles observados como efeito do treinamento de endurance, portanto, quando o objetivo principal de um programa de exercícios for a melhora da capacidade cardiorrespiratória, sugere-se a inclusão de alguma forma de atividade aeróbia.
Performance de enduranceEsta qualidade física diz respeito ao tempo que o indivíduo consegue manter um determinado esforço até que a exaustão seja atingida. É possível que uma melhora desta capacidade aconteça em decorrência do TR, pois na literatura encontram-se resultados desta natureza. Exemplificando, um estudo realizado por Marcinik et al. (1990), no qual a amostra estudada foi composta por 18 homens jovens (idade média de 29 anos), os resultados obtidos demonstraram um aumento de 33 +/-5% no tempo até a exaustão como efeito de 12 semanas de TR, ao realizar exercício em cicloergômetro a 75% do VO2max. No mesmo estudo, ficou constatado um aumento médio de 12% no limiar de lactato, o que revela um menor componente anaeróbio para uma mesma intensidade absoluta, quando realizada após o programa de exercícios resistidos.
Resultados contraditórios foram relatados por Bishop et al. (1998), em que a performance de endurance se manteve inalterada após 12 semanas de TR. Vale ressaltar que a amostra foi composta por atletas que apresentavam alto nível de performance, o que dificulta qualquer tipo de aprimoramento. O protocolo de treinamento utilizado nesse estudo constou de apenas um exercício, o que pode ter sido pouco estímulo para provocar adaptações mais consistentes.
Em idosos, que em geral apresentam baixos níveis de aptidão física, a melhora da performance de endurance é esperada com o TR, sendo inclusive constatada nas poucas pesquisas referentes a esta questão. Ades et al. (1996) relataram aumento significativo no tempo até a exaustão realizando caminhada a 80% do VO2max em estudo composto por uma amostra de indivíduos com mais de 65 anos de idade e aparentemente saudáveis. O grupo experimental foi submetido a 12 semanas de TR, enquanto que o grupo controle não se exercitou, mas também não mostrou alteração na performance de endurance. Respostas semelhantes foram descritas por Vincent et al. (2002), que constataram aumento médio de 25% no tempo até a exaustão durante caminhada a 80% do VO2max. Esse estudo foi composto por uma amostra de indivíduos com idade variando entre 60 e 83 anos, os quais foram submetidos seis meses de TR.
A explicação dessas adaptações, segundo Ades et al (1996), pode se dar em dois caminhos não exclusivos. Primeiro, os estudos demonstram que ocorreu significativa correlação entre o aumento de força e o aumento da performance, sendo então o aumento de força um fator determinante. Segundo, verificado os aumentos de força, os idosos exercitaram-se em menores percentuais da força máxima, utilizando portanto menores mecanismos anaeróbios. Já Marcinik et al. (1990) demonstraram um aumento do limiar de lactato de sua amostra, o que pode estar explicando a melhora da performance de endurance observada em seu estudo.
A eficiência do TR em aprimorar a performance de endurance dos idosos é algo provável, mas que necessita de mais estudos para ser melhor estabelecido na comunidade científica.
ConclusõesEstudos demonstram que o treinamento resistido parece ser capaz de aprimorar a tolerância ao esforço de indivíduos idosos, e que essas melhoras são possivelmente devido ao aumento de força e capilarização muscular, e a maior atividade enzimática. Essas adaptações repercutem positivamente na realização das atividades de vida diária, conseqüentemente, colaboram para maior autonomia dessa população.
Os dados, entretanto, devem ser analisados com cautela no que diz respeito a afirmar que a capacidade cardiorrespiratória dos idosos é aumentada como decorrência do citado treinamento, pois na literatura foram observadas diferentes metodologias para se avaliar o VO2max, o que pode interferir nas análises dos resultados. Novas pesquisas, com critérios de avaliação cardiorrespiratória mais detalhados, são importantes para melhor esclarecer as controvérsias ainda existentes com relação ao tema abordado.
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digital · Año 10 · N° 84 | Buenos Aires, Mayo 2005 |