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Canoagem: análise cinesiológica da remada básica |
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* Mestranda e Pesquisadora LEL- Laboratório de Estudos do Lazer DEF/IB/UNESP- Rio Claro ** Mestre e Professor Adjunto UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto Centro Universitário Moura Lacerda - Ribeirão Preto |
Jaqueline Costa Castilho Moreira* jackycastilho@uol.com.br Kleber Parada** kleberparada@aol.com (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 83 - Abril de 2005 |
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Introdução
Os registros de barcos do tipo canoa remontam a pré-história. Variavam de formato, material de confecção, tipos de remos utilizados a até mesmo, aos aspectos culturais de sua engenharia.
Desenvolvida pelos índios da América do Norte, a canoa canadense, tipo de barco a remo, confeccionado com peles de animais, detentora de hidrodinâmica diferenciada, permitia grande estabilidade e rapidez.
Por esse motivo ganhou um grande número de adeptos na América do Norte, em função de sua versatilidade, por ser tanto uma embarcação competitiva como recreativa.
Trazida para o Brasil nos anos oitenta, tem conquistado seu espaço aos poucos.
Em função da crescente disseminação da canoagem, não só com canadenses, mas com caiaques e botes, tornou-se relevante a identificação das melhores posturas na realização de gestos fundamentais do esporte, colaborando na ampliação dos estudos nessa área, já que a literatura existente compõem-se principalmente de revistas comerciais.
Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é observar o conjunto de posturas dinâmicas, ao analisar-se a musculatura trabalhada, durante a remada em frente.
Revisão de literatura
O "remar", gesto inerente e ancestral dos seres humanos, possui variações de prática culturais importantes. Pode-se impulsionar um barco com as palmas das mãos, tocando o fundo do rio com longas varas de madeira, utilizando remos em quantidades, tamanhos, materiais e formas variados, ou ainda posicionando o sujeito da ação em diferentes pontos da canoa.
Quando a remada é realizada de costas, dá origem a prática do remo e quando o praticante posiciona-se de frente para o percurso, tem-se a canoagem.
Ao investigá-la, esse estudo acompanha as remadas fundamentais citadas no artigo Rafting (2001), dentre elas:
REMADA EM FRENTE: Movimento mais comum realizado com o remo bem a frente do praticante, com a pá inteira dentro da água e terminando ao lado do corpo. Serve para deslocar o barco para frente;
REMADA RÉ: Semelhante a anterior é realizada ao contrário, as vezes com as costas da pá. Desloca o barco para trás;
VARREDURA: É um movimento de giro, que muda a direção do barco. Feito com o remo na posição quase horizontal.
PUXADA LATERAL: Move o bote lateralmente, sem girá-lo.
APOIO BAIXO: Realizado com a pá horizontalmente na água, formando um apoio.
Nesse estudo será abordada a remada em frente. Para tanto, adotou-se a sequência sugerida por Bernasconi e Tenucci (1998) por ser a mais acadêmica, apesar das etapas apresentadas por eles, serem específicas do rafting.
Divida em quatro movimentos, o primeiro é denominado ENTRADA. Ocorre quando a pá do remo passa a aproximadamente uns 50 cm da superfície da água, tendendo para posição horizontal, devendo ser realizado da forma mais alongada possível.
A segunda etapa é o Power Stroke, sendo aqui traduzida como PUXADA. O remo tende a angular de paralelo a perpendicular a água. É a fase aquática mais importante para a impulsão do barco.
Com a nomenclatura de SAÍDA, a terceira etapa acontece quando a pá do remo, embora ainda dentro da água, passa da linha do ombro do praticante.
A última fase é a da RECUPERAÇÃO, conhecida como a fase aérea.
A vantagem da canoagem recreativa em canoas canadenses, em relação aos caiaques e aos botes, é que a adaptação do corpo é imediata, ou seja, a postura é praticamente a mesma de quando se está sentado em um banco normal com os joelhos levemente fletidos1.
Os erros mais comuns cometidos pelos iniciantes são: empunhar o remo com punho fletido; passá-lo na água além do quadril; não relaxar o braço após a sua saída da água; manter postura incorreta durante o movimento; "varrer" em vez de remar; não ter sincronicidade com as remadas dos companheiros e arritmia.
A importância de manter-se um ritmo, mesmo que lento, propicia menos desgaste durante o percurso, contribui na melhor administração do esforço individual e coletivo, auxilia o guia a prevenir colisões e preparar o barco e seus tripulantes para enfrentá-las.
Para Schmidt e Wrisberg (2001), a canoagem requisita habilidades abertas, ou seja, requer que as pessoas adaptem seus movimentos, em resposta às propriedades dinâmicas do meio, chamados de dificuldades. Nos Estados Unidos esse sistema é conhecido como Desert Scale ou Grand Canyon System, que utiliza uma graduação variando de 10 a 10 + (Bernasconi e Tenucci, 1998). Já na Europa e Brasil, adota-se a classificação internacional dividida em seis níveis2.
Ao mesmo tempo, que a imprevisibilidade do ambiente provoca emoções e prazer, também expõem o público a riscos variados. Excluindo-se aqueles referentes aos animais e acidentes, não abordados nesse artigo; os mais comuns são as lesões por esforços repetitivos (LER), no caso dos iniciantes e os degastes osteosmusculares, tendinosos, articulares ou neurológicos relacionados ao trabalho, denominados DORT (Mendes, 1995) nos atletas.
Na canoagem, esses distúrbios podem acometer principalmente diferentes partes dos membros superiores, e tem seu aparecimento associado à sobrecarga muscular estática, ou a movimentos repetitivos.
MetodologiaA embarcação pesquisada foi uma canoa canadense da marca Opium, denominada C3, por comportar três pessoas3. O remo utilizado, fabricado pela Canoe, era do tipo simples (uma pá), com cabo de alumínio e cruzeta na ponta para facilitar a pega. A medida escolhida foi de 1,50 m, em função da altura da participante (1,68 cm).
Não foram utilizados equipamentos obrigatórios, porque a visualização do gesto esportivo seria dificultada.
O sujeito pesquisado era do sexo feminino, acima de trinta, adepta da canoagem recreativa há três anos.
A filmagem foi realizada em espaço aberto, no período vespertino, numa piscina de vinil, com 15 m X 8 m X 1,60 m. Para que a embarcação não saísse do lugar, sua popa e proa foram amarradas com cabos. O sujeito sentou-se ao centro.
Foram feitos vários takes em VHS, posteriormente convertidos em posições estáticas, através do programa gráfico Studio DC 10 Plus da Pinacle. A partir dessas fotos, dividiu-se a manobra por articulações trabalhadas.
Resultados e discussãoPadrões de movimento com envolvimento de musculaturas diferenciadas foram percebidos após a conversão das imagens e que portanto, mereceram ser estudados separadamente.
Por esse motivo, a nomenclatura adotada nesse trabalho acompanha apenas parcialmente a proposta por Bernasconi e Tenucci (1998).
Tem-se então: a POSIÇÃO INICIAL, a ENTRADA, a PUXADA, a SAÍDA, a RECUPERAÇÃO, a PASSAGEM BILATERAL 1, a PEGADA DUPLA COM ELEVAÇÃO DO REMO e a PASSAGEM BILATERAL 2.
Levou-se em consideração que: Na POSIÇÃO INICIAL havia uma ISOMETRIA, nas fases ENTRADA e PUXADA foi realizado um trabalho dinâmico com contração concêntrica nas fases de SAÍDA E RECUPERAÇÃO tinha uma contração dinâmica excêntrica.
A seguir, tem-se as posições estáticas, quadro a quadro, com a ação de cada articulação envolvida. apesar de serem visto nesse texto em posições estáticas, foram analisados de forma dinâmica, através do vídeo.
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Figura 01. Cinesiologia da Remada Frente (autoria própria).
1. Posição inicial
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Figura 02. Posição Inicial (autoria própria).Lado esquerdo
Pescoço- EXTENSÃO e INCLINAÇÃO À ESQUERDA;
Ombro - EXTENSÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo -FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO DO CARPO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - ROTAÇÃO EXTERNA, ELEVAÇÃO e ADUÇÃO;
Coluna estabilizada
Quadril - FLEXÃO e ADUÇÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO.
Pé- ROTAÇÃO EXTERNA de QUADRIL.
Lado direitoOmbro - POSIÇÃO NEUTRA;
Cotovelo -FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar - FLEXÃO e ABDUÇÃO.
A Escápula está estabilizada. O restante das articulações é igual.
2. Entrada
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Figura 03. Entrada (autoria própria).o esquerdo
Pescoço- FLEXÃO e ROTAÇÃO LATERAL;
Ombro - FLEXÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo - EXTENSÃO e PRONAÇÃO;
Punho - NEUTRO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA E ABDUÇÃO;
Coluna- FLEXÃO e INCLINAÇÃO;
Abdômen- FLEXÃO e ROTAÇÃO LATERAL PARA ESQUERDA;
Quadril - FLEXÃO e ADUÇÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO.
Pé - ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL)
Lado direitoOmbro- FLEXÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Escápula - ROTAÇÃO EXTERNA com ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - POSIÇÃO NEUTRA;
Falanges - EXTENSÃO.Os movimentos dos membros inferiores são iguais ao do lado esquerdo.
3. Puxada
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Figura 04. Puxada (autoria própria).Lado esquerdo
Pescoço- FLEXÃO e ROTAÇÃO LATERAL PARA A ESQUERDA;
Ombro- EXTENSÃO , ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo - FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - ROTAÇÃO INTERNA, ADUÇÃO e ABAIXAMENTO.
Coluna- FLEXÃO, INCLINAÇÃO e ROTAÇÃO LATERAL PARA ESQUERDA;
Quadril - FLEXÃO e ADUÇÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO.
Pé - ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL)
Lado direitoOmbro- FLEXÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- EXTENSÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - ROTAÇÃO EXTERNA com ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO.Os membros inferiores realizam os mesmo movimentos do lado esquerdo.
4. Saída
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Figura 05. Saída (autoria própria).Lado esquerdo
Pescoço- POSIÇÃO NEUTRA;
Ombro- EXTENSÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo - FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - POSIÇÃO NEUTRA;
Coluna- EXTENSÃO;
Abdômen- ROTAÇÃO LATERAL PARA ESQUERDA;
Quadril - EXTENSÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO.
Lado direitoOmbro- FLEXÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- EXTENSÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - ROTAÇÃO EXTERNA com ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO.
Os membros inferiores realizam os mesmo movimentos do lado esquerdo.
5. Recuperação
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Figura 06. Recuperação (autoria própria).Lado esquerdo
Pescoço- EXTENSÃO e INCLINAÇÃO;
Ombro - EXTENSÃO e ADUÇÃO;
Cotovelo -FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO DO CARPO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - ROTAÇÃO INTERNA e ADUÇÃO;
Coluna estabilizada
Quadril - FLEXÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO.
Pé - ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL)
Lado direitoOmbro - ABDUÇÃO, FLEXÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo -FLEXÃO e PRONAÇÃO; (pronador quadrado e redondo).
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar - FLEXÃO e ABDUÇÃO;
Escápula - ROTAÇÃO EXTERNA, ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO.Os membros inferiores realizam os mesmo movimentos do lado esquerdo.
A BILATERALIDADE
A biomecânica do movimento da Passagem do remo é igual para os dois lados.
6. Passagem 1
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Figura 07. Primeira Passagem Bilateral (autoria própria).Lado direito
Pescoço- POSIÇÃO NEUTRA;
Ombro- FLEXÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO EXTERNA;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho- POSIÇÃO NEUTRA;
Falanges- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA e ABDUÇÃO;
Coluna- NEUTRA;
Quadril - FLEXÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO;
Pé - ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL)
Lado esquerdoPescoço- POSIÇÃO NEUTRA;
Ombro- EXTENSÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho- POSIÇÃO NEUTRA;
Falanges- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO INTERNA e ADUÇÃO;
Coluna, Quadril, Joelho e Tornozelo- Idem aos quadros anteriores.
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Figura 08. Pegada dupla com elevação do remo (autoria própria).
7. Pegada dupla com elevação do remo- lado direito e esquerdoPescoço- FLEXÃO, INCLINAÇÃO À DIREITA e ROTAÇÃO PARA A DIREITA.
Ombro- FLEXÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho- FLEXÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA, ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO;
Coluna- POSIÇÃO NEUTRA;
Quadril - FLEXÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO;
Pé- ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL).
8. Passagem 2
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Figura 09. Segunda passagem bilateral (autoria própria).Lado esquerdo
Pescoço- FLEXÃO, INCLINAÇÃO À DIREITA e ROTAÇÃO PARA A ESQUERDA;
Ombro- FLEXÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho- EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA, ELEVAÇÃO e ABDUÇÃO;
Coluna- EXTENSÃO;
Quadril - FLEXÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO;
Pé- ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL)
Lado direitoPescoço- FLEXÃO, INCLINAÇÃO À DIREITA e ROTAÇÃO PARA A DIREITA.
Ombro- FLEXÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho- EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA e ABDUÇÃO;
Coluna- EXTENSÃO
Quadril - FLEXÃO.Os membros inferiores realizam os mesmo movimentos do lado esquerdo.
9. Inicio entrada na água
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Figura 10. Início da entrada na água (autoria própria).Lado direito
Pescoço- FLEXÃO e ROTAÇÃO PARA A DIREITA;
Ombro- EXTENSÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- EXTENSÃO e PRONAÇÃO;
Punho- EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO INTERNA e ADUÇÃO;
Coluna-ABAIXAMENTO e INCLINAÇÃO;
Quadril - FLEXÃO.
Lado esquerdoPescoço- FLEXÃO e ROTAÇÃO;
Ombro- FLEXÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- EXTENSÃO e PRONAÇÃO;
Punho- EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA, ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO;
Coluna- FLEXÃO e INCLINAÇÃO;
Quadril - FLEXÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO;
Pé- ROTAÇÃO EXTERNAVale acrescentar que joelho e tornozelo, mantém-se na mesma posição, como forma de estabilizar o corpo.
Musculatura requerida na remada frente
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Rasch (1991), Hamill (1999) e Gray (1988).
Após a análise cinesiológica, observou-se a ocorrência de intensa movimentação das articulações, principalmente de membro superior: pescoço, ombro, cotovelo e escápula bem como coluna, abdômen e quadril.
Simultaneamente e durante todo o tempo do gesto, foram necessárias isometrias no punho e falanges de membro superior, assim como nos membros inferiores, representados pelo joelho, tornozelo e pé.
Independentemente de se realizar uma canoagem esportiva ou apenas um passeio, a prática envolve tempo em função da lentidão do deslocamento nos percursos, e demanda esforços variados, de acordo com os níveis de dificuldades.
Como a impulsão dos barcos decorre de movimentos repetitivos, rítmicos e de força constante seguida nem sempre de um relaxamento realizado, observou-se a possibilidade de ocorrência de L.E.R., no caso de iniciantes e de DORT ao tratar-se de atletas ou esportistas, podendo ocorrer:
Tendinites de punho e ombro, em função da empunhadura errada, da ausência de recuperação de braço e de alongamentos antes das remadas;
Extravasamento de líquido sinovial, principalmente no punho, como decorrência do despreparo técnico quanto a empunhadura, ao trajeto e a não socialização do transporte da canoa e equipamentos;
Problemas cervicais no pescoço e ombro, devido a manutenção de contração dessa musculatura aliada a falta de alongamentos no processo;
Dores lombares e dorsais devido a má postura;
Incômodo no cóccix, devido ao posicionamento não ereto da coluna durante a remada, falta de alongamento lombar, fortalecimento abdominal e ausência da espuma no assento do barco e ainda,
Torsões, luxações no joelho, ocorridas no embarque e desembarque provocadas pela ausência de prática no esporte, ou ainda caimbras, adormecimento e formigamentos.
As constatações anteriores, delineam um quadro não só dessas lesões, mas também como sugere Miranda (2000), ao se intensificar os esforços, podem ocorrer mais gravemente espondilose e radiculopatia cervical no pescoço; mialgia do trapézio, tendinite do bíceps e do supra-espinhoso, artrose acromioclavicular e glenoumeral no ombro; epicondilite lateral e medial no cotovelo; contratura de Dupuytren, osteoartrose distal e artrose carpometacarpal no punho e mão, além de fraturas por stresse ocasionadas por tendinites; distensões musculares; degeneração tendínea; miopatias inflamatórias; hematomas e síndromes compartimentais.
Conclusão
A canoagem é uma atividade tanto esportiva quanto recreativa. Exige equipamentos, conhecimento, preparação técnica e logística para sua execução, mas que pode ser facilmente popularizada em regiões com alta incidência de recursos fluviais.
A canoa canadense é a embarcação mais versátil e que oferece menos necessidade de aprimoramento nas técnicas, o que permite a prática por vários tipos de público.
Seus fundamentos são fáceis, sendo o principal a Remada Frente, no qual são trabalhados principalmente movimentos dinâmicos nos membros superiores, em fases concêntricas e excêntricas; enquanto que os membros inferiores, praticamente permanecem em isometria.
Como a canoagem é uma atividade que envolve longos períodos de tempo para que se percorra um trajeto e uso de determinados grupamentos musculares de forma contínua e rítmica nos remansos e de forma vigorosa nas corredeiras; a remada frente realizada com postura e movimentação dos membros superiores de forma incorreta, agravada pela falta de preparo para a isometria dos membros inferiores, pode ocasionar sérias lesões, tanto em esportistas praticantes, quanto nos iniciantes.
As abordadas neste estudo, são principalmente as por esforço repetitivo.
www.companhiadecanoagem.com.br, acessado em 05/03/2005.
Seguem-se os níveis de dificuldades adotados no Brasil:
Segundo seu fabricante, o casco é moldado em peça única em fibra de vidro; medindo 5,0 X 0,28 X 0,83 m, com peso médio de 32 Kg.
Notas
- I: remansos e corredeiras fáceis, com ondas lisas, estáveis e pequenas;
- II: águas um pouco mais rápidas, com ondas um pouco maiores, estáveis, ideal para iniciantes;
- III, as ondas são mais altas e irregulares, com passagens estreitas que requerem manobras mais complexas;
- IV, águas turbulentas que exigem manobras precisas devido a passagens estreitas;
- V, corredeiras extremamente difíceis, com passagens obrigatórias que pedem manobras complexas para entrar e sair da queda;
- VI, rios com condições extremas de navegabilidade e situações de risco iminente.
Referências
BERNASCONI, Maurizio; TENUCCI, Marco. Extreme Rafting: history, techniques, runs. Italy: Universe Publishing,1998. Enciclopedia Completa de Los Deportes: Guia autorizada, puesta al dia e ilustrada, de las normas y regulamentos oficiales, historia y objetivos de todos los deportes/1983. Diagram Group EDAF, Ediciones e Distribuciones, S.A, 1984.
GRAY, Henry. Anatomia. Tradutores: Antonio Gomes Correa de Pinho et al. Rio de Janeiro : Guanabara, c1988.
HAMILL, Joseph e KNUTZEN, Kathleen M. Bases biomecânicas do movimento humano. Tradução Lilia Breternitz Ribeiro. São Paulo: Manole, 1999.
MENDES, René. Patologia do Trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 1995.
MIRANDA, Edalton. Bases de Anatomia e Cinesiologia. 2ª edição - Rio de Janeiro: Sprint, 2000. Rafting: Fique por dentro. Aventura automóvel, Barueri, Ano II, nº 25, dez. 2001. p. 68-69.
RASCH, Philip J. Cinesiologia e anatomia aplicada. Tradutor Márcio Moacyr de Vasconcelos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
SCHIMIDT, Richard A. e WRISBERG, Craig. A aprendizagem e performance motora: Uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
THOMAS, Jerry R. e NELSON, Jack K. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. Trad. Ricardo Petersen et. Al. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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revista
digital · Año 10 · N° 83 | Buenos Aires, Abril 2005 |