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Canoagem: análise cinesiológica da remada básica

   
* Mestranda e Pesquisadora
LEL- Laboratório de Estudos do Lazer DEF/IB/UNESP- Rio Claro
** Mestre e Professor Adjunto
UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto
Centro Universitário Moura Lacerda - Ribeirão Preto
 
 
Jaqueline Costa Castilho Moreira*
jackycastilho@uol.com.br  
Kleber Parada**
kleberparada@aol.com
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    Este trabalho, de natureza qualitativa, objetiva estudar as posturas dinâmicas realizadas durante o gesto esportivo básico da canoagem: a remada frente. A metodologia utilizada constou de revisão bibliográfica e estudo de caso. O instrumento foi um videotape convertido em posições estáticas, para investigação quadro a quadro do fundamento. O sujeito do estudo era do sexo feminino, com faixa etária acima de trinta anos, adepto da canoagem há três anos. A análise dos dados evidenciou a ação e musculaturas envolvidas, bem como possibilitou avaliar o peak performance do movimento. O resultado das observações remete ao uso repetitivo de apenas alguns grupamentos musculares, o que pode colaborar para o aparecimento de lesões. Sugere-se a aplicação de posturas mais adequadas e a conscientização corporal do praticante.
    Unitermos: Canoagem. Fundamento. Cinesiologia.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 83 - Abril de 2005

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Introdução

    Os registros de barcos do tipo canoa remontam a pré-história. Variavam de formato, material de confecção, tipos de remos utilizados a até mesmo, aos aspectos culturais de sua engenharia.

    Desenvolvida pelos índios da América do Norte, a canoa canadense, tipo de barco a remo, confeccionado com peles de animais, detentora de hidrodinâmica diferenciada, permitia grande estabilidade e rapidez.

    Por esse motivo ganhou um grande número de adeptos na América do Norte, em função de sua versatilidade, por ser tanto uma embarcação competitiva como recreativa.

    Trazida para o Brasil nos anos oitenta, tem conquistado seu espaço aos poucos.

    Em função da crescente disseminação da canoagem, não só com canadenses, mas com caiaques e botes, tornou-se relevante a identificação das melhores posturas na realização de gestos fundamentais do esporte, colaborando na ampliação dos estudos nessa área, já que a literatura existente compõem-se principalmente de revistas comerciais.

    Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é observar o conjunto de posturas dinâmicas, ao analisar-se a musculatura trabalhada, durante a remada em frente.

Revisão de literatura

    O "remar", gesto inerente e ancestral dos seres humanos, possui variações de prática culturais importantes. Pode-se impulsionar um barco com as palmas das mãos, tocando o fundo do rio com longas varas de madeira, utilizando remos em quantidades, tamanhos, materiais e formas variados, ou ainda posicionando o sujeito da ação em diferentes pontos da canoa.

    Quando a remada é realizada de costas, dá origem a prática do remo e quando o praticante posiciona-se de frente para o percurso, tem-se a canoagem.

    Ao investigá-la, esse estudo acompanha as remadas fundamentais citadas no artigo Rafting (2001), dentre elas:

  • REMADA EM FRENTE: Movimento mais comum realizado com o remo bem a frente do praticante, com a pá inteira dentro da água e terminando ao lado do corpo. Serve para deslocar o barco para frente;

  • REMADA RÉ: Semelhante a anterior é realizada ao contrário, as vezes com as costas da pá. Desloca o barco para trás;

  • VARREDURA: É um movimento de giro, que muda a direção do barco. Feito com o remo na posição quase horizontal.

  • PUXADA LATERAL: Move o bote lateralmente, sem girá-lo.

  • APOIO BAIXO: Realizado com a pá horizontalmente na água, formando um apoio.

    Nesse estudo será abordada a remada em frente. Para tanto, adotou-se a sequência sugerida por Bernasconi e Tenucci (1998) por ser a mais acadêmica, apesar das etapas apresentadas por eles, serem específicas do rafting.

    Divida em quatro movimentos, o primeiro é denominado ENTRADA. Ocorre quando a pá do remo passa a aproximadamente uns 50 cm da superfície da água, tendendo para posição horizontal, devendo ser realizado da forma mais alongada possível.

    A segunda etapa é o Power Stroke, sendo aqui traduzida como PUXADA. O remo tende a angular de paralelo a perpendicular a água. É a fase aquática mais importante para a impulsão do barco.

    Com a nomenclatura de SAÍDA, a terceira etapa acontece quando a pá do remo, embora ainda dentro da água, passa da linha do ombro do praticante.

    A última fase é a da RECUPERAÇÃO, conhecida como a fase aérea.

    A vantagem da canoagem recreativa em canoas canadenses, em relação aos caiaques e aos botes, é que a adaptação do corpo é imediata, ou seja, a postura é praticamente a mesma de quando se está sentado em um banco normal com os joelhos levemente fletidos1.

    Os erros mais comuns cometidos pelos iniciantes são: empunhar o remo com punho fletido; passá-lo na água além do quadril; não relaxar o braço após a sua saída da água; manter postura incorreta durante o movimento; "varrer" em vez de remar; não ter sincronicidade com as remadas dos companheiros e arritmia.

    A importância de manter-se um ritmo, mesmo que lento, propicia menos desgaste durante o percurso, contribui na melhor administração do esforço individual e coletivo, auxilia o guia a prevenir colisões e preparar o barco e seus tripulantes para enfrentá-las.

    Para Schmidt e Wrisberg (2001), a canoagem requisita habilidades abertas, ou seja, requer que as pessoas adaptem seus movimentos, em resposta às propriedades dinâmicas do meio, chamados de dificuldades. Nos Estados Unidos esse sistema é conhecido como Desert Scale ou Grand Canyon System, que utiliza uma graduação variando de 10 a 10 + (Bernasconi e Tenucci, 1998). Já na Europa e Brasil, adota-se a classificação internacional dividida em seis níveis2.

    Ao mesmo tempo, que a imprevisibilidade do ambiente provoca emoções e prazer, também expõem o público a riscos variados. Excluindo-se aqueles referentes aos animais e acidentes, não abordados nesse artigo; os mais comuns são as lesões por esforços repetitivos (LER), no caso dos iniciantes e os degastes osteosmusculares, tendinosos, articulares ou neurológicos relacionados ao trabalho, denominados DORT (Mendes, 1995) nos atletas.

    Na canoagem, esses distúrbios podem acometer principalmente diferentes partes dos membros superiores, e tem seu aparecimento associado à sobrecarga muscular estática, ou a movimentos repetitivos.


Metodologia

    A embarcação pesquisada foi uma canoa canadense da marca Opium, denominada C3, por comportar três pessoas3. O remo utilizado, fabricado pela Canoe, era do tipo simples (uma pá), com cabo de alumínio e cruzeta na ponta para facilitar a pega. A medida escolhida foi de 1,50 m, em função da altura da participante (1,68 cm).

    Não foram utilizados equipamentos obrigatórios, porque a visualização do gesto esportivo seria dificultada.

    O sujeito pesquisado era do sexo feminino, acima de trinta, adepta da canoagem recreativa há três anos.

    A filmagem foi realizada em espaço aberto, no período vespertino, numa piscina de vinil, com 15 m X 8 m X 1,60 m. Para que a embarcação não saísse do lugar, sua popa e proa foram amarradas com cabos. O sujeito sentou-se ao centro.

    Foram feitos vários takes em VHS, posteriormente convertidos em posições estáticas, através do programa gráfico Studio DC 10 Plus da Pinacle. A partir dessas fotos, dividiu-se a manobra por articulações trabalhadas.


Resultados e discussão

    Padrões de movimento com envolvimento de musculaturas diferenciadas foram percebidos após a conversão das imagens e que portanto, mereceram ser estudados separadamente.

    Por esse motivo, a nomenclatura adotada nesse trabalho acompanha apenas parcialmente a proposta por Bernasconi e Tenucci (1998).

     Tem-se então: a POSIÇÃO INICIAL, a ENTRADA, a PUXADA, a SAÍDA, a RECUPERAÇÃO, a PASSAGEM BILATERAL 1, a PEGADA DUPLA COM ELEVAÇÃO DO REMO e a PASSAGEM BILATERAL 2.

    Levou-se em consideração que: Na POSIÇÃO INICIAL havia uma ISOMETRIA, nas fases ENTRADA e PUXADA foi realizado um trabalho dinâmico com contração concêntrica nas fases de SAÍDA E RECUPERAÇÃO tinha uma contração dinâmica excêntrica.

    A seguir, tem-se as posições estáticas, quadro a quadro, com a ação de cada articulação envolvida. apesar de serem visto nesse texto em posições estáticas, foram analisados de forma dinâmica, através do vídeo.


Figura 01. Cinesiologia da Remada Frente (autoria própria).


1. Posição inicial


Figura 02. Posição Inicial (autoria própria).

Lado esquerdo

Pescoço- EXTENSÃO e INCLINAÇÃO À ESQUERDA;
Ombro - EXTENSÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo -FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO DO CARPO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - ROTAÇÃO EXTERNA, ELEVAÇÃO e ADUÇÃO;
Coluna estabilizada
Quadril - FLEXÃO e ADUÇÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO.
- ROTAÇÃO EXTERNA de QUADRIL.


Lado direito

Ombro - POSIÇÃO NEUTRA;
Cotovelo -FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar - FLEXÃO e ABDUÇÃO.
A Escápula está estabilizada. O restante das articulações é igual.


2. Entrada


Figura 03. Entrada (autoria própria).

o esquerdo

Pescoço- FLEXÃO e ROTAÇÃO LATERAL;
Ombro - FLEXÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo - EXTENSÃO e PRONAÇÃO;
Punho - NEUTRO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA E ABDUÇÃO;
Coluna- FLEXÃO e INCLINAÇÃO;
Abdômen- FLEXÃO e ROTAÇÃO LATERAL PARA ESQUERDA;
Quadril - FLEXÃO e ADUÇÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO.
- ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL)


Lado direito

Ombro- FLEXÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Escápula - ROTAÇÃO EXTERNA com ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - POSIÇÃO NEUTRA;
Falanges - EXTENSÃO.

Os movimentos dos membros inferiores são iguais ao do lado esquerdo.


3. Puxada


Figura 04. Puxada (autoria própria).

Lado esquerdo

Pescoço- FLEXÃO e ROTAÇÃO LATERAL PARA A ESQUERDA;
Ombro- EXTENSÃO , ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo - FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - ROTAÇÃO INTERNA, ADUÇÃO e ABAIXAMENTO.
Coluna- FLEXÃO, INCLINAÇÃO e ROTAÇÃO LATERAL PARA ESQUERDA;
Quadril - FLEXÃO e ADUÇÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO.
- ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL)


Lado direito

Ombro- FLEXÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- EXTENSÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - ROTAÇÃO EXTERNA com ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO.

Os membros inferiores realizam os mesmo movimentos do lado esquerdo.


4. Saída


Figura 05. Saída (autoria própria).

Lado esquerdo

Pescoço- POSIÇÃO NEUTRA;
Ombro- EXTENSÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo - FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - POSIÇÃO NEUTRA;
Coluna- EXTENSÃO;
Abdômen- ROTAÇÃO LATERAL PARA ESQUERDA;
Quadril - EXTENSÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO.


Lado direito

Ombro- FLEXÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- EXTENSÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - ROTAÇÃO EXTERNA com ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO.
Os membros inferiores realizam os mesmo movimentos do lado esquerdo.


5. Recuperação


Figura 06. Recuperação (autoria própria).

Lado esquerdo

Pescoço- EXTENSÃO e INCLINAÇÃO;
Ombro - EXTENSÃO e ADUÇÃO;
Cotovelo -FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho - EXTENSÃO DO CARPO;
Falanges - FLEXÃO;
Escápula - ROTAÇÃO INTERNA e ADUÇÃO;
Coluna estabilizada
Quadril - FLEXÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO.
- ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL)


Lado direito

Ombro - ABDUÇÃO, FLEXÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo -FLEXÃO e PRONAÇÃO; (pronador quadrado e redondo).
Punho - EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar - FLEXÃO e ABDUÇÃO;
Escápula - ROTAÇÃO EXTERNA, ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO.

Os membros inferiores realizam os mesmo movimentos do lado esquerdo.

A BILATERALIDADE

A biomecânica do movimento da Passagem do remo é igual para os dois lados.


6. Passagem 1


Figura 07. Primeira Passagem Bilateral (autoria própria).

Lado direito

Pescoço- POSIÇÃO NEUTRA;
Ombro- FLEXÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO EXTERNA;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho- POSIÇÃO NEUTRA;
Falanges- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA e ABDUÇÃO;
Coluna- NEUTRA;
Quadril - FLEXÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO;
- ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL)


Lado esquerdo

Pescoço- POSIÇÃO NEUTRA;
Ombro- EXTENSÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho- POSIÇÃO NEUTRA;
Falanges- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO INTERNA e ADUÇÃO;
Coluna, Quadril, Joelho e Tornozelo- Idem aos quadros anteriores.


Figura 08. Pegada dupla com elevação do remo (autoria própria).


7. Pegada dupla com elevação do remo- lado direito e esquerdo

Pescoço- FLEXÃO, INCLINAÇÃO À DIREITA e ROTAÇÃO PARA A DIREITA.
Ombro- FLEXÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho- FLEXÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA, ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO;
Coluna- POSIÇÃO NEUTRA;
Quadril - FLEXÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO;
- ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL).


8. Passagem 2


Figura 09. Segunda passagem bilateral (autoria própria).

Lado esquerdo

Pescoço- FLEXÃO, INCLINAÇÃO À DIREITA e ROTAÇÃO PARA A ESQUERDA;
Ombro- FLEXÃO, ABDUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho- EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA, ELEVAÇÃO e ABDUÇÃO;
Coluna- EXTENSÃO;
Quadril - FLEXÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO;
- ROTAÇÃO EXTERNA (QUADRIL)


Lado direito

Pescoço- FLEXÃO, INCLINAÇÃO À DIREITA e ROTAÇÃO PARA A DIREITA.
Ombro- FLEXÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- FLEXÃO e PRONAÇÃO;
Punho- EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA e ABDUÇÃO;
Coluna- EXTENSÃO
Quadril - FLEXÃO.

Os membros inferiores realizam os mesmo movimentos do lado esquerdo.


9. Inicio entrada na água


Figura 10. Início da entrada na água (autoria própria).

Lado direito

Pescoço- FLEXÃO e ROTAÇÃO PARA A DIREITA;
Ombro- EXTENSÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- EXTENSÃO e PRONAÇÃO;
Punho- EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO INTERNA e ADUÇÃO;
Coluna-ABAIXAMENTO e INCLINAÇÃO;
Quadril - FLEXÃO.


Lado esquerdo

Pescoço- FLEXÃO e ROTAÇÃO;
Ombro- FLEXÃO, ADUÇÃO e ROTAÇÃO INTERNA;
Cotovelo- EXTENSÃO e PRONAÇÃO;
Punho- EXTENSÃO;
Falanges - FLEXÃO;
Polegar- FLEXÃO;
Escápula- ROTAÇÃO EXTERNA, ABDUÇÃO e ELEVAÇÃO;
Coluna- FLEXÃO e INCLINAÇÃO;
Quadril - FLEXÃO;
Joelho - FLEXÃO;
Tornozelo - DORSI-FLEXÃO;
- ROTAÇÃO EXTERNA

Vale acrescentar que joelho e tornozelo, mantém-se na mesma posição, como forma de estabilizar o corpo.

Musculatura requerida na remada frente



Rasch (1991), Hamill (1999) e Gray (1988).

    Após a análise cinesiológica, observou-se a ocorrência de intensa movimentação das articulações, principalmente de membro superior: pescoço, ombro, cotovelo e escápula bem como coluna, abdômen e quadril.

    Simultaneamente e durante todo o tempo do gesto, foram necessárias isometrias no punho e falanges de membro superior, assim como nos membros inferiores, representados pelo joelho, tornozelo e pé.

    Independentemente de se realizar uma canoagem esportiva ou apenas um passeio, a prática envolve tempo em função da lentidão do deslocamento nos percursos, e demanda esforços variados, de acordo com os níveis de dificuldades.

    Como a impulsão dos barcos decorre de movimentos repetitivos, rítmicos e de força constante seguida nem sempre de um relaxamento realizado, observou-se a possibilidade de ocorrência de L.E.R., no caso de iniciantes e de DORT ao tratar-se de atletas ou esportistas, podendo ocorrer:

  • Tendinites de punho e ombro, em função da empunhadura errada, da ausência de recuperação de braço e de alongamentos antes das remadas;

  • Extravasamento de líquido sinovial, principalmente no punho, como decorrência do despreparo técnico quanto a empunhadura, ao trajeto e a não socialização do transporte da canoa e equipamentos;

  • Problemas cervicais no pescoço e ombro, devido a manutenção de contração dessa musculatura aliada a falta de alongamentos no processo;

  • Dores lombares e dorsais devido a má postura;

  • Incômodo no cóccix, devido ao posicionamento não ereto da coluna durante a remada, falta de alongamento lombar, fortalecimento abdominal e ausência da espuma no assento do barco e ainda,

  • Torsões, luxações no joelho, ocorridas no embarque e desembarque provocadas pela ausência de prática no esporte, ou ainda caimbras, adormecimento e formigamentos.

    As constatações anteriores, delineam um quadro não só dessas lesões, mas também como sugere Miranda (2000), ao se intensificar os esforços, podem ocorrer mais gravemente espondilose e radiculopatia cervical no pescoço; mialgia do trapézio, tendinite do bíceps e do supra-espinhoso, artrose acromioclavicular e glenoumeral no ombro; epicondilite lateral e medial no cotovelo; contratura de Dupuytren, osteoartrose distal e artrose carpometacarpal no punho e mão, além de fraturas por stresse ocasionadas por tendinites; distensões musculares; degeneração tendínea; miopatias inflamatórias; hematomas e síndromes compartimentais.


Conclusão

    A canoagem é uma atividade tanto esportiva quanto recreativa. Exige equipamentos, conhecimento, preparação técnica e logística para sua execução, mas que pode ser facilmente popularizada em regiões com alta incidência de recursos fluviais.

    A canoa canadense é a embarcação mais versátil e que oferece menos necessidade de aprimoramento nas técnicas, o que permite a prática por vários tipos de público.

    Seus fundamentos são fáceis, sendo o principal a Remada Frente, no qual são trabalhados principalmente movimentos dinâmicos nos membros superiores, em fases concêntricas e excêntricas; enquanto que os membros inferiores, praticamente permanecem em isometria.

    Como a canoagem é uma atividade que envolve longos períodos de tempo para que se percorra um trajeto e uso de determinados grupamentos musculares de forma contínua e rítmica nos remansos e de forma vigorosa nas corredeiras; a remada frente realizada com postura e movimentação dos membros superiores de forma incorreta, agravada pela falta de preparo para a isometria dos membros inferiores, pode ocasionar sérias lesões, tanto em esportistas praticantes, quanto nos iniciantes.

    As abordadas neste estudo, são principalmente as por esforço repetitivo.


Notas

  1. www.companhiadecanoagem.com.br, acessado em 05/03/2005.

  2. Seguem-se os níveis de dificuldades adotados no Brasil:
    - I: remansos e corredeiras fáceis, com ondas lisas, estáveis e pequenas;
    - II: águas um pouco mais rápidas, com ondas um pouco maiores, estáveis, ideal para iniciantes;
    - III, as ondas são mais altas e irregulares, com passagens estreitas que requerem manobras mais complexas;
    - IV, águas turbulentas que exigem manobras precisas devido a passagens estreitas;
    - V, corredeiras extremamente difíceis, com passagens obrigatórias que pedem manobras complexas para entrar e sair da queda;
    - VI, rios com condições extremas de navegabilidade e situações de risco iminente.

  3. Segundo seu fabricante, o casco é moldado em peça única em fibra de vidro; medindo 5,0 X 0,28 X 0,83 m, com peso médio de 32 Kg.


Referências

  • BERNASCONI, Maurizio; TENUCCI, Marco. Extreme Rafting: history, techniques, runs. Italy: Universe Publishing,1998. Enciclopedia Completa de Los Deportes: Guia autorizada, puesta al dia e ilustrada, de las normas y regulamentos oficiales, historia y objetivos de todos los deportes/1983. Diagram Group EDAF, Ediciones e Distribuciones, S.A, 1984.

  • GRAY, Henry. Anatomia. Tradutores: Antonio Gomes Correa de Pinho et al. Rio de Janeiro : Guanabara, c1988.

  • HAMILL, Joseph e KNUTZEN, Kathleen M. Bases biomecânicas do movimento humano. Tradução Lilia Breternitz Ribeiro. São Paulo: Manole, 1999.

  • MENDES, René. Patologia do Trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 1995.

  • MIRANDA, Edalton. Bases de Anatomia e Cinesiologia. 2ª edição - Rio de Janeiro: Sprint, 2000. Rafting: Fique por dentro. Aventura automóvel, Barueri, Ano II, nº 25, dez. 2001. p. 68-69.

  • RASCH, Philip J. Cinesiologia e anatomia aplicada. Tradutor Márcio Moacyr de Vasconcelos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.

  • SCHIMIDT, Richard A. e WRISBERG, Craig. A aprendizagem e performance motora: Uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

  • THOMAS, Jerry R. e NELSON, Jack K. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. Trad. Ricardo Petersen et. Al. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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