Os anti-heróis no futebol e suas relações com a mídia: estudando a figura pública do jogador Edmundo |
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*Graduado em Educação Física **Doutor em Educação Física e Cultura. Professor Adjunto Faculdades Integradas Maria Thereza e UNISUAM. Rio de Janeiro |
Prof. Bruno de Mello Almada* bruno.almada@globo.com Prof. Dr. Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro** c.henriqueribeiro@ig.com.br (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 82 - Marzo de 2005 |
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Introdução
Que o futebol brasileiro é uma referência mundial isso é inegável, comprovado pelo seu vasto currículo de títulos ao longo da história do futebol mundial. Diversos jogadores de nosso país são reconhecidos como astros no exterior e no Brasil, cultivando através de lances e gols espetaculares essa paixão pelo esporte bretão. Desde a Copa de 1950 realizada aqui no Brasil, o futebol passou a ser a principal manifestação esportiva no país, surgindo assim algumas expressões, tais como, "a pátria de chuteiras", "país do futebol", "170 milhões de treinadores".
Um atleta de futebol é um ídolo, um exemplo para muitas pessoas, independente da classe social, da faixa etária, nacionalidade e são essas mesmas pessoas que lotam estádios, idolatrando, criticando, cada jogador que esteja vestindo a camisa de seu time de coração. Destes atletas alguns ganham destaque devido a sua grande qualidade técnica, ou mediante a sua identificação com o clube, enfim, tornando-se ídolos de uma imensa torcida, onde essa mesma deposita toda a sua confiança e esperança em uma vitória, em um título para o clube no qual torce, criando em seu imaginário uma espécie de herói quando vê o seu ídolo jogando.
Mas se existem os heróis esportivos, também existem os anti-heróis, figuras que desempenham o papel de "vilões" do esporte durante as narrativas midiáticas. Apelidados mais por suas atitudes polêmicas do que propriamente pelo seu desempenho dentro de campo, é possível encontrar atletas que têm sua imagem pública associada à atitudes e gestos que não são bem vistos pela sociedade ou que em última instância, ajudam a preencher as páginas esportivas dos jornais.
Pequena trajetória do jogador EdmundoAnalisaremos a figura pública do jogador Edmundo que teve passagem por grandes clubes no Brasil e no exterior. Vejamos um breve histórico de sua carreira. Iniciou no futsal em clubes da cidade de Niterói (RJ), chegando ao Botafogo quando estava na categoria de juvenil (Sub 17 anos). Transferiu-se para o Vasco da Gama na categoria de juniores (Sub 20 anos). Em 1992 foi promovido aos profissionais fazendo dupla de ataque com Bebeto, brilhando nos jogos do campeonato brasileiro do mesmo ano. Em 1993 transferiu-se para o Palmeiras em uma grande transação financeira para época. Lá ganhou o apelido de "animal" no início pelos seus gols depois pelo temperamento explosivo. Foi para o Flamengo em uma passagem rápida no ano de 1995, passando pelo Corinthians (1996), novamente o Vasco (1997) onde foi o artilheiro do Campeonato Brasileiro daquele ano, sendo vendido logo em seguida para a Fiorentina da Itália. Jogou também no Santos (2000), Cruzeiro (2001), Verdy Tókio do Japão (2002), Vasco novamente (2003) e no Fluminense no ano de 2004.
MetodologiaO presente artigo pretende analisar a representação do jogador Edmundo a partir torcedores de futebol, especificamente alunos de graduação do curso de educação física de uma instituição do ensino superior. Foram entrevistados 10 estudantes de licenciatura em educação física da cidade de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. A análise dos resultados se constituiu em separar por categorias as palavras e expressões que eram mais freqüentes nos discursos dos entrevistados. Os dez entrevistados dividiam-se em oito componentes do sexo masculino e dois do sexo feminino.
Análise dos resultadosAnalisando as respostas dos entrevistados verificou-se que existia uma tendência em se ressaltar os aspectos positivos e negativos desse jogador. Abaixo mostramos as principais respostas.
Percebemos que as respostas dos entrevistados giravam em torno de duas categorias básicas:
a figura pública desse jogador se confunde com a figura privada. Percebemos que diversos entrevistados quando se reportavam ao jogador Edmundo tendiam a comentar sobre vida privada, ao invés de falar na carreira esportiva desse atleta. Esse tipo de resposta foi comum, mesmo quando tentava-se perguntar sobre a carreira esportiva do jogador dentro das quatro linhas.
Apesar da maioria dos entrevistados afirmar que não gostaria de vê-lo atuando em seus times, muitos acreditam que quando Edmundo está em boa fase, ele pode salvar uma equipe da derrota. Neste momento a maioria dos entrevistados acreditava que era interessante ter o jogador atuando nas equipes pelas quais torcem.
Considerações finaisO futebol de uma forma geral mexe muito com o imaginário do brasileiro, isto é inegável. Um jogador de futebol no Brasil tem uma grande importância, ao ponto de interferir no comportamento de muitas pessoas, seja na forma de falar, andar, se vestir e até mesmo no corte de cabelo. Como professores de escolinhas de iniciação esportiva é comum vermos a comemoração de gols de crianças e adolescentes imitarem os de Ronaldo ou do Romário, entre outros.
Entender o papel do anti-herói no futebol brasileiro é entender a cultura própria do futebo. Desde já deixamos o tema em aberto, sugerindo a pessoas interessadas no assunto a buscar mais informações que nos tirem as dúvidas impostas sobre este grande espetáculo que é o futebol, sobre suas particularidades, individualidades, existentes no seu meio composto por "figuras" heterogêneas, permitindo um amplo campo de pesquisa a ser descoberto.
Referência Bibliográfica
GIULIANOTTI, R. (1999). Football: a sociology of global game. Cambridge: Polity Press.
HELAL, R. (1998). Mídia, construção da derrota e o mito do herói. Motus Corporis, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 141-155.
CARRANO, P. (2000) Futebol: paixão e política. Rio de Janeiro: DP&A,
FUZO, A. (s.d.). Goleador por profissão, animal por natureza.
GUEDES, S. (1998). O Brasil no campo de futebol: estudos antropológicos sobre os significados do futebol brasileiro. Niterói: EDUFF.
RUBIO, K. (2001). O atleta e o mito do herói. São Paulo: Casa do Psicólogo.
www. edmundoshow.hpg.ig.com.br
revista
digital · Año 10 · N° 82 | Buenos Aires, Marzo 2005 |