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Condição física dos Guardas
Civis Municipais da cidade de Birigui

   
Curso de Educação Física
Centro Universitário Toledo
(Brasil)
 
 
Allan Carlos Carvalho
Prof. Ms. Sérgio Tumelero

tumelero.prof@toledo.br
 

 

 

 

 
Resumo
    Para qualquer tarefa o ser humano precisa ter aptidão, especialmente quem depende dela para atividades de rotina. Aptidão é a capacidade de um indivíduo em atender as exigências diárias para a sobrevivência ou a capacidade de um indivíduo de desempenhar tarefas físicas dessas envolvendo esforço muscular. Muitas pessoas buscam e participam de programas de exercícios físicos, com objetivos que variam desde a melhora do desempenho até a diversão. Objetivo: avaliar a capacidade física na realização do teste de andar e correr de 12 minutos. Verificar qual a influência do fumo no nível de capacidade durante o teste. Foram avaliados 49 guardas municipais da cidade de Birigui - SP, com idades entre 28 e 39 anos, que desempenhavam as mais diversas funções dentro da Corporação. Resultados: em todas as comparações realizadas observamos que os guardas não fumantes (razoável) conseguiram resultados significativamente superiores aos índices de performance dos indivíduos fumantes (muito fracos).
    Unitermos: Aptidão. Desempenho. Exercício físico.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 82 - Marzo de 2005

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Introdução

    Para qualquer tarefa do ser humano ele precisa ter aptidão. Aptidão é a capacidade de um indivíduo em atender as exigências diárias para a sobrevivência, segundo BARBANTI & GUISELINI (1985). Com isso, segundo MATHEWS (1980), "a aptidão física é a capacidade de um indivíduo de desempenhar tarefas físicas dessas envolvendo esforço muscular". Dessa maneira, o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) tem sido tradicionalmente aceito como um dos melhores indicadores do nível de aptidão física de um indivíduo.

    Hoje em dia muitas pessoas buscam e participam de programas de exercícios físicos. Os objetivos variam desde a melhoria do desempenho até a simples diversão e aptidão. O grande problema é que na maioria das vezes estes exercícios são realizados sem o conhecimento científico-metodológico necessário para que as adaptações orgânicas ocorram, levando à não obtenção dos objetivos pretendidos. Por este motivo é que se faz necessária a presença de um profissional de Educação Física qualificado que seja capaz de elaborar um programa de exercícios orientado pelos princípios fisiológicos do treinamento físico e desportivo.

    Quem vai iniciar uma atividade física é bom saber como está seu condicionamento atual, e em qual estágio pretende chegar. A "avaliação física" informa ao treinador uma série de dados que serão trabalhados no decorrer do treinamento, e definirá metas a serem cumpridas dependendo do seu objetivo.

    Na avaliação são realizados diversos testes usando diversos protocolos específicos para cada tipo de atividade. Veja alguns itens básicos da avaliação: capacidade cardiorespiratória, força, flexibilidade, composição corporal, avaliação postural.

    Isso não significa que você tenha que alcançar o máximo do rendimento proposto, tudo depende do seu objetivo. A avaliação é uma ferramenta importante para que se tenha noção do seu estágio atual.

Tabela de classificação do teste de 12 minutos:

    A avaliação física é uma maneira de traçar o perfil físico do aluno com o intuito de prescrever exercícios adequados às suas limitações e condições, além de identificar contra-indicações e riscos, podendo-se evitar com isso possíveis acidentes. Segundo MCKIRNAN E FROELICHER (1991), os principais elementos que compõem uma avaliação física são: composição corporal, teste ergométrico, análise postural, testes de flexibilidade e resistência muscular, assim como também informações a respeito das condições de saúde, necessidades, interesses e objetivos de cada pessoa (Anamnese).

    A composição corporal visa, geralmente através de métodos antropométricos, determinar o percentual de gordura e o percentual de massa muscular magra presentes no ser humano. Com os resultados da composição corporal em mãos o profissional bem qualificado será capaz de delimitar os objetivos do programa junto ao aluno. Por exemplo: se o aluno objetiva o emagrecimento, o profissional de Educação Física poderá determinar o peso ideal do aluno através da composição corporal, de forma indireta. Determinado o peso ideal, o programa poderá ser elaborado baseado na quantidade de quilogramas de gordura que o aluno deve perder para atingir este peso.

    Com o teste ergométrico se objetiva determinar a capacidade aeróbia máxima do aluno (VO2 máx.). Tendo os resultados do teste ergométrico em mãos o profissional de Educação Física poderá delimitar a intensidade de trabalho que ele adotará durante o desenvolvimento do programa. MCKIRNAN E FROELICHER (1991) relatam que os princípios para a correta aplicação de um teste ergométrico são:

  • Envolver grandes grupos musculares

  • O teste deve ser tolerável pelos indivíduos a ele submetidos

  • O aluno deve ter bem desenvolvida a eficiência mecânica (habilidade) necessária à execução do teste

  • O aluno deve compreender claramente todas as recomendações necessárias à boa execução do teste antes de iniciá-lo

  • O aluno deve ser instruído para acusar qualquer sintoma que requeira o término do teste

    Os testes ergométricos revelam valores mais exatos e precisos quando os participantes se mostram motivados e conseguem manter o ritmo até um nível máximo para uma distância fixada e específico período de tempo. Estudos recentes demonstram também que os valores de VO2 máx. mais fidedignos, objetivos e válidos são aqueles obtidos em testes que envolvem exercícios dinâmicos e progressivos.

    Os testes de resistência muscular também devem estar presentes na avaliação física. Neste contexto, a avaliação da resistência abdominal é apontada como fator imprescindível.

    A musculatura do abdômen é a principal responsável pela manutenção da nossa postura. Portanto, quando esta musculatura sofre alterações nos padrões de força e resistência, prejudica a postura correta, além de contribuir com o aparecimento de eventuais problemas posturais e dores associadas, o que pode afetar negativamente o aluno durante o exercício físico. Daí o profissional de Educação Física levar em consideração os resultados do teste de resistência abdominal durante a elaboração do programa de exercícios.

    Para prescrever o exercício se faz necessário que o profissional de Educação Física tenha em mãos os objetivos pretendidos pelo aluno. Geralmente os programas são desenvolvidos da seguinte maneira: para atletas os exercícios são prescritos objetivando a melhoria do desempenho; para pessoas limitadas por doenças os exercícios são prescritos objetivando a melhoria da saúde; finalmente, para a população média em geral o emagrecimento, a hipertrofia muscular das fibras brancas (estético) e a aptidão física são os principais objetivos que os alunos desejam atingir com os exercícios.

    Com os objetivos delimitados é hora de selecionar as atividades específicas (princípio da especificidade). Aqui p profissional irá selecionar atividades que produzam adaptações compatíveis com os objetivos dos alunos. Assim, por exemplo, se o objetivo é o emagrecimento, as atividades selecionadas serão predominantemente aeróbias (baixa intensidade e longa duração) pois estas contribuem em maior escala com a diminuição de gordura corporal e com o aperfeiçoamento da capacidade cardiorrespiratória. Obviamente que os exercícios serão programados de um modo à aplicar uma sobrecarga progressiva ao organismo (princípio da sobrecarga) promovendo as adaptações necessárias no mesmo. Também é válido frisar que ao fazer uma prescrição de exercícios o profissional de Educação Física deve deixar bem claro para seu aluno que o abandono parcial ou total das atividades após o programa levará a uma nova adaptação do organismo ao estado de inatividade, provocando a perda das alterações obtidas anteriormente com a prática regular de exercícios (princípio da reversibilidade). Se o aluno já se sente satisfeito com os resultados obtidos recomenda-se apenas a continuidade de treinamento sem a necessidade da aplicação da sobrecarga (princípio da manutenção).

    Os principais elementos que compõem uma prescrição de exercícios são: freqüência, duração, intensidade e tipo de exercício.

    Para iniciar um programa com pessoas anteriormente sedentárias recomenda-se uma freqüência de exercícios de 1 a 3 vezes por semana, nunca em dias consecutivos, permitindo assim um tempo maior de recuperação e adaptação orgânica a nova sobrecarga aplicada. A medida que o profissional identifica que as adaptações as sobrecargas vão se consolidando, pode aumentar gradualmente a freqüência de exercícios até atingir o ápice de 3 a 5 vezes por semana.

    Esta última freqüência é a ideal por estar associada aos ganhos significativos de desempenho e as perdas de gordura corporal.

    No início do programa recomenda-se a prática de exercícios com duração de 20 a 30 minutos. A medida que as adaptações orgânicas vão acontecendo a duração das atividades deve aumentar progressivamente até atingir o período aproximado de 40 a 60 minutos. Recomenda-se também que cada sessão de exercícios seja dividida em 3 etapas: aquecimento (5 a 10 minutos), etapa de sobrecarga (15 a 40 minutos) e volta à calma (5 a 10 minutos).

    No aquecimento devem estar presentes exercícios de alongamento, caminhadas curtas, corridas moderadas etc. Se o aquecimento for preparatório para um treino desportivo podem ser incluídos exercícios específicos do esporte que virá a ser praticado posteriormente. O objetivo desta etapa é aumentar gradualmente o metabolismo orgânico, preparando o aluno para a etapa do treinamento que virá a seguir.

    Na etapa de sobrecarga são incluídos exercícios de intensidades altas em nível que provoque estresse fisiológico (sobrecarga), mas que não cause insegurança a ponto de impedir que os alunos se exercitem em uma duração mínima de 15 a 20 minutos (MCKIRNAN E FROELICHER, 1991).

    Na fase de volta à calma devem estar presentes exercícios semelhantes aos do aquecimento. Agora o objetivo é diminuir a temperatura corporal, fazendo com que o metabolismo orgânico baixe para valores próximos aos das condições de repouso, assim como também auxiliar no processo de recuperação pós-exercício.

    A intensidade da atividade física talvez seja o elemento mais importante na prescrição dos exercícios. A sua determinação por parte do profissional de Educação Física deve se basear no valor do VO2 máx. obtido durante os testes ergométricos realizados na avaliação física. Para iniciar um programa com pessoas sedentárias recomenda-se que na etapa de sobrecarga se trabalhe com intensidade de 50% do VO2 máx. enquanto que nas etapas de aquecimento e volta à calma o trabalho pode ser realizado entre 20% e 40% do VO2 máx. A medidas que as adaptações orgânicas vão acontecendo os valores de intensidade de trabalho aumentam progressivamente até atingir o ápice de 80% para programas predominantemente aeróbios e, entre 80% e 100%, para programas predominantemente anaeróbios.

    O controle da intensidade de trabalho deve ser rigorosamente monitorado pelo profissional de Educação Física para que o programa de exercícios se desenvolva de forma satisfatória e atinja os objetivos propostos. Particularmente, acreditamos que a maneira mais fácil de estabelecer este controle é adotando as seguintes medidas:

    O tipo de exercício selecionado terá que ser compatível com os objetivos que o aluno deseja atingir. Para sobrecarregar especificamente o sistema aeróbio, o tipo de exercício deverá ter como características a baixa intensidade (50% a 80% do VO2 máx.) e longa duração (15 a 60 minutos). Já para sobrecarregar o sistema anaeróbio os exercícios com duração breve (menos que 3 minutos), intermitentes e de alta intensidade (80% a 100% do VO2 máx.) são os tipos mais recomendados.


Objetivos

Avaliar a capacidade física na realização do teste de andar e correr de 12 minutos. Classificar a capacidade física dos indivíduos, relacionado com a influência que o fuma exerce sobre estes valores. Verificar capacidade física dos indivíduos separados por faixa etária.


Metodologia

    Foram avaliados 49 Guardas Civis Municipais da cidade de Birigui - SP, com idades entre 28 e 39 anos, que desempenhavam as mais diversas funções dentro da Corporação. Foram avaliados parâmetros de dobras cutâneas, pressão arterial, frequência cardíaca e realizado o teste de andar ou correr dos 12 minutos.


Resultados

    Para cálculo dos resultados classificamos, todos os indivíduos em grupos (total, não fumante e fumante). Quando analisamos e comparamos o peso corporal entre os grupos observamos que os indivíduos não fumantes apresentam peso corporal mais baixo quando comparados aos indivíduos fumantes. Estes valores estão representados no gráfico 1.


Gráfico 1: peso corporal dos avaliados

    Com relação a somatória das dobras (sub escapular, tríceps, supra ilíaca e abdominal) observamos que os indivíduos fumantes apresentaram valores de 86,1 e os indivíduos não fumantes o valor de somatória de 58,7, sendo estes valores estatisticamente significantes e estando representados no gráfico 2.


Gráfico 2: somatória das dobras cutâneas

    Com relação a pressão arterial sistólica, observamos que os indivíduos fumantes apresentaram valores superiores aos indivíduos não fumantes, porém estes valores não foram estatisticamente significantes e estão representados no gráfico 3.

    Para a pressão arterial diastólica observamos valores de 78,3 mmhg para os fumantes e de 75,4 mmhg para os não fumantes, apresentando-se diferentes porém não significantes e estando representados no gráfico 4.


Gráfico 3: pressão arterial sistólica


Gráfico 4: pressão arterial diastólica

    Com relação a frequência cardíaca de repouso observamos valores de 69 bpm para o grupo fumante e de 62 bpm para o grupo de indivíduos não fumantes. Estes valores estão representados no gráfico 5 e apresentam-se estatisticamente significantes.


Gráfico 5: freqüência cardíaca em repouso

    Para a frequência cardíaca no final da atividade verificamos que os valores foram de 150 para todos os grupos. Estes valores estão representados no gráfico 6.

    Para a distância percorrida no período de 12 minutos observamos que os indivíduos não fumantes atingiram valores significativamente superiores ao grupo de fumantes, alcançando valores de 2264 metros, contra 1591 dos fumantes. Estes valores estão representados no gráfico 7.


Gráfico 6: freqüência cardíaca em atividade


Gráfico 7: distância percorrida em 12 minutos


Conclusões

    Observamos em todas as avaliações realizadas que os indivíduos fumantes apresentam-se com capacidade física bem inferior quando comparados aos indivíduos não fumantes, principalmente quando se relaciona a capacidade cardiorrespiratória, relacionado valores da pressão arterial e da frequência cardíaca, tanto em atividade quanto em repouso.

    Quando relacionado a distância percorrida, s indivíduos não fumantes conseguiram médias significativamente mais altas que os indivíduos fumantes. Isso caracteriza que o desempenho nas atividades físicas é prejudicado quando o indivíduo utiliza-se do fumo.

    Quanto a somatória das dobras cutâneas observamos que os fumantes apresentam-se mais gordos que os indivíduos não fumantes e isso está relacionado a capacidade da realização das atividades físicas e de rotina.


Referências bibliográficas

  • ARAÚJO, C. G. S. de. Manual de teste de esforço. 2ªedição. Rio de Janeiro. Ao Livro técnico S/A, 1984.

  • BARBANTI, V. J. & GUISELINI, M. A. Exercícios aeróbicos - mitos e verdades. São Paulo. CLR Brasileiro, 1985.

  • FETTER, C.; SPERB, M.; PEREIRA, W. A. Principais respostas cardiorrespiratórias ao treinamento aeróbico. Porto Alegre, 1994.

  • MARINS, J. C. Avaliação e prescrição de atividade física: guia prático. 2a edição. RJ; Shape, 1998.

  • MATHEWS, P. K. Medida e avaliação em educação física. 4ª edição. Rio de Janeiro. Editora interamericana, 1980.

  • MCKIRNAN, Dan M., FROELICHER, Victor F. Princípios gerais da prescrição de exercícios. Rio de Janeiro: revinter, 1991.

  • ROCHA, P. E. C. P. da. Medidas e avaliação em ciência do esporte. Sprint Editora. RJ, 1995.

  • VIVACQUA, R. & HESPANHA, R. Ergometria e reabilitação em cardiologia. Rio de Janeiro. Medsi, 1992.

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