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Uma visão fenomenológica do significado da prática da
atividade física para um grupo de idosos da comunidade

   
*Acadêmica do Curso de Educação Física - UNIANDRADE

**Mestre em Educação Física - UFSC
Coordenadora do Programa Idoso em Movimento
Secretaria Municipal do Esporte e Lazer - Prefeitura de Curitiba
Docente no Curso de Educação Física UNIANDRADE
 
 
Sirlene Maria Antônio*
Rosemary Rauchbach**

rauchbach@brturbo.com
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    Considerando a Atividade Física um fator determinante no processo do envelhecimento ativo e saudável, podendo retardar os processos degenerativos que ocorrem com a idade, esse trabalho teve como objetivo descobrir, através da análise do discurso, o significado da prática da atividade física para um grupo de idosos independentes na comunidade. Levantaram-se dados que retrataram como o indivíduo idoso percebe as alterações provenientes do programa de atividade física e como essas, repercutem no seu dia-a-dia. Este estudo é uma pesquisa qualitativa da análise do discurso, com uma abordagem fenomenológica em busca do significado da atividade física para o idoso que participa de um programa sistematizado de atividades - ginástica. Fizeram parte da amostra, 23 idosas com idades acima de 50 anos. Os dados foram coletados por meio de entrevista individual semi-estruturada sendo a captação dos relatos gravados e transcritos, e as expressões positivas e negativas sobre a percepção dos benefícios da atividade física, analisadas e categorizadas. Da análise da freqüência das respostas por categoria, teve-se como resultados: Bio-fisiológica, 34,4%; Psicológica, 31,18%; Funcional, 21,5% e Social 12,9%. Na busca do significado das experiências da Atividade Física como resgate da percepção e compreensão do corpo (movimento e saúde), levou o grupo de ginástica, antes mantido pelo poder público, a tornar-se independente seja pela própria realização ou pela possibilidade de ultrapassar dificuldades e limitações inerentes a essa faixa etária e, também a importância da interação social.
    Unitermos: Envelhecimento. Atividade física. Análise fenomenológica.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 81 - Febrero de 2005

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    Segundo MEIRELLES (1999), a tendência da população idosa é aumentar, e para integrar-se à sociedade, o idoso precisa praticar atividade física visando saúde física e psicológica para obter melhor qualidade de vida.

    Portanto, a atividade física é um fator determinante no processo de envelhecimento ativo e saudável. Ela pode retardar as condições morfofuncionais que ocorrem com a idade. Embora este processo seja uma conseqüência natural da vida, não se podendo evitá-lo, consegue-se estabelecer as bases para que, nesse período, o idoso possa viver nas melhores condições possíveis.

    BEAUVOIR, 1990 citado por OKUMA (1998), diz que para entender a velhice é necessário aprendê-la na sua singularidade. E em outras palavras, as mudanças biológicas têm implicações no meio ambiente, que vão sorvê-las de acordo com as normas, os valores e critérios da sociedade e da cultura nos quais a velhice acontece (p.13).

    OKUMA (1998), afirma que, os benefícios das atividades físicas são evidentes igualmente para o domínio das capacidades cognitivas e psicossociais cujo impacto da velhice dependerá de seus recursos internos e das normas e relações sociais às quais está vinculada.

    Para NERI (1995), uma condição individual e grupal de bem-estar físico e social, referida aos ideais da sociedade e às condições e aos valores existentes no ambiente em que o indivíduo envelhece e as circunstâncias de sua história pessoal e de seu grupo etário...Uma velhice bem-sucedida preserva o potencial para o desenvolvimento, respeitando os limites plasticidades de cada um (p.34).

    Assim, uma visão atualizada deve considerar que qualidade de vida, satisfação com a vida ou bem-estar psicológico, dentre outras expressões que se equivalham, também são atributos da velhice.

    Segundo OKUMA (1998), para que o idoso se mantenha atualizado, o ambiente deve oferecer condições onde ele possa e deva ser responsável por si próprio, aprendendo sobre suas limitações e particularidades físicas e motoras, instrumentalizando-se para praticar atividade física permanentemente.

    É muito importante, na velhice, a adotar hábitos que influenciem favoravelmente a qualidade de vida. Modificar hábitos nocivos e incorporar condutas ou comportamentos saudáveis proporcionarão ao idoso vivenciar essa etapa de vida com máximo de bem-estar. É de suma importância, portanto, rever o estilo de vida, reorganizar e a adotar condutas saudáveis, adequadas a idade, prevenindo enfermidade, mantendo a autonomia, fortalecendo a auto-estima para gozar de saúde física, psicológica e social (PEREIRA, 1998, p. 183).

    Segundo RAUCHBACH (2001), envelhecer com qualidade de vida é amadurecer com dignidade, respeito, cabendo ao próprio idoso exigir essa atitude, tornando-se ativo, criativo, participativo e também disposto a tornar-se o sujeito transformador da sociedade em questão.

    Este estudo é uma pesquisa qualitativa da análise do discurso com uma abordagem fenomenológica, em busca do significado da atividade física para o idoso que participa de um programa sistematizado de atividades - ginástica. Visa através da análise dos depoimentos entender como o idoso que participa da atividade física percebe a influência do exercício em sua vida. A sua importância deste está na valorização da história vivida que através do discurso, expressa o entendimento sobre o benefício da atividade física que, muitas vezes, podem ser diferentes na visão do profissional de Educação Física.


Atividade Física

    A literatura sustenta a idéia de que uma vida ativa pode melhorar as funções mentais, sociais e físicas no envelhecimento. Em que a adoção de modos de vida ativos durante toda a vida, leva a uma velhice produtiva. A Organização Mundial da Saúde reconhece o valor do exercício como estratégia para valorização do envelhecimento, publicando em 1997 um conjunto de recomendações para promoção da atividade física desta população, texto que ficou conhecido sob a denominação de "Recomendações de Heildelberg" (WHO, 1997).

    De acordo com MEIRELLES (1997), o idoso angustia-se por problemas que envolvem a saúde e, com o passar dos anos, nasce a preocupação da redução de suas capacidades, sentindo-se desmotivados e sem interesses. Devido a essa realidade, deve-se salientar que o idoso ativo vive melhor, sendo que a atividade física auxilia na prevenção e diminuição das algias corporais (p.77). O objetivo mais importante para promoção de saúde e da qualidade de vida está integrado à atividade física na sua vida cotidiana, e por isso é fundamental que o idoso aprenda a lidar com as transformações do seu corpo, prevenindo e mantendo em bom nível sua plena autonomia. Um dos sucessos do exercício físico como medida preventiva, nos últimos anos, foi à criação de uma moderna educação física, em fazer exercícios e praticar esportes que se tornam programas de lazer e prazer. Acabou a idéia de que praticar exercícios de forma regular exige desgastes físicos e psíquicos intensos, provocando desprazer e sofrimento. (LEITE apud MEIRELLES, 1997, p. 75 ).

    Segundo RAUCHBACH (2001, pp. 32-34), um programa de exercício para a população idosa deve abordar:

  • Reeducação postural: estímulos proprioceptivos e esteroceptivos;

  • Força muscular: exercícios antigravitacionais e isométricos;

  • Mobilidade articular: exercícios articulares;

  • Equilíbrio: integração do esquema corporal;

  • Coordenação: movimentos homogêneos que levem a organização do sistema nervoso;

  • Capacidade aeróbica: atividades para o aumento da função cardiovascular e respiratória;

  • Respiração: exercícios de propriocepção da musculatura envolvida no processo;

  • Relaxamento: conscientização corporal.

    Os principais objetivos e benefícios da ginástica na terceira idade (NÓBREGA, 1999; MAZO, 2001):

  • Manutenção da massa magra torna o idoso apto a realizar tarefas que exigem maior intensidade de força, tais como: subir escadas, carregar objetos, sentar, levantar de altura relativamente baixas, dar pequenos piques, etc. Mantendo um alto metabolismo basal evita-se a obesidade e suas conseqüências.

  • Prevenção de doenças crônicas degenerativas, tais como: Osteoporose e osteoartrose, diabetes, hipertensão arterial, entre outras.

  • Aumenta a resistência a doenças e melhora a qualidade do sono.

  • Fator psicológico: diminui o estresse, aumentando a alta estima e a vaidade, como a vontade de viver.

    A atividade física interage para uma melhor função do organismo idoso, levantando as seguintes considerações: o tempo altera o desempenho físico, mas a prática regular da atividade física restringe tal alteração e, mesmo que não assegure prolongamento do tempo de vida, garante o aumento do tempo da juventude, oferecendo proteção à saúde nas fazes subseqüentes da vida, contribuindo para recuperação de determinadas funções orgânicas, levando conseqüentemente a organização fisiológica. Sendo um dos melhores remédios para combater os problemas gerados pela inatividade da vida moderna.


Envelhecimento

    Velhice ainda é considerada sinônimo de exclusão em muitas culturas, tanto do processo produtivo como do convívio social e, em muitos casos, do convívio familiar, quando deveria ser uma etapa natural do ciclo biológico.

    No sentido mais amplo do termo, a velhice - que também podemos denominar "maturidade" - é o período que se inicia na década dos cinqüenta anos, após o indivíduo ter atingido e vivenciado aquele platô de realizações pessoais, próprias da maturidade.

    Embora o processo de envelhecimento seja uma conseqüência natural da vida, não se pode evitá-lo; o que se pode fazer, no entanto, é procurar estabelecer as bases para que, nesse período, o idoso possa viver nas melhores condições possíveis. Entende-se que o envelhecimento é um processo múltiplo e complexo de mudanças ao longo da vida, com incrementos, reduções e reorganizações de caráter funcional e estrutural. Influenciado pela integração de fatores sociais e comportamentais.

    Considera-se que a velhice é uma das etapas mais importantes da vida, que chega meio de mansinho sem fazer-se sentir. E que de repente, está-se ou se é considerado velho pelas outras pessoas e não se consegue identificar bem este momento. De acordo com VERAS (1996), a velhice é um termo impreciso e sua realidade é difícil de perceber. Nada flutua mais do que os limites da velhice em termos de complexidade fisiológica, psicológica e social.

    Tipos de envelhecimento:

  • Biológico: compreende as alterações corporais propriamente ditas. As perdas orgânicas e funcionais. Associado aos fatores ambientais determina as diferenças entre os indivíduos com a mesma idade.

  • Psicológico: está relacionada à capacidade adaptativa de um indivíduo diante das tarefas do dia-a-dia. Tem relação aos estados emocionais e a percepção subjetiva do seu envelhecimento em relação aos seus pares da mesma idade.

  • Social: fazer parte de um grupo, de uma educação e de uma história vivida determinará como esse indivíduo interage na sociedade.

  • Funcional é definida pela capacidade de realizar as atividades da vida diária independentemente, incluindo as atividades de deslocamento, de autocuidado, sono adequado e participação em atividades ocupacionais e recreativas.


Indivíduo, comunidade e sociedade

    WEBER, citado por FOGAÇA (2001), aponta para a idéia de comunidade uma relação social. E inspira-se no sentimento objetivo (afetivo ou tradicional) dos participantes que constitui o todo. Diz, ainda, que para o indivíduo se sentir vivendo em comunidade, é necessário sentir-se pertencente a e não apenas viver em (p.163).

    Não é possível fazer isoladamente uma comunidade sem inter-relacionar indivíduo, comunidade e sociedade. È importante que o indivíduo seja visto como um todo e não somente vivendo estes ou aqueles papéis, com possibilidade de desenvolver suas potencialidades, suas relações com o meio e com os outros, sua cidadania, participação e cooperação, onde a participação é de suma importância para torná-la uma comunidade. Vale lembrar que o sentido semântico da palavra comunidade segundo dicionário AURÉLIO, é qualidade ou estado do que é comum; comunhão, concordância; conformidade; identidade: comunidade de sentimentos.

    Posse, obrigação ou direito em comum. O campo social; a sociedade. As leis atingem toda a comunidade. Qualquer grupo social cujos membros habitam uma região determinada tem um mesmo governo e estão irmanados por uma mesma herança cultural e histórica (p.444).


Apresentação e discussão dos resultados

    Este estudo é uma pesquisa qualitativa da análise do discurso com uma abordagem fenomenológica em busca do significado da atividade física para o idoso que participa de um programa sistematizado de atividades - ginástica. O grupo analisado se reúne no salão paroquial da igreja de sua comunidade, e é composto por 23 idosas com mais de cinqüenta anos de idade, pensionistas e/ou aposentadas. 20% dessas são analfabetas, 44% cursaram até a quarta série primária incompleta e 34% são analfabetas funcionais. Estas idosas contam com uma renda mensal de até dois salários mínimos. A sessão de ginástica é realizada duas vezes por semana, com duração de 120 minutos. Os dados foram coletados por meio de entrevista individual semi-estruturada, sendo a captação dos relatos, gravados e transcritos, e as expressões positivas e negativas sobre os benefícios da atividade física, analisadas e categorizadas.

    Temática das perguntas realizadas na entrevista semi-estruturada foi fundamentada na descrição e resultados da pesquisa de campo citada por OKUMA (1998).

  • Em que o exercício alterou no seu dia a dia? (fale, sobre/ explique) O que significa esta mudança e o efeito.

  • O que significa a Atividade Física (ginástica e/ou exercício) para você? E se tivesse que desistir dessa atividade, o que mudaria na sua vida?

  • Você se gosta mais, depois de iniciar a prática da Atividade Física? Porquê?

    Para a determinação das Categorias utilizaram-se os critérios de quando em uma narrativa houver menção de:

  • Biológico: mal estar ou dores corporais.

  • Psicológico: falta de ânimo para atividades diárias.

  • Funcional: dificuldades de movimentos.

  • Social: isolamento.

    Incidência das expressões por categoria


Dados referentes ao grupo de idosas da Paróquia N. S. A.


Categoria Bio-fisiológica

  • [...] eu tinha má circulação, e eu tenho que estar sempre em movimento... Eu não posso viver parada né [...]

  • [...] diminuíram as dores no corpo, tenho muito mais disposição para o trabalho rotineiro [...]

  • [...] a noite parece que está queimando tudo e no dia da ginástica... eu durmo bem melhor [...]

    Vários estudos (MAZZEO, 1998; UENO, 1999; MATSUDO, 2000) apontam que as alterações psíquicas e sociais que acompanham o processo de envelhecimento têm, como uma de suas bases, as alterações que se operam no nível biofísico. Parece que qualquer iniciativa que melhora a expectativa de vida, bem estar e capacidade funcional na vida adulta, depende muito da melhora das bases físicas adquiridas, evidenciando as implicações dos aspectos biológicos sobre a saúde mental das pessoas idosas.


Categoria Psicológica

  • [...] e saio daqui bem mais disposta, aliviada [...] eu até estava com depressão, bem desanimada [...]

  • [...] eu me sentia muito tensa e as vezes qualquer coisa me irritava... e agora não... agora me sinto calma assim... bem relaxada mesmo... tudo melhorou para melhor [...]

  • [...] era muito quieta, não era de muita conversa... agora eu converso, sorrio [...]

    Considerando que o envelhecimento psicológico está relacionado à capacidade adaptativa do indivíduo diante das tarefas do dia-a-dia e aos estados emocionais. Podemos observar no discurso das idosas o benefício da ginástica na mudança de atitude perante a vida.


Categoria Funcional

  • [...] se eu não fizer ginástica, vai desandar tudo de novo, eu tenho dificuldade de me abaixar, os braços parece amarrado... E a gente parece que não tem mais tutano nos ossos, ficam fracos [...]

  • [...] eu não podia fazer nada... e hoje eu faço tranqüilamente... eu não plantava, porque não podia me abaixar... hoje eu até planto [...]

  • [...] com o corpo mais leve, tenho mais disposição para fazer atividades do dia-a-dia.

    Segundo OKUMA (1998), as estimativas da prevalência da incapacidade funcional decorrente das limitações físicas apontam para o fato de que uma grande porcentagem de pessoas tem dificuldade ou incapacidades para realizar atividades cotidianas. Analisando as falas das idosas observou-se que essas limitações foram amenizadas através da intervenção da ginástica.


Categoria Social

  • [...] eu me sinto mais à vontade, faço amizade, e se tiver de ficar em casa eu ficaria doente, aqui eu cuido da saúde, me divirto, converso, distai e vou para casa bem melhor[...]

  • [...] fazer ginástica distrais a gente... eu me sinto mais a vontade, faço amizade, e se tiver de ficar em casa eu ficaria doente, aqui eu, cuido da saúde... me divirto, converso, distrai e vou para casa bem melhor [...]

  • [...] hoje eu brinco, sorrio, converso bastante [...]

    Para NERI (1995), uma condição individual e grupal de bem-estar físico e social, referida aos ideais da sociedade e às condições e aos valores existentes no ambiente em que o indivíduo envelhece e as circunstâncias de sua história pessoal e de seu grupo etário...Uma velhice bem-sucedida preserva o potencial para o desenvolvimento, respeitando os limites plasticidades de cada um. (p.34)


Pontos a Salientar

    É muito importante, na velhice, a adoção de hábitos que influenciem favoravelmente a qualidade de vida. Modificar hábitos nocivos e incorporar condutas ou comportamentos saudáveis proporcionará a essa etapa de vida o máximo de bem-estar. É de suma importância, portanto, rever o estilo de vida, reorganizar e adotar condutas saudáveis, adequadas à idade, prevenindo enfermidade, mantendo a autonomia, fortalecendo a auto-estima e gozando de saúde física, psicológico e social.(PEREIRA, 1998, p.183).

    Ter atividade para mim é melhor que um médico... A ginástica é tudo... A gente não dava tanto valor, mas a gente vê como faz a diferença.

    Percebeu-se o interesse do grupo no desenvolvimento das atividades, bem como resultados satisfatórios. E uma melhora da auto-estima. Assim, reafirmando OKUMA (1998), pôde-se constatar que a Atividade Física levou o grupo à descoberta dos benefícios da atividade; não só em relação à saúde física, como também no reconhecimento da sua autonomia. Saber lidar com o próprio corpo e saber entender o processo de envelhecimento. Realizando as atividades cotidianas de forma mais fácil, interagindo socialmente, ter novos interesses pela vida e por aquilo que ela oferece.

    Há... Deixou-me com mais flexibilidade nos movimentos... Diminuíram as dores no corpo, tenho muito mais disposição para o trabalho rotineiro, e também melhorou minha auto-estima[...]


Considerações finais

    Na análise dos resultados observou-se que 56% das afirmações levam a crer que para esse grupo a ginástica tem uma importância fundamental no seu bem estar físico e funcional. Salientando que as alterações psíquicas e sociais que acompanham o processo de envelhecimento têm, como origem os desequilíbrios biofísicos, justificam-se os 44% das demais afirmações estarem classificadas como psico-social.

    Outro fato a se destacar foi à tomada de consciência social do grupo, tendo em vista a freqüência das participantes nas atividades. Lembrando, que é preciso ver e direcionar o entendimento sobre o envelhecimento para conduzir o idoso à ação, valorizando o cidadão, como sujeito do processo de transformação social, percebendo-o e respeitando-o na realidade de sua comunidade. Dessa forma, o velho não deveria ser visto como o é. Apenas, uma vitória biológica, mas como expressão de criatividade, de capacidade, de liderança ativa.

    Devem-se usar todos os espaços para a conscientização e estímulo à percepção, de modo a facilitar o desenvolvimento no idoso de uma consciência crítica que lhe permita agir organizadamente com vistas à reivindicação e conquista de seus direitos e deveres.

    Na busca do significado das experiências da Atividade Física como resgate da percepção e compreensão do corpo (movimento e saúde), levou o grupo de ginástica a tornar-se independente, remunerando o profissional que antes era mantido pelo poder público, seja pela própria realização ou pela possibilidade de ultrapassar dificuldades e limitações inerentes a essa faixa etária e, também, a importância da interação social.

    Durante toda a vida, os idosos acumularam conhecimentos, habilidades, sabedoria e experiência na execução de suas atividades diárias, que não podem ser desperdiçadas. Daí a importância de se procurar meios de passar todos esses conhecimentos adiante, enriquecendo sua comunidade, sentindo-se útil e contribuindo para a valorização do papel do idoso dentro da própria sociedade.


Referências

  • FERREIRA, A. B. H. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1989.

  • FOGAÇA, M.C.C.B.H. Instituto de Educação "Costa Braga": um espaço comunitário de reflexão sobre o envelhecimento. Revista Kairós, São Paulo, v.4, p.156-169, jun. 2001.

  • MATSUDO, S.M. MATSUDO, V.K.R. BARROS NETO, T.L. Efeitos benéficos da atividade física na aptidão física e saúde mental durante o processo de envelhecimento. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Londrina, V.5, n.2, p.60-80, 2000.

  • MAZZEO, R.S. et all. Exercício e atividade física para pessoas idosas. . Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Londrina, V.3, n.1, p.48-78, 1998.

  • MAZO, G.Z. LOPES,M. A BENEDETTI, T. B. Atividade física e idoso: Concepção Gerontológica . Porto Alegre: Sulina, 2001.

  • MEIRELLES, M. Atividade física na terceira idade. 2.ed. Rio de Janeiro: Sprint Editora, 1999.

  • MERCADANTE, Elisabeth. O envelhecer na comunidade. Revista .Kairós, São Paulo, v.4, p.141-142, jun. 2001.

  • NERI, A. L. Psicologia do envelhecimento: uma área abrangente. Campinas: Papirus, 1995.

  • NÓBREGA, A. C. L. et al. Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: Atividade Física no idoso. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 5, n. 6. 1999.

  • OKUMA, S.S. O idoso e a atividade física: Fundamentos e pesquisa. Campinas: Papirus, 1998.

  • PEREIRA, L.L.L. A terceira idade, guia para viver com saúde e sabedoria. 1998.

  • RAUCHBACH, R. A Atividade física para terceira idade; envelhecimento ativo, uma proposta para a vida. 2. ed. Londrina: Midiograf, 2001.

  • UENO, L. M. A influência da atividade física na capacidade funcional: envelhecimento. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Londrina, V.4, n.1, p.57-68, 1999.

  • VERAS, R. P. Atenção preventiva ao idoso - Uma abordagem de saúde coletiva. In: PAPALÈO, M. Gerontologia. São Paulo: Atheneu, 1996.

  • WORLD HEALTH ORGANIZATION. The Heidelberg guidelines for promoting physical activity among older persons. Guidelines series for healthy ageing - I, 1996 (On-line) http://www.who.int/hpr/ageing/heidelberg_eng.pdf 04/08/2001.

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revista digital · Año 10 · N° 81 | Buenos Aires, Febrero 2005  
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